Avalanche Narrando
Já estava afoito aqui no camarote só esperando ela chegar. Se brincar, pô, cheguei antes até dos cria do Tuiuti. Esperei por esse dia todos os anos. Quando o Tralha passou o fio dizendo que ia ter "O Bailão de Retorno das Princesas"... putä que pariu, mano, o coração acelerou. A putä da Cristiane cismou que queria ir numa balada no asfalto, me encheu a semana inteira. Essas porräs esquecem que é só um pente e rala. Quem em sã consciência vai assumir putä? Pra sair pra uma balada no asfalto, a gente chama os parceiros, mulher a gente encontra popular.... Mas pra tá nesse terno todo, com certeza a filha da putä ouviu boatos de que elas estavam voltando.
A sonsa sabe, assim como geral, que eu curto uma noitada, seja no baile ou no asfalto. Teve movimentação, bebida e erva pra colocar as ideias pra girar, eu tô dentro. A ficha caiu quando cheguei no Tuiuti e os cria já vieram perguntando se eu ia mesmo descer pro asfalto ao invés de vir pra resenha de boas-vindas das meninas. A filha da putä não só jogou como espalhou.
Avalanche: – Prometo que não vou tomar muito o seu precioso tempo – falei, dando uma olhada para a barriga dela, sem acreditar que outro homem tocou nela.
Sassá: – Vinícius, por favor, agora não. Teremos a vida inteira pra conversar, não tô me sentindo bem hoje. Minha recepção no baile não foi das melhores, e só tem alguém atrás de você. Vai lá, vai, com certeza a Cristina tem muito a te oferecer – ela fala de um jeito seco, mais do que ela já era.
Cristiane: – Enquanto umas te esnobam, outras te querem na cama delas. Vai perder tempo com essa daí se você tem tudo isso aqui – não acredito que essa putä vai causar aqui.
Master: – Tá tudo bem por aqui!? – o cara pode falar calmo do jeito que for, mas a voz dele parece a de um trovão.
Mateo: – Tudo susto, coroa – ele fecha o punho, batendo no meu ombro e já me mandando me ligar.
Cristiane: – Seja bem-vinda, Sassá. Tô vendo que você já vai acompanhada. É uma honra te ter de novo no Tuiuti – fala, desdenhando, com a Samira e a barriga dela. Com a mão na cintura, levanta a cabeça, empinando o queixo e o nariz.
Avalanche: – Cristiane, fica na sua, c*****o. Até onde eu saiba você vai pra uma balada no asfalto no é?. Que que tu tá fazendo aqui mesmo? – Ela tenta passar a mão no meu peito, e eu já levanto a mão, afastando os braços dela.
Cristiane: – Você tá assim por causa da Samira, vulgo Sassá. Fica não, bobo, com essa daí eu tô acostumada a dividir. Quem divide na adolescência divide na fase adulta também – olhei para Samira, que balançou a cabeça, negandö.
Avalanche: – Procura teu rumo, carälho. Na verdade, não sei nem o que tu tá fazendo aqui no camarote. Quem deixa você subir, tá fazendo companhia pra alguém – falo com os dedos presos no pescoço dela, dou uma apertada e ela arregala os olhos.
Cristiane: – Eu pensei que tava com você? – Ela sorri pelo nariz, balançando o corpo. Seguro firme no pescoço dela com uma mão, e com a outra, dou um tapão.
Avalanche: – Comigo não, eu cheguei aqui sozinho e é o jeito que pretendo ir – solto o pescoço dela, dando um empurrão. Ela cai em cima de uns cria que estavam ali da Penha.
XXX: – Já deu teu show? Então bora descer. Tu nem a Xuxa, caraï – um dos vapor sai praticamente arrastando ela escada abaixo, tirando do camarote.
Caralhö, mano, a minha mente ficou apertada até no dia que minha Sassá voltou. Volto a olhar pra ela, que dançava no meio das outras lindamente. É como se o tempo tivesse congelado pra ela. Perdeu aquela carinha de boneca, agora tá com carão de mulherão, corpo perfeito. Só de saber que ela vai ter um filho que não é meu, minha mente aperta.
Avalanche: – Prometo pra você que não te vou te perturbar mais – Sofia e as outras me olham, ela solta o ar fazendo barulho, passa a mão no rosto e joga o cabelo de lado, passando a mão na barriga.
Sassá: – Bora lá na sala do coroa – ela fala. Faço sinal com a mão e ela passa na frente.
O Master assovia pra ela, e ela só faz sinal de CV pra ele, seguindo pra sala logo atrás do camarote, e eu sigo atrás dela. A saia de tecido fininho marcando o bundãö dela, rebola lindamente na minha frente.
Antes que ela me jogue do camarote, ou de qualquer outra janela, vou bater a real aqui pra vocês: meu nome é Vinícius dos Santos, vulgo Avalanche. Recebi esse vulgo do Imperador há 8 anos atrás onde eu e o Master quase colocamos o Rio de janeiro no chão por causa de um feriado que tinha saído no assalto, e a ideia que eu dei para poder salvar todo mundo, aí ficou Avalanche. Tenho 32 anos, 1,89 m de altura, galegão mais bronzeado com sol do Rio de Janeiro. Sou dono do Morro da Providência, uma das maiores e primeiras favelas do Rio de Janeiro, herdei do meu coroa, que até ano passado estava com a gente. Uns arrombados, uns filhos da putä, fizeram uma emboscada, e ele caiu bonito quando voltava de uma viagem junto com o grande Imperador e a grande libélula. Como já dizia o vulgo dele, ele foi como um Corvo, jogou o carro na frente do carro do Imperador pra proteger ele e a Imperatriz. Mas com a velocidade que eles estavam, não dava pra ter sobrevivido.
Sassá: – Eu sinto muito pelos seus pais – ela fala, encostando na mesa, cruzando os braços de frente pra mim.
Avalanche: – Até hoje não aceitei essa ideia de que eles se foram daquela forma – ela me olha de cima a baixo e morde o canto da boca pro lado de dentro.
Dou dois passos pra frente e ela estica a mão pra eu manter distância.
Sassá: – Por favor, você falou que era uma conversa, e hoje não tá um clima bom nem pra conversa. Poderíamos deixar pra depois, mas já que você insiste tanto, eu tô aqui, pode falar – ela fala, seca. Eu sorrio pelo nariz.
Me afasto, passando a mão no rosto, e coloco a mão na cintura.
Avalanche: – Cara, sabe aquele ditado de que tu só dá valor quando perde? Essa porrä aconteceu comigo quando recebi a notícia de que você não tava mais no Rio. Tem cachorro louco? Eu fui, te queria e não soube te ter. Sei que já tinha idade suficiente pra decidir se queria realmente pensar com o coração ou com a cabeça da pikä. Naquele dia, eu não sei o que aconteceu. Tu falou que não ia comigo pro asfalto, e eu acabei descendo pro bar, bebi junto com a Cristiane e acordei do lado dela – ela sorri de lado.
Sassá: – A conversa era sobre isso? Então tá bom. Você quer falar de ditado? "O que os olhos não veem, o coração não sente". Se aquelas imagens não tivessem chegado pra mim, os boatos não tivessem chegado no meu ouvido, quem sabe... – ela passa a mão na barriga e fica calada, como se a expressão dela falasse mais que mil palavras.
Avalanche: – tu não pode perguntar pro meu coroa e pra minha coroa, porque eles não tão aqui pra dizer, mas pergunta pro grande Imperador, pra Imperatriz, pergunta também pra tua coroa, quantas vezes eu vim aqui com a passagem na mão pra ir atrás de você, e o teu coroa me mandou viver a vida – passo a mão na boca e viro de costas. Pela primeira vez na vida, senti meus olhos encherem de água, ainda mais na frente de uma mulher.
Sassá: – Vamos fazer assim, Vinícius: vai comer bucetä e me esquece, carälho – antes dela terminar de falar, eu a puxo pelo pescoço e beijo a boca linda dela.....