POV Lauren Jauregui
Eu fui espumando pra casa. Como é que Lucy podia ter convidado alguém tão arrogante pra sua festa?
A mulher sequer me deu tempo de me desculpar e já veio me atacando.
Arrogante metida a b***a. O pior de tudo foi Lucy me dizendo no meu ouvido que eu não deveria brigar com uma mulher como aquelas.
Me desculpei mesmo depois de tudo o que aquela prepotente falou só por respeito a minha amiga.
O pior de tudo é que meu olhar havia se cruzado com o daquela arrogante. Os olhos eram castanho chocolate, um olhar intenso, diferente. Ela também era bem gostosa pra ser sincera. Balancei a cabeça querendo afastar as imagens das curvas daquela mulher da minha cabeça.
Foi uma má ideia. Eu havia bebido demais depois da discussão com a gostosa, dormido no sofá da casa de Lucy e o simples gesto de balançar a cabeça fez tudo rodar.
Verônica estava do meu lado, no banco de trás do táxi que ela chamou, que nos levaria pro apartamento dela.
-Você vai se sentir melhor quando tomar um bom café. - Disse Vero.
-Como você não tá de ressaca?
-Laur, eu bebo todo fim de semana, meu cérebro já tá calejado de bebida, nem dá ressaca mais.
Dou uma leve risada, o que também é uma má ideia.
-Porque eu não posso ir pra minha casa? - Digo fazendo careta.
-Você pode, mas eu não quero. Me faz companhia hoje por favor vai.
-Posso saber porque da carência? Você não saiu toda saltitante do quarto de Lucy hoje de manhã?
-Saí, mas...
Olhei Vero e ela parecia encabulada.
-O que foi Vero?
-Lucy vai fazer um papel importante no novo filme, personagem principal.
-Isso é ótimo.
-Não, não é. Laur a Lucy vai fazer par romântico com o Taylor Lautner.
-Aquele gostoso que fez o Jacob em Crepúsculo?
-É.
O ânimo de Vero parecia lá embaixo.
-Você tá com ciúmes né? - Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça. - É o trabalho dela Vero.
-Eu sei. Mas se pelo menos ela assumisse nosso...
-Nosso o que? - Perguntei com um sorriso.
-Lance.
-Porque ela não assume?
-Diz que não quer ninguém fuçando nossa vida, mas eu acho que Lucy não me leva tão a sério quanto eu levo ela.
Era difícil ver Vero assim. Na nossa adolescência Vero era a garota mais cafajeste do mundo, pegando todas que quisessem meia hora no banco de trás do seu carro.
Mas quando se envolveu com Lucy as coisas mudaram. A verdade é que Vero passou a vida querendo ter uma chance com a menina por quem sempre foi apaixonada, mas Lucy não conseguia confiar na garota com fama de pegadora, e no fundo eu desconfio que ela ainda não consegue confiar.
Chegamos a casa de Verônica, uma bela construção no estilo colonial, pintada de um verde bonito por fora, belamente decorado por dentro com móveis arrojados.
A casa tinha um jardim bem cuidado e uma área de lazer com piscina e churrasqueira.
Vero tinha herdado essa casa dos pais e conservava ela da melhor maneira possível.
Tomei um banho de banheira no banheiro luxuoso, coloquei o short largo e a parte de cima do biquíni, já que a de baixo não era possível eu usar.
Desci pra cozinha e já tinha tomado duas xícaras de café quando Vero apareceu.
-Pronta gata? - Perguntou Vero me olhando por trás dos óculos escuros.
-Sempre.
Fomos pra área da piscina e nos deitamos pra tomar sol.
...
O fim de semana na casa de Vero foi ótimo, mas a segunda tinha chegado e eu estava mais uma vez em frente a minha turminha.
Eu tinha uma ideia, era a semana do dia dos pais e eu queria preparar uma apresentação dos alunos para sexta. Pra isso eu precisava terminar a matéria.
-Muito bem, quem vai ler a redação sobre o fim de semana que eu pedi?
Algumas mãos se ergueram e escolhi uma a esmo.
Os alunos eram da Elite Nova Yorkina e todos geralmente passavam os fins de semana em piscina ou curtas viagens.
Ouvi alguns lerem em sala as redações e depois fui até alguns dos que não tinham lido, apenas pra recolher a redação e ouvir, mesmo que de forma sucinta, como havia sido seu fim de semana.
-E você Luna? - Perguntei me aproximando da princesa latina. - Teve um bom fim de semana?
-Tive sim professora Lauren. Minha mãe passou um dia inteiro comigo.
-Um dia inteiro?
-Uhum. Me levou no zoológico, comemos pizza e tomamos sorvete.
Sorri pra pequena em minha frente.
-Sua mãe é muito ocupada?
-É... Ela trabalha muito.
-Entendo. - Sorri pra pequena que retribuiu com carinho o sorriso.
Dei continuidade a minha aula pensando na alegria da pequena só por sua mãe ter passado um dia com ela.
A questão é que eu entendia perfeitamente o que ela estava sentindo. Era a maior alegria da minha infância quando meus pais ficavam em casa.
Eles passavam tantos dias longe, nos seus plantões, noites as vezes e era muito raro um momento juntos. Não sei como eles puderam esperar que eu escolhesse esse tipo de vida.
...
Era quarta feira e finalmente ia começar o projeto do dia dos pais.
Quando contei aos meus alunos a minha ideia no dia anterior, a grande maioria havia gostado, hoje provavelmente eles estariam com as coisas que pedi.
Entrei na sala e dei algumas instruções, observando eles começarem a fazer o que eu havia proposto.
Mas havia uma pessoinha que não estava fazendo o que eu sugeri. Luna pintava em uma folha, parecia meio distante e seus olhos se fixavam de forma intensa no papel.
Me aproximei lentamente e sentei ao seu lado.
-Porque não está fazendo seu presente do dia dos pais Luna?
-Eu não tenho pai professora.
-Como assim?
-Eu tenho minha mama, minha vovó, minha tia Sofia e meu gato Ruffles. Mas eu não tenho pai.
Olhei pra ela sentindo meu peito apertar, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa Candy Hansen falou alto:
-Todo mundo tem pai.
Luna se virou e olhou calmamente a colega.
-Não, eu não tenho.
-Claro que tem.
-Já disse que eu não tenho. - Luna parecia aborrecida.
-Você tem sim sua burra.
Candy estava em pé ao lado de Luna que se levantou também.
-Eu não tenho pai e pronto. E não me chame de burra, você que é burra.
Candy empurrou Luna, antes que eu me levantasse as duas já estavam emboladas no chão.
Separei as duas com dificuldade.
-Vocês não podem fazer isso. - Digo exasperada. - Brigar na sala é muito feio. Eu vou ter que chamar as mães de vocês.
As duas ofegavam e tinham marcas de unhas nos rostos.
Levei as duas pra diretoria pra Mani fazer as ligações.
-x-
POV Camila Cabello
O dia estava sendo um tanto estressante, os editores da coluna social haviam feito uma verdadeira bagunça e estava bem difícil arrumar.
Ally entrou na sala e tentava me ajudar a organizar os papéis que estavam espalhados em minha mesa.
Meu celular começou a tocar e perdi alguns segundos tentando achá-lo embaixo dos papéis. Não olhei o identificador de chamadas, apenas atendi nervosa.
-O que é?
-Eu falo com a mãe de Luna Cabello Estrabao? - Perguntou a voz do outro lado da linha.
-Sim, é minha filha.
-Aqui é Normani Kordei, sou diretora do New York Elementary School.
-Aconteceu alguma coisa?
-Sim senhora. A Luna se envolveu em uma briga com uma colega de clas...
-A Luna se envolveu em uma briga? - Ally arregalou os olhos. - Como assim?
-É, ela se envolveu em uma briga. Eu e a professora Jauregui gostaríamos que a senhora viesse até aqui pra conversarmos sobre isso.
-Ela tá bem? Se machucou?
-Fique calma senhora Estrabao, Luna está bem. Só precisamos da sua presença pra conversarmos.
-Certo, estou indo pra aí.
Desliguei o telefone.
-O que aconteceu com a Luna?
-Parece que se meteu numa briga, precisam que eu vá lá conversar.
-Eu vou com você Mila.
Pegamos nossas bolsas e descemos. Gustav já nos esperava e rapidamente chegamos a New York Elementary School.
Entrei seguida de perto por Ally, passando por diversas crianças que agora se dirigiam animadas à saída. Cheguei a sala da diretoria e bati, entrando em seguida e deixando Ally do lado de fora da sala.
Quase dei um pulo quando vi a moça em pé ao lado da mesa.
-Você? - Perguntei exasperada.
A mulher me olhou da cabeça aos pés.
-É sério que ela é a mãe da Luna? - Perguntou olhando pra n***a sentada a mesa.
Cruzei os braços e encarei de forma arrogante a mulher de olhos verdes que a alguns dias tinha derrubado vinho em meu vestido.