Ele está diferente

3536 Words
No domingo de manhã os jogadores se encontravam em frente da escola tentando conter a empolgação de início de campeonato. Mesmo que o céu estivesse nublado bloqueando o sol, nada impediria a empolgação daquele grupo de jovens. Especialmente um alfa que participaria de sua primeira competição oficial. Gabriel segurava firmemente a alça de sua bolsa esportiva enquanto seus olhos iam de um lado para outro procurando por alguém. Mesmo que transparecesse tranquilidade, ela não existia de maneira alguma em seu interior. Desde sexta-feira, os dias de Gabriel foram um verdadeiro inferno. A lentidão para o tempo passar judiava juntamente com as lembranças de doces lábios sobre os seus. Queria poder conversar com o ômega, porém ele não entrara no MSN naquele sábado. Ele fugiria de si de novo? Será que sua amizade ficaria balançada por conta do que aconteceu? Se acontecesse isso, o que Gabriel deveria fazer? — Está saindo fumaça da sua cabeça. Virando a cabeça sobre o ombro, Gabriel estendia a mão pra cumprimentar Milles. — Primeira partida que jogo, dê um desconto. — Duvido que o motivo de tanta tensão seja o jogo. Escondendo as mãos no bolso de sua blusa moletom, Gabriel soltara um riso soprado pro amigo. — E qual seria o seu palpite? Passando o braço em torno do ombro do alfa, Milles abraçava seu amigo e espreitava os olhos para o grupo de jogadores conversando em frente ao ônibus. — A loira do banheiro não está aqui. E provavelmente não virá. — Pare de chamar Theodore desse jeito. — Rosnava Gabriel fazendo careta — Além disso, porque ele não viria? É o assistente do time. — Sabe muito bem o motivo. Mas você não me contou como foi sexta à tarde... A malícia transbordava na fisionomia de Milles. Certamente ele saberia, e muito bem, como fora aquele pequeno encontro. Queria apenas que Gabriel admitisse alguma coisa. Antes que o fizesse, o alfa loiro farejava algo no ar virando-se para trás avistando a chegada do capitão sonolento. Nicolas escondia-se em seu moletom e boné, ignorando as pessoas com seus fones de ouvido e seguindo direto para o professor antes de subir no ônibus. — Parece que alguém levantou com o pé esquerdo hoje. — Tenho a impressão de que sempre foi mau humorado. — Percebendo que o amigo encarava intensamente Nicolas, o alfa moreno não reprimia o sorriso quando cruzara os braços — Qual tinha sido a pergunta mesmo? Mostrando o dedo do meio, Milles arrancara um riso de Gabriel. Não precisaria questionar como foi quando ele mesmo já havia provado aquelas sensações. Apesar de haver diferença entre as situações. Gabriel e Theodore se beijaram por vontade própria, enquanto Milles fora surpreendido em meio à sua arrogância. — Entrem no ônibus meninos, já estamos indo. Os estudantes formaram fileira e entraram no ônibus sentando-se em duplas nas poltronas. Procurando pelo lugar mais afastado da bagunça do fundão, Gabriel estava prestes a escolher as primeiras fileiras quando uma mão sobre seu ombro o empurrara para a última fileira. Sendo obrigado a se sentar na janela, Gabriel fitava Milles que sorria divertido. Ele tirou a sua bolsa e a do alfa moreno, jogando-as na fileira à sua frente impedindo que outros jogadores se sentassem por ali. — Privacidade garantida. — E por que raios quer ficar à sós comigo. — Pra conversamos sobre aquilo que ninguém deve escutar, óbvio. Espreitando os olhos, Gabriel percebia que Milles realmente se preocupava que alguém pudesse ouvir a conversa secreta. Seu comportamento era estranho, no entanto aquele alfa era estranho por si só. A questão era... O que Milles desejava tanto saber? Não esperava que tivesse alguma coisa que fosse do seu interesse. Impaciente, Gabriel desistira em resistir, relaxando na poltrona. — Muito bem, o que quer saber? Abrindo um sorriso infantil, Milles se sentou de lado pra sussurrar à Gabriel. — Por que você ficou com Theodore? — Você disse pra eu tirar as próprias conclusões sobre como era ficar com outro cara. — Eu sei, mas por que ele? — E teria outra pessoa pra isso? Também não me dou bem com o capitão, sabe disso. Tornando a se ajeitar na poltrona quando o motor do ônibus ligou, Milles tentava manter sua voz baixa mesmo com a algazarra dos demais jogadores nas poltronas mais à frente. — Sempre te alertei sobre sua proximidade com aquele cara. Te disse várias vezes que seria perigoso e mesmo assim quis ser amigo dele. Mas depois do que conversamos na sexta, estou achando que na verdade tu tá afim do Theodore. Gabriel engolira em seco sem responder. De fato, as pessoas o alertavam para não ficar perto de Theodore. Não fora somente Milles, como a Sadie e Nicolas também o fizeram. Fora por pura teimosia de sua parte que ficou ao lado do loiro, pois precisava ficar ali. Precisava ter aquele ômega do seu lado. — Nunca fiquei com um cara antes, e muito menos já estive afim de alguém pra saber como é. — Nunca é? Conta outra. Já deve ter passado o seu cio com várias garotas, e nunca esteve afim delas? Falando daquela maneira, Gabriel sentia uma ponta de culpa em seu peito. Uma coisa era ser tomado por instintos e querer dominar o corpo de alguém que exala um cheiro formidável. Outra seria os instintos e sentimentos entrelaçados desejando fortemente alguém. Esse último cenário Gabriel nunca experimentou. — Com o Theodore é diferente. — Então, você pediu pra ficar com ele porque queria, e não pra tirar uma dúvida qualquer. Gabriel assentira, suspirando baixo admitindo aquele desejo. — Para ele, eu fiz isso por mera curiosidade por causa do que aconteceu contigo. — E você ainda tem a cara de p*u em dizer que não sabe como é estar afim de outro cara? Se liga, Gabriel! — Muito bem, já que você é acostumado a chamar o capitão desse jeito, vamos supor que eu esteja afim do Theodore e queira tornar ele... Como você diz? Ah sim, minha esposa... O que você faria já que é meu amigo? Os olhos escuros Milles encaravam os de Gabriel como se buscasse por alguma resposta. Não iria apressá-lo a lhe responder, poderia esperar tempo que fosse desde que houvesse sinceridade. Para mostrar a sua determinação em saber a resposta, o alfa moreno sustentava o olhar do amigo. Ah queria muito saber a resposta. Até que ponto Milles estaria lhe entregando sinceridade? Suspirando pesado, o alfa loiro se ajeitou na poltrona ficando sério até demais. Arqueando a sobrancelha, Gabriel imaginava que alguma batalha estaria sendo travada na cabeça do seu amigo. — Eu te perguntaria muita coisa. Surpreso com a resposta, Gabriel cruzou os braços. — Como por exemplo...? — Se você já sentiu que ele era sua alma gêmea, e por isso deseja marcá-lo. Dessa vez fora Gabriel quem emudecera boquiaberto. Petrificara na poltrona. Alma gêmea era um laço indestrutível que poucos casais encontravam, pois era difícil descobrir que uma pessoa compartilharia o destino consigo. Os híbridos eram afobados demais em sanar seus desejos carnais, resultando em morder a pessoa que julgavam amar. Nem sempre eram suas almas gêmeas. Poucos os que encontraram seus pares conseguiam descrever a sensação da descoberta. Seria um êxtase? O tempo se encarregaria de mostrar? Haveria algum sinal divino do universo? Por isso Gabriel ficara tão surpreso com aquela resposta. — Espera... Não me diga que acha... Com o capitão... — É a única justificativa que consigo encontrar pra minha situação deplorável. — Deplorável? O que poderia ser deplorável pra você pensar que o capitão é a sua alma gêmea? Umedecendo os lábios com a língua, Milles fechara os dedos em punho tornando a se aproximar de Gabriel pra lhe sussurrar. — Desejo. — Respondera prontamente o alfa. — Toda noite, ardendo de desejo. Se você teve coragem em tirar as próprias conclusões com a loira do tchan, então eu farei o mesmo do meu jeito. — Que seria...? — O capitão não me escapa. A conversa não durou por mais, já que os jogadores notaram a ausência do alfa loiro e não tardaram em lhe puxar para a bagunça. Festejavam cantando e fazendo brincadeiras tentando aliviar o nervosismo dos primeiros jogos. Mas para aqueles dois alfas seria a algazarra necessária para empurrar os pensamentos mirabolantes que tinham. Mesmo assim Gabriel ficara pensativo. Nunca cogitou em encontrar sua alma gêmea, pois acreditava que não tinha uma. No entanto, desde o dia em que chegara naquela pequena cidade e recebera a ajuda do seu salvador, se sentia diferente. O mundo era brilhante, as cores eram vivas e cada dia era precioso. Mesmo tendo ficado com Sadie na festa, o beijo dela era incomparável ao de Theodore. Ambos eram ômegas, porém o loiro o deixara necessitado de mais. E só de lembrar cada toque que já trocaram, apesar de poucos deles serem íntimos, o corpo de Gabriel reagira explosivamente. Seria esse o sinal de que Theodore era sua alma gêmea? A bagunça rendera boa parte do caminho, pois fora cessada pelo professor pedindo que guardassem suas energias para as partidas. E então uma hora depois finalmente o ônibus estacionava em frente a um ginásio movimentado. Os estudantes desceram se espreguiçando olhando em volta com grandes expectativas. A sensação de ter retornado para cidade grande já deixava Gabriel angustiado. Até mesmo as ruas barulhentas lhe incomodavam os ouvidos. E assim como antes, seus olhos procuravam por uma certa cabeleira loira desarrumada que seria responsável por cinquenta por cento do seu nervosismo. Ora essa, os outros cinquenta por cento foram causados pelos demais times que desciam de seus respectivos ônibus. Diferente de sua escola que parecia um bando de turistas que nunca viram prédios grandes, os demais times andavam de nariz empinado. Emanavam uma energia completamente diferente. — Então, como se sente em estar de volta à cidade grande? — Calor dos infernos, já quero voltar pra casa. Fico me perguntando quem será nosso adversário? — Um time irrelevante, é claro. — Ora ora, se não é o fantástico Mckenzie. Gabriel e Milles se viraram para o sujeito alto de sorriso sarcástico. Parecia um beta qualquer se não fosse pela aura esplendorosa que emanava. O uniforme branco e dourado parecia aumentar a nobreza do sujeito. — Nos encontramos de novo, Maicon. — Vejo que o time tem caras novas esse ano. Será o suficiente pra finalmente nos vencerem? Milles cruzava os braços sobre o peito, ficando perto do outro jogador. Fazendo uso de sua corriqueira implicância, exalara seu cheiro mostrando a predominância de um alfa que está sedento em conquistar um território. Maicon, por sua vez, apenas abanara a mão afastando o odor. — Parece que não viu a chave desse ano. Terá de vencer dois adversários antes de declarar guerra com a gente. Será que consegue? Seu time parece... Um bando de perdedores nato. — Está latindo cedo, Milles. A quarta presença chamara a atenção dos dois atletas briguentos. O mau humor e o olhar cansado que se colocava ao lado do alfa loiro analisava Maicon de cima à baixo. — Quem é a figura? — Se eles vencerem, podem nos enfrentar nas quartas da eliminatória. Qual era o nome do seu time mesmo? Ah, pouco importa. Maicon revirava os olhos para Milles, passando a focar no baixinho que o fitava mortalmente. — Ainda está com esses pé rapados? Pensei que tivesse ganho consciência e vazado pra outro time. Gabriel percebera seu amigo tensionando os músculos e o seu sorriso transformando-se em uma máscara mau feita. Por outro lado, o capitão não esboçara nenhuma reação óbvia. — Quando os times da cidade grande se tornarem boas o suficiente pra merecer a minha presença, quem sabe. Até lá, fico onde tenho controle. — Então está com eles só pra manipulá-los? Que difícil a sua vida, Howard. Nicolas abria um sorriso ladino e malicioso ao se aproximar de Maicon. Lentamente uma aura assassina parecia envolver o mais baixo, causando arrepio nos três outros híbridos. — Como capitão eu torno meus garotos verdadeiras armas na quadra. Deveria lembrar disso, já que a sua escola perdeu para a nossa no ano passado. — Tsk, e nem foram para o campeonato estadual. — Muito menos vocês. — Sorria Nicolas debilmente. — Se quiser nos ameaçar, ao menos vença as partidas para nos enfrentar. O treinador do outro time chamara Maicon para se ajuntarem, tendo o rapaz se afastado sem dizer uma palavra. Desfazendo o sorriso malicioso, Nicolas suspirava pesado baixando os olhos para os papéis que segurava antes de se virar para os dois alfas. — Terminaram de arrumar briga desnecessária? — Se fosse eu quem tivesse começado, até responderia a sua pergunta. Nicolas revirou os olhos e passou a ler as instruções do técnico. — Repassando a nossa agenda, a primeira partida será às 10h e a segunda às 15h. Agora de manhã ficaremos juntos, e depois vocês poderão ver as outras partidas. — Ué, pensei que o responsável pela nossa agenda fosse a sua esposa. Está solteiro hoje? Gabriel mordera os lábios reprimindo a vontade de brigar com seu amigo, pois sabia que Milles apenas queria provocar Nicolas. O que dera certo, já que o capitão fuzilava o alfa com o olhar. — Mesmo se estivesse aqui eu não deixaria ele respirar o mesmo ar que você. — É bem ciumento. — Está admirado? — Retrucava o mais baixo — Afinal... Nem mesmo as cocotinhas que tanto te admiram são capazes de serem ciumentas no mesmo nível que eu. Aliás... Acho que nenhuma pessoa do seu círculo social deve sentir ciúmes de você, porque sabem ser um desperdício de energia. Arqueando a sobrancelha, Gabriel olhava para o amigo pelo canto dos olhos. Realmente nunca vira alguém ser ciumento com Milles. Nem mesmo as garotas que torciam por ele nas partidas treino. Que estranho e peculiar, uma vez que Milles era bem popular. — Nunca dei motivos para serem enciumados. — Pouco me importa. Estou apenas repassando as instruções do técnico. Por isso, se estiver perdendo tempo paquerando, ficará no banco. Um sorriso surgia nos lábios de Milles. — Te incomodaria me ver paquerando? Soltando um riso nasalado e revirando os olhos, Nicolas virou o rosto pra fugir da zombaria de Milles. Porém reconhecera o carro estacionado perto do ônibus de sua escola. — Theo chegou. O sussurro de Nicolas deveria passar despercebido, porém os dois alfas imediatamente seguiram os seus olhos observando o carro prateado. Gabriel engolia em seco quando se dava conta da ansiedade que começava a surgir em seu peito. Theodore viria. A porta traseira fora aberta e do automóvel uma garota baixinha de cabelos loiros pulara dele. Os três híbridos estranharam aquela figura saindo do carro da família Moss. Gabriel a reconhecera de imediato, sendo a garota que estava com o ômega no dia da briga no corredor. O que ela estava fazendo saindo daquele carro? Será que Nicolas teria confundido os carros, achando que seria da família de Theodore? Observando a reação de seu capitão, Gabriel percebia que o baixinho fitara confuso o carro. O mesmo semblante que Milles, e ele mesmo, estariam fazendo. E então uma outra pessoa saía do carro elegantemente, tendo os três boquiabertos diante da figura diferente do habitual. Carregando duas bolsas, usava uma calça jeans escura, uma blusa de botão xadrez vermelha e preta por cima de uma camisa branca. Os cabelos loiros estavam mais curtos e arrumados podendo notar as raízes lisas e as pontas sutilmente encaracoladas. Destacava-se os brincos escuros que usava, dando um ar despojado e juvenil para o garoto loiro. Aquele era Theodore. O garoto que costumava não chamar atenção era o verdeiro esplendor ao sair daquele veículo. Estava belo. Seria essa palavra o suficiente pra descrever aquele ômega? Não para Gabriel. Ficara completamente entorpecido em ver Theodore daquele jeito, tão descolado e bonito. Sua ansiedade de outrora nem tinha vez dentro de si, fora empurrada pelos instintos que se atraíam por aquele sujeito. A garota que o acompanhava sorria toda alegre, e os dois se viraram pra despedir-se de quem mais estivesse no carro. Então o ômega olhou em volta avistando os três híbridos mais afastados, encarando-o estupefatos. Gabriel se incomodara quando o loiro conversara alguma coisa com a garota e ambos vieram em suas direções. Por que ela saiu do carro com ele? Desde quando eram próximos? E desde quando Theodore usava brincos? — Uou... O simples comentário de Milles fizera o alfa moreno o fuzilar com o olhar. Porém não dissera nada já que os dois estranhos aproximavam do trio. — Theo... O que é isso? E quem é ela? —Nicolas arqueava a sobrancelha pra garota, que sorrira meigamente. — Sou Lilian, do primeiro ano. Estarei ajudando o querubim durante os dias de jogos. — Querubim? Os três olharam para Theodore, que balançara os ombros despreocupadamente segurando a alma da bolsa térmica. — Uma piada nossa. — Explicava a garota, que passara a encarar Gabriel com um sorriso enigmático antes de virar-se para o loiro. — Então devemos entrar e anunciar que o nosso time já chegou, não é? — Procurar o comitê de organização. O técnico precisa ir junto. — Vou indo na frente então, querubim. Lilian acenava passando entre Nicolas e Gabriel indo em direção do técnico. Prestes a seguir a garota, Theodore fora impedido pelo melhor amigo que ficou na sua frente. — Vamos lá, querubim, o que está acontecendo? Desde quando você é... Emo? — Não sou emo, Nico. E não está acontecendo nada. Lilian se prontificou a me ajudar hoje já que estaremos em um lugar muito... Cheio. — Está me dizendo que uma garota que nunca te viu na vida se preocupa que você passe m*l por causa do cheiro dos meninos daqui? E ainda, uma garota da nossa escola? — A esposa está ficando ousada. Nicolas dera um soquinho na barriga de Milles, tendo o outro se curvando com a força daquele baixinho. Theodore apenas comprimia os lábios em um sorriso fino, mantendo os ombros erguidos sem se deixar levar pelas ofensas do atleta. — É uma boa garota, não há nada pra se preocupar. — Por acaso agora gosta de garotas? — Ria Milles cruzando os braços sobre a barriga impossibilitando outro golpe do capitão. — Claro que não, continuo preferindo homens. — Respondera Theodore com tamanha naturalidade, surpreendendo Gabriel. — Se me dão licença, eu preciso cumprir com os meus deveres como assistente do time. Theodore parecia agir com indiferença. Passando por Gabriel sem lhe dar um oi, ou até mesmo lhe dar um sorriso, o alfa segurou seu pulso o impedindo de ir embora. O loiro virou-se para o moreno, arqueando a sobrancelha. Estando mais perto, Gabriel notava ainda mais a beleza daquele ômega. Certamente os acessórios eram as únicas mudanças que Theodore tinha, mas foram o suficiente para deixá-lo enfeitiçado. Pigarreando para acordar dos próprios pensamentos, Gabriel puxou o loiro afastando-se dos outros dois rapazes. E então pudera fazer a pergunta que tanto incomodara naquele final de semana. — Não está me evitando, não é? — Por que estaria? — Questionou Theodore seriamente. Gabriel espreitara os olhos estranhando o comportamento do outro, e o encarou como se a resposta fosse óbvia. O ômega então assentiu sorrindo largo. — Ah, aquilo. Se alguém devesse se sentir estranho seria você e não eu. Estou bem resolvido com minha orientação s****l. Piscando aturdido, Gabriel soltava o pulso de Theodore. — Só estava me perguntando se está se sentindo estranho comigo a ponto de querer me evitar, já que não conversamos desde sexta. — Está tudo tranquilo Gabriel. Fiquei o dia inteiro cuidando das coisas pra hoje, por isso não entrei no MSN. Aquelas palavras pareciam pregos que viravam suas pontas para o coração do alfa. Na medida em que sustentava aquelas pérolas azuladas, maior era o seu questionamento do quanto aquele beijo teria sido importante para Theodore. Teria sentido o mesmo que ele? Será que Gabriel seria o único em arder por desejar mais? Engolindo em seco o nó que formava em sua gargante, Gabriel assentia com a cabeça conformado. — Desde que continuemos sendo amigos, certo? Theodore, então, dera alguns tapinhas no ombro de Gabriel. — Continuamos amigos. Não fique pensando merda, hoje precisa se concentrar na partida. Não irei atrapalhar então. Prestes a responder que não atrapalhava, Gabriel não conseguira soltar a voz. Era como se sua garganta ficasse seca repentinamente. E então Theodore lhe escapava entre os dedos indo até o técnico e a garota com quem conversava. Observar a interação entre aqueles dois o incomodava no mesmo nível que incomodava ver Nicolas perto de Theodore. No final das contas a frieza empurrara longe a tristeza de ser tratado como um amigo. Tendo um conforto em seus ombros, Gabriel não desviara os olhos daquela dupla mesmo quando ouvira a voz de Milles em seu ouvido. — Aceite, Biel. Tu tá afim do Theodore. — Parem de conversar e entrem logo no ginásio! Sendo empurrado pelo capitão, Gabriel passava os finos dedos entre os fios escuros de seu cabelo. Precisava se recompor para jogar. Theodore estava certo sobre preciar se concentrar naquele dia. Quando terminassem a partida, tiraria a conclusão se estava realmente desejando algo mais do que amizade com Theodore.
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