CAPÍTULO 28

959 Words
28 –– Sassas. Sassas, acorde. –– ela ouviu a voz de Felef dentro de sua cabeça. Por um minuto ela pensou que tudo não passara de um sonho r**m. Porém assim que abriu os olhos para o mundo, ela viu o cadáver inerte de seu pai caído a seu lado. Ela adormecera e não percebera o fato. Olhando para o rosto caído de Felef ela se levantou. Seu corpo estava duro e dormente, consequência das horas em que se encontrava na mesma posição. Olhando para o rosto do pai; sereno, como se estivesse em um sono profundo e tranquilo, sonhando coisas lindas e belas, mas a realidade era brutal. E parecia que não era ele que estava envolto num sonho. E sim ela que entrara no mais terrível de seus pesadelos. –– Conte-me o que aconteceu aqui –– inqueriu Felef abaixando-se ao lado de sua aprendiz. Sassas ficou um bom período em silêncio. –– Felef. –– finalmente ela conseguiu falar algo. Sua garganta estava seca e assim que conseguiu pronunciar o nome de seu mestre ela sentiu arranhões invadirem toda sua estrutura. –– Sassas –– sussurrou ele com ternura. Ele aproximou a mão direita a fim de afagar os cabelos da pequena elfa, porém ela recuou fazendo-o parar bruscamente. –– Água –– pediu ela com dificuldade. Felef levantou-se rapidamente e trouxe uma caneca com água que estava encima do balcão de ferro. Ela bebeu tudo em um gole. –– Quer mais? –– perguntou ele assim que Sassas terminou. –– Não precisa. Obrigada! –– disse ela, agora com a dor na garganta diminuindo, devida a ingestão de água, conseguiu falar melhor. –– Agora vai me contar o que aconteceu? Ela voltou sua atenção para o corpo do pai. Lembrando-se repentinamente da cena que ocorrera na noite anterior. Novamente as lágrimas queriam sair em protesto, porém Sassas tentou manter-se forte. Felef tentou novamente afagá-la com um carinho, mas novamente ela recuou. Ela não queria ser tocada por ninguém. Nem por um amigo tão querido como Felef Primo era. Sassas fitou os olhos de seu mestre. Ele estava chorando. A jovem elfa segurou de todas as maneiras suas próprias lágrimas. Ela precisava ser forte.  –– Felef. O Eve esteve aqui mais uma vez. E com a ajuda de meu irmão. Ele matou papai e roubou a espada dourada –– explicou ela pausadamente para as lágrimas não caírem. –– Então isso explica muita coisa –– disse Felef mais para si, do que para Sassas. Sua expressão mudou rapidamente. Sua total confusão e tristeza deu-se espaço para um olhar que Sassas nunca vira antes em seu mestre. –– O que isso explica? Felef o que está acontecendo? –– perguntou Sassas apressada observando o rosto do elfo Ignis. Ele estava com medo. –– Se meu palpite estiver certo, jovem Sassas. Eve nesse momento está indo diretamente para a tribo Aeris. Ele vai tentar tomar o reinado de seu irmão. –– E para isso ele precisava m***r meu pai? –– exclamou ela deixando algumas lágrimas caírem, contudo logo voltou a contê-las. –– Ele sempre quis a espada dourada. Contudo ela não pertencia a ele. Somente ao próximo rei Ignis que viesse a existir. Talvez ele estivesse tão certo da vitória que decidiu reivindicá-la de vez. –– Felef fez uma pausa, abaixou-se até Nauan e fez um rápido carinho em sua cabeça. –– Ele sabia que seu pai não entregaria a espada para. Diversas vezes Eve esteve aqui insistindo que seu pai concedesse para ele. Que era seu direito! Mas Nauan nunca entregou. Ele era o guardião da espada e só entregaria ao legítimo rei Ignis de Elf Regnum. Ele sabia que não conseguiria a espada se não fosse à força. E mesmo se isso acontecesse, seu pai iria rapidamente para Aeris e contaria tudo ao rei. Agora Sassas começara a compreender tudo, mas ainda estava com dúvidas. –– Como você sabe que ele está indo para Aeris? –– perguntou ela. –– Eu o vi. Ele e seu exército e seus ogros –– respondeu ele voltando à atenção para sua aprendiz. –– Então aquela criatura era um... –– Um ogro. Sim! Ele trouxe um deles não é? –– Sim. Eu nunca vira nada como aquilo. –– Ele nunca venceria uma batalha contra seu pai. Ele já tentou outras vezes e não conseguiu. Provavelmente você se lembra de uma ou outra tentativa. Sassas assentiu. –– Esse era o único jeito. c***l como ele sempre foi.  Sassas não conseguia pensar sobre tudo isso. Novamente ela voltava a olhar para o rosto de seu pai.  –– O que vou fazer agora? –– inqueriu ela. –– Precisamos fazer a cerimônia de morte de seu pai. Precisamos encontrar os anciões para isso. –– Não –– sua fala estava firme. –– Não? –– Felef estava confuso. –– Então o que você quer fazer? –– perguntou ele. –– Não quero que ninguém esteja aqui. Não quero fazer isso na frente de nenhum elfo. Quero que sejamos apenas nós dois. –– Felef apenas a encarou. Ela se levantou com certa dificuldade e se aproximou do corpo inerte de seu pai. –– Precisa de alguma ajuda? –– perguntou Felef. –– Poderia preparar o altar quando eu vou até em casa e me preparo? –– Como poderia negar isso? –– disse ele. Sassas saiu pela porta. O sol brilhava forte. Grande parte do dia se passara. E seu pai se encontrava morto. Tudo chegara ao fim. Porém era preciso que a última homenagem fosse prestada.
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