Capítulo XVIII - Ansiosa

1097 Words
Gabriela chegou na clínica segunda - feira muito diferente. Mantinha como sempre o seu sorriso, mas algo no seu olhar estava apagado. Rosa a foi receber como sempre. - Bom dia Doutora. Posso levar o seu chá de limão? - Bom dia Rosa. Sim por favor. E também uma sandes de bacon. - Sim Senhora. Ah! O Doutor Adriano espera na sua sala. - Obrigada. Gabriela foi até lá e sorriu quando o viu. - Bom dia Adriano. - Bom dia Gabriela. Como o foi teu final de semana? - Não tão agradável. E o teu? - Foi bom. Mas fiquei preocupado por não teres atendido as minhas ligações. - Eu peço desculpa Adriano. Passei por uma situação difícil. Podemos conversar sobre isso na hora do almoço? Por favor. - Tudo bem. Deixarei você trabalhar. Gabriela recebeu de Rosa o lanche que pediu e comeu. Começou o seu trabalho, e os seus pacientes não notaram que tinha o coração em pedaços. Faltando alguns minutos para o almoço, ela saiu da sala e chamou Rosa. - Rosa! Por favor avise ao Doutor Adriano que o espero no Bistrô aqui do lado. - Sim Doutora. Agora mesmo. - Obrigada. E depois podes ir almoçar. - Está bem Doutora. Bom almoço. - Igualmente. Rosa notou que o semblante de Gabriela estava diferente. Ela sorria e parecia bem disposta como sempre. Mas no seu olhar havia uma ponta de tristeza. Adriano entrou no bistrô e viu Gabriela sentada e já comendo. - Olá. Estou atrasado? - Olá Adriano. Não estás. Mas eu m*l comi hoje de manhã. Então não pude esperar. Desculpa. - Tudo bem. Eu entendo. Adriano também fez o seu pedido e olhou para Gabriela. - Então! Vais me contar o que aconteceu. Deve ser por isso que estamos aqui. Não é? - Sim. Acredita que não está a ser fácil para mim. E por favor! Que fique entre nós está bem? - Claro. Podes confiar em mim. - Muito bem! Eu descobri na sexta-feira a identidade dos meus pais. E soube que tenho irmãos. Na verdade são dois irmãos e três irmãs. - Como?! Como soubeste disso? O pedido de Adriano foi deixado na mesa e ele esperou para voltar a falar. - É confuso não é. Eu estava tão feliz, mas tudo foi destruído num só dia. Foi horrível. - Quem é ela Gabriela? Quem é a tua mãe? - Maria Elena Camargo. Antes Maria Elena Morales. - O quê?! Isto é sério? - Muito sério. É exactamente a pessoa que estás a pensar. A mulher responsável pelo vestido que eu usei na festa. - Não consigo acreditar. - Nem eu. Ela me deixou com a minha avó e passaram 25 anos. Nós conhecemos por acaso, e mesmo assim as mentiras continuaram. - E o que disse a tua avó? - Ela defendeu a Elena. Disse que ela já tinha pagado por ter me deixado. Mas isso não aconteceu. Ela mentiu para mim por 25 anos Adriano. Imaginas como me sinto agora? - Não. E eu lamento imenso que estejas a sofrer tanto. - Sim estou. A minha Avó é a pessoa que mais amo. Mas, saber que ela mentiu quando teve várias oportunidades para me dizer a verdade. Isso acabou comigo. - E o que pretendes fazer? - Bem! Quero conhecer o meu pai. O nome dele é Gabriel Medina. Ele também não sabia sobre mim. - Gabriel Medina? Ele é o pai do Hugo. Lembras-te da festa para a qual fomos convidados? Ele é o aniversariante. - Espera! Então é possível que o Hugo seja o meu irmão mais velho? - Sim. Claro que sim. Ele mesmo disse que tu és igual á irmã dele mais nova. O Gabriel tem apenas uma filha. Ou pelo menos pensava que tinha apenas uma. - Isso é demais para mim. É muita informação para ser processada de uma só vez. - Eu entendo. Você precisa de um tempo para resolver tudo isso. Aconselho - te a falar com Medina antes da festa. Será melhor. - Tens razão. Obrigada Adriano. Por teres sido tão compreensivo. - Nada por isso. E o que pensas fazer em relação á tua Avó? - Nada. Só não a quero ver nem ouvir. Como disseste, preciso de tempo. 25 anos sendo enganada não se esquecem tão rápido. - Sim. É verdade. Eles pagaram a conta e voltaram á Clínica. Gabriela sentia - se bem mais leve. Trabalhou e o seu dia foi óptimo. Vou mensagens da sua Avó, mas apagou todas sem ler nenhuma. Em casa, ela foi surpreendida por uma ligação de Gabriel Medina. - Alô! - Olá Gabriela! O meu nome é Medina. Gabriel Medina. Podemos falar agora? - Sim claro Senhor Medina. - Eu realmente não sei como dizer isso, mas eu quero muito falar com você pessoalmente. Se esta for também a tua vontade. - É sim. Com certeza temos muito para falar. - Perfeito. E quando terás tempo? - Que tal amanhã? Eu conheço um óptimo lugar e vamos poder falar á vontade. - Por mim tudo bem. Por favor me envie o endereço por mensagem. - Está bem. Até amanhã Senhor Medina. - Até amanhã Gabriela. Com o coração aos saltos, Gabriela não podia acreditar que estava prestes a conhecer o seu pai. Ela tinha uma família. Irmãos mais velhos e uma mais nova. Pensando nisso, também decidiu marcar um encontro com Fátima e Ana Lúcia. Assim como ela as duas também sofriam. Elas cresceram com a mãe, e com certeza não estava a ser fácil estar longe dela. Gabriela era a irmã mais velha das duas. Este era o momento de estarem juntas. Afinal, mesmo não querendo Elena por perto, ela não tinha razão nenhuma para se manter afastada de suas irmãs. Deviam estar juntas e aceitar o facto de serem filhas da mesma mãe. Mesmo sendo Elena. Decidida, Gabriela pegou no celular e ligou para Fátima que atendeu no terceiro toque. - Gabriela! - Olá Fátima! Está tudo bem? - Sim. Tudo óptimo. - Certo. Podemos falar? Mas tem que ser pessoalmente. - Claro. Vou te enviar a localização da minha casa está bem? - Obrigada. Te vejo em uma hora. - Está bem. Quando chegou, Gabriela foi recebida por Fátima. Ela estava abatida e triste. - Minha querida. Você já soube? - Sim. Somos irmãs. A mamãe contou tudo. Estou muito decepcionada com ela. - Entendo! Mas ela é a tua mãe. Não a podes odiar. Prometes? - Prometo. Realmente Gabriela tinha um coração enorme. Estava com raiva de Elena, mas ainda assim a defendia.
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