Prólogo

633 Words
Prólogo O início de mais um outono no interior da região toscana da Itália marcava o 40° ano de casados do poderoso Anselmo Coppola e de sua elegantíssima esposa, Donatella Coppola com quem teve quatro filhos.  Para eles a família era muito mais que um relacionamento.  É um elo.  Uma sociedade para a vida toda. Donatella optou por uma festa intimista no castelo da família, a qual só era utilizado em ocasiões especiais, como essa. Afinal de contas, não são todos que têm o privilégio de celebrar 4 décadas de uma união inabalável. O jardim bem cuidado e extremamente verde contrastava com o tapete vermelho que alcançava o altar onde a matriarca da família esperava lindíssima num vestido claro de seda. Prontíssima para comemorar mais uma boda, dessa vez a de rubi.  Era de se estranhar o motivo dela ter chegado ao altar antes do marido. Mais estranho que isso era o atraso de quase uma hora de Anselmo Coppola. Os poucos convidados da cerimônia cochichavam e olhavam para a noiva no altar.  Beatrice, Antonella e Bella Coppola, filhas do casal, já estavam cansadas de esperar.  Fred, o único filho homem estava preocupado. Seu pai sempre foi exemplo de pontualidade, jamais iria atrasar em algum compromisso sem dar o aviso prévio. De repente a cerimonialista surge no tapete com um enorme sorriso no rosto. O clima mudou, agora todos esperavam uma grande surpresa cheia de romantismo, principalmente por causa da mala imensa com um laço de presente que ela deslizava pelo tapete.  Donatella era a mais ansiosa. Seus olhos brilhavam. Seu marido nunca foi um homem romântico e de repente, no aniversário de 40 anos de casamento ele resolve surpreendê-la dessa maneira. Por Dio, ela não conseguiu conter as lágrimas, naquela altura do campeonato ela descobria que existia um coração naquele bloco de gelo que era seu marido. — Peço licença senhora Coppolo, seu marido mandou lhe entregar esse lindo presente. Por favor, abra. Donatella sorriu enquanto secava as lágrimas que caíram sem sua permissão para em seguida abrir a mala. — Por Dio, que mala pesada! O que será que tem aqui? — A feição de alegria e surpresa que estampava o rosto da senhora era contagiante, todos os presentes estavam tão empolgados quanto ela. Mas, subitamente tudo mudou. Donatella abriu a mala e o que ela viu não a surpreendeu da maneira mais agradável. — Mas… Não… Dio… — Com os grandes olhos verdes arregalados Donatella começou a tremer e não demorou para a perder o equilíbrio e desfalecer subitamente. Fred foi rápido ao alcançar a mãe e servir de apoio antes que seu corpo desfalecido fosse de encontro ao chão.  Mas sua reação de espanto não foi muito diferente dela quando olhou para dentro da mala e, viu a cabeça do seu pai no centro de vários pedaços ensanguentados do que provavelmente compunha seu corpo.   Ele respirou profundamente, trincando os dentes para conter o ódio que queimava suas entranhas. Seu pai partiu da maneira mais trágica e humilhante diante de toda a família. Sua mãe não merecia sofrer assim, suas irmãs também não deveriam ter sido expostas a esse show de atrocidade. Fred questionou a cerimonialista sobre o ocorrido, mas a mesma começou a gaguejar, nervosa, demonstrando estar tão surpresa quanto todos ali. Fred sabia que ela estava falando a verdade. Ele sabia quando alguém estava mentindo. Porém, a moça não iria deixar de sofrer as consequências por ter compactuado com aquele desastre mesmo sem ciência do que estava acontecendo.  Fred era o sucessor natural de Dom Anselmo Coppola. Com a morte impiedosa do homem mais poderoso da Cosa Nostra, cabia à ele ocupar esse posto e fazer jus ao sangue derramado de Anselmo Coppola, o homem que honrou a máfia italiana até o seu último suspiro.
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