Capítulo 1
A dançarina e o CEO
" Uma dança contra a parede "
Melanie é uma mulher forte e decidida, que nunca se deixa abater pelas coisas rui.n.s que lhe acontecem, é noiva de Ruan, mais o relacionamento é a distância e já começou assim, só se viram enquanto eram colegas de trabalho e após iniciar o relacionamento nunca mais se encontraram. Ela é muito amorosa e humilde, luta para conquistar oque quer, ajuda sua família e amigos sempre que pode. Formada em fisioterapia trabalha com pacientes mais difíceis, que sofreram traumas grandes e precisam de recuperações intensivas, ela sonha em viver da dança e abandonar a profissão que lhe dá o seu sustento, participa de vários projetos solidários com crianças carentes e está entrando em uma enrascada para ajudar salvar uma academia de dança da qual faz parte. A academia está indo a falência e quase sendo vendida para um grupo de executivos donos de uma rede de restaurantes luxuosos. Liderados por Vinícius, um homem que sempre foi alegre muito ligado a esportes e a ser livre, nunca amou verdadeiramente mulher alguma e se orgulha disso, é um conquistador extraordinário, sua beleza e seu carisma levam todo tipo de mulher até seus braços.
Melanie não mede esforços para fazer o certo, encontra em Dom a oportunidade de conseguir mais dinheiro dançando, participando de competições de rua, ela vai fazer ele mudar todo o seu conceito sobre as mulheres, Dom guarda um segredo, que pode fazer ela desistir de tudo e perder tudo pelo oque lutou a vida toda para ter.
A dançarina e o CEO
Capítulo 1
Era um sábado de manhã e estava calor desde que o sol raiou, aos sábados as crianças carentes das redondezas iam para a academia " La danse " depois do almoço, ter aulas de danças, participar de gincanas. Ao acordar Melanie já pensou nelas, ela era uma das voluntárias que ajudavam e também professora de dança, a melhor de lá inclusive. As seis e meia da manhã, se levantou, foi para a cozinha fazer bolo de fubá com goiabada e uma torta de frango com requeijão, distraída assistindo vídeos de danças enquanto cozinhava, perdeu noção do horário e se atrasou, as pressas tomou banho, colocou seu uniforme da clínica e saiu de cabelo molhado, sem amarrar os tênis, foi trabalhar atrasada, com a mochila lotada e uma sacola de pano também cheia, no ônibus fez uma maquiagem suave entre as sacudidas que quase derrubaram os potes de comida e arrumou um coque despojado, que parecia ter sido feito por uma criança de dez anos. Com seus fones no volume máximo, ouvindo funk e pagode, atravessou a cidade, pegou dois ônibus e ao chegar sorridente no trabalho, ouviu logo de sua chefe Carlota, que estava sentada jogando no celular
- Mel querida, mais um pouco e você vem só pra fechar. Seu paciente está te esperando e já fazem trinta minutos. Ou será que ele foi embora e eu não vi? Bom, passei de fase, irruuuu, vou pegar o chefão.
Apressada rindo simpática ela respondeu escondendo a mochila em baixo da mesa
- Eu sei eu sei, mais trouxe bolo e ele vai me perdoar, tomara. Como ele está hoje? De zero a dez?
Carlota arqueou as sobrancelhas e falou desanimada exultante
- Quatro, ele veio com o tio e a mãe vai vir buscar, boa sorte.
O paciente era o Vicente, uma criança que caiu do telhado enquanto soltava pipa, teve diversas fraturas pelo corpo e por isso, achava que não ia nunca mais andar, as alterações de humor eram frequentes e difíceis, não só com ele, aquele padrão comportamental difícil, era comum entre pacientes assim, o estresse pós traumático assustava os fisioterapeutas e qualquer profissional da área da saúde que precisasse lidar muito diretamente com eles. Melanie fez faculdade porque ganhou uma bolsa e ia desistir na metade, só continuou porque sua mãe morreu e seus avós não tinham condições para ajudar com nada. Depois de se formar ela entrou trabalhar como faz tudo na clínica particular da Carlota, atuando mais como secretária e conseguiu atuar na área com o passar do tempo, pegando sempre os " restos " das demais colegas, pacientes que ninguém queria atender, pelo grau de dificuldade. Vicente era um deles, em seis meses, passou por várias cirurgias e três fisioterapeutas renomados, que não deram certo, a algum tempo ele estava passando com a Melanie, que ele costumava chamar de melancia. Antes de entrar na sala, ela bateu e colocou apenas um pedaço do bolo em sua mão, pra ele ver e falou com voz de criança, escondida atrás da porta
- Pedido de desculpas por chegar atrasada senhor Vicente?
Com uma voz desanimada ele respondeu
- Melancia eu não sou tão fácil, acha que um bolo bobo vai me comprar?
Ela revirou os olhos, entrou e falou com desânimo
- Bobo? Uau, você não sabe oque está perdendo, tem goiabada caseira e eu mesma que fiz. Enquanto montava uma play list nova especial pra nós dois.
Entrando na pilha, ele perguntou se ela estava usando, as meias, ela colocou música, tirou os tênis falando irônica
- Que meias? Eu uso qualquer uma, especialmente aos sábados. Vou abrir essa janela e 123, 123...
Ela começou dançar e o fez rir, também comer o bolo, um pouco mais animado ele fez todos os exercícios e enquanto fazia, ela dançou várias coreografias que precisava memorizar. Quando a mãe dele chegou, sentou esperar na recepção e falou para a Carlota
- Competição? De novo?
Largando o celular ela respondeu
- Não, audição para um programa de tv. Eu ouvi ele rindo daqui, estamos evoluindo, isso é bom. Vou avisar aos dois que você chegou!
A mãe dele concordou, disse que era ótimo, que a melancia estava sendo sensacional, que o carinho e paciência dela, nenhum outro fisioterapeuta deu. Logo a clínica fechou e a Melanie pegou carona com a Carlota, até metade do caminho, ao descer do ônibus já perto da academia, foi passar a rua distraída no celular, quase foi atropelada por uma moto de alta cilindradas que passou muito perto, cortando giro como uma repreensão. O susto foi tão grande que o celular caiu e trincou a tela, a sacola de pano também foi ao chão e o pote de bolo quebrou, muito bra.v.a ela xingou o motoqueiro e mostrou o dedo do meio de imediato, foi falando sozinha xing.a.n.d.o até a academia e ao chegar foi cercada de crianças, eles estavam comendo, antes de começarem as aulas e já ouvindo músicas, fazendo bagunça. A Giselda dona da academia, foi a chamar a Melanie pra falar que a vigilância sanitária estava lá, para fazer uma vistoria de rotina, elas foram juntas acompanhar eles e souberam que receberam várias denúncias anônimas, sobre o fundo do quintal que tinha um mato um pouco grande, disseram que lá estava com infestação de ratos, baratas, escorpiões, lá no fundo tinha um pouco de entulho, mais aquilo não era verdade. A vigilância sanitária aconselhou elas a fecharem e fazerem reparos, pinturas, limpeza e dedetização, para não perderem o alvará. Tiveram que mandar todas as crianças embora e a revolta foi grande, ao saírem na calçada e verem o vizinho, dono do restaurante ao lado e dos imóveis da rua rindo da situação, ele queria que elas saíssem, a intenção dele era vender tudo a uma rede grande de restaurantes luxuosos e segundo ele, aquelas crianças incomodavam os seus clientes, todos os finais de semana, tinham brigas por causa disso, ele dizia que eram marginais e pedintes, isso não era verdade.
Melanie e Giselda perderam a cabeça discutindo na rua e ele fez deboche, disse que estava tudo certo e que em breve iria se livrar delas, a Mel ficou revoltada e entrou arrumar o quintal, pedindo ajuda aos amigos, as duas tiraram todo o entulho e passaram o resto do sábado fazendo uma mini reforma na academia, quando estava anoitecendo notaram que chegaram carros muito luxuosos no restaurante, a Giselda falou que estava tendo uma reunião dos interessados em comprar e que por isso o Bariloche seu barriga deu um jeito de tirar as crianças de perto, porque nada poderia atrapalhar a exibição dele aos ricassos. Elas estavam espiando pela janela e a Giselda falou que era melhor irem desistindo, porque não iam conseguir dinheiro pra se manter por mais meses, com o aumento do aluguel e as denúncias, a Melanie falou com um sorriso maldoso
- E se a reunião for um desastre? A exibição for uma vergonha? Se a gente ferrar com o bairro e o restaurante, talvez eles desistam. Né?
Preocupada a Giselda disse que não ia pedir nada ao sobrinho, que era garçom no restaurante, a Melanie falou dançando rebolando até o chão com graça
- Amiga, eu vou botar pra quebrar esse jantar e você só vai precisar me ajudar a sair ilesa. Tá ficando com aquele cara ainda? O policial?
Ela disse que sim, com ele e outros, a Melanie falou animada
- Então hoje você vai ficar com ele, a gente precisa de uma prova de que não estamos envolvidas na sabotagem. Manda mensagem e falar que vai dançar pole dance, sei lá, inventa algo e trás ele pra cá. Eu vou invadir o restaurante, denegrir a imagem do bairro todoooo, e então o seu barriga vai ter problemas com os sócios. Eles não vão querer expandir, pra ter criança ramelenta batendo no vidro das naves deles pedindo dinheiro! Vamos fazer oque sabemos de melhor com o nosso glow.
Com medo a Giselda disse que não estava achando fácil, falou que podiam ser reconhecidas, a Mel mandou um áudio para as amigas delas, que também dançavam
- Meninas eu preciso de ajuda, show particular e ilegal, só cola quem não tem medo. Vou botar pra quebrar na mer.d.a do restaurante aqui do lado da La danse, esse velho babão tá ferrando com a gente e vamos mostrar o nosso glow. Já é? Quem tá dentro?
As meninas começaram responder perguntando oque iriam fazer, marcaram de se encontrar o mais rápido possível na academia, começaram falar com a figurinista e decidiram colocar uma burca, cobrindo o rosto e cabelo, algumas meninas eram menores de idade e não se importaram com os riscos, eram as mais animadas até, a Melanie pensou em tudo nos mínimos detalhes e chamou algumas das crianças para bancarem os pedintes, ela ia fingir estar estudando na academia para o policial ver e iria sair e voltar escondida, enquanto ele se divertia com a Giselda. As meninas dançavam de tudo, funk, pagode, samba de gafieira, ballet e muito reggaeton, era oque estava em alta. Todas foram com roupas agarradas, curtas, tops, micro shorts, com seus corpos a mostra e curvas ressaltadas, a Melanie colocou um macacão de onça que parecia segunda pele, semelhante a uma meia calça, agarrado ao corpo todo, longo, com transparência leve e a langeri destacada vestida por cima dele, um conjunto de calcinha e sutiã preto liso, ela destacou os olhos com maquiagem forte, cílios postiços e colocou a burca cobrindo tudo, o plano era entrarem pouco a pouco, com minutos de diferença, um dos meninos foi primeiro de roupa social, como um espião, pediu uma bebida e ficou em pé no balcão observando tudo, uma das meninas entrou pelos fundos, se fazendo de cliente bêbada chamou atenção dos funcionários derrubando uma bandeja de talheres, assim que foram até ela, as outras colocaram na porta uma caixa de som que parecia mochila, no volume máximo tocando reggaeton, tudo foi muito rápido, Melanie foi até o balcão subiu com a burca só cobrindo o rosto e o cabelo, tirou o resto ficando com o corpo a mostra, começou dançar rebolando até em baixo, ao som de " caramelo - música latina " as demais meninas estavam perto dos clientes fazendo algazarra, comendo bebendo da mesa deles e o senhor Bariloche desesperado sem entender aquele show, gritando com os funcionários, os clientes começaram achar que era algo atrativo do restaurante, quando a Melanie viu ele dando explicações a uma mesa específica, que parecia mais importante, só com três homens, ela desceu do balcão e foi até lá, ao som de " Botadinha saliente - Mc Rogerinho " se aproximou do único homem que estava mais afastado da mesa, virado de lado olhando tudo, puxou a cadeira dele e ao ver que ele não ameaçou levantar, começou dançar de costas, sem encostar e quase fazendo um lap dance ( dança sensual que é uma variação do strip-tease e surgiu nos anos 1970, quando as dançarinas, com roupa ou com lingerie, sentavam-se no colo dos clientes fazendo movimentos que simulavam o que poderia vir a seguir ) foram poucos minutos de bagunça e saíram todas correndo ao mesmo tempo, tudo foi filmado e os clientes aplaudiram achando divertido. Lá fora tinham crianças que apareceram na porta pedindo comida, doces e moedas, os funcionários estavam recebendo ordens de tirarem elas de lá e aquilo gerou um tumulto grande, alguns clientes foram contra a grosseri.a, começaram discutir com o gerente e o dono, a grande noite foi arruinada, os executivos estavam falando do acontecido, um deles falou rindo
- Eu acho que isso é uma retaliação, fomos atacados pelas dançarinas ali do outro lado da rua, com suas bundas incríveis, oque vem depois? Os açougueiros com as facas? Padeiros com os sacos de farinha?
O que foi literalmente alvo, respondeu irritado
- Quero ir embora, que porca.ri.a de lugar. Sabia que seria um erro sair de casa!
Seu amigo falou com deboche
- Vai dizer que não gostou Nico? Eu vi de longe e achei bem atrativo, satisfatório, acho até que podemos incluir na programação das inaugurações.
Irritado ele disse que não, porque eram restaurantes de respeito e não qualquer coisa chula, todos estavam falando daquilo e começaram se preparar para irem embora. Sem saber onde enfiar a cara, o dono do restaurante se desculpou muito, disse que ia acabar com elas e logo, os executivos foram embora. O senhor Bariloche chamou a polícia, foi na porta da academia e quando chegaram lá, a Melanie estava com outra roupa lá dentro quietinha, debochou dele e provocou, o ficante de sua amiga garantiu que os três estavam juntos todo o tempo, nada aconteceu com elas, mais ele ameaçou se vingar, jurou não deixar quieto.
A notícia se espalhou na internet e as pessoas estavam comentando adorando, inventando nomes para o grupo misterioso, no caminho pra casa os executivos e melhores amigos estavam conversando sobre o investimento que pretendiam fazer, apesar de sócios os planos eram diferentes e estavam discutindo a meses sobre aqueles terrenos, o Madero disse que descobriu pelas redes sociais quem eram pelo menos duas das dançarinas e que a da bun.d.a maior parecia ser " caliente " demais, mostrou um vídeo da Melanie dançando e ficou assistindo vários, incomodado com o barulho do celular, o Nico falou
- Meu amigo, de bom nesse tipo de mulher é só a bun.d.a isso se ela quiser dar. Porque a xox.o.t.a não deve valer de nada! E o cérebro deve ser do tamanho de uma ervilha. Você tem quinze anos? Desliga essa perturb.a.ç.ã.o, estou com do.r de cabeça, preciso decidir se vamos ou não fechar negócio. Derrubando tudo, o gasto é maior, mais a qualidade também, esses prédios não estão bons suficientes para o projeto.
O Madero disse ainda assistindo
- Você é muito insistente e egocêntrico. Vamos fazer uma aposta, eu sei que você gostou da professora . Quem a levar para a cama primeiro ganha, um acordo de cavalheiros, eu só vou concordar com as suas idéias seja lá oque for. Isso se eu não ganhar!
O Nico falou irritado
- Como se isso fosse possível de acontecer, esse seu otimismo me deixa muito irritado.
Madero respondeu
- Mais você não vai ficar assim para sempre, eu só quero te ver bem. Vamos vai, voltar aos velhos tempos!
Se você dormir com ela, faz oque quiser com os terrenos, derruba tudo e se diverte e se eu dormir, a academia fica, você sabe que eu simpatizo com a dança e se não fosse meu pai, talvez eu estaria lá militando com aquele grupo. Também se abrir algo que venda comida popular barata, os alunos de lá vão virar nossos clientes e isso é bom.
Frustrado o Nico disse que ia apostar, pra o fazer ficar quieto de uma vez e que gastaria todo o dinheiro do projeto pagando a professora pra tran.s.a.r com ele se preciso fosse, o Madero falou animado
- Ae sim, esse é meu amigo feroz letal caçador, então está feito. Vamos enrolar o Bariloche e enquanto isso, investir na rainha do rebolado, deixa eu te mostrar só um vídeo, só um por favor vai. Essa mulher me faria levantar do caixão é sério, o volume na minha cueca cresceu vendo ela dançando. Ahhhhh eu vou homenagear ela antes de dormir! E você? Tem feito isso? É sério, pode falar comigo, sou seu irmão. Só não vou b*******a pra você, mais eu acho que é preciso se esforçar, isso não é permanente. Você precisa voltar a ser o Nico de sempre!
Desanimado ele falou que era fácil falar e não viver um castigo tão grande, mais que ele estava sendo punido e sem motivo, porque nunca fez m.a.l a ninguém pra merecer tanto sofrimento. Os dois voltaram falar de trabalho e ao se despedirem o Madero ressaltou que a aposta era pra valer, coisa séria, perguntou se o " insaciável " estava realmente dentro, ele respondeu irônico
- Pra não perder pra você, sou capaz de fazer qualquer coisa.
Animado o Madero disse que não ia jogar sujo e que ia dar uma vantagem, só pra ele se recuperar da última aposta, que lhe rendeu um noivado frustrado.
No dia seguinte a Melanie foi a casa de seus avós, fez faxina e o almoço, enquanto tomava banho não viu uma ligação de número restrito e ficou curiosa pra saber quem era, estava calor e ela foi se trocar pra sair, colocou um top curto que parecia sutiã verde neon, shorts saia de malha preto e tênis verde com branco, ao mandar uma foto para seu noivo Ruan, que morava fora do Brasil, se sentiu trist.e, disse que não estava se aguentando de saudades, ele sempre demorava pra responder e isso a chat.e.a.v.a, era difícil estar longe e sempre solitária. Ela morava em uma casinha de fundos pequena em um bairro de periferia, se sustentava sozinha e ajudava os avós financeiramente também. Era domingo estava um lindo dia e ia ter um evento no parque botânico, o pessoal da academia ia participar de uma aula de zumba aberta a todos, também tinham grupos de capoeira, dança de rua, muitas crianças e famílias passeando. Mel chegou logo depois do almoço, com uma colega e foram conversar com o pessoal da capoeira, ela postou várias coisas nas redes sociais e divulgou o evento, chamando a galera pra ir, estavam na roda cantando, ela foi tocar berimbau, postou foto, se divertindo ainda dançou reggaeton com um colega e as pressas atravessou o parque correndo pra ir fazer a zumba, no caminho trombou com um rapaz e ele se molhou, derrubou cerveja nos dois, toda acelerada ela falou querendo rir
- Moço me desculpa. Molhou muito? Eu compro outra pra você.
Muito simpático ele falou rindo
- Não, eu estava distraído, não vi você vindo como um foguete na minha direção. Tudo bem? Se molhou também! Nossa.
Ela disse andando o chamando
- Vem, vamos ali eu p**o outra, só vamos rapidinho, estou atrasada. Aí dro.g.a vão começar sem mim! Não não não. Moço eu não vou fugir, sem devolver a cerveja.
Ele estava rindo do desespero dela, falou que também não ia fugir, que ia ficar muito tempo lá ainda, a segurou pelo braço e falou
- Qual seu nome? Pra eu te cobrar depois.
Ela disse rindo
- Mel e o seu?
Ele falou que era Dom, ela deu risada e saiu correndo, foi se lavar com a água da garrafinha, de não muito longe ele ficou olhando, tomando outra cerveja, os olhares se cruzaram, ela deu tchau, ele levantou a mão mostrou a lata, ela disse rindo pra uma amiga que estava perto
- Eu derrubei cerveja no moço e caiu em mim. Sou um liquidificador sem tampa mesmo!
A amiga respondeu
- Que gatinho em? Uau, corpo sarado, Mel ele tá te olhando ainda, porque pra mim não aparece um gato desses pra eu trombar meus peit.o.s na cara dele? Aff.
Com deboche ela respondeu indo no palco
- Porque você é solteira e Deus não dá asas a cobra bobinha. Vamos logo!
Foram dançar e demorou pra acabar, as meninas da academia estavam vendendo rifas e doces, oferecendo a quem participou, a quem estava perto, a Mel estava com uma tigela cheia de brigadeiros, um menino se aproximou perguntou quanto era e contou as moedas com dificuldade, ele tinha menos de um real e o brigadeiro era três reais, ele falou triste
- Moça esse dinheiro é pouco né? Se eu não tivesse comido o dogão ia ter pra comprar o brigadeiro.
Ela piscou fez charme, deu um brigadeiro e pegou as moedas, atrás dela bem perto o Dom falou com deboche
- Eu ia trocar a cerveja pelo doce do menino.
Sem graça ela disse se virando pra ele
- Imagina, vamos lá, ou quer os brigadeiros? Em troca?
Ele disse que ia querer a cerveja, se ela também fosse tomar uma junto, ela gritou com uma colega o interrompendo
- Aleeeee vamos trocar!
Ele ficou quieto, ela falou
- Desculpa, a gente tem que vender as rifas logo, quer comprar um brigadeiro? Eu não bebo!
Ele foi pegando a carteira, perguntou quanto custava, pegou quatro e deixou o troco de cortesia, a Ale se aproximou falando irrita.d.a
- Você não vai acreditar, estão inventando que não tem dinheiro vivo, só porque a gente não aceita transferência. Sacanage.m na moral !
Tem uma cartela inteira ainda aqui, a Mel falou otimista
- Calma, vamos conseguir. Falta oferecer do outro lado da ponte! Vamos lá, vou com você. Dom, eu realmente preciso ir, daqui a pouco o povo some e a gente fica de mãos abanando. Quer a cerveja?
Ele pediu a rifa, falou olhando os nomes
- Não precisa pagar cerveja nenhuma não. Posso ajudar vocês? Sou bom de lábia, eu vendi até uma casa pegando fogo uma vez. Sério! E eu aceito transferência, aí dou em dinheiro pra vocês, pode ser?
A Mel disse que toda ajuda era bem vinda, ele se afastou, foi falar com um grupo de senhoras, conversou bastante rindo, apontou na direção da Mel até, ele só ofereceu para mulheres e elas marcaram todos os nomes na rifa, nem demorou muito, ele voltou entregou completa, a Ale falou animada
- Você foi um sucesso uauuuu, vamos oferecer o resto dos doces? Você é meu novo sócio!
Ele deu risada, falou mexendo nos bolsos
- Só tem um probleminha. Não tenho o dinheiro, em mãos, não todo. E eu quero comer um dogão! Com o dinheiro que eu tenho, mais vocês não iam usar hoje, ou iam?
Ficaram apreensivas com medo de terem perdido tudo, a Ale falou que precisavam entregar tudo junto, ele respondeu irônico
- Então guarda a rifa ué, até amanhã. Quer meu RG? CPF? Eu vou sacar e levo pra vocês, a gente pode se encontrar, Mel. Amanhã!
Ela estava distraída mexendo no celular, falou que morava longe, ele falou a encarando com deboche
- Longe de que? Eu nem falei onde queria te encontrar.
Sem graça notando que ele estava com maldad.e, ela falou séria
- Longe de tudo, meu bairro é onde o gato de botas, as perdeu. Vamos ver com as outras Ale, quanto falta.
Ele se justificou também mais sério
- Desculpa, eu não pensei dessa forma, pode ficar com oque eu tenho, como garantia e amanhã eu vou te levar o resto, em qualquer lugar. Eu prometo! Não vou sumir com as transferências de vocês.
O clima ficou estranho, a Mel pegou o dinheiro das mãos dele, deu para a outra e falou quando a menina se afastou
- Posso te pagar um lanche? Desculpa por isso, é que o negócio da rifa é sério, a gente tá tentando levantar a academia e gastamos oque não podíamos no fiado ontem. É uma longa história! Você foi super legal em ajudar. Eu nem te contei tudo direito!
Muito simpático ele disse que aceitava o lanche e ela podia contar, a história por trás das rifas. Ela foi pegar a mochila, ele fez piada sobre o tamanho, ela respondeu
- É quase isso, uma mala. Eu tô sempre indo de um lugar pra outro, como moro longe e trabalho mais longe ainda, eu sou precavida. Mais e você? Veio sozinho pra cá? Gosta de zumba? Capoeira?
Ele falou que gostava de tudo, mais que tinha ido encontrar um amigo que desmarcou, perguntou se ela era sócia ou dona da tal academia " Lala dança " ela respondeu rindo muito
- Aí não, quem me dera, é la danse, eu dou aula lá, sou voluntária também. Lala dança, que engraçado. E você? Faz oque da vida?
Ele disse que trabalhava de motoboy, fazendo entregas para empresas fixas e as vezes levava comida também, perguntou mais sobre a academia, ela começou falar mostrando fotos
- Tudo começou a muito tempo, eu amo a dança é algo genuíno pra mim, não me vejo vivendo sem isso, é como respirar. Comecei no ballet com quatro anos e minha mãe era rainha de bateria, ela era tipo uma celebridade pra mim, eu a admirava demais, sonhava em ser como ela e não ligava de ficar jogada com os meus avós, pois eles eram incríveis e eu desde pequena ouvia, que minha mãe precisava trabalhar, viajar, pra sustentar a gente, era a vida dela dançar, voar livre, ficando em casa comigo, ela morreria. Não de fato, eu digo, os sonhos, entende?
Ele respondeu nitidamente interessado
- Claro, a gente precisa se apegar a algo. Eu super entendo. Desculpa perguntar, mais você a perdeu?