Capítulo 52 - Pensamentos agonizantes

1631 Words
As palavras do criado não saíam da cabeça de Magnus. Ele ficou a noite inteira virando na cama sem conseguir descansar direito, apenas pensando nas diversas hipóteses daquele absurdo. — Haa — Suspirava o ômega, passando os dedos entre os fios escuros e suados — Que merda. Onde foi que eu me meti… Havia uma sensação de arrependimento de ter se envolvido com Lucian. Será que o oitavo príncipe era louco e arrastou o criado nos seus delírios? Se assim fosse, ele estava se envolvendo com uma pessoa que só lhe daria dor de cabeça. Contudo, Magnus se lembrou de cada momento que teve com o alfa. O sorriso falso, apesar de ainda ser bonito, a sua inteligência… a sua elegância ao se mover… Nada nele o fazia parecer uma pessoa maluca. Só que… as palavras do criado beta realmente fazia tudo parecer um grande absurdo! — É claro que vou morrer, todos nós iremos… Por que o óbvio deveria ser considerado um dom? — Murmurou Magnus encarando o teto escuro do seu quarto. Ainda assim… "— Impedir a… morte do Grão-duque". Aquelas foram as palavras do criado antes que o efeito da droga passasse. Argus caiu em um sono profundo, teve a façanha de dormir em pé! Depois daquilo, aquela mulher apenas o deixou deitado em um estofado. "— Não sei se o Grão-duque irá acreditar nisso, ou não. Mas eu terminei o meu trabalho por aqui." — Foram as últimas palavras daquela mulher, antes dela sumir pela janela. Magnus não teve escolha a não ser voltar para a mansão Grimwood, e… horas depois - que pareceu uma eternidade - lá estava ele rolando na cama sem conseguir dormir. Sentando-se na cama, Magnus suspirou pesado e apoiou os braços sobre os seus joelhos. A grosseira coberta deslizou revelando o torso nu do ômega, que parecia estar pegando fogo só com toda aquela confusão. Deveria interrogar Lucian? O que ele diria? E quais negócios o oitavo príncipe teria com um m****o de uma guilda? — Francamente, parece que estou abrindo as cortinas de um circo mequetrefe — Rosnava Magnus, esfregando a palma da mão sobre o rosto — Cadec não disse nada sobre Lucian estar se aliando a algum irmão nessa batalha pelo trono… será que ele está me enganando? Os primeiros raios de sol passavam pelas pesadas e escuras cortinas do quarto de Magnus. Um novo dia se iniciava, e naquela tarde ele tinha um compromisso que lhe daria a chance de tirar toda a sua angústia em prova. . (…) . — Minha nossa, não acredito que estamos indo tomar chá no Palácio do Sol! — Eugene sorria animado, observando o enorme palácio que ficava maior na medida em que a carruagem se aproximava. — Também estou muito ansiosa, é a primeira vez que visito o palácio imperial. — Não é grandes coisas — Magnus respondia indiferente à empolgação de sua cunhada e do seu irmão caçula. Cruzando os braços e as pernas, ele era o completo oposto deles dois. Não era para menos, ele m*l conseguiu dormir naquela noite. Voltou tarde daquele palácio e sua cabeça só conseguia repetir as palavras daquele criado beta. Eugene virou-se no banco confortável para encarar o seu irmão, e fez um biquinho manhoso. — Você sempre vai ao palácio, é claro que não vai achar tão interessante assim, Mag! — Por favor, lembre-se de se comportar, Eugene. Ao que parece, o Consorte Imperial se juntará a nós. — Eu irei, eu irei. Sendo aquela a primeira vez que as duas famílias se reuniriam fora de ocasiões festivas, era natural que o jovem Eugene estivesse ansioso. No entanto, os demais adultos sabiam bem que tratava-se de uma tradição por causa do casamento de Magnus e Lucian. As famílias de ambos os noivos se reuniriam, algo íntimo para se conhecerem e estreitarem os seus laços. A carruagem com o brasão dos Grimwood passou diretamente pelos enormes portões do palácio imperial. Os guardas bateram continência saudando o comandante que estava dentro da carruagem. O mesmo ato foi repetido quando aqueles quatro desceram da carruagem, longos minutos depois, sendo recebidos pelo Consorte e Lucian. Só de ver o oitavo príncipe ali, Magnus se sentia estranhamente desconfortável. Ou seria melhor dizer "intrigado"? — Sejam bem vindos ao Palácio do Sol, família Grimwood. — Cassander sorriu docemente. Os quatro membros se curvaram com a mão sobre o peito. — A família Grimwood saúda o Consorte Imperial e o oitavo príncipe — Magnus dizia formalmente. — Vamos entrar? Espero que estejam famintos, pois o nosso chef parecia bem animado nesta tarde. Enquanto os seus irmãos e cunhada seguiam o consorte, Magnus deu uma olhada em Lucian. Ele reparou nas olheiras arroxeadas abaixo de seus olhos e isso o intrigou. Ora ora, talvez ele não fosse o único a lutar contra a insônia. Aproximando-se do oitavo príncipe, o ômega sussurrou para que apenas o seu noivo pudesse ouvi-lo. — Por acaso você ficou tão ansioso por este dia, que nem mesmo conseguiu dormir? Lucian o olhou surpreso, mas logo escondeu atrás daquele seu sorriso mequetrefe. — Sempre estou ansioso quando o assunto é ver o meu belo noivo. — Humpf… você não perde tempo, não é? Soltando um riso gracioso, Lucian estendeu o braço e Magnus inconscientemente o segurou dando permissão para ser escoltado. — Mas para a sua informação, ultimamente ando cansado por causa dos preparativos do casamento. — Não discordarei de você, Lucian. Apesar que estou grato por você ter aceitado cuidar dos assuntos mais urgentes sobre o assunto. Lucian acariciou levemente a mão enluvada de Magnus, e o olhou com tamanha doçura que o ômega se viu embasbacado com a beleza daquele maldito príncipe. — Sei que você tem estado ocupado, e como seu companheiro é meu dever e prazer aliviar o seu estresse. Era incrível a habilidade daquele príncipe em aliviar a sua tensão com palavras tão… vergonhosas. Ou seria o significado por trás de suas palavras que pareciam sempre pegar o Grão-duque desprevenido? Será que ele já sabia sobre a sua vinda até o palácio naquela noite? Provavelmente o seu criado teria lhe contado. Contudo, Magnus não queria encher o seu noivo de perguntas. Pelo menos, não naquele momento. Já que seu irmão estava ansioso e feliz por tomar chá no Palácio Imperial, Magnus optou por manter a fachada da ignorância, fingindo não saber absolutamente nada. Apenas esperaria para o momento ideal de tocar no assunto. — Mas como tem sido os últimos dias? — Apenas tenho feito o meu trabalho como comandante, e também acertando os últimos detalhes do casamento de Jesse. Mesmo ele podendo cuidar disso, sou o portador do título de Grão-duque, então certos assuntos devem ser resolvidos por mim. — Uau… Sempre pensei que o seu irmão fosse responsável por cuidar dos assuntos burocráticos dos Grimwood. — Isso é minha responsabilidade. Não pus nenhum tipo de pressão sobre os meus irmãos. Quero que eles escolham os seus próprios caminhos. Lucian apertou levemente o seu braço enquanto caminhavam. O ômega sabia muito bem o significado por trás daquele gesto, já que Lucian o olhava também com aquele sorriso cheio de ternura e admiração. Magnus não sabia lidar bem com aquele tipo de afeto, contudo, não era tão r**m assim. Bem, para Magnus era apenas óbvio que ele deveria segurar o nome de sua família e deixar os seus irmãos viverem os próprios caminhos. Isso é algo que seu pai teria feito se ainda estivesse vivo. Graças a isso, Jesse conseguiu um cargo dentro da equipe administrativa do Palácio Imperial, enquanto Eugene foi capaz de entrar na academia para estudar e encontrar o seu futuro sem precisar se preocupar em se casar com alguém de grandes posses. Magnus aguentaria qualquer fardo que fosse necessário. Inclusive se emaranhar no circo dos horrores que o seu misterioso noivo parecia estar protagonizando. Guiados até uma estufa entre o Palácio do Sol e o palácio do primeiro príncipe, Magnus se surpreendeu ao entrar e sentir o ar quente e úmido acariciar o seu rosto. Era de conhecimento geral que Cassander gostava de flores, tanto que no seu casamento o Imperador o presenteou com aquela estufa repleta das flores preferidas do alfa. Era uma história que mostrava a devoção do Imperador pelo seu amor, e o quanto queria que ele se sentisse confortável em seu novo lar. Magnus nunca pensou que tais tipos de presentes fizessem algum sentido, imaginava que era apenas uma desculpa do Imperador para ostentar toda a sua riqueza e poder para o seu esposo. Algo para se gabar. Contudo, ele admitia que era uma bela estufa. No centro da estufa, cercado por rosas brancas, havia uma mesa de chá muito bem preparada. O cheiro do chá e das sobremesas combinavam perfeitamente com o perfume das rosas. — Por favor, sintam-se à vontade. — Uau…. Vossa Majestade realmente tem bom gosto para preparar eventos — Comentou Victória Shang com um leve rubor nas bochechas. — Haha, obrigado, senhorita Shang. Por causa da minha saúde, os meus deveres são limitados. Preparar uma festa do chá para aqueles que farão parte da minha família é um prazer para mim. — Mas a Vossa Majestade parece animado e saudável. — Pareço? — Cassander inclinou a cabeça levemente e sorriu graciosamente. Um nervo saltou na testa de Magnus. Uma reação natural quando ele via "aquele" sorriso. Tal pai tal filho. Agora ele sabia a quem Lucian puxou. Os criados entraram na estufa perfeitamente uniformizados. Eles silenciosamente serviram chá aos convidados e quando terminaram de colocar os últimos pratos de sanduíches e tortas salgadas, se retiraram para deixá-los à vontade. Magnus se manteve em silêncio enquanto bebia o chá, dando espaço para seus irmãos aproveitarem a prosa com o Consorte. Até que tal atmosfera não era tão r**m.
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