Cap 5: Um passo de cada vez

1726 Words
Observando atentamente os gestos que Digson fazia a cada segundo que preparava seus corredores,podia me lembrar perfeitamente de como era a sensação de estar atrás de um volante sentindo a adrenalina percorrer pelas veias de meu corpo. Apesar de ter sido momentos nos quais faço questão de esquecer,existia algumas partes nas que fazia-me sentir-se próxima a tudo que me tornei hoje,fatos nos quais não interferiam no que decidi ser. A forma que alterei meu jeito de pensar e a descrença nos seres humanos,fizeram com que minha mente estudasse minuciosamente cada pessoa,cada ser que atravesse meu caminho; a forma que os encaro podem expressar bem mais do que demonstro,o sorriso em meus lábios muitas vezes podem ser falsos e maligno,e a feição amigável pode estar carregando um monstro que deseja se libertar. Aprendi a ser fria e calculista,aprendi a enxergar as pessoas como elas realmente são,e não como desejo. Em meio ao tempo que fui privada,soube realmente do que somos capazes de tudo, o ser humano pode ser a presa ou um predador , ele segura uma arma e tem a decisão a tomar: ou puxa o gatilho,ou morre como um inútil que preferiu acreditar em alguém que lhe deu a sentença final. Eu seria a razão de implorarem por perdão e misericórdia, serei a ceifadora que os levaram para o inferno. Aquelas pessoas aguardavam a próxima corrida,a euforia em seus olhos e pedidos demonstravam o que realmente buscavam,pois apesar de estarem dando lucro para os corredores e desbancando suas contas financeiras,a diversão estaria em primeiro lugar em suas vidinhas miseráveis e decadentes. O cheiro de maconha e entre outras drogas estavam presentes,a grande quantidade de bebidas ultrapassavam qualquer corrida que já frequentei,pois naquele local estavam apenas pessoas de alto nível social,com dinheiro para distribuir nas ruas e nunca sentir falta. Empresários, advogados e entre outros se encontravam ali,porém conhecia muito bem tudo que poderia acontecer, então preferi ficar distante e apenas observava. Por ser uma área reservada,havia uma grande quantidade de seguranças que poderiam estranhar meu comportamento caso me aproxime do organizador, então optei por permanecer apenas observando de longe. — O que faz aqui,Princesa? Olhando para o moreno de braços tatuados ao meu lado, mantenho meu olhar avaliativo e investigador. Vestia roupas simples em comparação aos muitos outros homens aqui presentes, sua escolha era intrigante,pois ele usava uma calça jeans escuro com alguns rasgos,camisa social com as mangas dobradas até o cotovelo, usava um Rolex dourado - diria ser ouro legítimo - em seu pulso direito, cabelos negros como a noite estavam bagunçados pela brisa fria,olhos azuis avaliativos e questionadores me encaravam a procura de respostas, lábios avermelhados sendo pressionados pelos seus dentes perfeitamente alinhados e extremamente claros - ele estava flertando comigo - pequenos alargadores em suas orelhas lhe davam um ar bad boy,as tatuagens que cobriam as poucas partes a mostra de seus braços,transmitiam que,se fosse o caso de ser filhinho de papai,era uma dor de cabeça. Em meio a minha avaliação,pude enxergar apenas interesse em uma conversa prazerosa e um desejo escondido atrás de seus olhos. — Acho meio óbvio! — com uma resposta grosseira, retorno meu olhar até meu alvo. Digson estava diferente,parecia não ser aquele mesmo homem que conheci a anos atrás,sua forma de conversar e jeito de andar entrega insegurança e tensão. Ele estava atento,sabia que estava atrás de si e que não seria para uma simples conversa de amigos que não se vêem a anos, alguém havia o avisado sobre meu regresso e minha intenções, havia alguém agindo contra mim e tentando impedir meu objetivo. O que não sabem ou ao menos conseguem imaginar é que em meio a minha atitude vingativa, há algo que garante o sucesso em tudo que planejei, há algo que garante minha segurança e passos futuros: uma pessoa está de olho em cada possível traidor,está monitorando tudo que pode ser considerado suspeito. Leve o tempo que for,seja por mim ou por outro alguém, todos da minha lista pagaram por tudo que passei e senti ao estar sozinha e abandonada naquela penitenciária na qual lutei para sair viva e preparada para o der e vier. — Garota de língua afiada, gostei! — comenta com um sorriso de canto — seu namorado ou algo do tipo? — se referiu ao filho da mãe que estava observando desde que cheguei. — O que você quer? Chato pra c*****o! — esbravejo o encarando mais uma vez. — Calma! Estou apenas fazendo companhia para ti — explica com as mãos erguidas — está muito nervosa gata! Se quiser relaxar,no meu quarto há uma hidromassagem. Se pondo a minha frente,o homem sorri tocando em uma mecha de meu cabelo a colocando para trás e,com sua ousadia,se aproximou pondo-se entre minhas pernas por estar sentada no capô de meu carro, cheirando meu pescoço, sinto seus lábios quentes contra a pele quente. O empurrando para longe de mim, procuro por meu alvo,que não se encontrava entre os carros e corredores que se preparavam, certamente o filho da p**a teria percebido minha presença,pois não mudei muito com o decorrer dos anos, apenas amadureci. — Se me tocar mais uma vez... Atiro em você! — o ameaço ainda procurando aquele merda. — Sei onde ele está. Ao contrário de você, conheço cada canto desse lugar,meu pai é dono dessa pista e da mansão na entrada. — Onde ele está? — impaciente e irritada pela sua ousadia e sarcasmo, perguntei se segurando para atirar em si. — Tenho minhas condições, princesa... Primeiro diz seu nome. — Maya Lacerda — minto escolhendo pelo nome que tenho fascínio. — Tudo bem,vou me contentar com seu nome falso... Agora responde, por que está atrás dele? É policial ou algo do tipo? — seu sarcasmo foi substituído por seriedade. — Não, estou apenas resolvendo algumas cobranças. Agora diz,onde ele está? Sabia que viria mais algum pedido, porém estava apenas focada em ter uma conversa com o covarde que chamava de amigo. O olhar do rapaz sobre mim exibia além de luxúria,ele parecia querer entender o que exatamente estava acontecendo e quais eram as dívidas a serem acertadas com Digson,a curiosidade estava nítida. Não confiava nele,de primeira vista ele não me passou segurança,algo o entrega,o denuncia e me faz ficar atenta a cada gesto seu. Noventa por cento dessas pessoas ali presentes são traiçoeiras e esperam apenas um deslize para poderem atacar te destruindo,e esse cara não seria diferente. — Há um galpão a alguns metros dessa área — informa — ele está com meu pai e os sócios. Será uma péssima ideia os encomodar em um momento de negociações importantes,a menos que seja para lhes oferecer algo — adverti com um olhar malicioso. O deixando me observando enquanto me afastava,ignoro aquele olhar no qual não me incomodava e jamais poderia me intimidar,pois além de malícia, aquele homem tentava me causar medo e insegurança,a forma que tentava me submeter a seus questionamentos entregava o quão controlador poderia ser,seu jeito de agir e de ter se aproximado demonstra uma confiança ilimitada e que lhe proporciona um certo tipo de poder contra tudo o que tinha em mãos e deseja conquistar. Poderia ser filho de alguém poderoso,mas não era subordinado e muito menos acatava ordens vindas de alguém acima de si, é alguém que escolhi o que fazer e não se preocupa com o que seus atos podem lhe trazer como consequência. Ele é alguém que se deve manter por perto caso tenha um convívio frequente em seu meio, alguém que deve ser temido em relação a atos que possam gerar um certo tipo de concorrência. Não tenho medo de não me importo de colocar mais alguém em minha listinha de pessoas beneficiadas como minha atenção e prioridade. Atravessando aqueles enormes portões negros e resistentes que faziam segurança daquela extensa área. Sei que o encontrarei em algum momento,porém preferia garantir que não passasse desta noite,havia um único lugar no qual deveria voltar,um único lugar que sempre estava ao fim de uma noite lucrativa. Apesar de poder encontrar sua irmã que hoje, certamente estará com sete anos de idade, não deixaria essa oportunidade passar diante de meus olhos,e não iria lhe machucar, apenas a usaria para garantir que Digson não fuja e desapareça,pois apesar de odiar ter que procurar alguém, não o deixaria ter uma vida tranquila. Pode parecer obsessivo e psicopata,mas não deixaria de fazê-los sentirem um terço do que passei durante antes, não permitiria que tivessem uma vida tranquila. O rancor e ódio estava sempre aumentando,sempre ganhando intensidade a cada minuto e segundo que os vejo ou que simplesmente penso em ambos. Os odeio com todas as minhas forças. Estacionando o carro em frente a casa de Digson, sinto um sorriso surgir em meus lábios encontrar o carro de sua família em frente a garagem, certamente decidiram agir como pais do ano,pois desde que conheci aquele bastardo,seus pais o abandonou com a irmã e simplesmente saíram da cidade. Saindo de meu carro o deixando do outro lado da rua,tomo direção a porta daquela casa e toco a campainha,pois mesmo sendo quase duas horas da manhã, tinha a certeza de que atenderiam a porta. Dito e feito. — Em que posso ajudar? Olhando para a mulher mais velha à minha frente vestindo um Robe e os cabelos presos em um coque feito com certa agilidade,a empurro para dentro da casa pegando minha arma na cintura. Fazendo-a sentar-se em uma das poltronas, ouço passos vindo das escadas para segundos após,o pai e a irmã de Digson surgirem em meu campo de visão,os fazendo se juntarem a mulher a minha frente,abaixo a arma por causa da garotinha que me observava atentamente. — Não irei machucar vocês,apenas quero que dêem um recado para seu filho — informo sabendo que não poderia ficar ali por muito tempo — o tempo de tranquilidade dele está chegando ao fim e se caso fugir,irei atrás de todos aqueles que são importantes em sua vida,começando por vocês. Cidade ou país, não me impedirá de ir atrás. — O que meu filho fez a você? — a mulher perguntou. — O aviso está dado e se mencionarem a alguém ou até mesmo a polícia,mato cada um de vocês. Entenderam? Não quero os ferir,pois são pessoas que não cruzaram meu caminho, mas se necessário for, não irei apenas os machucar. Meu foco está em apenas algumas pessoas,mas posso ampliar minha lista.
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