Capítulo vinte e seis: Good girl.

1563 Words
Dormi poucas horas, estava inquieta rebolando de um lado. Não estava conseguindo ter o merecido descanso depois de um dia extenuante, as cólicas estavam mais fortes e as palavras de Ella me assombrando. Tudo o que eu mais queria era poder cuidar de Madelinne sem ter de necessariamente estar vivendo aqui com essas pessoas. Volto a me revirar na cama soltando um suspiro demasiado longo. — Se continuar se mexendo desse jeito, não irá adormecer nunca! — Edward, meu coração salta de alegria, levantei-me logo procurando por sua silhueta, o vejo apoiado na porta com os braços cruzados. O primeiro instinto que tive foi de correr para os seus braços, mas naquele mesmo instante uma cólica aguda me fez contorcer. Edward vem em meu auxílio. — O que você tem? — pergunta preocupado. Eu volto a me sentar esperando a dor passar, era quase sempre assim. — O que mulheres têm todos os meses. — falo, ele se remexe meio desconfortável, se não estivesse tão escuro diria que ficou constrangido. Limpou a garganta sem nada dizer e foi até a janela, lá fora caía uma chuva miudinha, se voltou pegando na moldura que descansava em cima da cômoda. Era uma foto onde estávamos as três, eu, Maddie e Carol em frente ao lago da mansão. Vê-lo assim tão a vontade fez-me lembrar do dia em eu fiz a mesma coisa e ele ficou irritado comigo. — Não é a mesma coisa! Tu o fizeste porque estavas procurando descobrir quem eu sou. — Até onde eu sei, você não gosta de quem mexe nas coisas dos outros! — digo dando de ombros. — Haverá uma primeira vez para tudo. — fala me mirando, não sei porquê mas sentia que suas palavras tinham duplo sentido. Voltou a colocar a moldura no seu devido lugar. Mal o desconforto passou me levantei, a sua presença era demasiado imponente e intimidante. Esse sim é um homem com uma postura que impõe respeito sem precisar fazer esforço. É nessa altura em que gostaria de gritar, olhe Thomas, é assim que se faz! Devia tomar algumas notas. — penso e sorriu. — O que seria tão engraçado? — Nada. — murmuro. — Não seria a sua recém aproximação ao senhor dessa casa? — pergunta com as mãos atrás das costas como se eu lhe devesse alguma explicação. — Não tenho nada com o Sr. Thomas! — Não é o que a outra senhora pensa. — abro e fecho a boca não conseguindo conter as lágrimas. Estava exausta de ser julgada por todos. — Há quanto tempo está me espionando? — questiono passando as palmas das mãos para enxugar o rio de lágrimas que caía dos meus olhos. — Há vários dias. Por favor pare de chorar! — suplica. Malditos hormônios. — Estou falando de hoje! Não se preocupe comigo... — Bem, cheguei um pouco antes de ouvir-te dizer algo como... "Eu tô louca de amores por ele, tão louca que não consigo sair dos portões da mansão! Não vejo a hora de ser tomada com voracidade por ele..." — ele repetiu palavra por palavra exatamente como eu havia dito, senti um estranho desconforto ao ver rosto trancado refletindo sua ira. Todos podiam pensar o que quisessem, mas Edward... bom, era o Edward. — Se acompanhou toda conversa, sabe que estava sendo sarcástica! — Não sei. Não é o que as pessoas estão comentando! — A merda o que as outras pessoas pensam! — falo e tapo a boca logo de seguida. Ele caminha devagar em direção a mim, eu dou passos para trás até sentir a parede nas minhas costas, sem desviar as esferas azuis de mim, Edward me deixa encurralada não tendo por onde fugir. Apesar da escuridão, ele me olhava de um jeito que fazia minhas entranhas revirar e a boca secar. — O que falei sobre essa sua boca suja? — o que ele falou? Eu não lembro... minhas bochechas queimaram, ele estava muito próximo. — Na-nada... — meus olhos procuraram qualquer lugar para encarar que não fosse os seus lábios convidativos, voltei a engoli seco balançando a cabeça em negação. Edward tomou minha mão e puxou-me com delicadeza fazendo minhas mãos ficarem espalmadas no seu peito. — O que tem feito com Thomas? — agora parecia realmente interessado na minha resposta. — Nada Edward! Eu não faço nada com ele, m*l conversamos... — Ele... já tocou em você... de forma impropria? — um sorriso curto surgiu nos meus lábios. Ele estava com ciúmes de Thomas? Se tivesse de descrever esse instante, diria que foi o melhor em vários dias desde a morte de Carol. — Como você me toca? — digo hesitante. Ele anui. — Ninguém toca em mim como você. — Porque? — Porque você disse que ninguém podia tocar-me. — soltei um suspiro profundo. Não sei o que acontece comigo quando ele está por perto, o meu corpo aquece de uma maneira inexplicável. Aquele sentimento de solitude desaparece. — Good girl! — diz me abraçando. Nós dois estávamos lutando para nos manter distantes, mas nada se comparava ao que eu sentia quando ele estava por perto. — Gosto quando me obedece. — sussurra, ergue o meu rosto com as duas mãos e me beija. Tive de levantar meus calcanhares para poder alcançar seu pescoço e abraçá-lo. Passei esses dias todos com a lembrança dos seus toques dos seus beijos, desejando esse exato momento. Quando sessamos o beijo, ele ainda passou com a ponta dos polegar nos meus lábios. — Senti sua falta. — confessa. — Eu também senti a sua! — se estávamos no clima de sermos honestos eu ia aproveitar. — É estranho estar ligada a ti sem saber quem você é e isso não me assustar de todo. Eu me sinto mais segura na sua cabana que nessa casa com todos esses seguranças. — ele volta a abraçar-me fazendo a minha cabeça descansar no seu peito. — Tu sabes que nunca faria m*l a você. — Mas queres magoar alguém dessa casa... — chuto e parece que acertei, não havia outra razão para que ele viesse a essa casa sem levar nada... lembrei das roupas da mãe de Thomas. — Estará mais segura se não souber minhas motivações — diz me soltando, reclamo com um grunhido, não queria que me soltasse. — Uma vez eu disse que você não quer saber quem eu sou... Isso é sério Nia! Quanto menos souberes sobre mim, mais segura estarás. — queria confiar nele ao ponto de me contentar com essas palavras, mas não é suficiente... E ele sabe, pois parou de andar. — Ok. O que você quer saber? — murmura derrotado. — Antes de sanar qualquer curiosidade minha, me diz. Porque na sua cabana tinha roupas da mãe de Thomas? (…) Era a quarta vez que tentava entrar em Raven Ayes, na esperança de encontrar Nihara. Todas aquelas descobertas colocaram em questão o plano que tinha traçado em destruir o meu irmão, não podia minimizar algo assim. Teria de pensar com calma na melhor solução a ser dada. Não se tratava somente de mim agora, haviam outras famílias envolvidas. A começar pela família de Constance. O que os meus antepassados fizeram com ela e sua família foi horrível e eu não sei como fazer para deixar de sentir toda essa culpa. É como se todos os espíritos injustiçados tivessem se juntando para exigirem de mim justiça. O que se sabe até hoje é que ela foi condenada por ser bruxa, o seu envolvimento com William Wrigth foi apagado da história em Fodshan. Mas haviam notas em Northumberland, e graças a essas notas, Isaac estava conseguindo descobrir a verdade por trás de Raven Ayes. Afinal é de praxe os Wrigth tirarem as vidas das mulheres que amam. — Nia. — murmuro. Hoje quem precisava dela era eu. Havia mais motivação da minha parte hoje que em qualquer outro dia que tenha tentando invadir a mansão e não tivera sucesso. Estava completamente sozinho, e como se os céus estivessem do meu lado, a chuva fraca que costumava cair intensificou-se, os pingos frios fustigavam a mim e toda Raven Ayes e assim seguiu por aproximadamente uma hora. Foi nesse momento em que os seguranças se abrigaram eu aproveitei pra entrar diretamente da janela do banheiro do quarto dela. Tive de esperar que a senhora saísse para finalmente poder voltar a vê-la depois de dez dias. Sinceramente, senti-me incomodado com a proximidade do meu irmão à ela. Não gosto dela, mas irritou-me o facto de eles terem estreitado i********e por conta do amor que ambos partilham por Maddie. O bom no meio disso tudo era poder sentir o quanto ela era honesta e que inconscientemente fez o que eu pedi... na verdade ordenei que mais ninguém a podia tocar. Por essa razão era difícil manter-me longe dela então nos abraçamos. Nia enfia cabeça no meu peito e depois ergue os olhos ansiosa, beijo os seus lábios e percebo que ela está tremendo. Não quero ter de a soltar, mas minha consciência fala mais alto e eu dou graças a Deus por estarmos na mansão e não na cabana, porque do contrário estaria tirando suas roupas e a faria minha esquecendo o facto dela ser virgem. Preciso assumir pelo menos para mim que é bom voltar a sentir o calor que o seu corpo emanava depois de tantos dias.

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