Capítulo XXII - Erva Venenosa

1054 Words
Renata esperou na sua casa pela chegada de Pedro. Ele era um homem sem escrúpulos que fazia qualquer trabalho sujo por dinheiro. O ódio de Renata por Ana Gabriela ficou maior quando a relação dela com Adriano tornou-se pública. Eles mesmos fizeram questão de comunicar. Os jornais e revistas estavam em alvoroço com a novidade, e já circulava um rumor sobre o casamento. Com isso, Renata decidiu que a melhor forma de afastar Ana Gabriela e tornar - se parte da família Botelho era garantir que ela morresse. Pedro entrou e a empregada saiu os deixando a sós. - Senhora Renata. Aqui estou ao seu dispôr. - Senta Pedro. Me ouça com muita atenção. Garanto que se este serviço for bem executado, você vai ficar milionário. - Interessante. Estou ouvindo. Renata contou a sua intenção para Pedro. O que ele não sabia sobre ele, é que o mesmo sempre fazia uma gravação de todos os serviços que realizava. Fazia isso por uma questão de segurança. Se por acaso fosse pego pela polícia, ele não seria o único a pagar pelo crime. - Matar! Senhora Renata a minha especialidade são os sequestros com pedidos avultados de resgate. Nunca matei nem feri nenhuma das vítimas. - Eu sei. Mas esta pessoa tem mesmo que morrer. É a única forma que tenho de recuperar o que perdi. - Está bem. Aceito com a condição de pagares um milhão como adiantamento. - O quê? - Foi você quem disse que dinheiro não será problema. Eu quero 20 milhões por este serviço. Agradeça que estou apenas começando pedindo um milhão. Aliás, vais adiantar 5 milhões. Ou então nada feito. - Tudo bem. Anote aí o número da tua conta. Eu pagarei o que for necessário para me livrar daquela i****a e ter o Adriano de volta. Depois de tudo feito, Pedro foi embora. Tinha gravação de voz e vídeo. Eram provas incontestáveis contra Renata. Para garantir que teria ainda mais dinheiro na conta, Pedro decidiu fazer uma investigação sobre Ana Gabriela. Descobriu quem era a mãe dela, e decidiu entrar em contacto. Elena tomava o seu chá e esperava a visita de Fátima e Ana Lúcia. As duas ainda estavam zangadas. Lúcia não aceitou voltar para casa, mas prometeu para Gabriela que conversaria com a mãe. - Senhora Elena! Elas chegaram. - Obrigada Sara. Traga o lanche por favor. Fátima entrou seguida pela irmã. - Olá Mamãe. - Oi meninas. Elena quis abraçar Lúcia, mas ela afastou - se. - Eu sinto a tua falta Lúcia. Por favor volte para casa filha. - Eu só volto se a Gabriela perdoar a Senhora. - Mana! Sabes bem que isso não vai acontecer tão cedo. - Meninas! Eu sei que só estão aqui porque ela pediu. Eu quero contar a minha versão dos factos. Posso fazer isso? - Está bem. Nós estamos aqui para te ouvir Mamãe. Mas não penses que será assim tão fácil aceitar o que fizeste. Não falo apenas pela Gabriela, mas porque o Papai foi o único que nunca soube de nada. Elena sabia que a sua filha estava certa. Contou então a sua versão. Era nova e não estava preparada para ser mãe. Poderia ter deixado a filha num orfanato, mas a deixou com a mãe por saber que a menina ficaria em segurança, e que teria uma boa educação. Contou também que esteve presente mas de longe. Acompanhou as fases do crescimento de Gabriela, e que mantinha uma conta para que um dia ela pudesse frequentar a Universidade. - Ela sabe disso?....- Fátima perguntou. - Não. Nós não tivemos tanto tempo assim para conversar. E ela não quer me ver ou ouvir. - Certo. Mamãe a Senhora errou, mas está a pagar por isso. Estamos magoadas, mas não temos o direito de a julgar. Espero sinceramente que a Senhora faça as pazes com a Gabriela. Ela é nossa irmã e nada vai mudar isso. - Obrigada meu amor. Só por terem me ouvido já me sinto melhor. Fui covarde por ter deixado passar tanto tempo. Mas, o que eu quero agora é poder estar perto de vocês. Quero ser para a Gabriela a mãe que fui para vocês. - A Senhora sempre foi uma mãe maravilhosa. É assim que quero ser para o meu filho. - Obrigada filha. Lúcia! Podes ficar com a tua irmã. Mas por favor não me afastes de ti filha. Não poderia suportar perder você também. - Eu voltarei para casa Mamãe. E prometo que vou ajudar a Senhora a se reconciliar com a Gabriela. - Sério meu amor? Farás mesmo isso? - Sim. Eu também quero que tudo fique bem. Então conte comigo Mamãe. - Muito Obrigada meu amor. Muito obrigada. Elena abraçou a filha e chorou de alegria. Apenas desejava uma oportunidade para ter as suas três filhas juntas. Queria provar para Gabriela que a amava e que a distância não alterou em nada o seu amor materno. O que Elena não podia imaginar, é que estava prestes a ter a sua oportunidade de não só provar o seu amor por Gabriela, mas também conseguir por parte dela uma aproximação. Será que seria assim tão fácil? Ela conseguiu perceber que além de inteligente também era bastante teimosa. Sendo a mãe dela, Elena não a queria pressionar, mas também não tinha a intenção de desistir da sua filha. Já tinha perdido 24 preciosos anos da vida dela. Gabriela agora era uma mulher. Apesar de estar sempre informada e saber cada passo, ela desejava mesmo era estar literalmente perto da sua filha em cada momento: Aniversários, natal, até mesmo nas fases mais complicadas da adolescência. Ana estava presente em cada um destes momentos. Agora Gabriela estava apaixonada. Conheceu o pai e viu a sua família aumentar. Apenas Elena sentia - se excluída deste mundo que pertencia apenas á sua filha mais velha. Ela viu Gabriela descer do carro e entrar pra a clínica. - Filha! Gabriela olhou para ela e parecia chateada. - Oi filha. Podemos conversar por favor? - Não me chamar de filha porque eu não te considero a minha mãe. Adeus Elena. Gabriela entrou sem olhar para trás. Elena não conseguiu sair do lugar por algum tempo e depois decidiu ir embora. A situação estava prestes a mudar para melhor, mas Elena teria que esperar para descobrir isso.
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