Capítulo dois (Convite sedutor)

1005 Words
- Gerson, nunca fomos nada. Só vai embora. - Gerson me olhou nitidamente put*. - Eu não vou mais voltar, Clara. - A chantagem de sempre. Eu já conhecia de cor. Ele sempre fazia isso. - Por favor, não volte. - Quase gritei. - Você ouviu. Nunca mais passe nessa rua, se não quiser problemas de verdade. - Gerson bufou na cara dele, não levando a sério a ameaça. Eu levei. A forma com que ele ameaçou me pareceu verdadeira. Aquela forma de falar não era algo que se falava sem ter certeza que iria cumprir. Gerson não se mexeu, continuou encarando frente a frente o meu salvador. Ele não conseguia firmar o corpo, de tão bêbado que estava, não tendo ideia do perigo que corria. Então tudo aconteceu muito rápido. Ele agarrou o Gerson pelos braços, virando ele de costas e travando os dois braços para trás. Eu gritei de susto e Gerson gritou de dor. Ele abriu a porta do carro e jogou o Gerson lá dentro sem nenhum cuidado, fechando a porta com muita força. Dando tempo apenas do Gerson colocar os pés para dentro. - FILHO DA PUT4. - Gerson gritou. Ele então abaixou bem perto do rosto do Gerson, mostrando alguma coisa para ele que o fez se calar na mesma hora. - Você nunca mais vai chegar perto dela. Ou eu vou te encontrar, e você vai se arrepender! - Gerson assentiu, ligou o carro e arrancou com tudo em direção ao final da rua. Fiquei parada incrédula com o que tinha acontecido, ainda segurando o portão aberto enquanto ele andava em direção às compras, que ele tinha colocado no chão. - Obrigada. - Consegui dizer. - Desculpe por isso. - Não me agradeça. - Ele me olhou da mesma forma de antes, piscando lentamente e esboçando um sorriso. - Clara, certo? - Sim. - A hipnose do olhar dele me atingiu de novo. - Sou o Ricardo. Mudei recentemente para cá. - Ele apontou para a casa ao lado da minha, que estava vazia faz anos. - Acho que somos vizinhos. - Sim. Somos. - Respirei fundo, envergonhada. - Desculpe de novo. Quando ele bebe ele acha que pode vir aqui fazer escândalo. - Ele não deve voltar. - Ele estava chegando mais perto. - Se ele voltar, me ligue na hora. - O cheiro amadeirado me atingiu de novo. Ele estava tão cheiroso, era tão lindo e tão valente que precisei de um segundo para responder. - Não tenho seu número. - Ele me estendeu um cartão. - Agora você tem. - Ele olhou para a casa dele. - Eu moro sozinho. Se precisar de qualquer coisa… Não importa a hora. - Certo. Aquilo era um tipo de convite. Ele não estava usando aquela voz sexy somente para se colocar à disposição de uma moça indefesa. Aquela forma de falar, me olhando fixo nos olhos, como se fosse me devorar, não era apenas gentileza. - Obrigada. - Consegui dizer. - Fico à disposição também.- Ele sorriu. Eu deveria convidá-lo para entrar? Talvez dividir o vinho indecente com ele? - Fico satisfeito. Agora, acho melhor você entrar, antes que algo mais aconteça. - E lá estava, o tom sexy ameaçador de novo. Eu não estava imaginando coisas. - Certo. Boa noite, Ricardo. - Boa noite Clara. - Assim que fechei o portão e tranquei me permiti relaxar. Era loucura demais para uma única noite. Eu estava imaginando. Ele era apenas educado, e não estava dando em cima de mim, definitivamente eu estava maluca. Depois de um banho demorado de banheira, jantei e fui revisar alguns trabalhos. Eu trabalhava com relações públicas com alguns políticos. Em resumo, eles falavam o que eu mandava, afinal, ninguém era escolhido pelo povo por falar merd4. Sentei na minha mesa, de frente para a janela, ainda com a toalha na cabeça e de roupão. Era cedo para dormir, e eu ainda estava abalada pelo que aconteceu mais cedo. Na verdade, eu estava abalada com a imaginação do flerte com o Ricardo. Dei um gole no vinho, observando a taça suar com a temperatura dos meus lábios e suspirei. Eu imaginei a forma que ele falou. Ele não estava deixando nenhum convite no ar. Aquilo não iria acontecer comigo. Encarei meu reflexo no espelho ao meu lado. Eu era normal. Branca, com os olhos castanhos e cabelos longos e castanhos. Meu corpo estava longe do ideal, em comparação com as mulheres que eu estava acostumada a conviver. As esposas dos políticos principalmente. Ri sozinha dos pensamentos quase erótic0s. O Ricardo sem roupa deveria ser como um vinho bom. - Uma indecência - Falei em voz alta rindo em seguida. Coloquei a taça na mesa e me concentrei no trabalho, deixando de lado o caminho que os meus pensamentos queriam tomar. Não sei quanto tempo passou, mas eu já estava dolorida quando resolvi finalmente dormir. Sequei o cabelo e terminei o vinho. Tomei uma garrafa inteira. Parada em frente a janela, ainda de roupão, tomei o último gole da taça, me sentindo leve. Era o efeito que eu queria. Eu dormiria profundamente depois daquela semana intensa e sem hora para acordar, o que era perfeito. Meu corpo gelou quando finalmente olhei para fora. A janela do meu quarto dava de frente para a janela da casa do lado. A janela do meu novo vizinho. Parado ali, ele estava me olhando fixamente, tomando seu próprio vinho. Ele estava vestido com um suéter branco de gola alta e o cabelo levemente descabelado. Ele era uma visão quase enlouquecedora. Assim que nossos olhares se encontraram ele levantou a taça, brindando a distância. Eu sorri e levantei a minha garrafa vazia. Fiz um biquinho, como quem diz: O meu acabou, que pena. Ele me fez um sinal para que esperasse e saiu da minha vista. Será que ele iria me jogar a garrafa pela janela? Acho difícil ele me passar algo e eu alcançar. As janelas eram próximas, mas nem tanto. Meu corpo inteiro tremeu quando a campainha tocou.
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