Gabriela chegou na clínica segunda - feira muito diferente.
Mantinha como sempre o seu sorriso, mas algo no seu olhar estava apagado.
Rosa a foi receber como sempre.
- Bom dia Doutora. Posso levar o seu chá de limão?
- Bom dia Rosa. Sim por favor. E também uma sandes de bacon.
- Sim Senhora. Ah! O Doutor Adriano espera na sua sala.
- Obrigada.
Gabriela foi até lá e sorriu quando o viu.
- Bom dia Adriano.
- Bom dia Gabriela. Como o foi teu final de semana?
- Não tão agradável.
E o teu?
- Foi bom. Mas fiquei preocupado por não teres atendido as minhas ligações.
- Eu peço desculpa Adriano. Passei por uma situação difícil.
Podemos conversar sobre isso na hora do almoço? Por favor.
- Tudo bem. Deixarei você trabalhar.
Gabriela recebeu de Rosa o lanche que pediu e comeu.
Começou o seu trabalho, e os seus pacientes não notaram que tinha o coração em pedaços.
Faltando alguns minutos para o almoço, ela saiu da sala e chamou Rosa.
- Rosa! Por favor avise ao Doutor Adriano que o espero no Bistrô aqui do lado.
- Sim Doutora. Agora mesmo.
- Obrigada. E depois podes ir almoçar.
- Está bem Doutora.
Bom almoço.
- Igualmente.
Rosa notou que o semblante de Gabriela estava diferente.
Ela sorria e parecia bem disposta como sempre. Mas no seu olhar havia uma ponta de tristeza.
Adriano entrou no bistrô e viu Gabriela sentada e já comendo.
- Olá. Estou atrasado?
- Olá Adriano. Não estás. Mas eu m*l comi hoje de manhã. Então não pude esperar. Desculpa.
- Tudo bem. Eu entendo.
Adriano também fez o seu pedido e olhou para Gabriela.
- Então! Vais me contar o que aconteceu. Deve ser por isso que estamos aqui. Não é?
- Sim. Acredita que não está a ser fácil para mim. E por favor! Que fique entre nós está bem?
- Claro. Podes confiar em mim.
- Muito bem! Eu descobri na sexta-feira a identidade dos meus pais. E soube que tenho irmãos.
Na verdade são dois irmãos e três irmãs.
- Como?! Como soubeste disso?
O pedido de Adriano foi deixado na mesa e ele esperou para voltar a falar.
- É confuso não é. Eu estava tão feliz, mas tudo foi destruído num só dia. Foi horrível.
- Quem é ela Gabriela? Quem é a tua mãe?
- Maria Elena Camargo. Antes Maria Elena Morales.
- O quê?! Isto é sério?
- Muito sério. É exactamente a pessoa que estás a pensar.
A mulher responsável pelo vestido que eu usei na festa.
- Não consigo acreditar.
- Nem eu. Ela me deixou com a minha avó e passaram 25 anos.
Nós conhecemos por acaso, e mesmo assim as mentiras continuaram.
- E o que disse a tua avó?
- Ela defendeu a Elena. Disse que ela já tinha pagado por ter me deixado. Mas isso não aconteceu.
Ela mentiu para mim por 25 anos Adriano. Imaginas como me sinto agora?
- Não. E eu lamento imenso que estejas a sofrer tanto.
- Sim estou. A minha Avó é a pessoa que mais amo. Mas, saber que ela mentiu quando teve várias oportunidades para me dizer a verdade. Isso acabou comigo.
- E o que pretendes fazer?
- Bem! Quero conhecer o meu pai. O nome dele é Gabriel Medina. Ele também não sabia sobre mim.
- Gabriel Medina? Ele é o pai do Hugo. Lembras-te da festa para a qual fomos convidados? Ele é o aniversariante.
- Espera! Então é possível que o Hugo seja o meu irmão mais velho?
- Sim. Claro que sim. Ele mesmo disse que tu és igual á irmã dele mais nova. O Gabriel tem apenas uma filha. Ou pelo menos pensava que tinha apenas uma.
- Isso é demais para mim.
É muita informação para ser processada de uma só vez.
- Eu entendo. Você precisa de um tempo para resolver tudo isso.
Aconselho - te a falar com Medina antes da festa. Será melhor.
- Tens razão. Obrigada Adriano.
Por teres sido tão compreensivo.
- Nada por isso. E o que pensas fazer em relação á tua Avó?
- Nada. Só não a quero ver nem ouvir. Como disseste, preciso de tempo. 25 anos sendo enganada não se esquecem tão rápido.
- Sim. É verdade.
Eles pagaram a conta e voltaram á Clínica. Gabriela sentia - se bem mais leve.
Trabalhou e o seu dia foi óptimo.
Vou mensagens da sua Avó, mas apagou todas sem ler nenhuma.
Em casa, ela foi surpreendida por uma ligação de Gabriel Medina.
- Alô!
- Olá Gabriela! O meu nome é Medina. Gabriel Medina.
Podemos falar agora?
- Sim claro Senhor Medina.
- Eu realmente não sei como dizer isso, mas eu quero muito falar com você pessoalmente.
Se esta for também a tua vontade.
- É sim. Com certeza temos muito para falar.
- Perfeito. E quando terás tempo?
- Que tal amanhã? Eu conheço um óptimo lugar e vamos poder falar á vontade.
- Por mim tudo bem. Por favor me envie o endereço por mensagem.
- Está bem. Até amanhã Senhor Medina.
- Até amanhã Gabriela.
Com o coração aos saltos, Gabriela não podia acreditar que estava prestes a conhecer o seu pai.
Ela tinha uma família.
Irmãos mais velhos e uma mais nova. Pensando nisso, também decidiu marcar um encontro com Fátima e Ana Lúcia. Assim como ela as duas também sofriam. Elas cresceram com a mãe, e com certeza não estava a ser fácil estar longe dela.
Gabriela era a irmã mais velha das duas. Este era o momento de estarem juntas. Afinal, mesmo não querendo Elena por perto, ela não tinha razão nenhuma para se manter afastada de suas irmãs.
Deviam estar juntas e aceitar o facto de serem filhas da mesma mãe. Mesmo sendo Elena.
Decidida, Gabriela pegou no celular e ligou para Fátima que atendeu no terceiro toque.
- Gabriela!
- Olá Fátima! Está tudo bem?
- Sim. Tudo óptimo.
- Certo. Podemos falar? Mas tem que ser pessoalmente.
- Claro. Vou te enviar a localização da minha casa está bem?
- Obrigada. Te vejo em uma hora.
- Está bem.
Quando chegou, Gabriela foi recebida por Fátima.
Ela estava abatida e triste.
- Minha querida. Você já soube?
- Sim. Somos irmãs.
A mamãe contou tudo. Estou muito decepcionada com ela.
- Entendo! Mas ela é a tua mãe.
Não a podes odiar. Prometes?
- Prometo.
Realmente Gabriela tinha um coração enorme.
Estava com raiva de Elena, mas ainda assim a defendia.