E apesar de sofrer horrores não aceitava o que estava acontecendo comigo, aquilo era uma total injustiça comigo, mas a esperança ainda reinava dentro de mim, ela ainda estava comigo e acredita imensamente nela.
As vezes sonhei que tudo se tratava de um pesadelo, aquele tipo de pesadelo que te faz acordar sobressaltado ou com medo, aquele que deixa seus batimentos cardíacos acelerados após acordar, mas que te faz suspirar de alivio ao perceber que nada era real.
Mas o meu pesadelo era muito real, seguia me atormentando todos os dias, passei a me isolar completamente, apenas acreditando na esperança que um dia tudo passará, me agarrei aos fios de minha esperança e acreditava nela mais do que tudo.
Nas noites frias, passei a me ajoelhar diante do piso gelado do quarto, apagava as luzes e ficava encolhido no escuro começando minha sequência de orações depois de acordar e antes de dormir, pedia ajuda a Deus, pedia para iluminar meus caminhos e não me deixar desistir da miserável vida que levava dia a pós dia.
Acreditava que Deus era capaz de ouvir cada lamento, cada suplico que saia de minha boca quando orava, que ele estava cuidando de mim lá de cima, mas porque me deixava sofrer tanto se amava todos nós?
Já que não adiantava desabafar com pessoas que não queriam me ouvir, passei a escrever tudo o que sentia num caderno velho que guardava debaixo da cama após escrever o meu dia nele, era o meu único confidente, era o único que sabia do que estava acontecendo comigo todos os dias, bom, esse é o caderno velho no qual sigo escrevendo minha vida atormentada.
Sei que deve estar confuso sobre minha história ou sobre o que aconteceu comigo, apena espere por favor, você saberá...
E após escrever meus desabafos diários e o guardar, me deitava na cama e puxava o cobertor até a cabeça, se passava alguns minutos até começar a sequência de gritos que me deixava com medo todos os dias.
Sentia meu corpo tremer horrorizado antecipando o que aconteceria a seguir, fechava os olhos com força ouvindo coisas se quebrarem no outro cômodo, encolhia meu corpo sobre a pequena cama.
Tentava focar meus pensamentos em qualquer outra coisa, tentando esquecer o barulho lá de fora, mas era totalmente inútil, ouvindo os gritos de horror lagrimas se acumulavam ao redor dos meus olhos, não suportava mais aquilo, mas não sabia mais o que fazer.
E a pior parte da noite estava perto, ouvia passos de botas pesadas se aproximando do quarto onde eu dormia, sabia o que estava prestes a acontecer comigo e os soluços subiam pela minha garganta, fechei as mãos com força tentando segurar o choro para não demonstrar fraqueza diante dele, pois sabia que seria muito pior para mim se chorasse.
Estava só e ninguém me ajudaria a superar aquilo, não estava suportando, repetia a mim mesmo para ser forte mas não consigo, não consigo ser forte sem ninguém para me apoiar, sem ninguém para me segurar quando cair, isso precisava acabar...