Aversão mútua

1460 Words
POV Camila Cabello O clima na sala era tenso, a mulher n***a sentada, que eu supunha ser a diretora, olhava de mim pra doida de olhos verdes. -Vocês se conhecem? - Perguntou. -Já nos esbarramos por aí. - Disse a de olhos verdes. -Não. Você esbarrou em mim. Aliás você deixou uma mancha roxa no meu vestido caríssimo. -Ah que tragédia, eu manchei seu vestido. Se quiser eu mancho seu rosto de roxo também pra combinar. -Lauren. - Disse em tom de aviso a mulher n***a. -Desculpa Mani. - Falou a olhos verdes. - É que eu tenho uma certa intolerância a pessoas arrogantes. -Escuta aqui... - Comecei, mas fui interrompida pela diretora. -Chega. Por favor, estamos aqui pra resolver o problema da Luna e da Candy, não pra arrumar outro. Eu e a olhos verdes nos olhavamos com raiva, deixando bem claro a aversão mútua que existia ali. -Falando em Luna, como a conhece? - Pergunto numa voz baixa e calma. -É o segundo ano que sou professora dela. Você é muito bem informada da vida da sua filha hein... -Parem. - Disse a diretora antes que eu pudesse responder. - Por favor. Nesse momento uma mulher entrou pela porta, tinha um ar claro de pessoa debochada e irônica, mas eu gostei dela. Seu cabelo era loiro e longo, amarrado cuidadosamente em  um r**o de cavalo. Usava um macacão jeans com uma alça solta, que ia até a canela, nos pés um tênis branco, mesma cor da camisa por baixo do macacão. Sua pele tinha um tom bonito de caramelo e ela era incrivelmente alta. -Licença. - Disse e seu tom era suave. - Sou mãe da Candy Hansen. Dinah Jane. -Muito bem. - Disse a n***a. - Essa é Lauren Jauregui. - Apontou pra olhos verdes. - Professora da sua filha. E essa é Karla Estrabao, - disse apontando pra mim - mãe da Luna, a aluna com quem sua filha brigou. A mulher de pele caramelo me olhou. -Lauren, conte o que aconteceu por favor. A olhos verdes nos olhou e suspirou. -Eu havia pedido pros alunos fazerem um cartaz, uma pequena apresentação pro dia dos pais. - Meu coração gelou. - Notei que Luna não estava fazendo a tarefa e fui até ela perguntar porque. Ela me disse, de forma muito educada, que não tinha pai. Perguntei como e ela citou mãe, avó, tia e um gato, mas disse que não tinha pai. Candy ouviu e disse que todo mundo tem pai. Luna disse que ela não, as duas seguiram nessa discussão até Candy chamar Luna de burra. Luna respondeu que burra era ela. Candy empurrou a colega e elas começaram a se agredir. Eu separei as duas e trouxe o caso até Mani. Ouvimos um suspiro pesado e Dinah começou a falar: -Olha, eu sinto muito mesmo pela Candy. Ela tá passando uma fase difícil desde que eu e o pai nos separamos, ela é adotada e já faz três meses que meu ex-marido não a vê e eu... -Senhora Hansen, tudo bem. - Disse Normani. - A senhora já conversou comigo sobre a Candy, me explicou que ela tá fazendo o acompanhamento psicológico, mas eu preciso que vocês entendam que elas passaram pra agressão física. Isso é intolerável aqui na NYES e se elas fossem mais velhas seriam expulsas. - Abri a boca mas Normani continuou a falar. - Eu preciso incutir em vocês e nelas a gravidade da situação. Não vou expulsá-las, até porque são boas alunas, comportadas em geral, mas vou suspender as duas pelo resto da semana e espero das senhoras que conversem com elas sobre a gravidade do que aconteceu. -Claro. - Digo rapidamente. -Eu vou conversar com ela. - Garantiu Dinah Jane. -Eu também acho que seria de bom modo fazer as duas se desculparem, uma com a outra e com a professora Lauren também. - Completou Normani. -Sem problemas. - Disse Dinah. -Tudo bem. - Digo simplesmente. -Eu vou buscar elas. - Disse Lauren e logo saiu da sala Esperamos em silêncio e logo a olhos verdes voltou com as duas meninas. Luna entrou de cabeça baixa e parecendo bastante envergonhada, a outra menina também parecia envergonhada, mas mantinha a cabeça erguida. -Bom meninas, - disse Normani - eu conversei com as mães de vocês. As duas estão suspensas o resto da semana. Agora nós queremos que vocês peçam desculpas uma a outra. Luna agora levantou a cabeça e ficou olhando a colega. Eu sei que minha filha é doce, mas também é orgulhosa, por isso eu sabia que ela não seria a primeira a se desculpar. Passado um minuto de silêncio onde as duas se encararam, Candy disse baixo: -Desculpa. Luna a olhou. -Desculpa. - Disse minha filha. -Agora quero que peçam desculpas a professora. - Disse Normani. A situação agora era outra. Luna olhou pra Lauren e seus olhos se encheram de lágrimas. -Me desculpa professora. - Eu senti um arrependimento muito verdadeiro em minha filha e também pude perceber um carinho grande dela com relação a de olhos verdes. -Desculpa professora. - Disse Candy. -Tudo bem. - Disse Lauren. - Mas que isso nunca mais se repita certo? Luna e Candy confirmaram com a cabeça. Dinah segurou a mão de Candy e se despediu ao conduzir a filha pra fora. Luna e Lauren ainda se olhavam, minha filha com o rostinho manchado de lágrimas. Lauren se ajoelhou pra ficar do tamanho dela. -Hey, não precisa mais chorar. Vai ficar tudo bem. Luna me surpreendeu ao jogar seus braços ao redor do pescoço de Lauren e esconder o rosto na curva ente o ombro e o pescoço da mulher. A olhos verdes rapidamente abraçou o corpinho de minha filha e acariciou suas costas. -Tudo bem Luna, já passou. Eu ouvia o soluço de Luna. Era muito desconcertante a cena em mim frente. Minha filha abraçava apertado uma mulher que eu nem conhecia direito e por quem tive uma grande aversão desde o primeiro encontro. Mas por algum motivo eu não as interrompi, apenas fiquei olhando. Depois de alguns minutos elas se soltaram e Lauren fez um carinho no rosto de minha filha, lhe lançando um sorriso doce. -Vamos Luna. - Chamei baixinho. Minha filha segurou minha mão e deu um tchauzinho pra Lauren e Normani enquanto saíamos da sala. Ally pegou Luna no colo assim que nos viu. Quando entramos nos carro eu olhei minha filha. -Luna, precisamos conversar. -Camila eu... - Começou Ally. -Ally, eu te amo, você é madrinha da Luna, mas isso realmente precisa ser entre eu e minha filha. Ally se calou, Luna por sua vez me olhava de forma temerosa. -Você sabe que o que você fez foi muito errado né? Você não podia, nunca, ter brigado de mão com a sua colega daquele jeito. -Mama, eu não queria ter brigado, foi ela que me empurrou. -Você devia ter deixado a professora resolver. -Mama... -Eu não quero desculpas, você está de castigo. Uma semana. Luna abaixou a cabeça. O carro mergulhou em silêncio, até que minha filha me chamou. -Mama? -Oi? -A Candy não sabia o que estava dizendo não é? -Como assim? -Ela disse que todo mundo tem pai, mas eu não tenho, não é? Meu coração apertou. Por um instante me vi de novo com 17 anos. *Flashback on* Eu olhava para o rosto do garoto que eu amava enquanto ele dizia aquelas palavras que eu não estava conseguindo processar. -Você entendeu o que eu disse? - Perguntei esganiçada. -Eu entendi Camila, mas quero que você entenda o que eu estou falando. -Que é o que exatamente? -Eu não posso ficar. Eu tenho uma vaga na faculdade desde os seis anos, vou ser doutor. Eu não vou desistir dos meus sonhos por... Isso. Ele apontou para a minha barriga. -Isso é um filho nosso. De nós dois. Eu não fiz sozinha. -Camila, escuta bem. Eu-não-vou-desistir-da-minha-vida. Eu p**o pra você tirar isso. -Você enlouqueceu. Só pode. Eu não vou tirar nosso filho. -E eu não vou parar minha vida. -Tá falando que não vai assumir? -É isso mesmo que eu tô falando. -Você não presta. -Pense o que quiser. Eu não vou estragar minha vida com um filho. Agora eu preciso ir embora, tenho um avião pra pegar. Foi a última vez que o vi... *Flashback off* Olhei pra Luna com o coração na mão. Ela ainda é criança demais pra entender que o pai dela é um vagabundo, eu não posso contar a ela. -É filha. Você não tem pai. Ally me olhou com um ar de reprovação, mas nada disse até que tivéssemos deixado Luna em casa e estivéssemos voltando pra editora. -Você devia ter contado pra ela Camila, Luna tem o direito de saber quem é o pai dela. -Ela não tem pai. Aquele canalha nem sabe que era uma menina que eu tava esperando. -E se ele aparecer? -Ele não tem porque fazer isso, nunca quis saber de mim ou do filho que eu tava esperando quando ele foi embora. -Mas... -Chega Ally. Eu não vou contar pra Luna e ponto final. Ally se calou, mas continuou me olhando com reprovação. Eu estou tomando a decisão certa, Luna não precisa sofrer por ter sido abandonada antes mesmo de nascer. Ela tem eu, minha mãe, Sofia e Ally. E Lauren, pensei com uma pontinha de ciúmes.
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