Capítulo 12

968 Words
A noite havia caído silenciosa sobre o Morro dos Prazeres, mas meu pensamento estava longe do descanso que a escuridão trazia. A preocupação com a nova moradora, Milena, me acompanhava como uma sombra persistente. As complexidades da vida no morro nunca foram simples, e agora, com Marcia e sua avó se metendo na equação, eu sentia a necessidade de agir com mais cuidado do que nunca. Minha mente se voltava para os meus compromissos e responsabilidades como chefe do morro. A ideia de proteger Milena era tão crucial quanto garantir a ordem e o respeito dentro da comunidade. Não era apenas uma questão de manter as aparências, mas de garantir que a harmonia no morro não fosse abalada por questões pessoais. Aproveitei a noite tranquila para refletir sobre o que fazer. Decidi que a melhor abordagem seria falar com a avó de Marcia de forma diplomática, evitando qualquer confronto direto com a menina ou mesmo com sua avó. Era crucial que a avó não se envolvesse mais do que o necessário e que Marcia entendesse seu lugar sem que eu precisasse intervir diretamente. Fui até o escritório onde meus empregados armados estavam reunidos, discutindo questões menores e mantendo a vigilância da área. Quando entrei, a conversa parou instantaneamente e todos se voltaram para mim. Meus homens eram homens simples, mas leais. Com o tempo, aprendi a valorizar a sinceridade direta que eles traziam, mesmo que às vezes fosse repleta de gírias e repetições. — E aí, chefe? — começou Vapor, um dos meus homens mais confiáveis. — O que manda a gente fazer hoje? — Precisamos de mais atenção à situação com a avó da Marcia — eu comecei, ajustando a postura para ser claro. — Não quero que ela se sinta ameaçada, mas também não podemos deixar que ela interfira demais com a nossa nova moradora. — A dona do hotel é a avó da menina, não é? — perguntou Tocaia, enquanto olhava para o chão, pensativo. — Então é melhor a gente ficar de olho nela também. — Exato. — Eu acenei. — Quero que vocês mantenham a vigilância constante, mas evitem qualquer confronto direto com a avó ou a Marcia. Não é hora de acirrar os ânimos. — Entendi, chefe. — Raspa Queixo se mexeu, ajeitando o seu chapéu. — E a gente faz isso como? Fica na espreita no hotel? — Isso mesmo. — Eu assenti. — Vigiem discretamente. Não queremos causar uma cena. — Pode deixar que a gente cuida disso — garantiu Vapor, com um sorriso satisfeito. — Vamos fazer a parada certinha. Os homens se dispersaram para cumprir suas funções, e eu fiquei sozinho por um momento, absorvendo o peso das minhas responsabilidades. A situação estava longe de ser simples. A presença de Milena, suas interações com Marcia e as intrigas envolvendo a avó da menina me forçavam a manter um equilíbrio delicado. Entrei no meu escritório e me sentei na cadeira de madeira, observando as notas e relatórios espalhados sobre a mesa. Havia muito a considerar, e o caos que eu tentava controlar parecia cada vez mais complexo. O trabalho de líder no morro não se resumia apenas a garantir que as regras fossem seguidas, mas também a gerenciar as dinâmicas e os conflitos pessoais que surgiam constantemente. No meio de meus pensamentos, meu telefone tocou. Era uma chamada direta de um dos meus contatos, informando sobre a movimentação de Marcia e sua avó. As informações eram claras: Marcia estava cada vez mais inquieta e sua avó, embora parecesse tranquila, também demonstrava sinais de preocupação. — Que m***a — murmurei para mim mesmo. O desafio agora era manter Marcia e sua avó sob controle sem causar uma ruptura que pudesse afetar a ordem no morro. A noite continuou e o peso das minhas decisões parecia se intensificar. Com a situação envolvendo Milena, Marcia e a avó, era necessário que eu permanecesse atento e cauteloso. Meu papel como chefe exigia que eu lidasse com cada detalhe com precisão, evitando que o conflito se expandisse para além do que eu podia controlar. A imagem de Milena veio à minha mente novamente. Seu jeito, sua presença, e a maneira como ela parecia se encaixar em nosso morro, de um jeito que não conseguia totalmente explicar. Eu precisava garantir que sua experiência aqui fosse positiva, sem que ela se visse envolvida em conflitos que não compreendia. Com essas reflexões, minha mente começou a se acalmar um pouco. Eu sabia que a situação seria resolvida com cuidado e estratégia. O equilíbrio era crucial, e eu tinha que garantir que tanto Milena quanto os interesses do morro fossem protegidos. A noite se arrastava e eu me preparava para o dia seguinte, consciente de que cada movimento meu tinha que ser calculado com precisão. Marcia, com seu temperamento volátil, e a avó, com suas exigências, representavam desafios que eu precisava enfrentar de maneira astuta. A tensão estava palpável, mas eu estava determinado a manter o controle, seja qual fosse o custo. Eu me levantei da cadeira, olhei pela janela do meu escritório e vi as luzes do morro piscando na escuridão. O futuro era incerto, mas eu sabia que a chave para manter a ordem e a paz residia na capacidade de lidar com cada situação com o máximo de estratégia e cuidado. A jornada que se desenrolava diante de mim seria complexa, mas eu estava preparado para enfrentá-la, com a certeza de que minha liderança era a âncora que mantinha o morro em equilíbrio. Amanhã traria novos desafios e oportunidades, mas, por ora, eu estava pronto para enfrentar o que viesse com a determinação e a astúcia que sempre me guiavam. O destino de Milena, Marcia e todos no morro estava entrelaçado com o meu, e eu não pretendia falhar na tarefa que me era imposta.
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