1 - MT Narrando

2120 Words
Já se passaram 20 anos e estamos aí até hoje. Mas eu tô cansado e precisava muito de umas férias com minha dona, pena que eu tô cheio de bagulho serio pra resolver. O Kauã tá achando que eu não tô notando ele me rondando e eu sei muito bem o que ele quer, mas a Manuelle já falou sobre isso milhões de vezes comigo e eu fico falando que tô sempre ocupado e quando tivesse um tempo eu ia ouvir ele, mas na verdade eu tô correndo, porque a bomba sempre cai no meu colo, e eu sei que eu vou entrar num cabo de guerra fudido dentro da minha casa Ele aproveitou que a Manuelle tinha ido no shopping gastar dinheiro com a Giulia e me cercou na boca, quando eu vi ele já tava entrando na minha sala com a cara fechada - e aí pai. - ele fala abrindo a porta e me olha - e aí tio - ele fala cumprimentando o Felipe. - fala ai meu sobrinho, beleza? - Felipe faz o toque com ele e já me encara - fala Kauã - eu baixo a mão e respiro fundo e olho pro Felipe que tá sentado na cadeira na minha frente e ele faz uma cara porque todo mundo já percebeu o que ele quer, e geral sabe que eu tô correndo e viro pro Kauã novamente - pode ser depois? Tô ocupado agora - falo mais uma vez tentando escapar - tu tá sempre ocupado cara, tá fugindo de conversar comigo por que ? - ele fala entrando e fechando a porta - Kauã, se a tua mãe pegar você aqui dentro, você fode comigo cara, me espera em casa, por favor - eu falo passado a mão no rosto - não, em casa você vai falar que tá cansado, cheio de coisa pra resolver também aí minha mãe chega e vocês ficam grudados e eu não consigo falar. - ele puxa a cadeira sentando na minha frente - ai, vou lá na refinaria e volto aí mais tarde. valeu galak - ele fala dando um tapa na cabeça do Kauã saindo da sala Eu respiro fundo encostando pra trás, olho o celular e olho pro Kauã - Eu sei o que você quer, só que eu vou ter que travar uma briga do c*****o com a sua mãe por causa disso, você sabe muito bem que isso vai sobrar até pra mim- falo e ele concorda de cara fechada - idai? não é coisa de família? meu avô deixou pra você e você passa pra mim, é tão simples que eu não sei por que ela fica assim com esse assunto. Vocês me mandaram pra faculdade eu fui sem reclamar, vocês ficam tentando me desviar do que eu quero de verdade cara, coé- ele fala nervoso - é a sua mãe, ela não quer você envolvido com isso ela fala isso todo dia na minha cabeça antes de dormir Kauã, ela fica me colocando contra parede e ainda mais agora que ela não é b***a e ela tá vendo você pelos cantos tentando falar comigo- falo e ele dá de ombros - vocês não estavam falando que queriam ir viajar pra descansar? então, é a oportunidade de me deixar de frente no bagulho pra provar que a gestão tá no sangue. - ele argumenta e eu passo a mão no rosto, eu fico olhando ele falar e o filho da p**a tem jogo mesmo - é isso que você quer ? Você tem noção da briga que você vai me meter? vamos conversar com ela juntos então. - eu proponho - Beleza, hoje quando ela chegar. - ele levanta - vou encontrar com os moleques pra da um rolê - ele fala fazendo o toque comigo - juizo! - eu falo acendendo um baseado - tenho até demais. - ele fala saindo da boca Eu respiro fundo e passo a mão no rosto, a Manuelle vai falar pra c*****o na minha mente, mas ela quer segurar o impossível, como que pode? Eu não vou segurar mais não, o máximo que vai acontecer é ela ficar sem falar comigo uns dias, aí eu levo pra viajar e depois e vou rezar pra da tudo certo. Eu vejo as notificações do cartão chegando no meu celular toda hora, não dá, toda vez que o Manuelle e a Giulia vão sair é a mesma coisa, elas estouram a p***a do cartão, e no final sobre sempre pra mim. Já tava a noite quando a Manuelle me ligou e eu atendi - falaaaaaa paixão da minha vida - eu falo com ela e os caras ficam rindo - oi minha vida, cê não tem casa não né ? Já cheguei tem 2 horas e você até agora não veio- ela fala com a voz manhosa - eu sei que você chegou, parou de chegar notificação aqui, com certeza você saiu do shopping- falo rindo. - gastei pouco, para de chorar chato. tô te esperando em casa em - ela avisa - me espera prontinha em - eu falo rindo e desligo - eeeee, ela vai ta prontinha pra da na sua cara com a história do Kauã - eu olho o piloto rindo com o Felipe - p**a que pariu ainda tem isso. - falo puto - é MT, é sangue puxando sangue, tem pra onde correr não. - o piloto fala e eu suspiro bolado - é, vai ser o Kauã meter o pé aqui dentro e vai vir todo mundo junto. O Arthur, o Bernardo, o Gabriel então, não sei como ele ainda não falou nada pô, com aquela cara dele - eu falo com eles - Ele falou, essa semana aí me pediu pra levar ele lá em cima no morro pra atirar, aí fica nós dois lá na laje fumando um baseado e trocando uma ideia - vou botar todo mundo pra começar de vapor, vamos ver se eles vão querer - eu falo rindo e levantando - vou lá encarar a fera que eu tenho em casa. Eu falo saindo e vou dirigindo pra casa, de longe eu já vejo o Kauã sentado na calçada, eu balanço a cabeça negativamente e paro o carro na frente dele colocando o braço pra fora - cê tá querendo me dá ? tá pior que mulher me cercando em, a última mulher que me cercou na frente da minha casa eu mandei pra vala em - eu falo rindo, entro com o carro na garagem e saio andando pra dentro olhando pra ele que tá quieto - tá nervoso né? - mas decidido.. - ele responde entrando junto Eu entro em casa e coloco a arma em cima do sofa, enquanto ele senta do lado e pega a arma pra ficar mexendo, eu subo pro quarto e olho quatro dá Giulia vazio, entro no meu e olho a Manuelle - cadê a Giulia ? - eu aproximo dando um selinho - ah sei lá, foi na rua e disse que volta mais tarde - ela sela de volta - ué, como que ela sai e você não sabe pra onde? na rua eu sei, quero saber onde e com quem ela ta - falo puto com ela - aí Kaick, deve tá com as amigas dela, por favor né? tá pelo morro, pronto. - ela fala saindo do quarto - é assim? - eu falo andando atrás dela - depois a gente conversa sobre isso, o Kauã quer conversar com você primeiro A gente desce e olha o Kauã sentado no sofa, a gente se aproxima e senta perto dele, eu olho pra manuelle olhando pra ele - não vai me dizer que engravidou alguém né ? - Não mãe.. - ele respira fundo e eu fico olhando - é o que entao? - ela fala e ja me olha atravessada - eu vou entrar pra boca, já decidi. eu quero, o bagulho é de família então é um direito meu e eu quero, o meu avô deixou pro meu pai e é dever meu seguir e continuar. pronto, falei - ele fala como se tirasse um peso das costas - que ? - ela pergunta com uma cara que não tá nada boa - cês tão de piada comigo, né não? só pode. - ela me fuzila com o olhar - mãe, eu sempre admirei meu pai, o jeito que ele comanda um morro inteiro, tudo que ele faz, tudo que a gente tem, o jeito que todo mundo aqui dentro respeita ele, eu cresci querendo ser igual a ele cara, Eu tenho uma admiração pro homem que ele é você não pode mudar isso em mim, eu cresci vendo meu pai andando armado e eu sempre quis ter uma também, Você quer mudar o que não dá pra ser mudado, se ele não passar o morro pra mim, vai ser de quem? de um estranho ? - ele joga no argumento com ela - não acredito que to ouvindo essas coisas, juro pra você - ela fala me olhando com raiva e eu olho pro lado - eu tô falando de boa, mas se você preferir eu posso traficar em outro morro que é pra você não vê, vou lá pro morro só meu tio BR, vou lá pro Turano e pronto, eu volto quando você parar de querer fazer minhas escolhas por mim, você é minha mãe pô, minha coroa e eu te amo, eu te respeito mas as escolhas de vida são minha, eu sou adulto. - você não vai falar nada Kaick ? - ela fala me olhando com os olhos cheios de lágrima - o que ? - eu olho pra ela e suspiro - o seu filho tá dizendo que quer ser traficante igual a você e você tá fingindo de surdo Kaick. - ela se altera - ele é adulto amor, ele quer e você querendo ou não o morro é dele sim, só faltava ele se interessar. Ué, a Alma é tua porque era do teu pai, você só não quer mas a hora que você quiser tu pega, deixa ele manu, ele já tá decidido e eu não vou deixar ele sair daqui pra traficar em morro de ninguém se o lugar dele é aqui. - pra que vocês vieram falar comigo se vocês já estão decididos? - ela fala levantando e sai pisando fundo subindo e ouço o barulho alto dela batendo a porta, eu passo a mão no rosto e olho pra ele - o plantão da boca começa às 7h tu vai começar de vapor pra aprender o que é traficar. Eu quero você lá em pé amanhã às 7h da manhã - tá brincando que tu vai me jogar no vapor? - se quiser pode ser olheiro ou fogueteiro, quer qual? - vapor não porta arma pai, qual é. - isso ai, vamos ver se é isso mesmo que você quer. - eu falo sorrindo e levanto subindo pro quarto e olho ela deitada chorando - amor? - não fala comigo. você sabe muito bem o meu medo e você não fez nada pra impedir ele - Manuelle, como que eu vou impedir um homem feito de fazer o que ele quer? ele vai arrumar um jeito de entrar em qualquer boca e por ser meu filho ele entra em qualquer lugar cara - Kaick, você tá brincando com a vida do meu filho c*****o - amor, eu fugi dele o tempo que deu pra fugir dessa conversa mas não deu mais cara, ele tava atrás de mim o tempo inteiro. você quer adiar uma coisa que não dá pra ser, ia ser hoje, amanhã, semana q vem, ano que vem mas ia ser. - não, você pode muito bem impedir ele de ir pra qualquer lugar só que você não quer. eu não sou i****a, eu sei da sua influência nisso tudo e você só não vai dizer não a ele por que você não quer dizer. - ela fala p**a e estressada - amor, o morro é dele. eu sei que te assusta, eu já fui ele um dia e a minha mãe também surtou e sabe o que eu fiz? entrei ela querendo ou não. E tô aí até hoje. Você não vai conseguir controlar as escolhas dele. Ela fica quieta e nem me responde mais. Eu sei que vai ser difícil pra c*****o até ela acostumar com isso, mas ela vai ter que acostumar. Ela passa o resto da noite inteira sem nem falar comigo, eu fico puto mas não vou falar nada pra não arrumar mais briga do que essa que já foi iniciada.
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