— Você pode me dar um minuto, Nick? — pergunto assim que entramos no banheiro.
— Por quê?
— Não me chama de boba, mas é que eu preciso... — Droga! Por que eu me sinto tão sem jeito?
— Do que você precisa?
— Preciso olhar pra mim por um tempo... Eu... Você entende? Não. Você não entende.
Ele sorri e me beija na testa.
— É claro que eu entendo, Ellen. Eu te dou o tempo que você precisar.
— Obrigada. — dou-lhe um sorriso tímido.
Devo parecer ridícula. Estou prestes a t*****r com meu namorado e estou nervosa como se fosse a primeira vez que fazemos isso.
— Mas eu estarei o tempo todo aqui do lado de fora encostado à porta.
— Certo.
Nick sai do banheiro e fecha a porta devagar. Eu consigo me locomover muito bem dentro do banheiro. As modificações que ele fez foram ótimas. Ele não poderia ser mais atencioso.
Ligo o jato da banheira e deixo encher. Pego em uma das prateleiras um vidro de sabonete líquido e derramo uma boa quantidade na água. Um perfume maravilhoso enche o ambiente e me relaxa um pouco.
Sei que em uma das gavetas perto da pia tem velas aromáticas. Vou até ela, pego quatro e acendo, colocando uma em cada canto do banheiro. Com esse mínimo esforço, minha respiração acelera. Não importa o quão confortável e prática seja essa cadeira, se locomover com ela por um longo tempo é cansativo.
Depois de preparar o lugar, começo a me despir. Começando pela parte mais fácil. Minha blusa e sutiã saem facilmente como sempre foi, mas não consigo tirar meu short. Não posso erguer os quadris pra puxar para fora o tecido.
Tento uma porção de vezes, mas não posso. Eu não posso.
— Merda. — É inútil tentar fazer isso sozinha.
Apoio os cotovelos nos joelhos e abaixo a cabeça nas mãos. Vai ser mesmo difícil viver assim.
— Nick. — chamo.
— Estou aqui. — ele entra em um piscar de olhos.
— Preciso de ajuda pra tirar minha roupa. — digo sorrindo e com os olhos fechados.
— Hmm. — abro um olho apenas e vejo seu sorriso lindo e cheio de malícia — Interessante.
— Apesar da atmosfera, isso não é nada s****l Nick.
— Quem disse? — ele se abaixa e traça o dedo pela borda do short lentamente.
— Talvez seja bom colocar uma música lenta e sensual pra melhorar o clima.
— E com certeza apagar as luzes também.
Antes de perceber eu já estou nua.
— Ainda precisa de um tempo?
— Agora só com você.
Ele me dá seu sorriso mais sexy e me pega nos braços. Envolvo minhas mãos em seu pescoço e o beijo.
— Não se preocupe em me pedir qualquer coisa que seja, Ellen. Principalmente se for pra tirar sua roupa. — ele beija os dois lados da minha boca e meu queixo — Eu vou adorar fazer isso.
Apenas aceno com a cabeça e ele me põe na banheira. Desliga a torneira e começa a tirar a própria roupa, dando aos meus olhos um show e tanto.
Quando está gloriosamente nu, Nick entra na banheira atrás de mim e me puxa para apoiar as costas em seu peito. Beija minha nuca e meus ombros repetidas vezes.
— Só pra constar Ellen, nada no seu corpo mudou. Você continua sendo a fantasia de todos os meus sonhos eróticos.
Sorrindo, descanso a cabeça no ombro dele.
— É sério?
— Claro que sim.
— Então eu quero que mostre isso de todas as maneiras possíveis, ok. — peço mordendo seu queixo.
— Será um prazer.
Passamos uns bons minutos apenas desfrutando da companhia um do outro com brincadeiras, flertes e provocações. O Nick é ótimo em me provocar quando a atmosfera sugere algo s****l. Ele faz esse joguinho porque sabe perfeitamente que isso me esquenta. Mas o estranho é que apesar de sentir uma coisa muito boa com suas palavras e carícias, meu núcleo não está latejando como já era pra estar e o formigamento que normalmente sinto nessas situações com ele não está aqui.
— Tudo bem, Ellen? — ele sussurra.
— Tudo. Por quê?
— Sei lá. Você ficou tensa de repente.
Disfarço.
— Nada amor. Mas eu estaria mentindo se dissesse que não estou nervosa.
— Nervosa? — ele vira meu rosto para olhar pra ele — Comigo? Desde quando você fica nervosa quando está comigo?
— Exatamente. Esse é o ponto. Eu não sei por que estou nervosa, Nick.
— Então acho que está na hora de sair da banheira e ir pra cama. Vou fazer você relaxar.
Sorrio. É claro que ele vai. Se alguém nesse mundo tem o poder de me levar aos lugares mais distantes, esse alguém é Nicholas Hoffman.
Ele sai primeiro da banheira e em seguida me tira e me carrega nos braços até o quarto. Pingando água por todo o piso, ele parece não se importar com isso e me põe de forma delicada até demais em cima dos seus lençóis brancos de seda.
— Já faz tempo demais que não sinto sua pele íntima da minha. — ele me deposita um beijo no umbigo.
Essa é a hora. É agora que eu saberei se posso ou não lidar bem com a minha invalidez. Se eu puder ser a mesma de sempre com o homem que eu amo, então nada será forte demais, ou doloroso demais que eu não possa aguentar.
— Eu quero você, Nick.
— Eu sou seu. — ele segue uma trilha de beijos desde o meu umbigo até a minha boca — Eu sempre serei seu, Ellen.
Colamos nossas bocas em um beijo apaixonado e ardente. As mãos dele passeiam pelo meu corpo e as minhas pelo dele. Nick geme toda vez que arranjo seu peito, seu abdómen ou suas costas.
— Deus, eu te amo tanto. — digo entre nossos beijos.
A língua dele penetra minha garganta como se ele estivesse com fome e sede de mim. Mas tem uma coisa bem errada aqui. Em metade do corpo, eu sinto fogo e desejo. Na outra metade, eu não sinto nada. Absolutamente nada.
Eu já deveria estar sentindo uma enchente se formando no meio das minhas pernas, mas não. Isso não está acontecendo.
Ele por outro lado está e******o. Muito até. Posso sentir sua ereção na minha cintura, mas eu não me sinto excitada. Gosto do que ele faz. É bom. Chega a ser prazeroso, mas não é nada que possa fazer meu sexo vibrar.
O que está errado?
Ele não parece perceber isso porque continua a me beijar da mesma forma que sempre fez. Eu, porém, estou me sentindo meio desanimada com o que estamos fazendo. Na verdade eu nem sei se desanimada é a palavra certa pra usar nessa situação. Só sei que estou me sentindo muito diferente de antes quando nós dois transávamos.
Os lábios de Nick estão no meu pescoço, no meu queixo, na minha boca... em todo lugar. E minha cabeça está tão nublada por essa falta de sensações sexuais que nem percebo direito quando ele se acomoda entre minhas pernas.
— Estava ansioso pelo seu sabor, Ellen.
Me apoio nos cotovelos e vejo quando ele me lambe. Sinto sua língua no meu lugar mais sensível, mas não como algo que me faça delirar de prazer do jeito que esse tipo de carícia sempre fez, mas apenas como um toque qualquer em um lugar qualquer. Também vejo quando ele insere um dedo em mim e pela primeira vez desde que eu perdi a virgindade com ele, eu não estou encharcada com seu toque. Sei disso porque sinto o atrito do seu dedo com a minha parede vaginal. E ele percebe o mesmo porque mais uma vez uma viga se forma na sua testa quando ele a franze.
Não sei se devo falar alguma coisa ou se devo deixá-lo cuidar disso. Mas eu nem mesmo preciso me preocupar muito com essa decisão porque no momento seguinte, a língua dele já está entrando e saindo de dentro de mim em penetrações rasas.
Nem sei por quanto tempo ficamos assim antes de eu perceber que não importa o quanto ele me chupe, eu não ficarei lubrificada o bastante pra recebê-lo. Assim, puxo Nick pelos cabelos até que ele está com o rosto na altura do meu e o beijo. Mas o beijo não dura muito porque ele logo interrompe e olha pra mim como se pedisse desculpas.
— Talvez você precise de um pouco mais de tempo, Ellen. Sabe, antes da gente poder...
— Eu não sei o que está acontecendo, amor. — acaricio seus cabelos — Mas eu quero t*****r com você hoje. Eu preciso t*****r com você hoje.
— Ellen a gente pode esperar até você estar melhor e...
— Eu quero você hoje, Nick. — quase suplico — Por favor.
— Não, Ellen... — ele balança a cabeça.
— Você pode usar camisinha. — tento dissuadi-lo — Elas são lubrificadas e...
— Não. — ele interrompe de forma brusca — Eu não poderia usar camisinha com você outra vez.
— Eu preciso de você. — digo com algumas lágrimas querendo fugir dos meus olhos — Por favor, Nick eu preciso.
Eu preciso saber que ainda sou a garota que vai te dar prazer todas as noites.
Ele apenas olha pra mim.
— Por favor, Nick.
Eu preciso saber que não sou apenas a garota que você trouxe pra dentro de casa porque sofreu um acidente.
— Eu não vou usar camisinha com você nunca mais na minha vida.
— Nick... — as barreiras se rompem e algumas lágrimas caem.
— Existe outra coisa que pode ser usada como lubrificante.
O quê?
Ele senta-se nos tornozelos e vem andando de joelhos por cima de mim até estar com os quadris o mais próximo possível do meu rosto. Eu sei o que ele quer que eu faça. E farei com o maior prazer. Pego sua ereção nas mãos e começo a masturba-lo bem devagar aumentando o ritmo aos poucos. Em pouco tempo sinto o líquido salgado pré-ejaculatório se espalhar pelas minhas mãos, então o coloco na boca. Com as duas mãos apoiadas em suas coxas fortes eu movo apenas a cabeça em movimentos de vai e vem para dar a ele o orgasmo que quero que ele tenha. Deixo apenas uma das mãos em sua perna e levo a outra até seu saco incrivelmente grande e pesado.
Ele respira com dificuldade. Eu sei que ele está por um fio.
— Pare, Ellen. — ele pede, mas eu não cedo — Ah p***a.
Com mais duas secções eu quase posso sentir o gosto do seu orgasmo na minha boca, mas antes de chegar a isso ele tira da minha boca e me olha ofegante.
— Por mais que eu queira me derramar na sua garganta, esse não é o lugar onde eu devo gozar.
Não tenho muito tempo pra ficar decepcionada. Nick volta a sua posição anterior entre minhas pernas e posiciona seu p*u enorme na minha entrada. Masturba-se por poucos segundos e goza.
Com o primeiro jato de sémen ele entra em mim de uma vez onde deposita todo o seu prazer. Seu g**o faz com que não haja nenhum atrito na penetração. Dentro de mim, Nick deixa a cabeça cair na curva do meu pescoço enquanto recupera a respiração normal.
— É a sua vez agora Ellen. — ele apoia os braços em cada lado da minha cabeça e me olha — Eu farei você gozar.
Meu maravilhoso namorado retoma seus beijos e carícias pelo meu corpo enquanto me penetra com vontade. E eu? Eu tento. Tento muito me entregar ao prazer, mas o problema é que não estou sentindo prazer. Sinto ele dentro de mim. Sinto o atrito. Sinto o entrar e o sair, mas não sinto prazer algum com isso embora ele esteja se concentrando apenas em mim. Ele leva uma mão ao meu c******s e o massageia. Não adianta muito. Eu não consigo sentir o que era pra estar sentindo.
Eu tento gozar. Ele tenta de todas as formas me fazer gozar, mas o orgasmo não vem. Consigo sentir uma sensação gostosa com os seus movimentos, mas não é nada demais.
Ele goza. De novo. Eu choro.
— Me desculpa Ellen. Eu não consegui. Me desculpa.
Ele deixa o peso do corpo cair sobre mim. Eu o abraço e continuo segurando forte e chorando. Ele respira com dificuldade. Imagino que tenha sido um esforço e tanto pra ele.
Não faço nem ideia de quanto tempo nós ficamos assim. Só sei que fechei os olhos durante o choro e agora que abri, não estou mais em baixo do seu peso esmagador, estou deitada sob o seu peito e suas mãos estão alisando meus braços lentamente. Acho que dormi.
Movo a cabeça pra olhar pra ele. Seus olhos estão muito distantes e pensativos. Parece que ele não mesmo percebe que está me acariciando ou talvez ele tenha caído em pensamentos enquanto me acalentava e agora suas mãos apenas seguem uma ordem predefinida.
— Você cochilou um pouco. — ele diz com os olhos parados fixos em algum ponto imaginário e invisível.
— E você não. — ele então olha pra mim e confirma que não — Mas deveria.
— Nós dois deveríamos.
Mas como eu poderia quando há coisas sobre as quais conversar?
— Nick...
— Amanhã, Ellen. — ele beija minha testa — Conversaremos amanhã.
Eu sempre tive a enorme capacidade de entender os sinais do Nick. Ele não vai falar nada agora. Ele está perdido demais em sua mente.
— Não vai mais tocar em mim, não é?
Ele não responde. E nem precisa. Sua linguagem corporal já diz tudo. Essa parte do nosso relacionamento mudou e com isso, muitas outras coisas mudarão.
***
Acordo na manhã seguinte da mesma forma como adormeci, com um braço enrolado ao peito largo do Nick, nossas pernas entrelaçadas e os braços dele nas minhas costas me apertando contra seu corpo.
Minha cabeça está contra seu coração ouvindo seus batimentos calmos. Me remexo em cima dele, sentindo o seu calor gostoso e viro a cabeça pra cima para olhar seu rosto sereno durante o sono. Ele deve estar exausto. Eu dei uma canseira nele ontem.
Acaricio seu peito com a ponta dos dedos e beijo sua pele. Espero que o que aconteceu não o abale muito porque eu não poderei suportar a mínima ideia de saber que já não posso ser a mesma na nossa relação.
Viro rapidamente o pescoço para a mesinha de cabeceira e olho as horas. Já passa das sete da manhã.
Com meus movimentos ele começa a despertar. Eu deveria deixá-lo quieto para que durma. Não é preciso ser gênio pra saber que ele ficou acordado até tarde depois que terminamos de t*****r. Mas ele tem que acordar ou chegará atrasado à Universidade.
— Bom dia, dorminhoco. — beijo de forma repetida o peito dele — Hora de acordar.
Ele se mexe de novo e abre os olhos piscando rapidamente por causa da claridade. Continuo beijando sua pele e ele logo solta um gemido.
— Você está me deixando duro, minha linda. — Ele diz com a voz rouca.
Sorrio silenciosamente. É bom saber que eu posso fazer isso com ele. Talvez eu devesse aproveitar sua confissão e provocá-lo um pouquinho pra ver se hoje de manhã temos mais sorte que ontem à noite. Mas eu sei que ele tem que ir trabalhar. Mesmo assim, puxo um de seus m*****s nos dentes e vejo quando ele solta o ar sibilando.
— Adoraria passar a manhã inteira com você, — levanto o rosto do seu peito e olho pra ele — mas não podemos.
— Por que não podemos? — ele se beija minha testa.
— Não se faz de bobo, Nick. Você tem que ir trabalhar.
— Não, não tenho. — suas mãos começam a acariciar meus cabelos.
— Não vou deixar que perca um dia de trabalho por minha causa.
— Ellen...
— Não, Nick. — apoio os antebraços em seu peito e olho bem dentro dos seus olhos — Você já perdeu duas semanas inteiras de trabalho na Universidade, na clínica e até na ONG. Vai.
— Ellen, — vou falar de novo, mas ele põe o dedo na minha boca, me calando — eu não perdi nenhum dia de trabalho na Universidade.
— Não mente pra mim. Eu sei que você passou toda a semana que eu estava desacordada comigo e depois que eu acordei também.
— Eu não perdi trabalho. — ele reafirma — Eu larguei o emprego na Universidade.
Eu ouvi m*l ou ele disse que largou um emprego que adora?
— O quê? — pergunto com a minha voz subindo algumas oitavas de forma mais estridente que a de uma líder de torcida.
— Exatamente o que você ouviu. — ele aperta seus braços fortes ao redor do meu corpo e me mantém presa a ele — Não vamos falar sobre isso.
— Como não vamos falar sobre isso? Nick, é loucura você sair do seu emprego por minha causa.
— Foi necessário. — ele diz sem me soltar.
— Mas por que você fez isso? — forço e consigo tirar seus braços de mim para poder olhar pra ele. Ele solta uma longa respiração antes de mexer nas mechas do meu cabelo.
— Ellen, eu tive que fazer isso. Você precisa de mim e eu não quero ficar longe de você.
— E aí você resolveu que a melhor forma de fazer isso é deixando o seu emprego. — não pergunto, afirmo.
— Se eu fosse trabalhar todo dia, eu estaria abrindo mão de realmente ser útil para alguém. Os meus alunos... — seus olhos se fecham brevemente — Eles precisam de um professor e qualquer um pode ocupar o meu lugar. — ele me olha alisando meu rosto com as costas dos dedos — Mas você precisa de mim. Eu tinha que abrir mão ou de uma coisa ou de outra e eu não quero e nem vou abrir mão de estar com você.
— Deixou a clínica também?
— Não. Você precisa de fisioterapia pra se recuperar o mais rápido possível e eu sou fisioterapeuta. Não vou cuidar do seu caso porque neurologia não é minha especialidade e eu quero que você tenha os melhores profissionais à sua disposição, mas estarei na clínica todos os dias com você.
Deito de costas olhando para o teto. É claro que eu adoro o fato de o Nick ser tão prestativo a ponto de deixar de fazer algo que ama por minha causa, mas ao mesmo tempo eu não quero que uma atitude pouco pensada desperte nele mais tarde o arrependimento e a frustração.
— Quando você fez isso? — peço cobrindo os olhos com os antebraços.
— No dia seguinte ao seu acidente.
— Você me disse que os membros da Junta Acadêmica estavam de olho em você esperando que cometesse um deslize pra te tirar da Universidade.
— E estavam.
— Não acha que sair do seu cargo sem aviso prévio e sem explicações complementares pode ser entendido como falta de compromisso com a Instituição e que isso pode ser usado contra você em um possível retorno no futuro?
Ele tira meus braços dos meus olhos, se apoia em um dos cotovelos e se inclina sobre mim.
— Ellen meu emprego não importa. Você sim. — ele me dá um pequeno beijo — Se a Junta não quiser me readmitir quando as coisas voltarem ao normal, o problema é deles. Eu tenho muito a agradecer ao Charlie e à Universidade de Miami, mas esse não é o único lugar onde eu poderei trabalhar então não se preocupe com isso tá.
— Não se importa em não dar mais aula? — pergunto baixinho.
— Não.
— Mas você ama isso.
— Não tanto quanto eu amo você.
Ouvir essas palavras ainda me choca às vezes. Eu não sei o que fiz pra merecer o privilégio de tê-lo na minha vida.
Levo meus dedos ao seu rosto e ele fecha os olhos com meu toque. Passo o polegar pelas suas grossas sobrancelhas e contorno o formato do seu queixo e sua boca. Ele é muito lindo. Sua beleza externa é tão intensa quanto a sua beleza interna. Ambas me deixam sem palavras.
Uma torrente de emoções me atravessa e antes de poder me conter, puxo ele para baixo e o aperto contra mim. Me agarro a ele com todas as minhas forças e sem entender o real motivo, lágrimas começam a transbordar dos meus olhos.
— Shhhh. — ele sussurra enquanto o mantenho pressionado contra meu corpo.
De repente estou soluçando por causa do choro. Fecho as duas mãos em seus cabelos e esfrego meu nariz no seu pescoço. Eu amo sentir o cheiro dele. Amo quando o cheiro dele fica em mim depois que transamos. Amo saber que sou a única que pode tê-lo assim bem pertinho. Eu amo tudo nele. Eu o amo demais.
— Ei. — ele levanta o rosto para me olhar nos olhos, — Por que está chorando? — e pergunta com sua voz suave.
— Eu não... Eu não sei. Porque eu te amo.
Ele sorri. Beija um dos meus olhos e seca as lágrimas dele. Depois repete o mesmo no outro olho. Por fim, me beija com amor. Um beijo rápido e molhado.
Fico olhando pra ele e esperando por mais. Ao perceber que ele não fará mais que isso, levanto um pouco o rosto oferecendo minha boca para mais um beijo e para ser bem sincera, fico um pouco chocada ao ver que ele aceita. Esperava que ele se afastasse.
Com as mãos entre suas mechas castanhas e sedosas, puxo sua cabeça de encontro à minha e colo nossas bocas. Com a ponta da língua, contorno seus lábios. Depois mordo seu lábio inferior e puxo entre meus dentes. Ele geme quando finalmente enfio a língua na sua boca, mas ainda está muito quieto.
Esse não é o jeito dele de começar algo que se transformará em uma transa matinal. Normalmente ele já estaria dizendo as maiores baixarias no meu ouvido e esfregando seu corpo no meu para extrair todo o prazer de mim e assim me dá todo o prazer que ele sabe que pode me proporcionar.
Só pode haver uma explicação para esse comportamento. Ele está pensando sobre ontem. Sobre o fato de ter gozado, duas vezes, e não ter me dado um único orgasmo. Mas eu tenho que tentar de novo. Talvez a noite passada tenha sido uma exceção. Talvez tenha sido o nervosismo de estar com ele depois de um acidente como o que eu tive. Talvez a gente possa tentar de novo e tudo vai dar certo dessa vez.
Pensando nisso e totalmente determinada a deixar de lado o que aconteceu a algumas atrás e mostrar a ele que ainda temos juntos o mesmo fogo ardente, desço minhas mãos dos seus cabelos para suas costas nuas e arranho com força seus músculos bem esculpidos.
Nick solta um grunhido de prazer e ataca minha boca com paixão. Ele adora toda vez que faço isso. Repito o processo, dessa vez arranhando seu peito também. Depois aperto sua b***a e cravo minhas unhas em sua carne rígida. Ele urra. Uma coisa que faz os pelos da minha nuca se arrepiarem. O desejo dele por mim não diminuiu nem um pouquinho. Ele ainda me quer.
Fecho os olhos em deleite à boca dele que está no meu queixo e logo no meu pescoço, chupando e mordendo. De repente sinto algo em meu c******s. Abro bem os olhos e vejo que ele está me masturbando com a coroa da sua ereção. Ele está bem duro e grosso sobre mim, esfregando sua glande inchada no meu lugar outrora mais sensível.
Só que mais uma vez algo está bem errado. Seus movimentos deveriam estar me fazendo gemer como uma louca e implorar para que ele entrasse em mim com força e bem rápido. Mas não é o que está acontecendo.
Um olhar entre nós dois e sabemos exatamente o que se passa na mente um do outro. A noite passada não foi uma situação isolada. E como que para comprovar, ele insere um dedo em mim e vejo seu rosto contorcido de frustração.
Em um instante o Nick já não está mais em cima de mim. Ele se deita de costas ao meu lado com as mãos nos cabelos e os olhos fechados. Seu p*u está caído sobre sua barriga totalmente ereto e com as veias pulsando o sangue através dessa obra erótica.
Sinto minha boca salivar com a vontade de lhe dar prazer, mas quando tento me arrastar até ele, Nick se senta abruptamente e me dá as costas apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça entre as mãos.
— Nick...
— Não, Ellen. — ele sabe o que quero fazer.
— Mas eu quero Nick.
— Mas eu não.
— Não quer que eu te chupe até você gozar? — pergunto com a testa franzida mesmo sabendo que ele não está vendo — Desde quando você recusa uma chupada minha?
— Desde que eu não posso retribuir o favor. — ele responde imediatamente com uma voz que mostra que ele está irritado.
— Acontece que eu não estou te fazendo nenhum favor Nick. — respondo no mesmo tom se não, mais apurado que o dele — Eu quero fazer isso.
— Eu não vou fazer isso com você.
Ele se levanta e começa a andar em direção ao banheiro.
— Não vai fazer o quê comigo?
Ele para e segura facilmente o batente superior da porta quando estica o braço acima da cabeça. Depois vira apenas o pescoço para mim.
— Você não é uma boneca inflável que eu vou usar para extrair prazer, Ellen.
— Eu não disse que era.
— Então não me peça pra agir como se você fosse apenas sexo. Você é mais do que isso. Você é a pessoa mais importante da minha vida. — ele solta uma longa respiração — Você é a minha vida.
— Nick... — outra vez as lágrimas querem deixar o cativeiro dos meus olhos.
— Eu não vou usar você. Não vou transformar você em uma das muitas mulheres que eu já usei.
Posso sentir em sua voz o desprezo por suas ações do passado.
— Eu não vou magoar você. — diz isso e entra banheiro adentro.
Entendo o lado dele, mas será que ele não percebe que ao agir assim está exatamente fazendo aquilo que não quer? Que com esse comportamento ele está me magoando?
As lágrimas que saem dos meus olhos agora não são de emoção, são de tristeza. Algo se quebrou entre nós e eu tenho medo de que o conserto esteja muito distante ou até mesmo fora do nosso alcance.