Pedido curioso

3425 Words
Quando se tem um amigo com gosto diferente do seu resolve ler algo que você gosta, não tem como não ficar nervoso e ansioso por sua reação. Theodore adorava ler romances pra sonhar acordado, imaginando que alguma delas poderia acontecer consigo. Ou apenas pra se divertir com as aventuras surreais. Entretanto fora a primeira vez que alguém pedira para ler um dos romances que acompanhava online. Não fora qualquer pessoa que pedira. Fora Gabriel. O cara pelo qual Theodore havia se apaixonado. Tentara de todas as formas possíveis fazê-lo repensar em seu pedido repentino, lembrando-o de que era um romance gay. Uma história onde dois garotos se apaixonariam, se beijariam e vivenciaram provações do seu amor. Não eram todas as pessoas que se sentiriam bem em ler uma história daquelas, então seu receio era justificável. Ainda assim Gabriel insistira até conseguir o dito link e sair do MSN para lê-lo. Desde então Theodore não tivera um minuto de paz. A única coisa que não queria que acontecesse era de seu paquera ficar enojado e se afastasse de si. Era tarde demais para que isso acontecesse. Mesmo que os dois parassem de conversar, Theodore iria observá-lo às escondidas alimentando seus sentimentos até que chegasse o momento de outra pessoa surgir em sua vida. Tudo ficaria bem, desde que Gabriel não soubesse de seus sentimentos. Maldito fosse o Milles que enxergara além da conta! Na sexta-feira, Theodore chegara mais cedo na escola se direcionando para a biblioteca. Havia combinado de estudar junto com Gabriel, mas os eventos surpreendentes do pós-treino obrigara os dois rapazes a remarcarem o seu pequeno compromisso. Gabriel havia elogiado as suas notas em história, enquanto desprezava as dele. O loiro ficara tão feliz com o convite que passara a semana inteira estudando o conteúdo da prova para ajudar o seu paquera. Se conseguisse usar aquela uma hora e meia antes das aulas começarem para ajudar Gabriel, Theodore já ficaria feliz para o resto da vida. Entrando na biblioteca silenciosa, o rapaz percebia outros alunos espalhados em algumas mesas com a cara enfiada em livros. Não seria o único a levar à sério a semana de provas, o que lhe deixava levemente aliviado em não estar sozinho. Escolhera uma mesa próximo da janela, a mesma que dividiram na última vez que estivera ali com o moreno. Deixando a mochila sobre o colo, retirou seus cadernos e livros preparando o material para o estudo. Estava tão concentrado em procurar o capítulo do livro, que quase gritara ao sentir uma mão em seu ombro o apertando levemente. Virando-se bruscamente para trás, encontrava o sorriso gentil e alegre de Gabriel. — Bom dia, Theodore! — Que susto... — Murmurava o rapaz loiro com a mão sobre o peito. — É sério... Por acaso tem a intenção de me matar do coração? — Não resisti, vi que estava todo concentrado. O moreno se sentou ao lado do loiro, também tirando seu material de estudo da mochila. — Chegou a estudar alguma coisa? — Li um pouco e tentei resumir um dos textos no caderno, mas passei mais tempo olhando o orkut do que lendo. Theodore soltara um riso baixo, entregando seu caderno ao rapaz. Gabriel segurou o mesmo passando os olhos sobre as linhas e alargando o seu sorriso antes de virar-se para o loiro. — Você detalha muita coisa, como consegue? — Gosto de história — Respondera simplista. — Use pra fazer seus resumos, e se tiver dúvida posso te explicar. — Valeu! Sem perder tempo, Gabriel abrira o próprio caderno começando a copiar os resumos de Theodore. O loiro contivera o seu sorriso puxando o livro de história para dar mais uma lida no conteúdo, só que era difícil quando o paquera se encontrava do seu lado. Vez em quando sua atenção ia para o moreno, observando como ele ficava quando concentrado. Geralmente Gabriel tinha uma expressão suave parecendo um príncipe que saiu de um conto de fadas. Sua voz geralmente era calma, e até seu riso era gostoso de ouvir. Estudando para a prova tão concentrado não era muito diferente. Mesmo sério continuava bonito. Theodore percebia que seu maxilar era bem definido, seu rosto era fino assim como seu nariz. Os cílios eram grandes e escuros, se destacando na tez esbranquiçada. Lentamente sua análise acabara descendo pelo pescoço de Gabriel e parte do seu peitoral. A camisa social branca tinha os dois primeiros botões aberto, mostrando a pele lisinha do rapaz. Theodore engolira em seco. “Pare de olhar!” brigava consigo mesmo, não tendo tanto sucesso. Tudo piorara quando percebia as mangas da camisa dobradas até o cotovelo, mostrando o braço fino de Gabriel. A pele era tão esbranquiçada que as veias saltavam com clareza desde o antebraço até a mão. Fora ali que o coração de Theodore fora para as ruínas. Por algum motivo desconhecido, aquelas veias atraíam sua atenção de jeito diferente. Afinal, ele também tinha veias saltadas nos braços, mas as de Gabriel eram... Sexy. — Ei, Theodore o que está escrito aqui? Despertando dos próprios pensamentos, sentira o rosto aquecer repentinamente. — H-Hm? Onde? Gabriel apontara para o caderno do amigo, tendo que Theodore se inclinando para ler e tirar a dúvida. — Ah... Auschwitz, é o nome de um campo de concentração na Polônia, um dos mais conhecidos durante a Segunda Guerra. O moreno coçara a cabeça com a ponta do lápis, parecendo confuso com o conteúdo da prova. Theodore engolira o riso, sentando-se de lado na cadeira. — Quer que eu explique? — Manda bala, é muita informação. Feliz com o pedido de ajuda do seu amigo, Theodore se inclinara ficando mais perto de Gabriel, podendo iniciar sua explicação. Tivera de controlar seu tom de voz para não atrapalhar os demais estudantes, o que não era de um todo r**m já que pareciam compartilhar um segredo só deles. Gabriel prestava atenção na explicação, não deixando de fazer anotações importantes. Estava levando à sério a matéria, o que deixava o loiro feliz em ser de tanta ajuda. Todo o estudo levara o tempo que haviam programado antes de irem para a sala de aula. Porém, antes mesmo de terminarem, o celular de Theodore apitara recebendo alguma mensagem. Enquanto Gabriel continuava a copiar, o loiro aproveitara para ler a mensagem de Nicolas. — Parece que a professora de biologia ainda não chegou. — Temos biologia no primeiro horário? — Nico acabou de avisar que a coordenadora passou na sala avisando. Gabriel suspirava alegre, esticando os braços para se espreguiçar. — Mais tempo pra mim estudar... Theodore se inclinava pra ler o resumo de Gabriel, acabando por bocejar silenciosamente. — Tá com sono? — Bem... Levantei mais cedo pra poder vir. — Tire um cochilo, ainda tenho mais um capítulo pra ler. Não ousara recusar o pedido. Já era acostumado a levantar cedo, mas acordara duas horas mais cedo do habitual tamanha a sua ansiedade. Cruzando os braços sobre a mesa podendo deitar a cabeça, Theodore fechara os olhos suspirando baixo sentindo o sono lhe abraçar. Caíra no sono imediatamente. Gabriel terminara de copiar o resumo do loiro e passara a ler o último capítulo. Ficara um tempinho estudando o conteúdo da prova, memorizando alguns pontos chaves da matéria até que o cansaço também lhe alcançara. Pegando o celular para verificar as horas, percebia que em breve teriam de ir para a sala de aula. Prestes a despertar o seu amigo do pequeno cochilo, Gabriel paralisou. Theodore dormia profundamente ao seu lado. Parte do rosto escondido nos braços cruzados. Ressonava suavemente e baixinho. Estendendo a mão, tirara uma mecha do cabelo loiro de sua testa, podendo ver melhor os olhos fechados. Tum tum... Tum tum... Tum tum... Tum tum... O coração acelerava consideravelmente, um sorriso surgia em seu rosto apreciando aquela vista. Pegando o celular sobre a mesa, Gabriel tirara uma foto de Theodore dormindo, tendo um estalo de consciência no mesmo instante. Guardando o celular no bolso, o moreno dera alguns tapas em sua bochechas antes de chacoalhar o braço do loiro. — Theodore.... Theodore temos que ir pra sala... O loiro nem se movia. Se o chacoalhasse mais poderia machucá-lo, porém nada do que fazia parecia acordar o rapaz adormecido. Gabriel espalmara a mão no rosto do loiro, sentindo a maciez e quentura de Theodore acalentá-lo. Seus dedos subiram para os cabelos loiros, os acariciando suavemente na medida em que seu rosto se aproximava do outro. — Theodore, hora de acordar. A carícia no cabelo surtira o efeito esperado. Lentamente os olhos claros se abriam preguiçosamente, piscando sonolentos para se acostumar. Theodore demorou alguns segundos para assimilar a situação, mas não se movera. Nem queria. O calor que sentia em sua cabeça estava tão gostoso. Só que aquele calor se afastara dele, e Theodore erguera a cabeça coçando os olhos e se espreguiçando esticando os braços para frente. — Já acabou de copiar? — Uhum. A aula acabou, então temos que voltar pra sala. Suspirando ainda sonolento, Theodore guardara o seu material na mochila e levantara da cadeira sendo acompanhado por Gabriel a saírem da biblioteca. Um lutava contra o sono repentino, tentando se manter acordado e recuperando o lindo sonho que tivera naquele cochilo. O outro lutava contra os próprios pensamentos confusos, segurando firmemente um celular no bolso da calça, sabendo que lá havia uma foto secreta.   「 • • • 」 A prova de história era a última que a classe precisava fazer naquela semana, tomando o segundo horário. Os estudantes suspiravam aliviados pelo livramento do tormento das provas, dando trabalho para o professor do terceiro horário em reunir e acalmar os estudantes. Theodore rabiscava seu caderno sem vontade em prestar atenção na aula de física. Já era difícil acompanhar a matéria, quando se faltava vontade de estudar a situação complicava. Não forçaria seu cérebro a decorar as fórmulas que seriam esquecidas na primeira oportunidade. Enquanto se perdia em pensamentos aleatórios, um pedaço de papel dobrado caíra sobre a sua carteira. Arqueando a sobrancelha, Theodore abrira o papel encontrando a caligrafia já conhecida.   “Esqueci de dizer que li a história que me enviou ontem”   O coração disparou imediatamente. Erguendo a cabeça, vira Gabriel copiando matéria calmamente. Engolindo em seco, Theodore pegara a lapiseira pra responder logo em seguida.   “E o que achou dela?”   Dobrando o papel novamente, Theodore estendera a mão para o lado sentindo os dedos de Gabriel tocarem os seus ao pegarem o bilhete. Não ousara vigiá-lo pra ver sua reação, apenas mantivera os olhos baixos no caderno ansiando o retorno do bilhete. Mais uma vez iriam trocar bilhetes na sala de aula. E por estarem na última carteira de suas fileiras, a atmosfera secreta tornava aquilo ainda mais gostoso. Não que fosse errado trocarem bilhetes, mas a ideia do secreto era simplesmente gostosa. O papel dobrado caíra sobre o caderno, Theodore rira com a boa mira do moreno. Depois de verificar o professor escrevendo no quadro, o loiro abrira o bilhete lendo a mensagem.   “Interessante, acho que entendi o porquê de você gostar de romances. Mas fiquei com um pouco de vergonha de ler certas cenas, admito”.   Comprimindo os lábios para abafar o riso, Theodore cobrira a boca com o dorso da mão olhando para Gabriel, tendo o moreno retribuindo o olhar. Percebendo que o loiro queria rir de si, o rapaz soltara um riso abafado e silencioso arregalando os olhos como se pedisse pro outro não rir de si. O efeito fora contrário. Ainda contendo o riso, Theodore balançara a cabeça ao responder o bilhete.   “Quais cenas? Beijo ou sexo?”   Entregando o bilhete novamente pro moreno, Theodore continuava a se divertir com a reação do outro. O romance em si não tinha nada demais, sendo clichê e escolar onde um popular se apaixonava pelo nerd da escola. Completamente diferente da realidade, os dois personagens paqueravam descaradamente na escola, mantendo escondido a relação de seus pais. Theodore gostava daquele romance por simplesmente não saber o que faria no lugar dos personagens. Além disso... Bem certas cenas eram escritas com tantos detalhes que o próprio loiro ficava envergonhado. Ainda assim as lia sem perder um detalhe. O papel caíra sobre seu livro novamente, desdobrando o bilhete com ansiedade.   “Você se diverte tirando sarro da minha cara, não é?”   Theodore virou a cabeça pro moreno, aproveitando que ele o vigiava para lhe responder com um aceno de cabeça. Gabriel revirou os olhos estendendo a mão pedindo o pedaço de papel de volta, escrevendo alguma coisa logo em seguida.   “Pare de rir de mim, se não vou fazer igual o cara da história”.   Arqueando a sobrancelha, Theodore rabiscara em seguida.   “Fazer o quê?”   Gabriel rasgou um novo pedaço de papel, escrevendo algumas linhas antes de dobrá-lo e jogá-lo sobre a mesa de Theodore.   “Te castigar por tirar sarro de mim”.   Castigar? Oh... Realmente. O personagem daquela história sempre brincava com pequenos castigos com o paquera, só pra vê-lo rir. Mas os castigos... Eram cócegas e beijos no rosto. A cena era fofa por ser um momento do casal se divertindo. Não era bem um castigo... Isso significaria que Gabriel queria fazer a mesma coisa? Todo o rosto de Theodore ficara rubro de vergonha. Engolindo em seco, o loiro não conseguira ver a reação de Gabriel. Sua mente fértil trabalhava ativamente em imaginar os dois vivendo a mesma cena que o casal personagem da história. Rindo como se o mundo fosse bom. Isso era impossível. Gabriel não faria algo do tipo. Poderia fazer cócegas, ou até mesmo fingir dar soquinhos em sua barriga como era típico entre garotos, mas não dar beijos em seu rosto. Isso era impossível.   “Me castigar? Daquele jeito? Tem certeza?”.   Talvez o seu novo amigo não tivesse tanta noção de certas coisas. Ele não saberia que para Theodore aquela brincadeira faria seus sentimentos aumentarem descontrolavelmente. O bilhete caíra em sua mesa. Desdobrando, Theodore encontrava a resposta.   “Relaxa, estou brincando. Mas eu realmente curti a história, esclareceu muitas coisas”.   Esclareceu? Arqueando a sobrancelha, Theodore logo questionara.   “Esclareceu o quê?”   Mais um papel fora rasgado para que os dois garotos continuassem sua conversa secreta.   “Pra ser sincero fiquei curioso sobre como era essa questão de gostar de outro garoto... E então aconteceu aquilo depois do treino, então aquela história me ajudou a entender”.   Gabriel tinha curiosidade em saber como era ter atração por alguém do mesmo sexo? Theodore espiara o moreno, tendo a visão inédita dele encabulado. Suas bochechas estavam levemente rosadas, fingindo prestar atenção na aula mantendo a seriedade apesar do rubor. Seu cérebro parecia memorizar aquela cena como tirasse uma fotografia. Gabriel estava falando sério? Baixando a cabeça pro bilhete, Theodore relia a primeira mensagem daquele pedaço de papel diversas vezes. Aquilo estava realmente acontecendo?   “Não é diferente de gostar de uma garota, eu acho.”   Após entregar o bilhete, Theodore tornara a rabiscar seu papel. Precisava urgente acalmar seus pensamentos, que estavam em caos. Gabriel tinha dúvidas, isso era comum. Deveria estar feliz por ele estar disposto a conhecê-lo e compreendê-lo ao invés de agir feito um completo babaca como seus amigos? Balançando a cabeça, o rapaz vira a mão de Gabriel deixar o bilhete cuidadosamente sobre sua mesa. Estranhara, já que das outras vezes ele era ligeiro ao jogá-lo. Dessa vez fora cuidadoso, arrastando o pedaço de papel dobrado. Olhando para Gabriel notara o receio. Não sorria, parecia sério apesar do leve rubor ainda estar presente em suas bochechas. Trocando sua atenção pro bilhete, Theodore lera.   “Posso te pedir um favor? Mas não me entenda mau, é pura curiosidade”   Theodore devolveu o bilhete sem resposta, e ao perceber a confusão em Gabriel apenas acenara com a cabeça. O rapaz umedecera os lábios abrindo o bilhete, parecendo receoso em escrever. Theodore o observava curioso, apoiando a cabeça sobre a palma da mão admirando aquela faceta tão inédita. Seria a primeira vez que via o rapaz tão estranho? O papel fora cuidadosamente dobrado, e sem olhar Theodore, Gabriel entregou o bilhete. Segurando o papel, o rapaz desdobrara tendo os olhos claros esbugalhando com o pedido.   “Ficaria comigo?”   O pobre coração acelerava à todo vapor. As mãos de Theodore começaram a suar e suas pernas pareciam bambas. O mundo parecia não existir ao redor do rapaz loiro. Aquele pedido era sério? Sua barriga se revirava em ansiedade. Nunca se sentira tão ansioso em sua vida como estava naquele momento. Gabriel estava pedindo pra ficar com Theodore? Mas não parecia um pedido romântico... Relendo a mensagem anterior, Theodore confirmava seu pequeno lembrete. Gabriel tinha curiosidade... Ou seja, não estaria a fim de Theodore. Era apenas curiosidade... Mesmo assim Theodore estava feliz. Ou medroso... Era ambíguo. Não conseguia discernir os próprios sentimentos. Aquilo fora uma verdadeira bomba jogada em seu colo. O que deveria responder? Se recusasse, com certeza seu amigo iria compreender. Poderia lhe explicar melhor, e dar espaço pra tirar dúvidas. Mas conseguiria lidar com o arrependimento de perder a chance de beijar Gabriel? O seu paquera? Certamente lamentaria essa perda. Caso aceitasse, isso estragaria a amizade que tinham? Não ficariam estranhos? E se Gabriel não gostasse do seu beijo? Seria o mesmo que levar um fora, mesmo sem confessar seus sentimentos? O peso estava equilibrado tornando difícil de Theodore tomar uma decisão. m*l olhava para o bilhete, que parecia ter um poder oculto em deixá-lo ainda mais nervoso. Ainda sentia o peso em suas costas, devendo ser o olhar intenso de Gabriel. Ele queria uma resposta. Outro papel chegara em sua mesa. Diferente de antes, Theodore estava receoso em abrir. Encarando o papel sem se mover, quando erguera os olhos pro Gabriel percebera o sinal pra lesse o dito bilhete novo. Respirando fundo, o rapaz segurara o bilhete notando os próprios dedos tremerem ao desdobrá-lo.   “Não precisa aceitar se for desconfortável pra você. Eu só quero saber como é” A curiosidade pode ser a ruína do ser humano, quando se está buscando resposta no lugar errado. Theodore temia que aquilo abalasse sua amizade com Gabriel, mas tudo estaria acabado se os dois ficassem estranhos um com o outro só com aquele pedido. O moreno parecia ser sincero em dizer que era apenas curiosidade. Era compreensível, afinal estava junto com Milles quando acontecera aquela catástrofe pós treino. Precisava pensar tanto? O cara pelo qual estava apaixonado estava lhe pedindo para ficarem. Importaria o motivo? Gabriel fora direto em dizer que era por curiosidade, e ele mesmo queria beijá-lo. Pelos céus! Era a chance de beijar Gabriel. Foda-se as consequências daquilo. Independente de qual resposta desse, aquela chance era única e Theodore queria muito. Provavelmente seria o único beijo que poderia dar em Gabriel, e guardaria as sensações no fundo do seu coração. Decidido, o loiro respondera o papel.   “Se você tem certeza disso, não me importo em te ajudar já que é meu amigo, desde que a gente não fique estranho um com o outro. Gosto da nossa amizade”.   Tentara de todas as maneiras conter sua curiosidade, mas acabara por olhar Gabriel de canto vendo-o sorrir e respondendo imediatamente o bilhete. Queria se esconder no mundo. Não fazia ideia de como encará-lo. O bilhete caíra pela última vez em sua mesa, selando o pequeno acordo entre os dois amigos.   “Nada vai mudar. Prometo”.   A razão às vezes das bordoadas como um chicote. Theodore estava prestes a imaginar como aquilo iria acontecer, quando lembrara da foto que vira no Orkut. Gabriel já havia ficado com Sadie durante uma festa. Justamente com Sadie Mckenzie. Seria algum tipo de brincadeira daquele círculo de amigos? Isso não seria uma emboscada, certo? Onde tirariam fotos dos dois e espalhariam na escola que Theodore seduzira o aluno novo. Não seria uma vingança de Milles sobre o ocorrido do outro dia, seria? Afinal... Aquilo acontecera porque Theodore resolvera erguer o queixo pro jogador. Estaria disposto a correr esse risco? Só pra sanar os próprios desejos? Mas já havia concordado. Foda-se.   “Depois do treino, atrás da escola”.   Entregando sua última resposta, Theodore conseguira uma válvula de escape quando o sinal do intervalo tocara. Gabriel nem tivera chance de conversar com o loiro sobre o assunto, já que rapidamente Nicolas aparecera ao lado do amigo e o arrastara pra fora da sala. O próprio Gabriel não fora salvo quando Sadie abraçara seu braço e o convidara pra comerem juntos. Independente disso, Theodore e Gabriel se veriam mais tarde. 
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