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2175 Words
5 Luna Eu ainda não conseguia acreditar em tudo que estava acontecendo. De repente fui sequestrada, trancafiada num quarto onde não faço a menor ideia da localização e depois dou de cara com um mafioso, ninguém menos que o novo Dom da Cosa Nostra. A presença daquele homem me desestabilizou por inteira. Pessoalmente ele era muito mais enigmático, intimidante, alto, bonito, perfumado… Cazzo Luna! Por que você reparou tanto nesses detalhes? Mas, é impossível não ficar mexida com a maneira que ele olhava para meu corpo, com o jeito que ele sussurrava no meu ouvido e me arrancava arrepios. Eu devo estar enlouquecendo. Provavelmente esses desgraçados injetaram alguma coisa no meu corpo e eu estou tendo alucinações. Espero que papai não demore para me encontrar e me tirar desse inferno, também espero que ele fique bem e que esses mafiosos ridículos não façam nada com ele. Por Dio, não consigo nem imaginar caso algo o aconteça, meu pai é tudo que eu tenho. Não existe nada pior do ficar trancada dentro de um quarto. Eu não me conformava, por isso de minuto em minuto forçava a fechadura da porta, das janelas, vasculhava tudo tentando encontrar uma brecha, mas obviamente esses malditos pensaram em cada detalhe antes de me trancar aqui dentro. Revoltada e exausta de tentar reverter essa situação me joguei na cama e acabei adormecendo. Acordei com o barulho da porta abrindo novamente, dessa vez não era ele. Era um de seus comparsas, com as mãos ocupadas. — Com licença, senhorita Luna. O chefe pediu para lhe entregar essas coisas, ele irá te levar para jantar hoje à noite. — Não pode ser verdade, não acredito que uma pessoa que mandou me sequestrar vai me levar para um jantar. — Verdade ou não, é essa a mensagem que ele mandou lhe passar. Tome aqui seus presentes, mais tarde ele irá buscá-la, esteja pronta. — Ok. — Disse pegando a caixa que o segurança tinha em mãos, sem muitas expectativas. Porém, quando a abri me deparei com um conjunto de lingerie, um vestido preto lindíssimo, sandália, jóias, maquiagem, perfume e vários cosméticos. Aparentemente o homem que mandou me sequestrar quer me ver deslumbrante nesse jantar, ou seja lá o que for essa droga. Infelizmente a leonina que existe dentro de mim não resisitiu em ficar apenas olhando os presentes. Rapidamente experimentei o vestido e fiquei surpresa com o quanto ele caiu bem no meu corpo. Se era isso que ele queria, era exatamente isso que ele iria ter. Vou ficar maravilhosa para hoje a noite. Vou dar mole, tentar seduzi-lo, embebedá-lo e na primeira oportunidade vou fugir daqui. [...] Eu não cansava de me admirar em frente ao espelho. A maquiagem marcante, com olhos bem delineados e lábios pintados com um gloss rubi me deixaram ainda mais linda, o cabelo luminoso e esvoaçante complementava minha beleza. O vestido preto, longo com uma f***a que quase alcançava minha cintura me deixou super sexy, os ombros estavam à mostra já que ele era um tomara que caia. As sandálias apesar de desconfortáveis davam um toque a mais. Fitei meu reflexo no espelho e com meus olhos azuis estreitados falei baixinho comigo mesma: — Luna, você fará o que for necessário para sair dessa merda. Não demorou para a porta abrir novamente. Era extremamente irritante a maneira com que eles entravam sem bater. — Senhorita… — Como já esperava o segurança ficou sem fala quando me viu, mas rapidamente se recompôs, ele engoliu em seco e foi super direto comigo. — Senhorita, o chefe já está à sua espera. Levarei você até ele. — Ótimo. — Eu poderia tentar fugir enquanto descia a escada e respirava ar puro pela primeira vez depois de horas trancafiadas, mas aí eu vi que havia outros homens ali, todos com volumes enormes nos dois lados da cintura. O que era péssimo. Acho que fugir não seria tão fácil como eu imaginava. O segurança me levou para fora e me acompanhou pelo lindo jardim de inverno que cercava a mansão, que modéstia parte também era belíssima com acabamentos rústicos em madeira. De longe avistei Fred, ele estava sentado de maneira despojada, com a cabeça inclinada para cima como se estivesse olhando para o nada. Não demorou para ele notar a minha presença e, quando isso aconteceu, ele entreabriu os lábios enquanto me queimava com o par de enigmáticos olhos escuros. Antes mesmo de chegar à mesa o homem ficou de pé e veio ao meu encontro. — Luna, boa noite. — Ele estava me comendo com os olhos e não fazia a menor questão de disfarçar. — Eu imaginei que esse vestido fosse cair bem em você, o que eu não imaginava era que você pudesse ficar ainda mais linda. Sorri envaidecida com o elogio. — Obrigada pelo elogio e pelo vestido também. — Fico feliz em ter acertado. Por favor, sente-se. — Fred deu alguns passos à frente e puxou a cadeira para mim. Confesso que fiquei surpresa com o cavalheirismo. — Obrigada. — Agradeci enquanto me acomodava a mesa com decoração romântica e com direito a luz de velas. — O chefe está preparando algo especial para a gente, mas caso você queira posso pedir a bebida antecipadamente. — Seria perfeito, acredito que um vinho tinto cairia bem nesse momento, não é mesmo? — Vou acatar sua sugestão, princesa. Aguardamos e não demorou para um garçom chegar com os aperitivos, em seguida com uma garrafa de vinho daquelas de colheita muito antiga. — Por que você está me tratando tão bem? Que p***a de sequestro é esse? — Não costumo ser m*l com as mulheres que convido para jantar. Revirei os olhos irritada, já prevendo que não conseguiria fingir tão bem quanto estava planejando. — E quanto ao meu pai, você não fez nenhum m*l a ele, ou fez? — Por hora não, por enquanto quero apenas que ele sofra com o desaparecimento da filha. — Você não tem noção do que está fazendo, meu pai vai enlouquecer, ele não merece passar por isso. Por favor, me deixe ir embora. — Supliquei preocupada com papai. Não conseguia me sentir bem sabendo que a essa hora ele estava aflito e completamente desesperado com o meu sequestro. Eu era a única filha dele, nascida da mulher que ele perdeu numa circunstância parecida. — Sinto muito, mas não posso. Vamos esquecer os problemas e nos concentrar no jantar. Olhe essa lua, até ela veio nos prestigiar. — Esquecer? Não mesmo, impossível! O meu pai vai acabar tendo um surto psicótico, isso se ele não tiver um AVC. Ao menos me deixe ligar para ele, para garantir que estou bem. — Não posso fazer nada disso, cazzo. Vamos nos concetrar na p***a do jantar. — Ele suspirou alto, nervoso, estressado. — Olha o que você está me fazendo falar. Não quero estragar o clima. — Não existe clima nenhum, e nem vai existir enquanto eu não puder falar para o meu pai que estou viva e que vocês pelo menos até o momento não tocaram em nenhum fio do meu cabelo! Eu não queria falar isso, mas vou ter que falar porque talvez assim você tenha compaixão pelo o que estou sentindo. O meu pai, apesar da fama de durão é um homem traumatizado, já se passaram 20 anos e até hoje ele não se conforma com a morte da minha mãe. Ele nunca mais esteve em nenhum relacionamento sério. Ele sempre fica arrasado nas datas do aniversário dela, no aniversário do casamento deles e no dia que ela faleceu é pior ainda. Se ele estiver acreditando que estou morta eu não sei o que pode acontecer… Por favor, eu te imploro. Deixe-me ligar para ele… O silêncio reinou entre nós enquanto Fred pensava, com os olhos negros concentrados na taça de vinho que até então não havia sido tocada. Olhar para ele mexia com minha ansiedade e para me acalmar devorei minha taça num único gole. Fred mordeu o lábio inferior antes de voltar os olhos para mim e finalmente me deu uma resposta: — Você vai mandar um áudio para ele. Dizer que está bem, segura e muito bem cuidada. O que não é nenhuma mentira, você está no meio do luxo sendo tratada como uma rainha e não tem o porque reclamar de absolutamente nada. — O olhar feroz do mafioso, inexplicavelmente mexia a fundo comigo. Fred tirou o celular do bolso já com o microfone ligado e no desespero eu não esperei para começar a falar: — Papa, sou eu, sua filhinha, sua Luninha, a Luna, como te obrigo a me chamar depois que cresci. Quero que saiba que apesar do ocorrido eu estou bem, não fizeram nada comigo, eu juro… Eu estou muito bem e quero que o senhor fique bem também… — Eu tinha muito o que falar, mas Fred afastou o celular e encerrou a gravação sem nenhum aviso prévio. — Esse seu tom melancólico vai fazer ele duvidar de tudo que foi dito. — Você não deveria ter me interrompido antes de eu falar tudo o que tinha para falar. — Está achando mesmo que sou seu mensageiro? Agradeça por ter lhe dado essa regalia, estou sendo bonzinho demais com você garota. Espero que saiba me recompensar essa noite. Revoltada com suas palavras, eu servi mais vinho na minha taça, e mais uma vez bebi rapidamente. Pensar que papai estava sofrendo por minha causa me deixava m*l e com uma terrível sensação de culpa. Eu cheguei a parar de virar as noites nas baladas porque Louis ficava muito preocupado, a ponto de não conseguir fechar os olhos e ir cansado para a delegacia onde sempre exigiam muito dele. — Você não tem coração? Como pode ficar bem fazendo um pai sofrer, isso é c***l até mesmo para um mafioso! Sempre ouvi falar que a máfia valoriza muito a família… — É verdade, — ele me cortou — nós valorizamos a família. A nossa família. — Fred disse pausadamente, com a clássica voz rouca para deixar bem claro — O seu pai não passa de um intrometido, agradeça por está aqui e eu não ter dado logo um fim naquele inútil. — Não fale assim do meu pai! — Exclamei alto, enquanto segurava a garrafa de vinho agressivamente. Até cheguei a pairá-la sobre a taça, mas acabei desistindo, e optando por beber direto do gargalo. — Você quer me levar pra cama, não é mesmo? — engoli uma boa quantia de vinho que desceu queimando pela minha garganta. — Pois me leve, faça o que quiser comigo. Daqui alguns minutinhos esse vinho vai fazer efeito, eu vou ficar bêbada e amanhã não lembrarei de ter transado com um homem asqueroso, nojento e c***l como você, que tem coragem de fazer tortura psicológica com o meu pai! — Gritei com ele, com os olhos vibrando, revoltada, cheia de amargor por tudo que estava fazendo. Sem conseguir controlar minhas emoções acabei jogando o restante do vinho que havia na garrafa contra o seu rosto. Sua pele ficou marcada pelo líquido roxo, gotas do fluido caíam lentamente pelos fios da barba m*l aparada. Ele trincou os dentes e mordeu o lábio inferior demonstrando o quanto estava com raiva. Ali eu soube que tudo que falei no áudio para o meu pai se tornaria uma mentira em questão de minutos. Esse homem iria acabar comigo. Ele iria incendiar o meu corpo até carbonizar, enquanto bebia um bom vinho como papai havia me contado. Não resisti, minhas pernas agiram por si só e rapidamente eu estava correndo como nunca corri antes sem nenhuma coordenada, em busca de uma saída. Tudo que eu queria era desaparecer do mapa e ficar o mais longe possível daquele delinquente, sequestrador. A casa era muito maior do que eu pensava, logo estava me enfiando no meio de uma mata que havia ao seu redor. Agora eu tinha certeza de que estava isolada, do quanto estava longe de tudo e de todos e que provavelmente as chances que eu tinha de sobreviver eram mínimas. Pior que isso era perceber que o álcool havia escolhido o pior momento para surtir efeito. A imagem que já não estava completamente clara aos meus olhos agora girava me deixando mais tonta a cada passo. Minhas pernas fraquejaram. Eu caí sobre as folhas secas do chão num lugar escuro e que eu não fazia a menor ideia da localização. Mas não demorou muito para as coisas piorarem. Eu ouvi seus passos. Reconheci até mesmo sua respiração entrecortada. Ao me encontrar ele ficou de joelhos e subitamente arrancou uma pistola da cintura, que fez o meus batimentos falharem por alguns segundos. Tudo ainda estava girando e um pouco escuro, mas eu podia ouvir perfeitamente. — Com quem você pensa que está brincando? — Ele perguntou num tom frio, horripilante, em seguida pude ouvir o barulho dele engatilhando a arma, se preparando para cravar uma bala dentro do meu cérebro. Espero que papai seja forte, porque este será o fim da filha querida dele.
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