*Albert narrando *
Entrar na faculdade foi fácil, me formar em direito foi fácil, passar na prova para a polícia foi fácil, agora esperar o site carregar para obter o resultado do concurso de delegado foi a tarefa mais difícil da minha vida. Eu já havia atualizado a página no mínimo cinco vezes e ela ainda estava fora do ar, já passava da uma da manhã quando Beatriz caminhou em minha direção vestindo apenas uma camiseta minha.
- Você não vai voltar pra cama? - Ela perguntou preguiçosamente sentando em meu colo e enterrando o rosto em meu pescoço.
- Já vou baby, preciso só ver se o resultado saiu. - Beijei sua cabeça ainda sem tirar os olhos da tela, ela suspirou.
- Você pode ver amanhã cedo, está tarde, não consigo dormir sem você. - Ela choramingou ainda pendurada em mim, ponderei por um momento e respirei fundo, ela tinha razão, resolvi então atualizar a página uma última vez. Atualizei a página mais uma vez e o resultado apareceu.
“ Albert Simons Filho - Situação: Aprovado, cargo Delegado. “
- EU CONSEGUI! - Me levantei gritando e girando Bia em meus braços, ela gargalhou, e aquele era sem dúvidas o melhor som do mundo para mim. - Agora vamos para a cama comemorar. - Andei com ela em meus braços e a joguei sobre a cama.
- Como devo te chamar agora? Meu delegado, senhor delegado? Doutor delegado? - Engatinhei indo em sua direção.
- Repete o senhor delegado. - Pedi com luxúria em minha voz.
- Senhor. delegado. - Repetiu pausadamente e então eu a ataquei enquanto ela gargalhava, eu tinha tudo, a mulher que eu amava, o cargo dos meus sonhos, poderia me considerar o homem mais feliz do mundo.
*Brenda narrando *
- É esquerda, direita, esquerda. Não esquerda, esquerda, direita. - Veronica ralhou com as meninas pela décima vez e eu não pude deixar de revirar os olhos, estávamos fazendo audições para novas líderes de torcida, mas era uma tarefa difícil, muito difícil mesmo, esse ano não acertaram uma candidata.
- Acabou? - Questionei quando o último grupo saiu do ginásio.
- Vamos ter que escolher as “ menos pior “ são todas péssimas. - Amanda estava sentada na cadeira com os pés sobre a mesa enquanto dizia isso agitando as mãos para o céu. - Qual a dificuldade de um movimento simples?
Ela se levantou e ficou no centro do ginásio, duas palmas, esquerda, direita, esquerda, duas palmas. Então Veronica e eu nos juntamos a ela fazendo os movimentos repetidas vezes.
- Simples, até minha avó faz isso. - Falei chacoalhando os pompons para o alto.
- Confesso que prefiro ver você fazendo isso, ao invés de sua avó. - Dilan disse entrando no ginásio, um sorriso enorme se formou em meus lábios naquele instante, joguei os pompons no chão e corri em sua direção.
- Senti sua falta. - Disse pulando em seu colo. Envolvi minhas pernas em sua cintura e ele me segurou, lhe dei um beijo enquanto ele me carregava para perto das meninas, quando chegamos ele me colocou no chão.
- Meninas. - Ele cumprimentou.
- Que bom que voltou Dilan, não aguentava mais Brenda choramingando pelos cantos. - Veronica disse arrumando os papéis que estavam sobre a mesa. Ele riu e coçou a cabeça. As meninas deixaram o ginásio nos dando privacidade.
- Está tudo bem? - Questionei, ele parecia estranho, um pouco distante e pensativo, não retribuiu direito meu beijo quando lhe dei, não disse que sentiu minha falta, estava diferente e eu estava começando a ficar preocupada.
- Preciso falar com você. - Dilan suspirou e eu sabia que não sairia nada de bom. Os piores cenários começaram a passar por minha cabeça e eu sentia meu estômago se contorcer de ansiedade.
- Sobre o que? - Perguntei colocando o melhor sorriso em meu rosto. Me sentei sobre a mesa e empurrei os papéis para o lado dando espaço para que ele fizesse o mesmo.
- Eu passei na faculdade Be. - Um sorriso genuíno se formou em meus lábios, ele passou! Iríamos para a faculdade juntos, isso era bom, não era? Era uma coisa muito boa, mas por que ele não estava feliz?
- Isso não é bom? - Perguntei confusa, ele deu de ombro.
- Na Carolina do Norte. - Meu queixo caiu, era do outro lado do país, e agora eu entendia o motivo de Dilan estar tão apreensivo. - Eu não posso recusar Be, ganhei bolsa integral para nadar por eles. - Eu entendia Dilan, os pais dele não tinham condições de arcar com o valor exorbitante de uma graduação, uma bolsa era tudo o que ele queria para não precisar se indivisas, Dilan era um ótimo nadador e eu estava feliz por ele, jamais pediria que ele prejudicasse seu futuro ficando aqui e se afundando em empréstimos estudantis.
- Estou feliz por você. - Funguei. - Claro que fico triste, estamos juntos a dois anos Di, mas suas conquistas são minhas conquistas. - Lágrimas escorregam por minhas bochechas, eu não pude contê-las.
- Obrigada Be. Não quero que fique presa a mim, você merece ser feliz, viver sua vida! Você é jovem, bonita, inteligente, tem muito o que viver ainda. Me perdoe por não poder te acompanhar, mas quando eu me formar, talvez possa voltar e ficaremos juntos. - Dilan me abraçou e eu não aguentei, corri para fora do ginásio aos prantos, pensei que poderíamos continuar nosso relacionamento a distância, mas os planos dele eram outros e isso acabou comigo.
Quando cheguei na saída meu irmão estava me esperando, me atirei em seus braços.
- O que foi? Por que está chorando? - Perguntou preocupada e eu apenas neguei com a cabeça. - Brenda, me diga agora! - Diogo levantou meu rosto procurando algum sinal de que algo estava errado.
- Di-Dilan.
- Eu vou m***r aquele desgraçado. - Segurei Diogo negando com a cabeça.
- Dilan vai embora. - Finalmente soltei, me joguei em seus braços e chorei copiosamente.