Capítulo 57 - Aquele que protege

1632 Words
O casamento de Jesse e Victória Shang foi simplesmente lindo. Os votos foram emocionantes, sendo nítido o quanto aqueles dois combinavam perfeitamente um com o outro. Victória era a noiva mais linda daquele Império, com as bochechas coradas estampando a sua felicidade por estar se casando, com aquele brilho que toda noiva tem. Jesse também parecia feliz, recebendo os cumprimentos dos seus convidados depois que a cerimônia terminou. A aura nobre que ele exalava combinava tão bem com o sobrenome Grimwood. Agora ele pertencia a família Shang, dedicando a proteger essa família enquanto Victória se tornaria chefe de família por ela ser uma ômega. O jantar para celebrar o casamento logo deu início. O salão dos Grimwood tinha um som clássico dos músicos que tornavam o ambiente luxuoso. Claro, estamos falando do único Grão-ducado do Império. A elegância e riqueza estava refletida em cada canto. Isso seria motivo de fofoca entre as senhoras que adoram se gabar quando eram convidadas para tais eventos. Principalmente quando acontecia depois de um grande "bafafá". Eugene andava pelo salão contente por ver tudo ocorrendo bem. O seu irmão parecia feliz agora que estava casado com a mulher que ama. Magnus parecia incomodado com as provocações de Lucian, mas ele não soltava a cintura do alfa. Por um momento, Eugene ficou feliz em ver pessoas boas dando vida aos seus irmãos. Finalmente eles poderiam ficar longe daquela sombriedade que recaiu nos Grimwood após a morte dos seus pais. — Ah, aí está você, jovem Grimwood. Aquela voz fez Eugene se arrepiar por completo. O sangue sumiu do seu rosto quando ele percebeu quem era. Uma pessoa que insistia em seguir ele há meses. — Boa noite, sir Mountuni. O homem, provavelmente quase vinte anos mais velho que ele, sorriu e estufou o peito parecendo satisfeito pelo cumprimento educado do ômega. Eugene sabia que podia usar o nome e título de sua família para impor algo, mas Moutuni se tornou um apoiador de Cadec, então Eugene não podia simplesmente ser grosseiro. Só que era um verdadeiro incômodo. — Vejo que não está usando o presente que enviei… — O senhor enviou algo? — Eugene questionou inclinando a cabeça levemente — Me perdoe, o meu irmão é quem cuida das correspondências em casa… — Você já não é mais criança para ter suas correspondências confiscadas, milorde. Deveria reclamar sobre essa superproteção do Grão-duque. Ah… Eugene realmente queria chamar Magnus e deixar ele cuidar daquele cara. Inclusive, ele chegou a olhar em volta procurando pelo irmão com certa discrição. Mas, droga, Magnus e Lucian estavam do outro lado do salão. Longe demais para olhar em sua direção a tempo. — Sir Moutuni, eu sou responsabilidade do meu irmão enquanto eu não desposar alguém. As regras dos Grimwood jamais devem ser quebradas, independente da idade dos seus integrantes. — Humpf, essas regras estão ultrapassadas, se é que você me entende. O próprio Grão-duque desonrou o oitavo príncipe e circulam rumores de que o marcou. Então, para que serve essas regras? Eugene corou levemente por não querer ouvir sobre a i********e do seu irmão mais velho. Ele sabia muito bem sobre os rumores que circulavam, os seus amigos da academia lhe contavam tudo. E até mesmo contribuiu para que uma versão mais "contos de fadas" fosse espalhada para combater, o que lhe deu um grande trabalho. Manter a integridade dos Grimwood era o seu dever como caçula. — Senhor, por favor, cuidado com o que diz. O meu irmão não é paciente com quem zomba das nossas tradições. — Ele não ouviria daqui, não se preocupe. Você pode ser sincero comigo, jovem Grimwood — O homem deu um passo próximo de Eugene e liberou os seus feromônios recessivos sobre ele — Eu posso te dar a liberdade que precisa, e eu fui muito generoso nos últimos meses, sabe? O cheiro do alfa recessivo fez Eugene hesitar e estremecer levemente. Há meses que aquele abusado tentava persuadi-lo, fazer com que o caçula dos Grimwood cedesse aos seus feromônios e ficasse preso. Eugene conhecia muito bem aquele tipo de técnica, Magnus e Jesse o alertaram diversas vezes quando ele ficava sozinho. Por isso, Eugene pediu para Magnus adiar a sua estréia na sociedade. Assim que ele estreasse, Mountuni não perderia tempo em pedir a sua mão. Precisava ganhar tempo o suficiente para reunir provas para se livrar daquele cara. Claro, Eugene poderia apenas rejeitá-lo, mas as implicações políticas poderiam ser grandes. Não queria que o primeiro príncipe perdesse um apoio nesse momento tão importante. Principalmente por ele… — Sir Moutuni, por acaso está usando o seu feromônio sobre um ômega? A voz séria e estóica fez o nobre hesitar. Eugene estremeceu ao sentir o outro feromônio se sobrepor, um cheiro amadeirado e forte, refletindo a sua dominância e hostilidade. O coração do ômega acelerou quando ergueu os olhos rosados para o alfa de corpo forte e de expressão séria. Uma figura que ele conhecia muitíssimo bem e que tem sido alvo dos seus pensamentos nos últimos meses. — A-Alteza? — Eu fiz uma pergunta. Responda. — Eu estava apenas conversando amigavelmente com o jovem Milorde Grimwood. Parece que a Vossa Alteza gostaria de se juntar a nós… de novo. Cadec franziu levemente a testa. De fato, não era a primeira vez que Cadec se intrometeu na conversa entre Eugene e Moutuni. Durante o banquete da vitória, pouco antes dos Grimwood irem embora, Cadec salvou Eugene. O ômega jamais se esqueceria daquilo, de como Cadec pareceu tão "grande" ao esconder ele em suas costas e lançar aquele olhar feroz. Foi o único momento da vida de Eugene em que ele sentiu o próprio coração acelerar. Cadec o protegeu até os irmãos mais velhos de Eugene retornarem. Depois daquilo, Moutuni saiu da neutralidade política para apoiar Cadec como herdeiro do trono. Apenas para cortejar Eugene. Infelizmente, Moutuni era persistente e sempre enviava cartas e presentes. Eugene buscou refúgio na academia onde estudava, ou então na mansão Grimwood, onde Magnus chutava para fora todos os alfas irritantes. Contudo, Eugene sabia muito bem que a paz não perduraria. Moutuni aproveitaria qualquer evento social onde Eugene pudesse ir apesar de não ter estreado. Da mesma forma, Eugene não esperava que teria a sorte de Cadec salvá-lo pela segunda vez. Mas lá estava ele… — Pelo contrário, acho inapropriado que você esteja cortejando o jovem Grimwood que nem mesmo estreou na sociedade e justamente dentro do território deles. — Ora, Alteza, estou apenas facilitando as coisas. Um ômega deve ser clamado por um alfa. — E a minha espada está sedenta por sangue — Rosnou Cadec, tomando um passo à frente, escondendo Eugene em suas costas — Por acaso está a zombar de mim? Sou o príncipe deste Império, e tenho autoridade para arrancar a cabeça de qualquer um que se atreva a tocar em um ômega que ainda não debutou. — Não deveria me ameaçar, alteza — Moutuni sussurrou tentando soar ameaçador. — Eu sou um dos poucos que te apoia… — Pareço preocupado com isso? — Cadec rosnou de volta. O cão maluco. Aquele que não tinha medo algum de brandir a espada. Cadec se tornou o favorito ao trono justamente por ter várias conquistas para proteger o seu Império. Eugene ouviu todas as histórias a seu respeito, como se apenas de ouvir pudesse sentir o seu coração acelerar. Era verdade que ele perdia a compostura quando se tratava da sua moral. Cadec faria de tudo para lutar por aquilo que acha ser o certo. Era como um príncipe encantado do conto de fadas. — Isso não ficará assim, alteza — Rosnou Moutuni — Ele será meu. Moutuni lançou um olhar feroz para Eugene antes dele sair dali. As pernas do ômega tremeram e ele pensou que logo cairia no chão, se Cadec não tivesse o segurado com cuidado, fazendo o ômega corar intensamente. — Você está bem, milorde? — S-Sim! — Eugene respondeu prontamente — Obrigado, Vossa Alteza. E me desculpe por você ter que me proteger… de novo. — Não é necessário me agradecer. Apesar de ser preocupante que esse homem esteja tão obcecado. Por acaso informou algo ao seu irmão? — Não… eu não contei. — Pois deveria. Magnus não deixaria esse homem vivo se soubesse o que está fazendo. Eugene até sentia vontade de contar, mas os seus irmãos estavam ocupados com suas próprias vidas. O casamento de Jesse… os rumores sobre Lucian… o duelo com o primeiro príncipe. Os olhos rosados se ergueram para os olhos claros do príncipe, Eugene sentiu o seu coração acelerar e um pouco do seu cheiro fluir, timidamente. — Alteza, você ainda não está falando com o meu irmão? O rosto de Cadec ficou sério e frio, como sempre. Mas era… lindo. — Ainda não o perdoei por ter desonrado Lucian. Acredito que essa seria uma conversa inapropriada para se ter numa noite festiva. Ele iria embora. Eugene sentia aquilo e ele queria evitar a todo custo. — Vossa Alteza, por favor, há algo que eu possa fazer? Você me ajudou duas vezes, eu queria recompensá-lo de alguma forma. — Não o ajudei para ser recompensado. — Por favor… Os olhos de Eugene brilhavam de esperança, ansiando por ter algo a que se agarrar. Algo para ser o motivo para vê-lo novamente. Suspirando baixo, Cadec sorriu levemente para o irmão do seu melhor amigo. — Se assim desejar, fique à vontade. Desde que não se exponha ao perigo e nem desobedeça ao seu irmão. — Sim! Ah, obrigado, Vossa Alteza. Então, me permita preparar um presente. O entregarei numa próxima oportunidade. — Que assim seja, jovem Grimwood. Quando Cadec foi embora, Eugene suspirou sentindo o coração acelerar. Que os céus lhe sorriem para que tal oportunidade chegasse o quanto antes. Ou então, Eugene sentiria saudades daqueles olhos claros.
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