Milena Narrando,
Louca estressada, perturbada e com uma pitada de loucura misturada com obsessão, muitos me julgam antes de me conhecer ou apenas tem medo de se aproximar e eu não reclamo, na vida que eu levo quanto menos gente você se apegar melhor, eu sempre fui muito intensa e corajosa, mas aqui dentro ainda tem aquela menina sonhadora que ninguém foi capaz de conhecer, minha vó é a minha unica família, apesar de ter uma tia e uma prima distante, é assim que eu desejo que elas fiquem distante e quanto mais melhor, não nos damos bem e estão sempre dispostas a me tirar do sério, eu ainda relevo pela minha vó que apesar de afrontar elas diariamente também é a família dela, então eu ainda uso o resto do meu alto controle. Porém a minha prima está sempre disposta a testar novas formas como se deve morrer, o motivo se chama Eduardo, é claro que se ele se apaixonar por outra pessoa mesmo eu querendo sumir com ela eu terei que respeitar, mas eu gosto dele e gosto muito, e minha prima sabe todos no morro sabem sobre o penhasco que eu tenho por ele, e ele bom não da a mínima pra isso, alguns rapazes daqui já deixaram claro que querem estar no lugar dele, mas meu coração ainda é teimoso o bastante e insisti em gostar apenas dele sem dar brecha para que outro se aproxime, eu tendo ser passiva e não mostrar autoridade sobre ele, mesmo que a minha obsessão me deixa a ponto de cometer uma loucura, ele faz a faculdade dele e tem os amigos dele, é como se tivesse uma outra vida fora do morro e ele parece gostar bastante dessa sensação, desse conforto e alívio que é viver fora da realidade do morro, seus pais tem um mercadinho aqui e ele ajuda quando chega da faculdade, é raro quando vou lá e quando vou ele quase não me olha nós olhos, e isso me incomoda, tivemos um momento juntos no passado quando meu pai ainda era vivo, foi a semana mais incrível e intensa que eu já tive. Ai tudo desandou, ouve um confronto meu pai foi ferido e não resistiu, eu precisei assumir o comando e ele bom, deixou claro que essa não era a vida que ele queria seguir, pois não saberia lidar com todas as situações de confronto, eu entendo claro, mas ainda sim meu coração insiste em ser teimoso, insisti em continuar sentindo vontade de voltar no tempo naquela semana e vivenciar tudo de novo, mas sei também que são apenas momentos que estão gravados em mim e que talvez ele nem se quer se lembre.
Estava tendo a liberação dos novos matérias da ONG, ele ajudava a entregar já que o mesmo tem um projeto lá, eu fazia a liberação e observava ele, a conversa sempre formal de mais sem contato visual, e isso me deixava tão angustiada, quando estava quase acabando observei como ele era gentil com todos e conversava amigavelmente com as outras meninas sem se importar com nada, e entendi que era somente comigo que ele queria manter uma certa distância, minha obsessão queria ver sangue, mas eu ainda tinha um lado racional e foi ele que me fez sair sem ser notada, apenas andei até aonde deixei minha moto e desci o morro passando pelo beco direto, assim quem estava na principal não iria me ver. Andei sem rumo por um longo tempo, até parar em uma praia, o sol já estava se pondo e apenas me sentei na areia, meu coração batia acelerado e a vontade de sequestrar ele gritava em mim, meu telefone tocava e as mensagens não paravam de chegar, a pagina de fofoca bombando e eu li bem atenta, mas ainda sim não voltei pro morro, talvez era eu quem estivesse precisando de um tempo.
O vento frio começou a me incomodar e quando percebi já era quase três da madrugada, eu segui até a minha moto e voltei pro morro agora mais devagar, não tinha pressa, de longe eu via a minha comunidade e sentia orgulho por conseguir manter a minha promessa ao meu pai de cuidar e proteger das pessoas ali. Mesmo que isso custe a minha felicidade pois essa é a minha realidade, contra isso não a nada a ser feito.
Ao subir o morro eu vi que a luz do quarto do Eduardo estava acessa, e pelo barulho da minha moto eu vi ele aparecer na janela, eu ainda vou confronta-lo, pois pode até ser coisa da minha cabeça mas eu não costumo me enganar. Entrei em casa e senti algo duro bater nas minhas costas, e já fui pegar a minha arma.
— Ta pensando que aqui é a casa da mãe joana, que sai sem avisar e volta quando quer.
Misericórdia vó, eu quase te acerto um tiro, o que foi isso que jogou em mim?
— Minha chinela, ela voa e acerta o alvo direitinho, aonde você se enfiou que sumiu sem avisar, eu já estou de idade.
Verdade ta velha mesmo.
— Velha é a sua vó.
E você é o que?
— Calada que você foi adotada.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas é sem juízo mesmo né, se meu pai escutasse isso ele te expulsava daqui.
— Aquele corno, nem parecia meu filho, mas ainda não me respondeu.
Eu só fui dar uma volta, precisava por a cabeça no lugar, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
— Não me venha sofrer por macho não em, mas aquele Eduardo é um b***a mole mesmo em, aonde já se viu deixar um mulherão desse solta por ai.
Você é exagerada em, mas me fala ta acordada até agora porque?
— Sua ingrata eu estava preocupada.
Tava nada, você estava era bebendo e jogando cartas com as fofoqueiras da rua que eu sei.
— Me caluniando uma hora dessa, eu vou dormi porque não tenho nem mais idade pra isso.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Se doeu né.
— Milena eu te acerto em, vai dormi abusada.
Benção vó
— Deus te abençoe, vai descansar e para de pensar no Eduardo, amanha eu vou lá infernizar ele naquele mercadinho espera só. - Eu rir pois sabia que ele iria mesmo e o pobre coitado iria rezar muito para que alguém tire ela de lá, bom eu que não vou lá ou talvez eu vá e o trate diferente de todas as vezes quem sabe assim ele não se situa.
Amanhã será um bom dia.