Capítulo 6
Bianca narrando :
Minha cabeça tava a mil, e eu já tinha virado quase dois copos sem nem perceber. O clima no camarote era outro, tudo mais fechado, com aquelas garrafas caras e gente que parecia importante. Eu tava tentando me manter tranquila, mas não era fácil com ele me encarando daquele jeito. A Regina já tava em outra vibe, rindo com um cara que chegou do nada e já tava todo colado nela. Ela sabia se divertir, diferente de mim.
— Da onde cê é, baixinha? — ele perguntou, e a voz rouca dele cortou meu pensamento. Me pegou de surpresa.
— Eu moro aqui por perto, no centro — respondi, tentando parecer despreocupada, mas dava pra sentir meu nervosismo.
Ele sorriu de lado, aquele tipo de sorriso que faz a gente se sentir observada. Não sei explicar, mas parecia que ele sabia mais de mim do que eu mesma.
— Sabia que você não era igual às outras daqui. Tem alguma coisa diferente em você... — Ele falou isso olhando fundo nos meus olhos, e senti meu rosto esquentar na hora. Vergonha total.
Desviei o olhar, tentando disfarçar o nervoso, e perguntei meio sem jeito:
— Qual é o seu nome?
— Max — ele respondeu, direto, como se todo mundo já soubesse quem ele era.
— Eu sou Bia — falei, ainda meio insegura.
Ele deu uma risada baixa, mas não parecia de deboche, e chegou mais perto, sem tirar os olhos de mim. Eu podia sentir a energia que ele trazia, um misto de perigo e mistério. Algo nele me deixava desconfortável, mas ao mesmo tempo, não conseguia me afastar.
— Então, Bia, agora que cê tá aqui, me conta... como que uma mina como você ainda tá solteira? — Ele perguntou, com um tom provocativo.
Eu sorri sem graça, tentando pensar em alguma resposta rápida, mas a verdade é que eu não sabia nem o que tava fazendo ali.
Eu ri meio nervosa, olhando pro copo de bebida na minha mão e depois pra ele.
— Ah, sei lá, não tô afim de namorar, sabe? Homem hoje em dia não vale nada, nenhum presta — falei, soltando um suspiro e tentando parecer despreocupada. Era verdade, eu tinha saído de um relacionamento que não me fez falta nenhuma.
Ele inclinou a cabeça, me olhando mais de perto, com aquele sorrisinho de canto que parecia conhecer todas as respostas.
— Cê acha mesmo que nenhum homem presta? — Ele deu uma pausa e olhou ao redor, como se quisesse chamar minha atenção de volta pra ele. — Nem todos são assim, baixinha. Tem uns que são diferentes... — Ele falou, e eu senti o peso das palavras, como se ele tivesse tentando me convencer de algo.
Eu levantei uma sobrancelha, meio desconfiada.
— Ah é? Vai me dizer que você é um desses diferentes ? — perguntei, tentando provocar de volta.
Ele riu baixinho e se aproximou um pouco mais, os olhos claros cravados nos meus.
— Talvez você tenha que me dar uma chance pra descobrir — respondeu, deixando no ar, como se fosse um desafio.
Senti o coração acelerar um pouco, mas me mantive firme. Eu não era do tipo que se deixava levar fácil, mesmo com toda a presença dele.
— Acho que vou passar essa, Max — falei, dando um gole na bebida e tentando mudar de assunto.
Mas ele continuava ali, firme, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Antes que eu pudesse terminar de beber, senti a mão dele segurando minha cintura de novo, puxando com força, mas sem me machucar. Fui pega de surpresa e, quando olhei pra cima, ele já estava ali, a centímetros de mim. Os olhos claros dele queimavam nos meus e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti os lábios dele nos meus.
Foi rápido e intenso. O beijo veio sem aviso, mas tinha algo nele que me paralisou. Meu coração disparou e, por um segundo, pensei em empurrá-lo, mas meus pés pareciam colados no chão. O gosto do álcool misturado com o halls de cereja que ele chupava dele me invadiu, e o som da boate pareceu sumir por um momento.
Quando ele finalmente se afastou, o olhar dele era ainda mais intenso, como se estivesse analisando cada reação minha. Eu estava sem ar, com o coração batendo descompassado e não sabia o que dizer. Fiquei ali, olhando pra ele, sem entender muito bem o que tinha acabado de acontecer.
— O sabor da sua boca é bom demais, sabia? — ele comentou, com a voz rouca e baixa, acompanhado de um sorriso provocador.
Eu não sabia o que pensar. Meus pensamentos estavam uma bagunça, mas uma coisa era certa: aquele beijo tinha mexido comigo mais do que eu queria admitir.
— Olha, Max, eu… — comecei a dizer, mas ele me interrompeu, levantando a mão.
— Espera um pouco, Bia. Não precisa se apressar em nada. Vamos aproveitar a noite, se divertir. Não sou do tipo que gosta de pressão.
Ele pegou minha mão, e por um momento, eu me perdi em seus olhos. Era como se todos ao nosso redor tivessem desaparecido. Eu não sabia onde essa noite me levaria, mas a ideia de explorar essa conexão me deixava animada.
— Então tá bom — disse, dando um sorriso tímido. — Vamos aproveitar.
A música pulsava e o clima estava perfeito. Ele me puxou de volta pra dança, e eu deixei a música me envolver. Depois de um tempo, enquanto dançávamos, o mundo ao nosso redor parecia mais divertido e leve. O Max não parava de me olhar, e cada vez que nossos olhos se encontravam, um frio na barriga me lembrava do beijo.
— E aí, o que você gosta de fazer além de curtir uma balada? — perguntei, tentando puxar assunto.
— Ah, eu gosto de muitas coisas — ele respondeu, fazendo uma pausa dramática. — Mas o que eu mais gosto é de conhecer pessoas interessantes… como você.
Eu ri, sentindo meu rosto esquentar. O que ele disse era um elogio, mas também era um pouco intimidante. Queria saber mais sobre ele, mas, ao mesmo tempo, tinha um medo esquisito de me envolver demais.
Max me puxou pela cintura, e quando seus lábios se encontraram com os meus de novo, a intensidade do beijo me pegou de surpresa. Era como se a boate estivesse girando ao nosso redor, e nada mais importava. Meu coração disparou, e eu não consegui me conter ao responder ao beijo, deixando que a química entre nós tomasse conta.
Ele se afastou um pouco, olhando nos meus olhos com um sorriso confiante e provocador.
— Você não quer sair daqui comigo? — ele perguntou, sua voz rouca soando diretamente no meu ouvido. Era uma proposta irresistível, e a forma como ele me olhava fazia meu coração disparar ainda mais.
Eu hesitei por um segundo, pensando nas consequências. Era arriscado, mas ao mesmo tempo, a ideia de sair daquele lugar e passar um tempo com ele me deixava animada.
— E pra onde a gente iria? — indaguei, tentando manter a compostura.
— Tenho um lugar tranquilo onde podemos continuar essa conversa — ele disse, piscando para mim, seu jeito descontraído me fazendo sentir que tudo seria divertido.
CONTINUA......