CAPITULO 5

1239 Words
Após a intensa luta com Dante, Don Salvatore ordenou que Federica me levasse de volta ao quarto para que eu pudesse tomar um banho. Eu sabia que tinha um almoço com as outras jovens das famílias pertencentes à Ndrangheta, e não podia me apresentar para a ocasião em meu estado atual. Federica preparou a banheira enquanto eu tirava minha blusa e a calça capri, revelando os contornos de meu corpo cansado pela luta. Entrei na banheira e suspirei ao sentir a água morna relaxar meus músculos tensos. Federica, preocupada, começou a questionar minha escolha de lutar contra Dante. Enquanto a água me envolvia, eu levantei uma sobrancelha e respondi: "Eu ganhei dele, Federica." Ela balançou a cabeça, visivelmente nervosa, e continuou: "Mas o que você ganhou com isso, Catarina? O que vocês conseguiram resolver com essa luta?" Eu afundei na banheira e respirei fundo, ponderando suas palavras. "Eu ganhei o respeito dele, Federica. Ele não vai mais me chamar de Bambi." Federica suspirou, parecendo preocupada com minha atitude. "Catarina, você não deveria ter feito isso. Foi uma loucura." Eu dei de ombros, aceitando que para os outros parecesse insano, mas eu sabia o que estava fazendo. "Pode ser loucura, Federica, mas pelo menos coloquei Dante em seu devido lugar." Eu continuei tomando meu banho, sentindo a água escorrer por meu corpo, enquanto refletia sobre os momentos da luta. Havia algo naqueles olhos de Dante, na proximidade de nossos rostos durante o confronto, que mexera comigo de uma maneira estranha. Federica insistiu. "Você precisa ser mais cuidadosa, Catarina. Don Salvatore não gostou nada disso, e você não pode se dar ao luxo de irritá-lo." Eu acenei com a cabeça, compreendendo as preocupações de Federica. Afinal, ela era mais do que minha dama de companhia; era uma amiga próxima e confidente. "Eu sei, Federica. Vou tomar cuidado. Mas não podia deixar Dante me desafiar sem uma resposta." Federica parecia resignada com minha resposta, mas ainda preocupada. Ela continuou a cuidar de mim, ajudando-me a lavar o cabelo e a pele. Enquanto a água escorria, as imagens da luta tomaram minha mente. O rosto de Dante tão próximo do meu, sua respiração ofegante contra a minha pele. Havia algo naquele confronto que mexeu comigo de uma forma estranha, algo que eu não conseguia compreender completamente. Era como se, sob a superfície da raiva e da rivalidade, houvesse uma tensão inexplicável entre nós dois. Eu sabia que teria muito o que enfrentar no meu caminho na máfia, incluindo meus próprios irmãos. No entanto, eu não estava disposta a recuar. Eu era uma Piromalli, uma Mancuso, e estava determinada a mostrar que pertencia a essa família tanto quanto qualquer um deles. Parte superior do formulário *** Depois de meu banho relaxante, Federica me ajudou a escolher uma nova roupa para o almoço com as outras jovens das famílias pertencentes à Ndrangheta. Optei por um vestido bege elegante, que destacava minha feminilidade sem ser muito chamativo. Eu me sentia confiante e pronta para enfrentar a situação. Assim que fui considerada adequada, fiz o caminho até o motorista, que prontamente abriu a porta para mim entrar no Maserati Levante. A mansão ficava para trás, e eu seguia em direção ao Tribeca, o local onde o almoço seria realizado. Ao chegar lá, deparei-me com um grupo de jovens que tinha uma aura de poder e influência. Fioreza Pelle-Vottari, Antonella Nirta-Strangio, Cinzia Barbaro, Elma Condello, Donatella Morabito e Giulia Ruga estavam todas presentes. Cada uma delas tinha mais ou menos a mesma idade que eu e eram as filhas dos chefes das famílias mais importantes da 'Ndrangheta. Aquele almoço não era apenas uma refeição casual; era uma forma de marcar território para os Mancuso e, claro, para mim mesma. Com um sorriso caloroso, abracei cada uma das meninas. Afinal, a política da máfia não excluía a camaradagem entre as jovens. Era importante manter boas relações, mesmo que soubéssemos que, no futuro, nossos caminhos poderiam se cruzar de maneiras mais complexas. Durante o almoço, conversamos sobre diversos assuntos, incluindo meu aniversário, que estava se aproximando. Elma Condello comentou animadamente que seria o maior evento da temporada, e eu assenti com um sorriso. Fioreza Pelle-Vottari, sempre prática, disse que já havia preparado sua roupa e sua máscara, já que a festa seria um baile de máscaras. Donatella Morabito, com um olhar curioso, perguntou se deveríamos ficar de máscaras o tempo todo. Eu sorri e expliquei: "Não, meninas. A tradição é que só retiraremos as máscaras à meia-noite. Até então, todos manterão o anonimato. Será uma surpresa para todos." Antonella Nirta-Strangio, sempre com um toque de humor, brincou: "Isso significa que só beijaremos alguém após a meia-noite, para não correr o risco de beijar algum rapaz feio." Rimos juntas, compartilhando uma cumplicidade que só as filhas das famílias da 'Ndrangheta entendiam. Enquanto saboreávamos nosso almoço, a conversa entre as garotas continuou animada. Giulia Ruga soltou uma sugestão provocativa que nos fez rir. "Se nos organizarmos direito, meninas, é possível que cada uma de nós saia da festa de aniversário da Catarina com um Mancuso!" Fioreza Pelle-Vottari, com um sorriso travesso, acrescentou: "É verdade, Catarina tem quatro irmãos. Tem Mancuso para todas nós!" As demais, Antonella Nirta-Strangio, Cinzia Barbaro, Elma Condello e Donatella Morabito, concordaram empolgadas. As jovens trocaram olhares cúmplices e então gritaram em coro: "Dante!" A discussão ficou acalorada, e elas começaram a debater quem havia mencionado o nome de Dante Mancuso primeiro. Revirei os olhos com a conversa, achando tudo aquilo um tanto fútil. "Meninas, parem com isso. Dante nem é tudo isso." Elas me olharam surpresas, e Cinzia tomou a dianteira, argumentando: "Catarina, você só diz isso porque ele é seu irmão. Você não consegue vê-lo como nós vemos." Intrigada, perguntei: "Como vocês o veem, então?" Uma a uma, começaram a enumerar os atributos físicos de Dante. Fioreza elogiou seu peitoral definido, comparando-o a algo saído de uma revista. Antonella concordou com empolgação, admitindo que quase caiu de sua scooter ao vê-lo correndo pela orla. Elma descreveu seu sorriso como perfeito. Eu franzi a testa, incrédula. "Elma, você está mentindo. Dante não sorri." Cinzia interveio, defendendo a amiga. "Eu estava lá quando ele sorriu, Catarina. Uma vez, em uma festa, ele foi super simpático." Balancei a cabeça em desacordo. "Isso não pode ser o Dante. Dante é carrancudo, chato, irritante, gosta de implicar, é insuportável!" Fioreza riu e disse: "Ainda bem que Catarina não olha para o Dante com outros olhos, ou não teríamos a menor chance contra ela." Eu ri junto com elas, mas depois comentei: "Mesmo que eu o visse assim, ele jamais olharia para mim desse jeito. Dante sempre deixou bem claro que não me suporta." Cinzia, então, ponderou: "Às vezes, essa raiva dele pode ser apenas amor reprimido, sabe? Vocês são irmãos, mesmo que adotivos. Às vezes, a forma como ele age pode ser uma maneira estranha de mostrar afeto." Balancei a cabeça, discordando. "Não, não acredito nisso. Além disso, ele é muito mais velho que eu. Aposto que ele me vê como uma garotinha." As outras garotas continuaram a debater sobre o relacionamento entre Dante e eu, enquanto eu mantinha minha convicção de que ele era simplesmente insuportável e que a ideia de qualquer sentimento diferente por parte dele era completamente absurda. Mesmo assim, a conversa descontraída sobre o assunto me fez pensar em Dante de uma forma que eu não estava acostumada, e uma sensação estranha começou a surgir dentro de mim.
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