prólogo

996 Words
Prólogo Atibaia Narrando Eu observo o cara amarrado na minha frente, soltando um sorriso discreto enquanto seguro o cigarro entre os dedos. A fumaça sobe devagar, misturando-se com o clima tenso do ambiente. Esse momento eu esperei por muito tempo, finalmente terei a chance de encerrar essa história de uma vez por todas. Fabianinho, o sujeito na minha frente, sempre foi um problema no morro do Atibaia. Desde a época em que meu tio ainda comandava, ele já causava problemas, tentando tomar o controle e desestabilizar o que meu tio construiu. Ele foi responsável pela emboscada que resultou na morte do meu tio, num dos momentos mais delicados da guerra de facções. Agora, chegou o momento de ajustar as contas. — Onde está a esposa desse sujeito? — pergunto para o Castro, mantendo meu olhar fixo no prisioneiro. — Deixa minha esposa fora disso! — ele reage com desespero na voz, mas tudo o que faço é soltar uma risada curta. — Tu sabe como as coisas funcionam, né? — falo num tom frio, sem me deixar abalar pela súplica dele. — Ela não vai sair dessa ilesa. Antes de tudo, ela vai ter que assistir ao que vai acontecer contigo. — Seu covarde! — ele grita, furioso e impotente. — Ela tá com os nossos homens — Castro responde de forma objetiva. — Perfeito — comento, satisfeito. — Já era pra você, meu amigo. Tu faz ideia de quanto tempo eu esperei por isso? — pergunto, me aproximando mais enquanto seguro uma ferramenta pesada nas mãos. — Muito tempo, acredite. Desde que tu tirou meu tio de cena, eu venho planejando o que vai acontecer agora. — Se eu não tivesse feito o que fiz, você nunca teria chegado onde está agora. Você seria apenas mais um perdido tentando chamar a atenção do seu tio — ele responde com um sorriso debochado. — Atibaia, você deu sorte com a saída dele, e agora quer colocar a culpa em mim? Fala sério! — Ele era minha família, meu único parente de verdade. — Minha voz sai carregada de amargura. — Mas sem ele, você não teria o poder que tem agora. — Ele continua, tentando me provocar. — Cala a boca com essa conversa fiada! — Você sabe que tô falando a verdade — ele insiste, mantendo aquele sorriso irritante. — Tu realmente acha que vai me manipular com essas palavras? — encaro ele, meu olhar endurecido. — Aqui no morro, quem controla a mente dos outros sou eu. — Levanto a ferramenta e desço com força sobre o pé dele, arrancando um grito de dor. — Seu covarde! — ele se contorce, tentando se soltar. — Eu tô no comando porque sou o único herdeiro legítimo desse lugar, e ninguém vai me tirar desse posto. — Ele me olha e, de repente, começa a rir, um riso sarcástico que só me deixa mais irritado. — Tá rindo de quê, parceiro? — Você tá achando que tá no topo, mas sua queda tá mais perto do que você imagina — ele responde com aquele tom debochado. — Tá rindo de quê, cara? — pergunto, tentando conter a irritação. Ele continua rindo, o que me deixa com mais raiva ainda. Pego a ferramenta de novo e acabo com o outro pé dele. Jogo a ferramenta de lado e pego uma furadeira. — Vai, fala agora! Abre essa boca e solta logo o que tu tem pra dizer! — ligo a furadeira, me aproximando mais. — O morro do Atibaia tem outro herdeiro — ele solta a informação com a voz embargada. — Uma filha perdida. Eu tô fora, mas esse segredo vai comigo. Quando essa herdeira descobrir que ela é a verdadeira dona do morro, quando a facção souber, você perde tudo e volta a ser um qualquer. Essas palavras me atingem como uma bomba, mas não deixo transparecer. Eu sabia que o passado do meu tio guardava segredos, mas nunca imaginei algo assim. Mesmo com essa revelação, não posso permitir que ele saia vitorioso dessa situação. — Você não vai ter a chance de espalhar isso por aí — digo com frieza, antes de usar a furadeira para silenciá-lo de vez. O ambiente fica em silêncio, exceto pelo som distante do vento soprando lá fora. Olho para o corpo inerte no chão, o sangue escorrendo e manchando o piso. Toda a tensão acumulada parece desaparecer por um instante, mas logo sou trazido de volta à realidade pelo som da voz de Castro. — Que herdeira é essa, Atibaia? — ele pergunta, preocupado. — Se isso for verdade e a facção descobrir, estamos encrencados. Eu respiro fundo, ainda assimilando a situação. — A gente vai encontrar essa pessoa antes que vire um problema. Ela não vai ter a chance de tirar o que é meu. — Tu tá maluco? — ele retruca. — A gente pode estar mexendo com algo muito maior. E se isso for mais complicado do que parece? — A gente vai dar um jeito — respondo, firme. — Não passei por tudo isso ao lado do meu tio pra agora perder o controle de tudo. O comando é meu, cê tá entendendo? — dou um passo em direção a ele, e Castro levanta as mãos em sinal de rendição. — O comando é teu, eu tô contigo — ele concorda, balançando a cabeça. — Se você cair, eu caio junto. — Não importa quem seja, a gente vai achar essa pessoa e resolver essa questão de uma vez por todas. — Falo com determinação, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Não vou permitir que nada ou ninguém tire o que eu construí. Seja quem for essa herdeira, ela não tem ideia do que a espera. A partir de agora, o foco é descobrir quem é essa pessoa e garantir que ela não se torne uma ameaça. Eu sei que o jogo de poder é sujo e traiçoeiro, mas estou pronto para enfrentar.
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