Capítulo 48 -Negociando com a Nightshade

1428 Words
Já se passou quase um mês desde a última visita de Lucian à guilda, isso para comprar aquela droga. Desde então, o bairro dos plebeus começou a ser alvo de investigações de Cadec, que caçava os rebeldes após descobrir que eles estavam se escondendo por ali. Lucian não se surpreendeu na medida em que acompanhou os jornais relatando o desenrolar das investigações. Era algo que acontecia em . Contudo, lembrar dos detalhes do enredo original sempre causava dor de cabeça em Lucian. Assim como agora, ele tentava conciliar as informações para iniciar as negociações. Mas foi necessária uma força monstruosa para reprimir a careta de dor e manter a fachada serena de sempre. — Na verdade, não estou pedindo a lista de nomes de graça. Estou disposto a fazer algo muito mais valioso do que te entregar um saco de moedas de ouro. — Estou ouvindo. — Todos sabem que o primeiro príncipe tem feito uma varredura por essa região na busca dos rebeldes que se escondem. — Exatamente. Muitos mercenários gostam de se esconder no bairro plebeu por causa das redes de informações — Ethera respondeu prontamente, interrompendo Lucian — Apesar deles também fazerem a festa ao pegar mulheres para se divertirem. Mas o que isso tem a ver? Deseja impedir que o seu irmão faça o dever dele? — De maneira alguma, apenas queria confirmar que esse é o motivo da sua guilda estar entrando em declínio. Ethera hesitou ainda mais e com o franzir de sua testa, ficou claro que Lucian estava pisando em uma mina. Estranhamente, Ethera parecia transparecer mais o seu nervosismo se comparado com a última vez em que a viu. Lucian presumia que ela estava passando por problemas na guilda, contudo não fazia sentido que a perturbasse tanto. — O que te faz pensar que a minha guilda estaria em declínio, Vossa Alteza? É muita presunção a sua, sabia? Não poderia dizer que sabia disso por causa de . A guilda conseguia se manter graças aos pedidos de Magnus, no entanto, o Grão-duque não parecia ter procurado por Ethera ainda. Lucian não pretendia se preocupar com aquela questão se não tivesse sido atacado no templo. Aquilo foi um problema enorme que trazia uma grande "red flag" em cima de sua cabeça. Um sinal de perigo que a história estava tomando um rumo diferente. Situações desesperadoras requer medidas desesperadas. — Onde estão os seus móveis? E a redução do seu pessoal? — Ora essa, Vossa Alteza, como bem você disse, essa região foi alvo dos rebeldes e mercenários. Acha mesmo que deixarei móveis luxuosos na guilda para chamar atenção desses bandidos? Essa é a última coisa que uma guilda de informações deveria fazer. Além disso, o meu pessoal está trabalhando. — Você está falindo justamente por estar num bairro plebeu. Provavelmente pensam que você está abrigando mercenários e rebeldes para enviá-los a missões e conseguir as suas preciosas informações. Pela segunda vez ela franziu a testa. Lucian definitivamente precisava ser mais cuidadoso. Ethera não o respondeu prontamente, ela apenas levou a mão ao queixo e encarou o príncipe silenciosamente. Em contrapartida, uma pessoa pareceu surpresa demais com a revelação de Lucian. — Foi isso que a Vossa Alteza "viu"? — Questionou Argus, cobrindo a boca logo em seguida. O fato de Lucian estremecer chamou a atenção de Ethera. O alfa lançou um olhar para o pobre rapaz, que só podia murmurar um pedido de desculpas. — O que ele quis dizer? Droga, Argus!!! Você e a sua boquinha de sacola! — Nada demais. — Vossa Alteza, já passamos da fase de ocultar informações um do outro. Já fechamos negócios antes, e para continuarmos precisamos ser transparentes, não acha? Merda! Lucian não queria se apoiar em uma crença que apenas o seu criado pessoal tinha! Principalmente porque Lucian estava tendo dificuldades para ter informações detalhadas da história original. Tudo o que ele tinha até agora eram memórias fragmentadas do que leu no original e as notícias que acompanhou no jornal. Deveria arriscar? O pior cenário seria Ethera não fechar negócios com ele por considerá-lo um charlatão, apesar de que ela manteria-se disposta a atender seus pedidos. Levando em conta que Ethera estava na defensiva e avaliando cada reação sua, Lucian não iria conseguir diminuir a tensão se passando por maluco. Se não conseguisse fechar negócio com ela… bem, teria que pensar em outra forma de garantir aquela maldita lista de nomes. Mas já que era para Magnus, o seu maravilhoso vilão e noivo, então Lucian estava disposto a se passar de maluco com delírio de grandeza. E assim, com um sorriso inocente e sua máscara de príncipe bonzinho, Lucian fazia a sua maior canalhice. — É apenas um pequeno segredo que somente o meu criado pessoal sabe. Receio que seja algo tão absurdo que você não irá acreditar. — Estou tentada. Experimente me surpreender, Vossa Alteza. Levando os dedos enluvados ao queixo, Lucian pensava um pouco. Que informações ele tinha sobre o futuro da guilda? Muito bem, muito bem. Os rebeldes que eram contra Cadec se infiltraram entre os plebeus para despistar o primeiro príncipe e para garantir que o seu contrabando não fosse descoberto. Droga, a sua cabeça voltou a latejar… respira Lucian, respira. O que mais ele sabia? Ah, sim! Os nobres que pretendiam procurar a guilda Nightshade para conseguir informações agora ficariam hesitantes de Ethera estar de conluio com os rebeldes, fazendo rumores se espalharem entre os nobres. No fim, ela e sua guilda corriam o risco de entrar no radar de Cadec e Magnus provavelmente não a procuraria. Aquela maldita sensação de névoa o incomodava de novo… caramba, a sua visão estava ficando embaçada. Ainda assim, Lucian se obrigou a enfrentar a dor de cabeça para se lembrar. O que acontecia depois? Um pingo chamou a atenção de todos. A mancha avermelhada realçava na pele branca de Lucian. — Vossa Alteza! — Gritava Argus repentinamente. O criado retirou um lenço do bolso e cobriu o nariz de Lucian. A sua mão chegava a tremer de susto pela situação repentina. Lucian piscou aturdido, ainda sentindo a cabeça latejar a sua visão ficar embaçada, mas ele ainda se manteve consciente. — O que… — Estou bem, não precisam ficar alarmados — Acalmava Lucian, segurando o lenço para estancar o súbito sangramento nasal. — Não me parece que esteja bem, Vossa Alteza. Por acaso está sob efeito de alguma droga? Ou está exausto? Apesar do sangramento nasal ser um imprevisto, Lucian viu ali uma grande brecha. — Quando tenho minhas visões, acabo tendo um sangramento nasal. — Visões? Como… prever o futuro? O que poderia ter visto ao ponto do seu corpo sangrar, Vossa Alteza? — Eu apenas tive um sonho sobre os tempos sombrios que você enfrentaria por causa dos rebeldes e mercenários. Foi um sonho aterrorizante sobre alguns homens de preto lutando em um lugar repleto de árvores sob a supervisão do luar… Será uma morte lamentável. Ethera apoiou os cotovelos sobre as pernas e se inclinou ao encarar ferozmente para Lucian. — Está falando coisas bastante perigosas Vossa Alteza. — Estou apenas dizendo o que vi em meu sonho. — Lucian tentou amenizar a tensão, retirando o lenço do rosto e erguendo as mãos na altura do peito em sinal de rendição — E não precisa suspeitar de mim, você sabe muito bem que eu não detenho poder algum para mobilizar pessoas para ferir outras pessoas apenas para ganhar a sua confiança. — Certo… então está dizendo que você tem informações privilegiadas de maneira… sobrenatural. Vou fingir que comprei isso. Qual é a sua proposta? Isso! Ao menos ela estava disposta a ouvi-lo. Engolindo a sua alegria, Lucian continuou com a postura de um príncipe calmo e controlado. — Essa perda fará com que tenha menos pessoas para o seu trabalho de coleta de informações. Graças aos rebeldes, a sua reputação pode ser manchada. Então, estou disposto a te dar um novo quartel general dentro da alta sociedade. Ethera ergueu a sobrancelha em surpresa, e inclinou a cabeça. — Isso me parece algo bem surreal, Vossa Alteza. Como pretende fazer isso? Até onde sei, você é um príncipe renegado sem poder. — Podemos discutir sobre o p*******o quando você aceitar a minha proposta. Apenas estou pedindo que caso aceite, eu mesmo patrocinarei a sua guilda em troca da lista com os nomes das pessoas influentes no submundo. Ethera pensou por longos minutos. Lucian estava hesitante se ela acreditaria nele ou não, e isso fazia as suas mãos suarem um pouco. Afinal, qual seria a resposta da líder da guilda?
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