Capítulo 14 - Permissão do Imperador

1523 Words
Somente dois dias depois o mensageiro do palácio entregou uma mensagem do Imperador, que constava o seu desejo em ver o Grão-duque o quanto antes. No dia seguinte, Magnus partiu para o palácio imperial logo após o café da manhã, se sentindo levemente ansioso para descobrir se o Imperador sabia ou não do que ele e Lucian haviam feito na festa na outra noite. O Palácio do Sol era um lugar familiar para Magnus, que visitava constantemente para conversar com o Imperador sobre trabalho e assuntos políticos. E também, quando visitava Cadec, era necessário atravessar o palácio do Imperador, tornando aqueles corredores conhecidos. No entanto, Magnus se sentia levemente sufocado por estar ali para tratar de um assunto tão… particular. Parado em frente à enorme porta do escritório de Sua Majestade, Magnus apertava levemente os dedos enluvados e tentava manter o rosto inexpressivo. Até o momento em que obtivesse algum sinal de que o Imperador saberia do assunto ou não… Magnus deveria se manter em alerta. — Vossa Majestade, o Grão-duque chegou — Anunciava um criado. Não houve uma resposta, no entanto a porta do escritório do Imperador foi aberta. O lugar majestoso e impecavelmente organizado mostrava a figura do belo Imperador atrás da mesa assinando documentos. Entrando naquele escritório, Magnus parou no meio do cômodo e curvou a cabeça levemente. — Eu saúdo o sol deste império. Lentamente o Imperador ergueu os olhos a ele. — Finalmente chegou, Grimwood. Sente-se. Sem pestanejar, Magnus se sentou no estofado e o Imperador levantou-se da sua cadeira para ir se sentar no sofá de frente ao Grão-duque. Como esperado, estar sob a sua presença era tenso, talvez o Imperador fosse a única figura que deixava Magnus nervoso. Não era para menos, apesar dos feromônios dele serem como calmantes, o Imperador era um ômega rigoroso e estóico. Todos os respeitavam, pois sabiam que naquele império não haveria ômega mais influente e forte que o próprio Imperador. — Recebi a sua resposta. Fico feliz que tenha aceitado se casar com Lucian — O imperador começou dizendo, cruzando as pernas e olhando para o Grão-duque com seriedade — Apesar que eu fiquei sabendo da sua hesitação. Posso perguntar o que o levou a mudar de ideia? — Deseja saber mesmo, Vossa Majestade? Nem sempre a verdade é tão suave como se espera. — Prefiro a honestidade do que a mentira, Grimwood. E estamos falando do oitavo príncipe, é natural que eu saiba as suas reais intenções para com o meu filho, apesar de eu mesmo ter dado a ideia do compromisso entre vocês. — Desonrei o seu filho durante a festa do Conde Baragnon. O Imperador piscou uma… três… cinco vezes estando completamente sem palavras. Então, ele ergueu a mão enluvada fazendo um sinal para o seu assistente, que estava ali atrás ouvindo a conversa. O assistente silenciosamente se curvou e se retirou do escritório, deixando os dois a sós. A expressão no rosto do Imperador endureceu, ficando mais sério do que o normal. Por um instante Magnus se arrependeu de ter dito aquilo de maneira tão branda e direta, apesar dele preferir não fazer rodeios justamente para descobrir como seria a reação dele. — Por acaso Lucian fez algo inapropriado? Magnus inclinou a cabeça levemente, finalmente relaxando os ombros por Imperador não parecer saber sobre a droga. Lucian não disse nada? Que bom. — Acha mesmo que o oitavo príncipe faria algo inapropriado? — Certamente não, é o meu filho mais discreto. Mas também não vejo motivos para você se aproximar dele ao ponto de vocês… ficarem juntos intimamente. De maneira alguma Magnus iria admitir que usou um afrodisíaco. Só que também feria o seu orgulho em mentir sobre ter interesse em Lucian. Afinal… aquele maldito enganou ele! O que ele deveria dizer? Afinal, Lucian poderia contar a verdade ao Imperador caso Magnus fosse sincero sobre seus sentimentos. No pior cenário, os dois rapazes teriam os seus segredos expostos e teriam que arcar com as consequências de manejarem uma droga. O casamento entre eles seria óbvio, pois independente do como, era fato que os dois dormiram juntos sem estarem casados. Por isso aquele rato disse que seria a sua maior dor de cabeça. Magnus realmente o achava irritante por tê-lo enganado. Se esforçando ao máximo para manter uma expressão neutra, Magnus tentou parecer o mais sincero possível. — Eu diria que foi um acidente que ocorreu entre dois homens ludibriados pelo álcool. De toda forma, assumirei o compromisso já que desonrei o oitavo príncipe. — Álcool…. compreendo. Algum tempo depois, a porta do escritório foi aberta e Lucian entrava. Magnus manteve a compostura e evitou olhar para o oitavo príncipe, mas ele sabia que cada ação sua estava sendo supervisionada pelo Imperador. — Entre, Lucian. Estávamos discutindo um assunto que lhe diz respeito. Lucian se aproximou e se sentou ao lado de Magnus, mantendo uma distância segura, é claro. — O Grão-duque me contou sobre o encontro entre vocês. Fico surpreso que você, dentre todos os meus filhos, tenha se envolvido em um acidente regado ao álcool. Lucian deu uma olhada de canto para Magnus, que nem se atreveu a retribuir. Sabia que era uma mentira deslavada, mas de toda forma ele estava honrando com as suas palavras ao se casar com o oitavo príncipe. Era como uma clara mensagem de que nenhuma verdade deveria ser dita para o Imperador. Repentinamente, o oitavo príncipe levou a mão ao rosto, ficando corado e tímido. — Eu devo ter passado dos limites já que iria encontrar o Grão-duque. Desde que a Sua Majestade comentou sobre o possível noivado eu fiquei tão feliz… me perdoe. Magnus arregalava os olhos diante da dissimulação do oitavo príncipe. Do que raios ele estava falando?! E por que ele estava fingindo ser tão sensível? — Entendo. Eu não sabia que você estava tão ansioso para se envolver com o Grão-duque. Mesmo assim, não é digno um príncipe se envolver em polêmicas. — Me perdoe, Vossa Majestade. Magnus intercalava o olhar entre pai e filho sem realmente acreditar no que via. O Imperador realmente estava comprando aquela ladainha? — Presumo que vocês saibam o quão inadequado é duas pessoas se relacionarem intimamente fora do casamento. É um alívio, como pai, saber que o Grão-duque seja alguém responsável e queira assumir os seus erros. Caso contrário, teria que tomar medidas drásticas para manter a honra do sangue imperial. Ele queria pular a janela. Magnus calculava se a queda seria dolorida ou tudo ocorreria rápido demais para pensar. Que raios era aquele oitavo príncipe? E por que o Imperador estava com aquele discurso sendo que a maioria dos seus filhos nasceram antes mesmo dele se casar e ter um consorte?!!! Aquela família era hipócrita por acaso?! Pigarreando, Magnus manteve a compostura na frente do Imperador, apesar dele tremer levemente pela seriedade do pai de Lucian. — De toda forma, considerando que tirei a honra do oitavo príncipe, eu vim aqui pedir a mão dele em casamento. — Muito bem, que assim seja. Isso lhe satisfaz, Lucian? — É claro, Vossa Majestade. — Sorria Lucian inocentemente. Que príncipe mais falso! Enquanto o Imperador pedia algo ao seu assistente, Magnus olhou de canto para o oitavo príncipe. Ele mantinha a postura impecável e elegante, aquela máscara falsa de bom moço e inocente que nunca cometeu um pecado na vida. Era tão irritante Magnus saber o quão ardiloso Lucian podia ser… No entanto, havia um detalhe que incomodou levemente o Grão-duque. — Você não chama o Imperador de pai? A pergunta soou naturalmente, sem qualquer filtro. Contudo, a forma como Lucian lançou um olhar frio para Magnus por meros segundos antes de voltar à sua máscara inocente foi ainda mais surpreendente. — Não se apegue a esses detalhes. — Muito bem, considerando as circunstâncias, é natural oficializar o compromisso de vocês dois — O Imperador virou-se para os dois rapazes depois de conversar com o assistente — Grão-duque, espero que não se incomode de eu mesmo tomar a dianteira sobre o noivado. Isso deveria ser tratado entre os pais dos noivos. — Está tudo bem, Vossa Majestade. Se tiver algo em que precise do nome dos Grimwood, me disponho a tratar diretamente, apesar de eu achar que não será necessária a minha intervenção. — Que assim seja. Já que disse que o… envolvimento de vocês ocorreu durante o banquete do Conde Baragnon, precisamos ser cuidadosos com rumores. Talvez algum convidado tenha visto vocês, por isso será melhor agilizarmos o noivado. Como esperado, o Imperador estava tomando as decisões sabiamente para evitar escândalo envolvendo a família imperial. Agora ele estava preso àquela família para sempre, tudo por causa de um erro. — Na verdade, acredito que o próprio casamento deverá ocorrer o quanto antes — Lucian dizia. — O que? — Do que está falando agora? — Magnus rosnou levemente. — Ora, sou um alfa. O que garante que a noite tenha sido… frutífera? O Imperador suspirou baixo e massageou a sua têmpora em pura incredulidade. O rosto de Magnus ganhou um tom vermelho de vergonha. Magnus estava começando a se arrepender de ter pedido a mão de Lucian em casamento.
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