Dirigir o carro barulhento do meu pai ao mesmo tempo que ouço as inúmeras histórias que a Laura fala é quase uma missão impossível. Enquanto eu tento entender algo que ela conta com muita naturalidade, o meu celular toca, sinalizando uma mensagem. Não sou tão rápida como deveria e a Laura pega o celular que estava próximo à marcha do carro. Ela lê em voz alta a mensagem: — “Soube que a reunião foi um sucesso. Eu te disse que daria tudo certo!”— Ela pausa e entoa a voz no máximo de ironia que consegue: — Theo! Eu respondo: — Você é uma maluquinha mesmo! — Não mude de assunto, o que vai responder? — Ela se prepara para digitar. — Me diga, que eu escrevo. Eu grito, desesperada: — Nãooooo. Ela sorri e fala: — Se eu não posso responder, significa que você tem algo a me esconder. — Não