Capitulo 1 - O passado
DAMON
Eu costumo dizer que não existe inverno no Rio de janeiro, o que existe é uma frente fria que às vezes vem do sul para cá e nem assim tira a beleza dessa cidade.
Estava andando de moto pela orla e uma chuvinha fininha batia nas minhas costas.
nesses últimos três anos a vida vem me batendo tanto que esses momentos quando eu não estou pensando em nada, meu cérebro estava totalmente focado na estrada quando eu tinha paz.
As cores do mar, pessoas e prédios se misturam na minha frente transformando tudo no mais completo borrão.
Eu vou até o hospital das Clínicas, onde meu pai está internado à beira da morte, graças a Deus, já vai tarde.
Durante anos da minha vida eu coloquei a culpa nele por tudo que deu errado para mim, por que?
Eu o odeio com todas as minhas forças, eu fico admirado comigo
Quanto ódio se pode nutrir por uma pessoa
Vou melhorar a pergunta
Quanto m*l uma pessoa pode fazer a você a ponto de você não ter escolha a não ser odiá-lo por toda vida?
Esse homem é meu pai, vulgo d***o.
destruiu a vida da minha mãe e a minha, o pior e eu chegar a conclusão que eu fiz tanto uma mulher sofrer que destruiu a vida dela.
Como disse o Homem que me criou decepcionado com o que fiz Dulce passar - Um galho não cai mesmo longe da árvore.
E eu tenho que conviver com isso, com meu erro até o fim da minha vida.
Vou começar essa história do início
Minha mãe era uma das mulheres mais bonitas do morro do Dendê, na ilha do governador e o terceiro maior complexo de comunidades do Rio de Janeiro.
Ela era casada com um bom homem,um mecânico.
Diabo a assediava de todas as formas, querendo sua atenção, não só por sua beleza, mas na cabeça dele era inadmissível, que uma mulher não o quisesse.
Ele queria um filho a qualquer custo, mas a esposa dele era seca, e os amantes não conseguiam lhe dar um filho macho.
O homem era um ser c***l e odiado por muitos,e fazia de absolutamente tudo para ter o que queria,um supersticioso dos infernos, daqueles que não fazem nada sem uma feiticeira que conhecia os mistérios do céu e do inferno ao seu lado, a feiticeira se chamava Vera, ela era a única pessoa que o d***o realmente, escutava
Ela lhe disse que ele só seria um homem forte, poderoso e influente se tivesse um filho homem, um filho macho que carregaria seu nome nos ombros.
Ele não precisou pensar muito, a mulher que lhe daria um macho de saco preto era minha mãe.
Diabo mandou matar o marido dela quando ela não aceitou ele como amante, o homem c***l a fez prisioneira
em um buraco frio e sujo, sem nenhuma condição habitável, e a estuprava todas as noites até ela engravidar de mim.
Quando eu nasci realmente os negócios dele foram de vento em popa, ele tratou a minha mãe como uma rainha, quer dizer uma rainha prisioneira em uma torre e estuprada todas as noites.
Eu era o centro das atenções, o filho bastardo do d***o, seu sucessor, garoto de seus olhos, eu não entendia o porque da minha mãe chorar todas as noites, a gente tinha uma boa casa, dinheiro tudo o que ela queria, disse até que ia transformar sua prisioneira em fiel, se ela se esforçasse o mínimo para amá-lo, mas tudo o que minha velha sentia era nojo.
Até que a esposa legítima dele magicamente engravidou e deu a luz a um menino, no mesmo ano que minha irmã menor e doente nasceu.
Foi então que eu descobri quem era meu pai, ele nos jogou novamente no lugar sujo que podia e deixou de nos ajudar.
Mas ainda ele ia atrás da minha mãe para infelicidade dela, colocava a arma em sua cabeça. e foi assim que minha irmã caçula foi concebida
Passamos fome, frio, minha velha não podia trabalhar, ele não permitia, e a comida que ele mandava entregar era muitas vezes ruins ou azeda, eu pegava minha velha chorando nos cantos por que minha irmã e eu não tínhamos o que comer, às vezes ele batia nela por que ela aceitava doação dos vizinhos, meu ódio por ele foi crescendo como uma semente que procura o sol para germinar.
A rua era meu abrigo, o lugar onde eu aprendi a ser gente, ou melhor, aprendi que para entrar no crime, basta querer, aos 14 eu fazia pequenos roubos, enganava turista e pedia dinheiro no sinal fazendo malabarismo.
Conheci Juan Carlos, Imaginem vocês, um trombadinha ser pego logo por um chefão do narcotráfico colombiano que estava no Rio de Janeiro para reconquistar esposa e filho, ele estava de bobeira em Copacabana.
Gringo, falando enrolado, panfletando para salvar as baleias,o cara tinha relógio caro e câmera da hora.
Pensei: Presa fácil, engano meu.
O cara me rendeu quando eu tentei roubar seu relógio, aquele momento mudou minha vida, aqueles cinco minutos que ele me fez comer areia foi o divisor de águas
Aquele homem enorme de fala enrolada me criou e eu posso dizer que ele me "adotou"
Me colocando embaixo de suas asas, infelizmente ele nunca pode fazer muito sobre minha mãe e irmã, e olha que tentou mas não obteve sucesso.
Meu pai amava ter o poder sobre mim, ele adorava ver meu desespero quando o assunto era minha família, e foi dessa forma que ele conseguiu me convencer a largar a mulher da minha vida e me casar com uma total desconhecida.
Cheguei no hospital falei com o médico, aquele troço r**m que eu chamava de pai ainda estava vivo, aquele velho ditado que vazo r**m não quebra.
Voltei para casa e terminei de fazer as malas, estava indo para Miami, Juan Carlos tinha negócios. O cartel precisava de um homem para colocar as coisas nos trilhos.
Eu estava cansado, morto e ainda tinha, viajar de um lado para o outro mesmo de jatinho era muito cansativo, eu estava com pressa tentando sair daquela área VIP.
Pessoas ricas e mimadas sempre me deram nos nervos, todas com roupas de grife achando que são melhor que as outras, gente esnobe.
Estava ansioso perdido em meus pensamentos,quando eu a vi, a mulher dona dos meus pesadelos, aquela com quem fui obrigado a casar e me apaixonei perdidamente, a mulher que fugiu de mim, me abandonou e me deixou enterrado em uma montanha de sofrimento.
Ela estava linda, parecia uma deusa de tão perfeita, parecia que o tempo não havia passado para ela, porque eu envelheci 15 anos em três.
Bem vestida, com aquelas roupas caras que ela amava, andava pelo lugar arrancando suspiros como se fosse a dona do lugar.
De repente ela se abaixou e uma criança, uma menina foi correndo ao seu encontro e ela o pegou no colo, a criança, não demorou muito para um homem se juntar a ela com um menino no colo, e ela fez outra fez para o garotinho. A minha Dulce olhou para aquele homem com tanto carinho que doeu mais que uma facada no peito. eles sairam sorrindo pela porta, eu esbarrava pelas pessoas tentando alcançar mas foi em vão, eles entraram em um carro enorme só vi o motorista segurando uma plaquinha.
Senhor e senhora Campbell