Nova jogada do destino

1258 Words
Taylor Davis Após as tradicionais fotos de casamento com os familiares e padrinhos nos sentamos a mesa, que, por sinal, era uma mesa coletiva, com os noivos no meio e os convidados lado a lado de acordo com o seu grau de proximidade. Estava cada vez mais difícil disfarçar o meu nervosismo e eu nem sei dizer se estou assim por estar com ele ou porque eu queria fugir novamente. O meu coração acelera cada vez que Adam inicia uma conversa, com medo de que esta vai ser 'A conversa' que eu tanto quero evitar. - Por que você está tão nervosa Lola? - Ele pergunta com um sorriso zombeteiro. - Impressão sua. Estou apenas emocionada. - Tento soar normal, mas falho miseravelmente. - Pensei que era por minha causa. -Você? - Eu ri como se ele tivesse dito uma piada engraçada. -Tem razão. Quem sou eu para ter tal efeito sobre você. - Adam responde com certa mágoa o que realmente me surpreende. - O que você quer dizer com isso? - Pergunto confusa. - Nada particular - ele muda de assunto. - Faz tempo que não nos vemos. - Nem tanto. - Brinco com o vinho no meu copo, girando o líquido como se fosse a coisa mais interessante do mundo. - Você não acha quatro anos e nove meses muito? - Adam pergunta. O peso do seu olhar me paralisa. O que eu deveria dizer? Que eu pensei nele durante todo esse tempo me perguntando se ele estaria bem, se estava namorando, se ele me esqueceu. - A vida, as vezes, é tão corrida que não notamos o tempo passar. – Ele ri, como se soubesse que eu estava mentindo novamente. - Então me conta como foi sua vida para eu entender por que você me deixou aquele bilhete e simplesmente desapareceu. Sem ligar... - ele para e eu consigo sentir o quanto ele está ferido pelo tom das suas palavras. - Sem a pørra de uma mensagem, apenas uma mensagem. - Olho para o copo, os meus olhos cheios de lágrimas que eu me esforço para segurar. - Você estava começando uma vida nova bem longe. Era melhor assim. - Adam vira o meu rosto para encará-lo. - Melhor para quem? - pergunta. - Para nós dois. - digo fracamente. - Foi melhor para você? – Ele está com o polegar e o indicador segurando o meu queixo, me impedindo de virar o rosto, de fugir dos seus olhos azul gelo. Sinto-me presa em um interrogatório, como uma criminosa. - Adam, não tinha como dar certo... - Ele me interrompe. - Foi melhor para você? - repete - O que você quer que eu diga? - Eu grito impotente, atraindo a atenção das pessoas ao nosso redor. - A verdade Lola. Diga a verdade uma única vez essa noite. Diga que foi melhor assim e eu prometo nunca mais te incomodar. Minha mente dizia-me para falar sim, mas meu coração não foi capaz de mentir. Nesse momento as lágrimas já estão rolando por minha bochecha. A resposta a sua pergunta, a verdade, que eu escondi até de mim mesma escapa dos meus lábios. -Não. - Não? - ele repete a minha resposta, provavelmente porque esperava escutar outra coisa. - Não Adam, a minha vida não foi melhor sem você nela porque você me marcou uma segunda vez aquele dia que fugimos para a praia. Eu nunca mais fui capaz de sair com alguém e não porque eu odiava os homens ou por acreditar que nenhum deles prestava, mas porque o meu coração nunca foi capaz de deixar mais ninguém entrar nele. Eu te odiei e te amei por tanto tempo que não sobrou nada para mais ninguém. As pessoas ao nosso redor começaram a notar que algo não estava bem. Julia ameaça vir me resgatar, mas eu a paro com um gesto de cabeça. Ela e Becky sabem uma boa parte da história mąl resolvida entre mim e Adam, talvez até mais do que contei a elas, mas como boas amigas respeitaram as minhas escolhas. Sabendo que esse não era o melhor lugar para o tipo de conversa que estávamos tendo, Adam se levanta e me puxa pela mão contra o seu corpo de uma maneira que cobria o meu rosto para que as pessoas não vissem que eu estava chorando, ao menos, as pessoas sentadas mais longe de nós. - Eu e a Taylor vamos dar uma volta pelo jardim. Voltamos para o brinde dos noivos - segurando carinhosamente a minha mão, Adam me leva o mais longe possível da festa. Ele me puxa para seu colo em uma espécie de sofá-balanço e me abraça tão forte que as lágrimas viraram uma torrente sem fim. - Sinto muito Lola, eu não queria te fazer chorar - Ele não abranda o seu aperto e aos poucos eu me sinto acolhida, como se eu pertencesse àquele lugar. As lágrimas cessam, mas eu não me movo. Por que eu deveria? Ignoro a parte da minha mente que tenta responder essa pergunta. Cada vez que eu sigo a minha razão, o meu coração sofre. - Você não me fez chorar - ele se afasta de mim o suficiente para olhar nos meus olhos. - Ou melhor, eu não chorei por sua causa, mas por nós. Eu não aguentava mais guardar tudo isso dentro de mim e agora que eu falei não consigo me sentir melhor. - Por quê? - Ele pergunta confuso com as minhas palavras. Desvio o olhar. - Porque eu não posso ir contra o destino e ele esta mais uma vez jogando contra a gente. - Eu não entendo Lola, se você gosta de mim e eu gosto de você porque não podemos... apenas tentar ficar juntos. - Porque as vezes ‘gostar’ não é suficiente. - E nos afastarmos novamente é melhor? - ele questiona, impaciente. - É inevitável, eu não voltei para ficar - tomo coragem para encará-lo novamente porque sei que o que verei nos seus olhos me fará voltar a chorar - Eu só estou aqui para o casamento. Vou para Florença semana que vem. - Por quanto tempo? - Sua voz quebra com as palavras. Tristeza, surpresa, saudade. Consigo ver cada sentimento refletido nos seus olhos. - Não sei. - as lágrimas voltam a cair - Nós não podemos ficar esperando para sempre. Você não vai ficar sozinho para sempre. - Eu pensei em você e só em você nos últimos 5 anos. Isso não te diz nada? - Vamos ter um oceano nos separando. - Evito intencionalmente responder a sua pergunta. Até pensar sobre o que ele disse é difícil. - Eu sei nadar - ele tenta sorrir e falha. - Eu tenho medo - sussurro. Adam beija as minhas lágrimas. - Eu também. Tenho medo de não tentar e perder mais cinco anos ao seu lado. Não me importa se todo dia ou um único dia no ano, dá uma chance para nós dois Lola? Dá uma chance para a Lola e o Adam que se conheceram naquela festa e nunca mais foram capazes de esquecer um ao outro? - meu corpo responde por mim e faço que sim com a cabeça. - Eu te espero desde que acordei na manhã seguinte daquela festa. - Chega de esperar. - Adam diz antes de me beijar. Eu sinto o salgado das minhas lágrimas e o doce dos seus sentimentos por mim. Naquele momento, eu desisto de pensar e apenas sinto tudo que temos para oferecer um ao outro.
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