O cara que eu já odiei

Capitulo 3

Daniel: Como posso saber o que a Leila quis dizer? Sou jogador de basquete, não o akinator. 

Obs: Para quem não sabe, o akinator é o gênio da internet que sempre tenta adivinhar o que você está falando. Óbvio que o Daniel sabia do que a Melissa estava falando, ela o surpreendeu em uma festa com a Malu, mesmo com seus amigos tentando disfarçar, a Melissa é muito esperta, óbvio que não acreditou no conto de que ele estava sem ar e a Malu precisou fazer respiração boca a boca, foi a pior mentira já inventada pelo Léo.

Veronica: Você é amigo delas, Daniel, se insinuam algo assim é porque você comentou a respeito, então eu repito... Se quiser acabar comigo, diga logo. 

Daniel suspira, levantando-se da arquibancada e olhando para a Veronica com desdém.

Daniel: Eu não sou amigo delas, meus amigos são amigos delas, e com certeza só falaram isso para te alfinetar e você caiu como uma patinha.

Veronica: É... Provavelmente... Bom, tenho treino agora, nos encontramos depois?

Pergunta a Veronica, envolvendo seus dois braços ao redor do pescoço do Daniel e deixando um beijo em seus lábios. 

Daniel: Hoje não vai rolar, eu combinei de assistir o jogo na casa do Bruno.

Irritada, Veronica tira os braços de perto do Daniel.

Veronica: É sempre assim! Seus amigos sempre são a sua prioridade e eu sou apenas a reserva que você procura quando não tem nada pra fazer de interessante com eles.

Daniel: Tá ensaiando pra peça de teatro que o professor passou pra metade do ano? 

Veronica: Essa pergunta aleatoria é pra mudar o tema da conversa, não é?

Daniel: Também, só que é mais pra enfatizar o drama que você está fazendo, se esse for o seu personagem, está ótima.

Veronica: Tudo que eu falo pra você é drama, você não se importa com nada.

Daniel: Faça o que você quiser, Veronica, eu não vou me desgastar com isso.

Diz o Daniel, se afastando da Verônica e caminhando para o seu lado oposto.

...

Leila: Como assim eu vou ser a base? Sempre sou uma das de cima.

Veronica: A Virgínia não está aqui e portanto quem decide sou eu, vai trocar de lugar com a Ivy.

Mel: Se você fosse uma boa ginasta saberia reconhecer que a Leila tem mais equilíbrio e a Ivy mais força, você pode provocar um acidente invertendo as posições. 

Leila: Óbvio, imagina se uma das meninas cai em cima de mim?  Tanto ela, quanto eu, podemos nos acidentar f**o. 

Ivy: Faz parte de ser ginasta, corremos risco de ter algumas lesões, com certeza isso não vai te m***r, Leila.

Fantine: Dependendo da queda, pode sim... E quer saber? Vou reclamar com a treinadora, em time que está ganhando não se mexe, com certeza ela não vai querer arriscar que uma de suas melhores ginastas sofra um acidente por puro capricho da capitã substituta. 

Ivy: Um momento, meninas, vamos resolver isso entre nós, Veronica venha cá.

Diz a Ivy, puxando a amiga pelo antebraço.

Ivy: Não seja i****a, Veronica, é óbvio que a Leila tem mais equilíbrio e eu tenho mais força, se elas reclamarem com a treinadora você além de perder a razão vai se mostrar caprichosa e imprudente, é isso que você quer?

Veronica: Claro que não! Eu só queria dar uma lição na Melissa por ter insinuado aquilo do... Você sabe.

Ivy: Ela fez para te provocar e se ficar agindo como uma insensata cada vez que fazem isso, você vai provar que não está apta para liderar nada, então eu sugiro que você comece a trabalhar sua inteligência emocional. 

Veronica: Tudo bem... Você tem razão, deixaremos as coisas como estão, mas eu ainda quero punir a Melissa! 

Ivy: E poderemos fazer isso... Eu sou uma das que levanta a Melissa, posso deixá-la cair, certamente a Leila se esforçaria o dobro para isso não acontecer.

Veronica: Pois muito bem, vamos começar logo este maldito ensaio.

Diz a Veronica, caminhando para o centro da quadra, enquanto as outras garotas que terminam de se alongar fazem o mesmo, ficando aos arredores da nova capitã.

Veronica: Bom, todas ocuparão as suas mesmas posições de sempre, da forma em que a antiga capitã deixou...

Fantine: A capitã, Veronica, não esqueça que você é a substituta por apenas uma semana.

Ignorando o comentário da Fantine, a Verônica continua.

Verônica: Bom, se posicionem em seus lugares, darei início a música.

Diz a garota morena e arrogante, tomando a iniciativa de caminhar para o lado do som, enquanto as demais se organizam em suas posturas. 

Verônica: Vamos lá, um, dois, três e quatro.

Diz a nova capitã, soltando a música, enquanto cada uma das garotas começam a fazer seu número.

...

Após terminar minhas tarefas de casa, tento mexer em alguma rede social para passar o tédio, mas é tudo sempre a mesma coisa, se não fosse por esse maldito tornozelo eu estaria no treino, temos um campeonato em poucos meses. Ouço uma batida na minha porta, era minha irmã mais nova, Elena, deixo que ela entre e ela logo se apresenta com um gato branco nas mãos, não seria o mesmo gato que eu resgatei ontem?

Elena: Ele estava perto da árvore, estava morrendo de fome... A mamãe disse que podíamos ficar com ele.

Virgínia: Ei! Eu conheço você!

Digo, segurando o bichano no colo, acariciando os seus pelos ralos.

Virgínia: Não é a criaturinha imprudente que estava presa na árvore ontem? 

Elena: Ah, então foi ele que você resgatou? 

Virgínia: Ele mesmo... Reconheceria esse sinalzinho que ele tem na pata em qualquer lugar, qual nome daremos a ele?

Elena: Escolha você, foi você quem o salvou... E esse resgate te custou um tornozelo.

Virgínia: E um treino... Estou afastada por uma semana.

Elena: Uma semana passa rápido.

Virgínia: Está falando igual a Fantine.

Elena: Porque é! Não se acostume com isso, não é certo que uma irmã mais nova faça elogios, mas você é a melhor ginasta que já vi.

Virgínia: Ainda tenho que treinar muito pra chegar nesse patamar... Mas fico muito feliz que pense isso de mim, sei que um dia você será a capitã também, é muito esforçada.

Elena: Isso espero... Bom, vou te deixar na companhia do gatinho, tenho que fazer uns bolinhos com o papai. 

Diz a Elena, levantando-se da minha cama e dirigindo-se para fora do meu quarto. Novamente ouço uma batida na porta, a Elena sempre faz isso, volta pelo menos umas cinco vezes antes de realmente ir embora.

Virgínia: Entra, Elena.

Digo, com o gatinho no colo, mas quem apareceu não foi a minha irmã caçula, foi alguém totalmente inesperado, alguém que eu jamais pensei que viria me visitar. 

Virgínia: Daniel? O que faz aqui?

Daniel: Bom... Achei que o correto seria te fazer uma visita.

Virgínia: Bom... Você faltou o treino para vim me visitar, isso realmente é inusitado.

Daniel: Não estou com cabeça para treinar hoje, achei que podia me adiantar para ensaiarmos a peça.

Virgínia: Combinamos com os nossos amigos de ensaiar a noite, mas não tem nenhum problema em nos adiantarmos...

Daniel: Esse não é o responsável pelo seu tornozelo inchado?

Diz o Daniel, direcionando a atenção paga o gatinho branco que estava em meu colo.

Virgínia: Ele mesmo, temos um novo integrante na família, só não sei que nome colocar.

Daniel: Hum... Vamos pensar, esse gatinho apareceu misteriosamente na sua vida, não foi?

Virgínia: É... De uma forma bem dolorosa, mas foi.

Daniel: Hum... O que acha de Saori? Está relacionado a renovação.

Virgínia: Renovação de que? Depois que o inchaço passar o meu tornozelo ficará mais resistente? Talvez eu consiga dar uns saltos múltiplos maiores.

Daniel: Engraçadinha... Estou me referindo a ele, não a você... Se não tivéssemos ido atrás dos galhos e se você não fosse maluca o suficiente...

Virgínia: Humana o suficiente.

Daniel: Que seja! Se você não fosse maluca ou humana o suficiente para escalar uma árvore, ele poderia ter morrido.

Virgínia: Nunca pensei que diria isso, Daniel... Mas você é inteligente, gostei do nome, Saori, é diferente.

Daniel: Diga isso aos professores de química e matemática, vou para a recuperação pela trigésima vez.

Virgínia: Hum... Acho que te falta um incentivo.

Daniel: Um incentivo?

Virgínia: De ter uma professora de reforço como eu, que te desafiará todos os dias.

Daniel: Que tipo de desafio? 

Virgínia: Só saberá se aceitar.

Daniel: Parece bastante tentador... E bastante perigoso também.

Virgínia: Sou sua única alternativa...

Daniel: Por que está sendo tão generosa?

Virgínia: Bem... Não gosto de ter dívidas com as pessoas, é o mínimo que posso fazer por quem me ajudou com o tornozelo machucado.

Daniel: Não fiz isso esperando algo em troca.

Virgínia: Por estranho que pareça, eu sei que não.

Daniel: Bom... Como você disse, é a minha única alternativa e eu quero ir para a faculdade, quando começamos?

Virgínia: Agora mesmo.