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Sentindo os raios solares se refletirem contra meu rosto,tive a certeza de que era um dia ensolarado e perfeito para se curtir em uma saída relaxante e prazerosa. Os lençóis que cobriam meu corpo foram afastados por minhas mãos e jogados para o lado vazio de minha cama,o despertador sobre meu criado mudo marcava ser nove horas da manhã: havia um relógio ao lado que tinha duas iniciais,um porta retrato também disputava por um pequeno espaço ali. Duas pessoas estavam sorrindo na direção da câmera.
Com um suspiro, pisei naquele chão, pude sentir a corrente elétrica atingir meu corpo e me levantei de minha cama tendo em mente seguir para o andar de baixo,e foi exatamente o que fiz. Descendo o último degrau da escada,pude encontrar brinquedos espalhados por todo canto, papéis com desenhos infantis e aleatórios estavam tomando espaço em meu caminho até a cozinha, ursos de pelúcia estavam jogados no chão e marcas de giz de cera eram desenhos em minhas paredes. Algo surpreendente,porém, adoravelmente apaixonante.
Adentrando em minha cozinha, ouço gargalhadas infantis e gostosas de se ouvir: era meu pequeno Zack,meu filho! Ele era a coisinha mais linda do mundo: seus olhos em um azul oceano,seus cabelos tão negros quanto a noite, sua pele clarinha e macia. Realmente fizemos um excelente trabalho.
— Mamãe! — seu gritinho agudo me arrancou um sorriso,e ao lhe ver pedir para descer do colo de seu pai somente para correr em minha direção logo em seguida,me afastei do batente da porta e abaixei-me em sua altura.
— Como meu príncipe está? Dormiu bem,meu bebê? — o pegando em meu colo,beijo seu rostinho infantil.
— Papai disse que podemos brincar no parque — com sua voz embola, devido sua idade, Zack comentava cheio de euforia.
— Mas para isso acontecer, você precisa tomar seu café da manhã — apontou para a mamadeira com sua vitamina.
Zack fez careta e se deitou em meu ombro enquanto começava a brincar com minha orelha,um hábito que tinha e conseguia me relaxar de todas as minhas frustrações que tenha tido durante o dia. Meu filho era minha melhor parte,era minha claridade no meio da escuridão,minha salvação entre as trevas que me cercavam. Na época, poderia ter sido complicado e ter me feito pensar que não seria uma boa hora,mas engravidar do meu menino se tornou minha melhor conquista,minha melhor fase e meu objetivo maior. Zack Miller é o meu mundo inteiro,minha vida e meu respirar.
Sentando-me em uma daquelas cadeiras, coloquei meu filho sentadinho em meu colo enquanto acariciava seus cabelos com uma de minhas mãos. Meu olhar estava nele,minha mente me questionava em como poderíamos ter chegado onde estávamos,me perguntava como nossa situação se tornou algo tão... inexplicável. Termos tido um filho juntos,ter lhe feito se tornar parte da minha vida, tudo isso havia se tornado um desafio para mim, conciliar tudo isso foi um verdadeiro desafio. Então restava a pergunta: até quando tudo permaneceria presente?
— Ele acordou animado, parecia estar elétrico! — murmurou levando sua xícara até seus lábios avermelhados e atrativos.
— Disse para não lhe deixar comer doces, sabe que ele fica impulsivo — repreendi esboçando um sorriso divertido ao imaginar como tenha sido horas atrás.
— A melhor parte é que ele se torna um gatinho carente. Sei que adora quando isso acontece — olhou em minha direção e sorriu lindamente.
— Às vezes não consigo acreditar em tudo isso,sabe! Às vezes,me pergunto como pudemos ter feito algo tão perfeito,me pergunto como chegamos a esse nível. Temos um filho! — desabafei expondo meus pensamentos sobre aquela situação.
— É incompreensível,o destino e o futuro não é algo que se entende com clareza. Mesmo que exista um grande nível de inteligência em nossas mentes, jamais conseguiremos viver compreendendo o que a vida está nos proporcionando indiretamente. Somos seres humanos.
Concordando com sua forma de visualizar o mundo a sua volta e explicar brevemente o porquê de estar me sentindo perdida e deslocada da situação que está diante a meus olhos, suspiro. Zack dormiu em meu ombro enquanto sua respiração estava entre meu pescoço e ombro,era realmente adorável saber que essa criança havia sido gerada por mim, impressionante ao perceber que fui capaz de ter um filho. Realmente não estava sendo a antiga Malia,estava sendo alguém que muito almejei.
— Imagine, tivemos criações tão diferentes,porém optamos por coisas semelhantes: enquanto você servia o bem,eu fui treinada para fazer do mundo o meu maior inimigo — desviando meu olhar para os cabelos de meu filho — acho que,assim como temos algo em comum, temos muitas coisas que nos difere. Somos o oposto um do outro.
Em meio a poucas palavras esclarecedoras e optando por deixar o passado onde deveria estar, terminamos nosso café da manhã enquanto Zack se mantinha dormindo em meus braços. E no momento em que me levantei sendo seguida pelo pai do meu filho,senti seus braços contornarem minha cintura e a apertar por baixo daquela camisa social que cobria metade das minhas coxas,seus dedos fizeram uma pressão gostosa que fez-me arfar pesadamente.
— Podemos curtir o dia com o nosso filho,e transformar a noite em algo somente nosso. O que acha? — murmurei em meu ouvido para em seguida, deixar uma mordida no lóbulo de minha orelha.
— Acho uma excelente ideia!
Não teve uma contagem de tempo longa,apenas o bastante para que tomasse um banho relaxante e me arrumasse, enquanto meus dois meninos também realizavam o mesmo ato. Saindo de meu quarto seguindo para o do meu filho,o encontrei sentadinho em seu berço, brincando com algumas pelúcias de super-heróis,algo que Logan lhe presenteou no aniversário de dois anos - à três meses atrás.
— Meu amor... Como você está lindo,meu príncipe! — o pegando em meus braços,distribuindo beijos em seu pescoço,o que lhe fez gargalhar de maneira gostosa.
— Papai me deu banho — em sinal de euforia e com suas palavras em processo de melhora,Zack bateu palmas de forma alegre.
— Meu menino está cheiroso...— ouvi sua voz atrás de mim — sou o melhor pai que poderia ter escolhido para seu filho, não concorda?
Rindo de suas palavras,me virei para si podendo o encontrar usando um estilo casual, mas não passava despercebido o quão bem aquelas roupas lhe caiam. Sorrindo abertamente,deixo um selinho em seus lábios e seguro em sua mão enquanto sustentava meu menino em meu colo com a outra. Lhe puxando para fora do quarto, tomamos direção para a sala de estar.
Ter essa vida não foi o que planejei,na verdade,acho que nunca planejei o que realmente gostaria de ter em anos,pois era óbvio que as chances eram mínimas de se conquistar algo que realmente valha a pena. Vivi muitas coisas que me fizeram pensar em ter uma morte antes do provável,antes mesmo do tempo que todo ser humano possui. Então,estar vivendo algo assim, é algo que me faz agradecer mentalmente por ter tido um pouco mais de tempo nesse mundo,nessa vida e ao lado de pessoas que amo e protegerei com tudo que exista dentro de mim.
Em um parque infantil em frente a uma cafeteria, favorita dos dois homens da minha vida,me sentei no gramado um pouco distante de ambos e os observei brincando alegremente. Desde que nosso filho nasceu,minha vida ao seu lado mudou completamente,tudo se tornou mais intenso,mais alegre e feliz,posso dizer assim.
— Mamãe!
Olhando para meu filho que chamou por mim enquanto corria em minha direção,me levantei indo a seu encontro e segurando em meus braços lhe enchendo de beijos o fazendo gargalhar de forma gostosa. Olhando para meu marido que nos observava a poucos passos,sorri em sua direção o chamando para um abraço.
— Eu amo vocês! — ao sussurrar em meu ouvido, senti um beijo em meu pescoço enquanto sua mão acariciava os fios negros de nosso filho.
— Também amo você e esse pequeno bagunceiro — voltei a encher meu filho de beijo.
Durante um certo tempo ficamos naquele parque nos divertindo com as brincadeiras e o sorriso de nosso filho. Mas ao percebermos estar ficando um pouco tarde, seguimos de volta para casa, não antes de passar na cafeteria e comprar alguns doces na parte da confeitaria. E no momento em que chegamos em casa,senti meu corpo trocar no lugar e um instinto protetor surgir.
Tomando frente a meu marido e meu filho que dormia no como do pai, busquei por um pequena arma que guardava em minha cintura. Mesmo que tenha escolhido uma vida diferente,sabia que haveria pessoas atrás de mim,tinha a certeza de que todo cuidado seria pouco, então andava armada, meu marido sabia disso e não discordava por termos um filho para proteger.
— Achou mesmo que seria fácil sair de tudo isso? — com seu tom sarcástico, Luke sorriu ao ver seus homens abordarem meu marido e meu filho por trás. Ele era esperto.
— Seu covarde,isso tudo é somente entre mim e você! — apontei a arma para ele.
— Se fosse você, baixava essa arma ou seu filho e marido sofrem as consequências — ameaçou apontando para trás de mim. Haviam armas apontadas para meu filho e marido.
Havia feito a pior besteira da minha vida ao apontar minha arma para ele,mas fiz uma maior ao disparar a arma acertando em seu peito. Ao ouvir dois disparos,virei-me para os dois homens armados e disparei contra si.
— Amor...
Olhando para ele,senti um nó se formar em minha garganta e lágrimas caírem molhando meu rosto ao ver duas manchas de sangue: uma em meu filho e outra em seu corpo. Deixando minha arma cair no chão,me aproximei rapidamente e os apoiei em meu corpo os sentando no chão. Não poderia perdê-los, não aceitaria que por minha culpa tudo que conquistei e as pessoas que mais amo em minha vida,estavam me deixando por erros do passado,mas que nunca deixariam de me atormentar.
Tocando nos fios de meu filho,o vi fechar os olhos e um último suspiro fugir de sua boca,assim como acontece com meu marido. Isso estava errado,nada estaria certo se tivesse de perder minha família,se tivesse de ver meu filho e marido morrerem diante de meus olhos e em meus braços.
Ouvindo um gemido de dor atrás de mim,me coloquei de pé enquanto as lágrimas ainda caiam e me aproximei após pegar uma das armas caída naquele chão, onde ainda estavam os brinquedinhos de meu filho. Olhando para Luke que estava baleado no peito,apontei a arma para si e disparei a descarregando completamente em seu corpo,o último disparo fiz questão de ser no centro de sua testa. Então, voltando a me aproximar dos homens da minha vida,permiti minhas pernas fraquejarem enquanto buscava por outra arma,e os olhando enquanto chorava culpada por tudo aquilo,levei o objeto até minha cabeça e disparei...