Capítulo 4

1529 Words
Antony Como de costume, acordei às 5h, sem precisar de despertador. Fiz minha higiene pessoal e fui correr. Eu gosto desse horário porque não tem ninguém pra me importunar, sou somente eu e meus pensamentos. Gosto de ser assim, sozinho. Ou é do que tento me convencer. A verdade é que eu tenho gostos diferentes que poucos entenderiam e também não me esforço para que o façam. Por isso quando preciso descarregar, vou à Cat's House e p**o o preço que for pra poder ser eu mesmo e tenho a garantia que nada será revelado e do jeito que eu gosto, sem conexão. Quanto aos negócios? Diria que sou um tubarão do mundo corporativo, sou ambicioso, tenho objetivos e faço o possível e impossível para alcançá-los, a honra e ética não tem espaço nesse meio em que vivo, faço o necessário pra ter o que quero, quando quero. Não me culpo por ser assim e nem peço desculpas a ninguém, a vida me ensinou do pior jeito que não se deve confiar em ninguém e eu como bom aluno, aprendi. Chegando em casa depois da corrida, vou tomar um banho e sem seguida me vestir para o trabalho. Charlie meu motorista já me aguarda de fora com meu café e o jornal do dia com a porta do carro aberta. - Bom dia sr. Daldegan. - ele diz cordialmente e eu gosto assim, não dou liberdade a ninguém para me tratar de outra forma. - Bom dia Charlie. - o respondo enquanto pego os itens e entro no carro. Eu sei que pode parecer estranho no século XXI eu ainda insistir no jornal, mas é que algumas coisas ainda gosto à moda antiga. Chegando vou ao 50º andar onde fica minha sala com a vista mais privilegiada de todo o prédio, sempre admiro a vista enquanto tomo meu café antes de iniciar meus trabalhos. - Bom dia sr. Daldegan. - Donna entra na sala e me tira dos meus devaneios. - Bom dia Donna, por ser minha secretária achei que sabia dos meus horários e que agora - apontei para a vista e pro meu café - não é hora. - Eu sei e peço desculpas pelo incomodo, mas não o faria se não fosse importante. - Então estou a todo ouvidos e tomara que o seja. - me ajeitei na cadeira demonstrando que agora ela tinha toda minha atenção. - É o sr. Helssing, ele está embargando o transporte da carga, ele exige uma reunião com o senhor afim de reajustar as "taxas" de liberação. - Mas já tínhamos um contrato e o que mudou desde então? - Ele descobriu do que se tratava a carga e agora que sabe da sua importância, quer usar para barganhar um benefício próprio. - Ok, mande-o vir aqui imediatamente. - Ele o aguarda na sala de reuniões 3 senhor. Eu a encarei por um segundo e então me levantei, ninguém iria me intimidar e tirar proveito de mim, ele provaria do próprio veneno. - Avise que já estou a caminho. Chegando à sala pude perceber que o babaca estava acompanhado de seu advogado, isso não pode ser um bom sinal. - Bom dia Antony, que bom te ver. - ele disse se levantando e abrindo os braços para me cumprimentar na maior cara de p*u. - Poupe-me de sua falsidade Carlos - levantei minha mão e neguei seu cumprimento, me sentei a sua frente e eles fizeram o mesmo. - Ótimo, então podemos ir direto ao ponto. - Agora que já conseguiu minha atenção, diga-me, o que quer? - Fechei um contrato com você para utilizar minhas frotas marítimas pelo prazo de um ano por um valor que seria até justo se eu não soubesse do que se tratava a carga. - E o que mudou? - São armas Antony, armas. - Não é segredo pra ninguém que comercializo armamento bélico para nosso país e aliados. Você sabe disso. - Mas o que eu não sabia era que as armas em questão não são destinadas para nosso "país e aliados"... - então ele revezou o seu olhar entre o advogado e mim e chegou mais perto - você está vendendo para o nosso maior adversário, você está jogando dos dois lados e isso é muito perigoso, você sabe disso. - Corrigindo, não estou jogando, estou negociando mercadorias, sou livre pra vender o que eu quiser para quem eu quiser. - Mas isso não é tão simples, você sabe muito bem que se o nosso contato aqui ficar sabendo disso não vai ficar nem um pouco feliz e conhecendo as conexões perigosas que ambos os lados têm, corremos um risco muito grande de sermos alvos dos políticos gananciosos. - Não se preocupe com isso, tenho minhas alianças. - Exato, você, - ele apontou pra mim - eu não. Eu estou vulnerável nessa negociação. Eu o encarei por um momento e ajeitei minha postura para ficar de frente a ele com os braços sobre a mesa. - Diga-me o que quer. - Quero proteção, minha empresa será boicotada pelo nosso governo logo após saberem que estou transportando armas pra você ao nosso inimigo, contratos serão encerrados e a falência vem junto. Sabe Antony, você pode até ser multimilionário, cheio de alianças e cercado de segurança, mas eu não, eu sou só um homem comum que busca viver a vida de forma confortável e ajudar vários trabalhadores a manterem seus empregos sãos e salvos. Não tenho ambição como você, mas tenho vontade de continuar no jogo de amanhã, então se você quiser que eu faça esse transporte, me consiga proteção, ou se não, esqueça nosso contrato e como você já deve imaginar - nesse momento ele olhou para o seu advogado - tenho todo respaldo jurídico para me proteger das sanções de quebra de contrato. - Então ambos se levantaram, ajeitaram seu terno e se dirigiram à saída da sala, mas pararam e viraram para mim. - Ah e já ia me esquecendo, não procure outra transportadora, também tenho meus contatos e eles já estão "avisados" do risco de aceitarem fazer qualquer acordo com você, eu os tiro da rua facilmente, porque nesse ramo, eu sou o dominante. - ele se virou e fez menção de sair quando eu o chamei. - Carlos, agradeço sua visita e antes que saia quero que se lembre de uma coisa - eu me levantei e me coloquei de frente a ele, que automaticamente deu um passo para trás - eu não respondo a ameaças, eu as faço. Eu vou consertar essa cagada que você causou porque é o que eu faço, resolvo as coisas e ganho com isso, mas não se esqueça, depois disso - me aproximei mais ainda dele - você estará em minhas mãos e nunca mais vou receber qualquer tipo de aviso ou ameaça vindo de você. Você estará a mercê de mim e eu sei onde te acertar. - Depois de ver o medo em seus olhos sai da sala e os deixei par trás paralisados de medo. - Aguarde notícias Carlos e esteja pronto para o meu comando. Quando entrei na minha sala chamei Donna que rapidamente se apresentou. - Ligue para o comprador e marque uma reunião pessoalmente. - Eu já o fiz. - E? - eu a encarava sem entender porque ainda não se retirava já que estava tudo certo. - Não querem se encontrar com você, eles já devem saber do que se trata já que adiamos a data de entrega da mercadoria. - Porque não? - A questão senhor é que antes se tratava de uma negociação simples de compra de mercadoria, agora se trata de assuntos sigilosos que envolvem troca de favores e eles não fazem esse tipo de negociação com alguém do seu tipo... - ela relutou em falar a última palavra e eu a olhei sem entender. - Como assim meu tipo? - minha irritação era nítida. - Solteiro, senhor. Eles são uma facção fanática religiosa, a partir do momento que essa negociação deixou de ser um simples contrato de compra eles exigem que o assunto seja tratado por um homem de respeito, o que é ridículo, porque no conceito deles, homem de respeito é um homem casado. - De quanto tempo é o nosso contrato de fornecimento? - 1 ano senhor e como já deve ser de seu conhecimento, é um negócio que mudaria seu status para bilionário e possuiria o monopólio do negócio de fornecimento bélico. - Isso é ridículo! - bravejei enquanto socava minha mesa. - Eu sei senhor, mas infelizmente são os fatos e no ponto em que estamos, não sei se temos a opção de voltar atrás. - Saia! - gritei enquanto ia em direção ao meu mini bar e me servia de uma dose de whisky puro. Eu estava tão nervoso que poderia destruir facilmente aquela sala, mas me contive, precisava colocar a cabeça no lugar. Não posso tomar nenhuma decisão assim, preciso me acalmar e eu sabia exatamente onde iria conseguir isso. O resto do dia passou sem intercorrências e quando deu 22h fui ao único lugar que eu sabia que poderia me aliviar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD