26
A noite foi passando silenciosa e sombria. Sassas não conseguiu sair da posição que se encontrava. Aos poucos todas suas lágrimas foram se secando, talvez ela gastasse toda sua fonte de lágrimas quentes e salgadas. Uma brisa fria entrava pela porta que continuava aberta. As chamas das tochas crepitavam à medida que iam se esgotando. E o corpo dele cada vez se encontrava mais frio; a vida que deixava aquele corpo aos poucos, indo além. A elfa abaixou-se e beijou a testa gélida do pai. Esse foi o único movimento que fora capaz de fazer por um bom período de tempo. Além de acariciar de leve os cabelos ruivos iguais aos seus.
27
O dia clareou. Um novo dia começara. Somente para ela. Já que seu pai agora fora para a terra dos esquecidos. Ela continuava exatamente na mesma posição. Somente afagando os cabelos ruivos do pai. Talvez se ela pensasse que ele estava dormindo, ele pudesse acordar. Claro isso é o pensamento de uma elfa inocente.
Ele não estava dormindo. Ele estava morto. Sua vida fora tomada dele à medida que aquele monstro o acertava repetidas vezes. Sassas lembrou-se do barulho de cada uma das porretadas. Dos seus gemidos que fizeram o coração de Sassas gelar. E do tão terrível silêncio que se fez logo depois.
Mas aquela criatura não era o verdadeiro assassino. Ela era só mais uma a**a nas mãos do verdadeiro monstro. Uma ferramenta para o primeiro conseguir conquistar tudo o que queria. Realizar seus objetivos através de criaturas repugnantes. Talvez não tão repugnantes como de fato ele é.
E Otto. Como ele pode se aliar contra o próprio pai? Como ele poderia trair sua família daquele jeito? Seu próprio sangue! Permitir que tirassem a vida do elfo que lhe deu uma para ele. Segurar a irmã da forma mais fria e insensível que poderia haver, enquanto ele via a vida sendo tirada do pai à força.
Um arrepio passou por todo o corpo de Sassas.
Isso não ficaria dessa forma. Ela se vingaria.
Ela até tentou se levantar algumas vezes, contudo não tinha forças para isso. Ela não queria abandonar seu pai ali,mas ela precisava de ajuda. Mas como poderia conseguir tal ajuda, já que não consegue sequer se levantar. O tempo passou e ela adormeceu.