VITÓRIA
Sai do banheiro com os olhos inchados de chorar. A tortura de ir ou não ir é grande e dá até dor de cabeça. Mas estou decidida, eu não vou não.
Ignoro totalmente os olhares dos alunos, eles nunca choraram na vida? Ou é mais uma fofoca como um tempo atrás que só porque moro na favela pensam que meu pai é um drogado que me bate e até me estupra. Sofri bullying com isso um bom tempo e nem sabia direito o porque. Assim que soube rodei a baiana aqui dentro dessa bosta e a diretora ainda quis chamar minha mãe. Pois bem, ela veio e o barraco que armou foi pior que o meu. É que nós parece bom mas nós veio da favela né, se precisar nós arma barraco mesmo.
Maju: Me esconde, me esconde - Maju vem até mim como um furacão só dá tempo de ver a cabeleira e ela entra no banheiro que agora a pouco sai me puxando pelo braço
Vitória: Que isso meu? Tu tava chorando? - limpo o vestígio de uma lágrima - O que foi?
Maju: Não posso te falar - ela me abraça e chora muito no meu ombro. Nem sei oque pensar ou fazer - Tá tão r**m tudo isso Vick, tu sabe que te amo e te considero pra c*****o né. Me perdoa por não falar
***: Moça - a voz de um homem na porta me assusta - Tem alguém chamada Vitória aqui dentro?
Maju: Não. Não vai - ela me segura mas me solto e vou até porta do banheiro ver quem é
Vitória: Sou eu. Me chamo Vitória - o cara sorri de canto sem mostrar os dentes
***: Tem um moreno alto em frente a escola que pediu pra te entregar isso aqui - o "pediu" na verdade é " molhou minha mão"
Peguei o papel e voltei pro banheiro rápido. Não posso ser vista aqui porque senão terei que fazer a prova e não posso deixar a Maju assim como ela está. Quando voltei ela olhava o celular parecia uma mensagem e assim que cheguei bem perto querendo saber o que era ela escondeu o aparelho
Vitória: Deixa eu vê isso - nós rodamos banheiro, eu querendo pegar o papel e ela se esquivando pra eu não pegar - Deixa eu ver isso!
Maju: Não vou! E isso, o que é na tua mão? - parei olhando pro papel em minha mão. Só aí lembrei dele - Ta de segredinho Vitória?
Vitória: A unica que ta de segredinho é você - ela baixa o olhar e sai do banheiro me deixando pra trás. Dói não saber o que ela tem, ainda mais com dúvida de que meu pai possa estar metido nisso.
Ouço vozes do lado de fora e pego rápido minha mochila e entro na cabine de volta. A palavra "será" soa na minha cabeça sem parar. Não sei se abro ou não. Não sei se quero saber o que ele quer comigo, é óbvio que é pra saber se vou ir falar com ele ou não, mas ainda não sei se quero saber o que ele tem pra falar.
Depois de uns cinco minutos e de passar uma agonia danada resolvi abrir o tal papel
VITÓRIA TE ESPERO NO LUGAR DE SEMPRE ATÉ AS 8:30 OU ENTÃO VOU INVADIR ESSA PORCARIA DE ESCOLA
É lógico que ele faz isso mesmo. Assim como é lógico que não quero que isso aconteça ou então meu pai vai ficar sabendo e aí o bagulho vai ficar muito louco e dessa vez com certeza o Kaue morre e de uma forma terrível. Lembrar das formas que meu pai já falou em matar o Kauê me dá náusea. E não quero que nada de r**m aconteça com ele, porque apesar de tudo eu amo aquele i****a.
Pego o celular na mochila pra ter certeza da hora e me assusto já são 8:25 como o tempo passou tão rápido assim? r***o o papel em pedacinho minúsculo e saiu do banheiro me esquivando pelos corredores até o muro dos fundos. E por pouco não sou pega assim que termino de pular, ainda consegui ouvir a voz do homem mandando eu parar e voltar. O incrível é que parecia a mesma voz do guarda que minutos atrás me entregou o papel, ele não sabe que quando uma menina recebe um bilhete vindo de uma pessoa fora da escola ela acaba fugindo da mesma tempo depois? Que burro ele deveria assistir mais filmes.
Corro até o carro do Kaue e ele dá a partida em seguida. Não olho pra ele mas noto que sou observada enquanto ele pega um rumo que talvez vá dá na praia Kaue não fala nada e eu também não, me mantenho de braços cruzados e semblante sério. Eu nem queria tá aqui. Ou queria, nem sei.
Assim que ele pega a estradinha de chão tenho certeza que vamos para o lado deserto da praia que íamos sempre. E depois de andar alguns metros a frente ele para o carro no lugar de sempre e pega na minha mão se virando pra mim.
Kaue: Vick - ele puxa meu rosto me fazendo olhar pra ele - Me perdoa?
Vitória: Perdoar por ter transado com várias?
Kaue: Aconteceu sim algumas vezes eu admito - capaz - Fui fraco e fiz o que não deveria. Mas você precisa vê não me ajuda nada ficar na seca amor - eu sei que sexo pra homem é fundamental e sei que vacilei também - Se você já tivesse liberado, jamais te trairia amor
Vitória: Isso é besteira. Quem trai uma vez trai sempre - ele chega perto demais da minha boca e me esquivo virando o rosto mas ele puxa de volta
Kaue: Isso é mentira - ele passa os lábios nos meus e aos poucos vou perdendo a força - Eu te amo, tu me ama porque estragar isso tudo por causa de um erro? Tu nunca errou amor?
Vitória: Isso não é um simples erro
Kaue: É sim. Eu errei e me arrependo pra c*****o. Prometo nunca mais errar com você amor
Kaue me puxa pela nuca e enlaça o braço na minha cintura enquanto invade minha boca com sua língua. Por mais que minha cabeça diga pra eu lutar meu corpo faz ao contrário, ele se entrega totalmente a esse cafajeste que amo demais.