Danilo Bernardi
A boate está lotada hoje e entro pelos fundos indo logo para a área vip. Reservei esse andar inteiro e espero valer a pena por mais que eu não fique por muito tempo. Leonardo, vem logo atrás e tudo que ele quer hoje, é beber e comer uma gata.
Não estou diferente dele!
A música alta já preenche o local e não demoro a ter a visão da mulherada lá embaixo. Todas rebolando, bebendo e mostrando belas curvas. Porém, eu tenho que admitir que as dançarinas do local são bem melhores. Uma fila delas se achegam com garrafas de uísque, tequila e vodca.
— Era disso que eu estava precisando... — Leonardo, exclama. — Não quero ouvir falar de trabalho hoje. Só quero beber e fodër!
— Aproveita! — Eu me sento no sofá e ele faz o mesmo. — Onde está esse imbëcil? — Comento ao olhar as horas.
— De quem está falando? — Leonardo, já fecha a cara. — Filippo vem? Que eu saiba ele não gosta disso aqui.
— É Davon! Ele já deveria ter chegado... — Comento enquanto sou servido. — Ele disse que já estava em solo italiano.
— Deve ter sido sequestrado pelo irmão dele... — Leonardo sorrir enquanto bebe e lhe encaro. — O que foi? Sabemos os riscos disso e seria até... — Ele não continua e seguro o riso.
— O seu ciúme me deixa lisonjeado, meu caro! — Ele já tenta negär, mas não lhe dou aberturä. — Calma! Não precisa ter ciúme..., tem Danilo pra todo mundo, Leonardo e eu sei que você não vive sem mim!
— Vai pra porrä... — Ele toma um gole longo e faço o mesmo.
Adoro irritar meu primo!
Quando menos espero, Davon, chega e já vem acompanhado. Esse filho da putä já arrasta a mulher para uma das portas sem ao menos falar com a gente e se tranca. Uma morena linda se senta ao meu lado e começa a alisar o meu peito enquanto bebo. Não demoro a sentir beijos e toques pelo meu pescoço. Leonardo, tem uma bela loira já em seu colo.
Noites como essas deveriam ser mais frequentes!
Tenho trabalhado feito louco essas semanas e não quero mais ver nenhum dos velhos do conselho. Toda reunião é a mesma ladainha. Não sei como o meu pai suporta e espero demorar chegar a minha vez.
Sem demora, eu levo a morena para a sala ao lado. Assim que fecho a porta, ela me dá uma bela visão dos seus peitös fartos e me sento na poltrona ao lado.
— Ainda não... — Coloco um dedo nos seus lábios impedindo o beijo. — Me mostra o que essa boca pode fazer que eu penso se lhe dou a gozadä da sua vida.
O sorriso largo dela se faz presente e a vejo se ajoelhar.
Nada melhor que um belo boquetë para começar a noite....
{ . . . }
— Mulheres vem antes, não é? — Indago a Davon.
— Elas são mais receptivas de um jeito que você nunca será... — Eu ainda vou socar a cara dele um dia.
Coragem eu tenho e de sobra!
— Quem sabe, eu possa impedir a sua passagem pela fronteira e assim, verá bem o que é não ser bem recebido. — Ele sabe bem que faço isso.
— Qual é Danilo, a morena não soube tirar o seu humor de merdä? — Ele já deve ter bebido mais que o normal.
— Engana-se, mas..., só pela sua afronta, pode ficar sozinho agora. Eu tenho que ir! — Porrä, já perdi um tempo aqui.
— Como é? Vai para onde, porrä? — Eu tomo o seu copo e bebo o último gole. — Eu acabei de chegar!
— Ele é assim, vive sumindo nessas horas... — Leonardo aparece. — Já me acostumei!
— Aposto que tem um puteiro só pra ele. — Davon, declara em riso. — Construiu um harém, Danilo? Onde fica? — E os dois me olham em riso.
— Vocês dois não são bem-vindos! — Digo para irritá-los. — Aproveitem a noite!
Saio antes que me impeçam e já imagino os adjetivos para mim.
Eu saio pelos fundos da forma como entrei e tento ser mais rápido que a luz. Dou a partida no carro saindo com tudo e não espero ninguém. Faço caminhos aleatórios como de costume e na hora certa, eu faço o meu caminho.
Um tempo depois, eu paro o carro logo atrás do prédio e estaciono com cautela para não ser visto. São exatamente três da manhã e eu estou com a cabeça cheia. Bem cheia. Saio do carro sentindo o frio da noite e entro no local sendo guiado por velas como sempre.
Por sorte, não fui seguido por ninguém e nem pelos meus homens. Muito menos pelos homens do meu pai e isso deve continuar assim.
Eu que prefiro!
Nascer na máfia pode ser considerado um privilégio, ou, uma maldição e isso depende da sua posição na organização. No meu caso, por exemplo, é visto como privilégio pelo nome que tenho e pela família que nasci, pois desde cedo, eu fui e ainda estou sendo ensinado a ter garra e a sustentar a organização com as mãos e a cabeça.
As mãos para matar sem piedade e a cabeça para criar certas estratégias necessárias em tempos difíceis, pensar em toda a organização sabiamente e nunca hesitar e isso tenho visto muito. Sempre participo de todas as reuniões com o meu pai. Eu o vejo conduzir tudo com autoridade e o que ele fala é feito sem demora tendo o temor e respeito de todos.
Nunca vi a nossa vida como um fardo e quando falo que ainda estou sendo ensinado é porque nunca sabemos de tudo. Temos sempre que ter a mente aberta para qualquer situação e como ainda sou novo, não assumirei o posto tão cedo.
E confesso que espero que demore, pois agora que entrei na casa dos vinte anos.
O meu pai sempre me ajudou. Tudo o que sei foi ele que me ensinou e algumas coisas, eu passei para Melina, minha irmã. Ela é a prova viva de que mulheres podem aprender a se defender e a lutar gastando o próprio suor e não ficar à espera de socorro como muitas fazem e infelizmente acabam mortas. Isso nunca acontecerá com ela!
— Boa noite, senhor Bernardi! — Faço um leve aceno e entro em seu escritório.
— Boa noite, padre! — Ele fecha a porta e já vejo a garrafa de uísque que ele separou.
— Fique à vontade. — Ele dá meia volta e se senta atrás de sua mesa. — O que deseja confessar hoje?
— Bom... — Eu abro a garrafa lacrada e começo a me servir. — Eu matei umas trinta pessoas essa semana... acho que essa é a conta. — Tento ter certeza disso. As vezes eu me perco. — Tudo traidores e infiltrados querendo saber de informações de forma errônea. — Conto pensando. — Eu mandei o meu primo se fuder várias vezes, fiz piadas com o meu outro primo por ele ter gostos peculiares, eu comi várias putäs no bordel... — Continuo a pensar e me sento tendo o olhar curioso dele. — Acabei discutindo com a minha mãe, mas eu não tive culpa. Ela anda estressada e quer saber dos meus passos como se eu tivesse dez anos.
— O que mais? — Ele sabe que tem mais.
— Eu assisti uma tortura ontem e acabei fazendo uma participação. — Mostro uma satisfação ao lembrar. — Eu estourei os olhos do filho da p**a, queimei as orelhas dele e queimei a cabeça do p*u dele. — O padre me olha amedrontado. — Calma, padre! Eu estou sendo sincero e já contei muitas coisas antes. Já devia ter se acostumado comigo.
— Mas filho, você conta como se estivesse falando de uma viagem que fez. — Ele revida e limpa a garganta. — Ainda preciso me acostumar com as suas confissões. Não tem outro que venha dizer algo parecido.
— Já fiz várias viagens, mas vou viajar esses dias também. — Comento dando de ombros e bebo um gole da bebida. — A minha irmã vai se casar e já está em solo russo. — Isso me dá um certo receio.
— Está feliz com isso? — Penso um pouco e lhe encaro.
— Feliz não, apenas conformado. Eu só sei que se Alek fizer algo de errado eu mesmo acabo com ele! — Comento. — Mas, politicamente falando isso será um ótimo casamento para os dois países. É bom para os negócios!
— Pensa no mesmo? — Negö na mesma hora. — Quem sabe, você se interessando por uma boa moça, deixe de se envolver com mulheres da vida. — Solto um riso, mas controlo por respeito a ele.
— Isso não vai rolar, padre. Danilo Bernardi não nasceu para se prender a nada e nem a ninguém. Vou me casar um dia? Sim, mas não serei preso a uma pessoa. — Já decidi isso há anos.
— Vai traí-la? Sabe bem que adultério é um pecado grotesco. — Ele sempre faz alertas sobre isso.
Tudo que comento que fiz e vou fazer é considerado um pecado. Já me acostumei com essas palavras dele e respeito. Ele é um homem sábio e eu não tenho exatamente nem metade de sua sabedoria. Pelo menos nesse aspecto religioso.
Eu venho pelo menos uma ou duas vezes na semana conversar com o padre e tenho alguns motivos para isso. Para começar, é uma forma de eu me sentir mais leve em colocar as coisas para fora. Guardei coisas por um tempo e me senti sufocado, então, eu confesso para alguém que realmente possa me dar uma nova visão das coisas. Passo longe de terapeutas por não confiar e esse padre é de confiança.
Ele sabe o que acontece se algo sair da linha.
Sigo o que ele diz? Não, mas levo em consideração. Eu debato com ele e saio mais leve. Um outro motivo, é que nós italianos consideramos o catolicismo como uma raiz em nossas tradições. Respeito a religião, o caminho e os ensinamentos mesmo que não siga, mas, falar tem me feito bem.
Me sinto mais leve e não penso em parar. Tem me ajudado!
Descobri a mina de ouro e não divido!
— Bom, eu não vejo dessa forma. Podemos fazer um acordo, já que ela terá de tudo que precisar. — Comento enquanto bebo. — Ela terá segurança, conforto, riqueza, será a esposa do futuro Don da Itália e isso a fará esposa da organização. Ela não vai precisar de mais nada nessa vida.
Isso é um fato. Ela poderá ir a lugares, comprar o que quiser, fazer parte dos eventos da organização, terá segurança completa, poderá estudar se quiser, será respeitada e visada em qualquer lugar e não vai faltar nada. Terá o privilégio de estar ao meu lado sendo reconhecida mundialmente.
Está ótimo!
— Bom, tem algo mais para contar? — O padre pergunta e fico pensando. — Como anda a sua relação com a sua família? Tem feito os seus momentos de preces? Como tem se sentido?
— Eu me sinto bem e leve. Mais leve que isso só criando asas para voar ou pisar nas nuvens. A minha vida é boa, padre e tende a melhorar com o tempo. Quero aproveitar a minha vida antes de começar a liderar e como o meu pai ainda é novo, eu sei que tenho mais tempo ainda. — Me sirvo de mais bebida. — Vou matar mais pessoas e isso porque merecem. Vou comer mais mulheres gostosas que chamarem a minha atenção já que mereço, eu vou trabalhar com o que faço de melhor e não tenho medo de nada. — Isso é uma verdade. — Sabia que ninguém é melhor do que eu em tecnologia? Eu consigo programar qualquer sistema de segurança máxima que muitos lugares nem sonham. Eu sou f**a pra caralhö.
— Bom..., isso é muito bom. — Ele fica de pé e vem ao meu lado. — Então, a sua penitência da semana é um terço a mais de orações que lhe passei na semana passada. Seja sincero e mostre arrependimento pelo mäl que fez as pessoas que matou. — É nessa hora que preciso muito controlar o meu riso.
— Tudo bem, padre! — Me levanto e bebo o restante da bebida. — Mesmo horário semana que vem? E não esqueça a bebida. — Estendo a mão e ele aperta.
— Combinado! — Ele faz um sinal de benção e toca a minha cabeça. — Seja abençoado, meu filho. — Agradeço a ele e peço licença.
Saio do lugar com um riso no rosto e pronto para os dias que virão.