2- Carolina

3114 Words
— Amanhã quando você já estiver mais descansada vou te mostrar toda a mansão, o patrão pediu para que eu fizesse isso hoje mas como você chegou cansada da viagem, preferi deixar para fazer isso amanhã. — Carmem diz enquanto descemos as escadas, mas estou tão curiosa e nervosa para conhecer o meu tal tutor que m*l consigo prestar atenção no que ela fala. — Tudo bem Carmen, sem problemas. — Digo enquanto admiro um pouco mais a beleza desse lugar. — Bom Srta. Fontinelli, eu vou ter que ir até a cozinha verificar se o jantar está pronto, mas você pode ficar à vontade está bem? Essa casa agora também é sua. — Ela me encara com carinho e se vira para sair, mas eu chamo por ela. — Espera Sra. Carmen...! Por favor, eu vou me sentir mais à vontade se você me chamar apenas de Carolina, ou Carol... Não precisa me chamar de senhorita ou me chamar pelo meu sobrenome, está bem? Em troca eu prometo te chamar apenas de Carmen com você pediu. — Peço sorrindo e ela retribui se aproximando novamente de mim. — Está bem menina, como você quiser, Carol. — Diz fazendo um carinho em meu rosto e logo sai me deixando aqui sozinha nessa sala gigantesca. Olho de um lado para o outro e não vejo uma viva alma sequer, se essa casa não fosse tão linda e tão limpa eu diria que é uma casa abandonada de tão solitária que me sinto aqui dentro, além do motorista e alguns seguranças eu só conheci a Carmen até agora, e pelo que percebi essa casa não é nada movimentada. Me perco andando de um lado para o outro e não sei voltar para onde estava, mas uma coisa eu tenho que reconhecer, esse lugar é lindo demais, confesso que estou gostando desse silêncio todo, coisa que onde eu morava não tinha, mas também tenho que dizer que dá um certo medo de andar por essa casa e esbarrar em alguém de repente, tenho absoluta certeza de que o susto será imenso. Dou mais algumas voltas pela casa tentando achar o caminho de volta até a sala e pelas janelas eu posso ver um jardim ainda mais lindo na parte de trás da casa, o espaço parece um paraíso de tão lindo e verde que é, e mesmo pelo cair da noite posso ver a beleza desse lugar. Fico aqui na janela admirando esse jardim lindo e me permito esquecer tudo a minha volta. — Quem é você? E o que está fazendo aqui? — Ouço uma voz grave atrás de mim e dou um pulo pelo susto. — Meu Deus...! Que susto... — Respiro fundo pondo a mão no peito sentindo o meu coração quase sair pela boca, me viro para ver quem é e minha nossa, que homem lindo é esse? — Eu... Eu me chamo Carolina Fontinelli senhor. —Me apresento impressionada com a beleza do homem à minha frente, será que é ele o meu tutor? Não pode ser, eu imaginava um homem bem mais velho gordo e rabugento, e não esse homem absurdamente lindo. — Então você é a filha de Sebastian Fontinelli? — Pergunta me encarando de cima abaixo com uma certa surpresa e seu olhar percorrendo o meu corpo me deixa tensa. — Sim... Sim senhor... Sou a filha de Sebastian Fontinelli. — O encaro sem conseguir piscar diante de tanta beleza que me deixa sem ar. — Ok... Eu sou Christian Colliman, seu tutor legal e espero que aceite de uma vez essa situação, porque eu não vou tolerar ninguém choramingando no meu ouvido dizendo que não quer ficar aqui, eu também não pedi essa situação então é melhor que se conforme com isso, estamos entendidos, Srta. Fontinelli? — Diz num tom ríspido me encarando duramente me deixando de queixo caído. Cavalo! Eu sabia que para tanta beleza ele tinha que ter algum defeito! O m*l humor, isso explica muita coisa, ogro! — Sim Sr. Colliman, estamos entendidos mas eu também quero que entenda uma coisa, eu não sou nenhuma das suas empregadas e muito menos estou aqui porque eu quero, então eu não vou aturar você falando comigo desse jeito, estamos entendidos...? Com licença senhor. — Confronto-o no mesmo tom que ele e me viro para sair mas sinto sua mão segurar o meu braço. — Como ousa falar comigo nesse tom garota? Você está na minha casa e aqui temos regas, e você terá que segui-las como todo mundo nessa casa, ouviu bem? Não me faça perder a paciência com você. — Esbraveja visivelmente alterado segurando o meu braço com força e isso me assusta, agora sim ele conseguiu me intimidar. — Solta o meu braço! Você está me machucando seu grosso. — Me solto dele abruptamente e mesmo com aquela cara fechada me encara surpreso. O encaro por alguns segundos ainda confusa pelo que acabou de acontecer e me viro, saindo de perto dele apressada. — Espera garota! Eu não terminei de falar. — Grita ainda alterado e eu paro me virando o encarando séria. — Mas eu não estou afim de ouvir senhor. — Contesto com um sorriso irônico no rosto e saio correndo com medo de que ele venha atrás de mim. Corro pela casa sem saber ao certo onde estou até que finalmente avisto a sala de estar onde Carmen havia me deixado, passo por aquela sala e sigo em direção as escadas, eu é que não vou ficar para jantar com esse ogro m*l humorado, o que ele tem de lindo tem de arrogante e eu quero distância dele. Cheguei no corredor do andar de cima correndo e vejo Carmen saindo do meu quarto, quando a mesma me vê respirou aliviada mas me encarando preocupada. — Menina onde você estava? Te procurei pela casa e não te achei, pensei que tivesse voltado para o quanto... Vamos descer, eu vou te apresentar ao Sr. Colliman. — Ela me encara com um sorriso gentil e eu balanço a cabeça em negativa. — Não precisa se incomodar com apresentações Carmen, eu já conheci o ogro do seu chefe e não quero vê-lo de novo por favor, eu não pedi para vir para esse lugar mas já que estou aqui e vou ter que aceitar isso, então eu quero esse cara bem longe de mim. — Me altero passando por ela e entro no meu quarto. — Mas o que houve Carol? O que aconteceu que te deixou assim tão revoltada querida? — Pergunta preocupada entrando no quarto atrás de mim. — Aquele homem é um arrogante Carmen, como vocês conseguem aturar esse cara? Parece uma fera selvagem. — Questiono sentindo o meu rosto esquentar e os meus olhos embaçar com as lágrimas que estão se formando. — Se acalma menina, ele não está acostumado com outras pessoas em casa, dê um tempo a ele que as coisas vão melhorar. — Ela tenta me acalmar mas não está dando certo. — Ele não precisa de tempo pra nada Carmen, quem precisa de tempo sou eu que vim para um lugar estranho, com pessoas estranhas e não tenho o direito de questionar com aquele grosso falando comigo daquela maneira? — Questiono finalmente deixando algumas lágrimas caírem mas rapidamente as limpo tentando disfarçar. — Se acalma querida não fique assim, não gosto de te ver tristinha desse jeito. — Ela me puxa para um abraço carinhoso e eu vou de bom grado. — Eu quero descansar um pouco Carmen, não vou descer para o jantar, tem como você trazer algo pra mim depois? Não precisa ser agora pode, ser mais tarde. — Peço me soltando dela que me lança um olhar de ternura. — Tudo bem minha querida, como você quiser... Vou deixá-la descansar, se precisar de algo me chame, está bem? — Diz se dando por vencida e se despede saindo do quarto em seguida. Aproveito que Carmen saiu e vou até o closet, pego um blusão confortável e me troco já me imaginando naquela enorme cama, eu adoro me sentir à vontade para dormi e tenho certeza que depois de me deitar vou apagar por completo. Volto para o quarto e faço o que eu mais queria, me jogo nessa cama maravilhosa e me esparramo toda nela, eu só quero dormir o sono dos deuses e acordar com as energias revigoradas, e assim eu faço, me deito e permito que o sono venha aos poucos. Não sei por quanto tempo dormi mas quando acordo está tudo muito escuro, acendo o abajur olhando a minha volta tentando reconhecer o lugar onde estou, respiro fundo me dando conta de que tudo que havia acontecido hoje não foi um sonho, isso para mim é um pesadelo mas é tudo real, eu realmente estou em outra cidade com pessoas que eu nunca vi na vida, e em uma casa mega maravilhosa com o meu tutor lindo e arrogante, como esse homem consegue ser tão lindo e ao mesmo tempo tão grosso daquele jeito? Confesso que fiquei impressionada com a sua beleza, e apesar de ser bem mais nova que ele eu me interessaria fácil por ele se o mesmo não fosse esse ogro m*l humorado. Aff! O que eu tenho na cabeça para pensar uma coisa dessas? — Droga eu estou morrendo de fome. — Me levanto da cama e vejo uma bandeja de rejeição na mesa de centro. Me aproximo descobrindo a bandeja para ver o que tem aqui e vejo umas frutas, água, suco, torradas e duas fatias bem generosas de bolo de laranja, não penso duas vezes e me sento ali mesmo no carpete devorando tudo que há na bandeja, por estar tudo tão fresquinho suponho que colocaram isso aqui a pouco tempo. Depois de terminar de comer praticamente tudo eu decido levar a bandeja até a cozinha, o único problema é que eu não sei onde ela fica. Penso por alguns segundos e me lembro de quando Carmen me deixou na sala e foi em direção a cozinha, então não será tão difícil chegar até lá e para minha sorte já é tarde e o senhor m*l humorado deve estar no quinto sono, assim posso descer tranquila. Pego a bandeja e caminho pelo corredor escuro cuidadosamente para não esbarrar em nada, e nem fazer barulho para não acordar o Sr. Colliman. Caminho a passos largos em direção a escada e assim que me aproximo dela me choco contra algo e vou parar no chão, derrubando a bandeja. — Aiii... Mas que droga! — Resmungo sentindo o meu corpo doer pela queda. — Devia prestar mais atenção por onde anda garota! — Ouço aquela voz grave e na mesma hora olho para cima encarando a pessoa a minha frente, lá está ele, sem camisa usando apenas uma calça de moletom me encarando estranho. Minha nossa senhora das mulheres atrapalhadas, esse homem é uma obra de arte de tão lindo! — Me desculpe senhor... Eu... Eu não o vi chegar. — Digo em um sussurro babando admirando os seus músculos enquanto ele desce os seus olhos até as minhas pernas. Droga! Eu me esqueci que estou apenas de calcinha e um blusão que deixa as minhas coxas a mostra. — Vai se levantar do chão ou vai ficar aí sentada? — Questiona me estendendo a mão mas eu não pego, me levanto sem a sua ajuda. O encaro por alguns instantes e pego a bandeja do chão recolhendo os pratos quebrados e o copo que por sorte ainda está inteiro. — Eu te ajudo! — Se aproxima se abaixando ao meu lado. — Não precisa senhor, eu já terminei. — Me levanto com a bandeja nas mãos e ele se levanta junto. O encaro séria e passo por ele sem dizer mais nada. — Espera...! Não se machucou? Precisa de alguma coisa? — Pergunta se virando para me encarar e eu faço o mesmo. — Não... Eu não me machuquei, mas não precisa agir como se você se preocupasse comigo porque eu sei que não. — O encaro ainda séria e vejo o seu semblante mudar para uma carranca enorme. — Você tem razão, eu não me preocupo nem um pouco com você, garota petulante e atrevida... Mas é bom que tenha bons modos ou... — O interrompo me aproximando novamente dele. — Ou o que...? O que você vai fazer Sr. Colliman? Vai me bater? Vai me expulsar dessa casa? Então faça isso. — Pergunto já bem próxima a ele que parece querer me matar só com o olhar. — Acho bom você não ficar me afrontando desse jeito, Srta. Fontinelli... Eu posso querer acatar alguma dessas suas idéias. — Me alerta entre dentes se aproximando mais de mim encarando fixamente os meus olhos, mas logo seus olhos fitam a minha boca me deixando tensa. Não digo nada, apenas me afasto dele e desço as escadas apressada afim de me livrar da sua presença, minha nossa como ele é forte e alto, e que corpo perfeito é aquele? Porque ele me olha daquele jeito tão intenso? Porque encarou a minha boca daquele jeito como se quisesse avançar em cima de mim? Deixo os meus pensamentos de lado e vou a procura da cozinha, por sorte eu não demoro a encontrá-la e jogo a louça quebrada no lixo, antes de lavar a bandeja de prata deixando-a ali sobre a pia escorrendo a água. Depois de terminar eu bebo um copo d'água e volto para o meu quarto, rezando para não encontrar aquele ser arrogante novamente. Subo as escadas a passos de tartaruga com medo de me chocar contra aquele ogro outra vez, mas graças a Deus consigo chegar no meu quarto em segurança. Na manhã seguinte eu acordo cedo como faço todos os dias, mas como estou em um ambiente totalmente diferente e estranho fico com preguiça de me levantar, me viro para o lado pensando na vida até que o sono me vence novamente, mas não durmo por muito tempo pois acordo com a sensação de estar sendo vigiada, abro os olhos olhando a minha volta e me assusto com um serzinho ao lado da minha cama me encarando com um pequeno sorriso no rosto. — Jesus...! Que susto menina... Quem é você? O que faz aqui no meu quarto? — Respiro ofegante pelo susto que levei e me sento a encarando surpresa. — Oi, eu me chamo Ana Clara, qual é o seu nome? — Diz a menina ainda me encarando atenta e sobe na beira da cama, ela se senta sem tirar os seus olhos de mim. — Meu nome é Carolina... O que faz aqui? Como você chegou aqui? — Pergunto curiosa para saber quem é essa menina tão linda, ela é loirinha dos olhos claros e aparentar ter uns seis ou sete anos. — Quem me trouxe pra cá foi a mamãe, porque ela vai viajar... Você é a namorada do papai? — Pergunta me encarando séria e eu arregalo os olhos com a sua pergunta. — O que? Que história é essa de namorada menina? Quem é o seu pai? Eu não sou namorada de ninguém. — Pergunto meio afoita e nesse momento a minha fixa caiu, ela é filha do Sr. Colliman. — Você está dormindo na casa do meu pai, então você é a namorada dele, não é? — Pergunta sem esboçar nenhuma reação apenas me encara séria como antes. — Não, eu não sou a namorada do seu pai, eu apenas estou aqui porque não tenho onde ficar, mas logo eu irei embora. — Digo ao me lembrar da minha realidade pois não tenho mais ninguém na minha vida, estou literalmente sozinha. — Você não tem onde ficar? E cadê seus pais? Eles te deixaram? — Pergunta curiosa se aproximando mais de mim. — Sim eles me deixaram, eles estão lá no céu agora. — Digo me sentindo triste por não tê-los aqui comigo. — E você não... — Ela me questiona mas alguém bate na porta e logo Carmen entra apressada. — Meu Deus eu estou procurando você pela casa inteira Ana Clara, a sua mãe está te chamando para se despedir de você meu anjo. — Diz Carmen ao se aproximar de nós. — Bom dia Carolina, me desculpe se ela te acordou, eu não sabia que ela tinha subido sozinha e... — A interrompo. — Tudo bem Carmen deixa ela, eu já estava acordada... Aliás, bom dia...! O Sr. Colliman está mais calmo hoje? Eu preciso falar com sobre um assunto. — Pergunto saindo da cama e a menina faz o mesmo. — Acho que não é um bom dia para você conversar com o Sr. Colliman querida... Se você achou que ele estava de m*l humor ontem hoje ele está ainda mais zangado. — Comenta vindo até a menina que está ao meu lado ainda me encarando como se eu fosse um alienígena. — Porque Carmen? O que houve? Aconteceu algo sério? — Pergunto sem conseguir segurar a minha curiosidade. — Parece que a Sra. Esthela resolveu viajar e deixar a menina aqui sem falar antes com ele, o Sr. Colliman sempre contrata uma babá para ficar com a menina quando ela vem pra cá, mas como a mãe dela não avisou nada ele está uma fera por isso. — Diz meio pensativa, eu me esqueci completamente que ele tem uma filha, mas se a mãe dela veio deixá-la aqui então eles são mesmo separados. — Eu não quero uma babá tia Carmen, elas não sabem cuidar de mim elas só vem pra cá para ficarem olhando para o papai igual a umas idiotas. — Reclama a menina emburrada cruzando os bracinhos. — Não fale assim Ana Clara, você não pode ficar sozinha e eu não posso ficar com você o tempo todo meu bem, por isso você precisa de uma babá. — Explica Carmen tentando convencer a menina. — Não, eu não quero uma babá tia Carmen, fala com o papai por favor? Eu prometo me comportar bem sem uma babá... A Carolina pode ficar comigo, não pode? — Pede me encarando com os olhinhos esperançosos e eu fico com pena dela. — Não minha querida, o seu pai não vai aprovar isso ele... — A interrompo quando vejo que a menina já está quase chorando. — Eu posso ficar com ela sem problema algum Carmen, é só você convencer o seu patrão porque eu não vou falar com ele, não estou afim de levar coice hoje. — Digo espontaneamente e Carmem gargalha. — O que é coice Carolina? — Pergunta a menina sorrindo e eu não sei como explicar isso a ela. Lasquei-me!
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