Sendo o filho mais velho, Adriano sabia que tinha o dever de dirigir o negócio da sua família. Os Botelho eram conhecidos por agirem no ramo da saúde, mas eles eram detentores de outros negócios. Sendo a família mais rica e poderosa de Vila Rica, eles sabiam manter a discrição, e pouco se sabia sobre o lado pessoal dos seus membros.
Adriano era o mais discreto de todos.
Seu irmão Lucas estava noivo e sua irmã Ariella era recém - casada.
Adriano teve uma breve relação com Renata. Ele terminou porque Renata tornou-se controladora demais, e Adriano gostava de ser um homem livre.
- Mano! Pensando na vida?...- Ariella sentou ao lado dele e entregou - lhe uma xícara de chá, já que Adriano não gostava de café.
- Sim. Eu terminei com a Renata, mas ela não me deixa em paz.
- Sério?! Ela está obcecada. Tenha cuidado mano.
- Eu terei. Se isto continuar, eu a vou afastar da clínica.
- Sabes que não a suporto. Se ela for embora, ficarei muito feliz.
- Sei disso. Mas, ela é uma boa profissional. Será que podes começar a procurar uma pessoa para a substituir? Mas, de forma bem discreta e sigilosa.
- Já estou a cuidar disso. A minha viagem está marcada para sexta. Deixarei tudo adiantado.
- Obrigado Mana. E onde está o meu cunhado?
- Foi ver como está a reforma da nossa casa. Adoro os meus sogros, mas não vejo a hora de estar na minha casa e fazer tudo do meu jeito.
- Não te preo. Sera mais rapido do que imaginas. A Antónia é uma exce profissional.
- Eu sei. Você daria a ela uma oportunidade?
Sabes bem que ela te adora desde sempre.
- Não duvido. Mas, eu só a vejo como amiga. Não daria certo, e não pretendo brincar com os sentidos dela.
- Perdão Doutor Adriano. O seu paciente já chegou.
- Obrigado Nora. Bem mana. Hora de voltar ao trabalho. Até logo.
- Até logo.
Ariella sorriu. Estava feliz porque o irmão terminou o namoro com Renata. Ela até podia ser uma boa profissional, mas não era do tipo que seria sua amiga ou confidente.
Ariella não revelou ao seu irmão que ja tinha achado alguém para a vaga.
A entrevista seria na segunda feira da semana seguinte. Ela devia avisar pois Adriano não gostava de ser pego de surpresa, e ainda tinha a questão da demissão de Renata.
Por outro lado, Ana Gabriela estava feliz porque teria a opor de trabalhar ao lado de um homem que admirou por muito tempo.
Mas, durante o jantar, ela percebeu que a Avó estava pensativa demais. Sentia que tinha ligação com o telefonema.
- Vovó! A Senhora confia em mim?
- É claro que confio querida.
Que conversa é essa?
- Porque eu sei que a Senhora esconde alguma coisa de mim.
Eu percebi o seu jeito com aquela ligação hoje de manhã.
Por favor Vovó. Me conte o que se passa.
- Tudo bem. Eu lamento filha.
Não contei para não te preocupar. Falava com o meu médico. Ele quer que eu repita alguns exames.
- A Senhora está doente?
- Não. É apenas rotina.
Sabes bem que sempre me cuidei. As aulas de natação têm me ajudado muito.
- Então faça os exames Vovó.
Quer que eu vá também?
- Não querida. Será na segunda-feira e você tem uma entrevista. Não te deixarei faltar.
- Está bem. Mas por favor não me esconda mais nada.
- Não o farei filha. Agora vamos arrumar isso para irmos dormir.
Ana Gabriela conhecia bem a sua Avó. Havia mais alguma coisa, mas ela não insistiu.
Estava decidida a descobrir porque a Avó nunca falava sobre os seus pais, mas antes iria conseguir o emprego na clínica.
Nada a faria desistir.
Por outro lado, Adriano lutava para sair de uma relação sufocante com Renata.
Ela também trabalha na clínica.
Eram amigos desde a infância, e por isso as suas famílias ficaram felizes quando começaram a sua relação. Mas as atitudes de Renata o deixavam estressado demais, e Adriano decidiu pôr um ponto final na relação.
Renata achou que em breve seria feito um pedido de casamento, mas estava muito enganada.
Ela lia alguns prontuários quando a sua secretária entrou.
- Perdão Doutora Renata! O Doutor Adriano pediu que a Sehora vá a sala dele agora.
- Obrigada Marta. Estou indo.
- Sim Senhora. Com Licença.
Renata tirou a bata e foi até á sala de Adriano. Bateu e entrou após ouvir a voz dele.
- Bom dia meu amor.
- Bom dia Renata.
Estás muito ocupada?
- Não querido. Estava apenas lendo alguns prontuarios. Aconteceu alguma coisa?
- Nada grave. Quero aproveitar este tempo para irmos almoçar.
Pode ser?
- Sim claro. Estou mesmo com fome. Vou pegar a minha bolsa e podemos subir.
- Vamos almoçar fora daqui.
Não quero que sejamos interrompidos. Tenho algo muito sério para te dizer. E tem que ser dito fora daqui.
- Está bem. Estás tão sério Adriano.
Está mesmo tudo bem?
- Sim está. Vai pegar a bolsa. Eu te espero ao pé do elevador.
- Tudo bem.
Renata foi rápida. Ela sabia que alguma coisa estava para acontecer. Achou que seria um pedido de casamento, mas não foi o que aconteceu.
No restaurante eles foram levados até uma área reservada.
Fizeram os pedidos e aguardaram.
- Fale amor. O que aconteceu?
- Renata! Eu nunca quis magoar você. Nós conhecemos a anos e isto não vai mudar. Tenho um carinho enorme por você, mas não posso mais...
- Adriano eu não entendo. O que queres me dizer?
- Quero dizer que acabou Renata.
A nossa relação acaba aqui e agora. Não tem amor entre nós, e além disso, eu não suporto o favto de seres extremamente ciumenta e controladora.
- O quê!? Estás a terminar comigo por isso?
- E queres mais motivos?
Você me sufoca Renata. Até mesmo das minhas pacientes tens ciúmes. Achas que não sei que tentaste descobrir a senha do meu computador de casa?
Qual é o teu problema? Eu não sou tua propriedade.
- Adriano! Por favor não facas isso. Eu prometo que...
- Chega Renata. Acabou.
Vamos almoçar e voltar ao trabalho. Aliás, de hoje em diante a nossa relação será estritamente profissional.
Renata levantou e foi embora cruzando com o garçom.
Adriano comeu calmamente. Sentia - se finalmente livre.