Danilo Bernardi
A entrada da Lilia foi marcante para um casamento da máfia. Nunca vi uma noiva tão sorridente e feliz por esse momento. Nasci para ver isso! Outro detalhe curioso, é que há uma decoração apropriada e diferenciada aqui. Não parece nada com os casamentos tradicionais que já fui, e sim, um casamento real.
Lilia teve a sorte grande, pelo visto.
A cerimônia também foi outro ponto que teve um diferencial. Teve até votos deles próprios e pude ver não só a felicidade deles, mas também dos meus tios. Leonardo que aprecia ainda perdido e Filippo, intacto como sempre.
É difícil vê-lo sem a cara fechada.
Enfim, ocorre o beijo do casal e vejo nitidamente que o rapaz, Levy Sudorov está nas nuvens.
— É, eu sempre me surpreendo... — Falo enquanto aplaudo.
Em seguida, é dado início a festa e logo vem as bebidas sendo servidas. Eu não perco tempo e já pego uma bela dose de uísque. Dou uma boa olhada no salão e Irina não está mais no lugar de antes. Nem Mikahel!
Vejo a minha irmã com a sua sogra e é quando noto bem que realmente há algo de estranho entre a Melina e o Alek. Eles estão afastados e não trocaram uma palavra.
— Por que está com essa merdä de óculos? — Leonardo já chega agitado.
— É para completar o meu charme. — Responto dando de ombros e ele ainda ousa tirar o objeto da minha cara.
— Tira essa porrä, Bernardi... — Leonardo adora me irritar. — Minha irmã se casou..., caralhö, ela se casou. — Ele parece perdido.
— É a vida e não precisa chorar, logo vai ser você! — Digo tocando no seu ombro. — E vou estar lá para ver o seu fim.
— Vai se fudër... — Ele se afasta e gargalho satisfeito.
É muito fácil irritá-lo!
Conversamos um pouco, mas logo ele é chamado para umas fotos com a Lilia. Nisso, todos tem companhia. Porém, dando mais uma olhada no salão, eu a vejo. Irina pode ser pequena, mas posso vê-la daqui e para a minha sorte, ela também me vê e posso ver o susto no seu rosto.
Que satisfação!
Tomo um gole do meu uísque enquanto lhe encaro, mas ela me dá as costas e sai em pressa para a saída lateral. Vou passando por algumas pessoas discretamente e esse momento é o meu preferido dos eventos. As pessoas estão mais acostumadas a conversar e a beber muito, então nem ligam para você.
A minha família toda está ocupada, mas consigo chamar a atenção do Leonardo para ele me dá cobertura. No lado de fora, a maluca corre para os fundos da mansão e fico sem entender nada. Para onde ela vai? Irina passa pela piscina dos fundos, corre para o outro lado e sobe uma escada indo para o segundo andar.
Mas que merdä é essa?
Vou seguindo os seus passos dando de cara com um quarto aleatório, mas a vejo passar pela porta e vou logo atrás. Não vejo sentido algum nisso, mas já no corredor, eu a vejo correndo e eu acelero os passos para chegar nela. Porém, ela tropeça em algo e vejo-a quase ir ao chão. Mas eu lhe seguro há tempo e já tampo a sua boca por causa de um grito.
— Shiu... sou eu! — Aviso em sussurro. — Sentiu saudades? — Pergunto adorando a situação, mas eu a levo para uma das salas.
Irina fica tensa em segundos e levemente assustada. Ela tenta sair, mas só tenta quando já passamos da porta e eu a fecho antes que ela fuja.
— Respira fundo... você está fria. — Comento ao notar as suas mãos.
— O que... v-você quer? — Ela está ofegante e ainda assustada, mas juro que não estou fazendo nada.
— Por que estava fugindo? — Pergunto querendo entender essa loucura dela.
— Por favor, me deixa sair... — Ela tenta fugir, mas eu a pressiono contra a parede.
— Ainda é cedo..., nos reencontramos agora! — Digo querendo mais um tempo com ela.
Irina está mais linda que antes e pelo jeito se recuperou bem do ferimento.
— Danilo, eu quero sair... — Negö por enquanto, porque temos contas a acertar.
— Lembra do que fez na última vez que nos vimos? — Ela engole em seco e respira pela boca ficando mais nervosa.
Ela é muito assustada e estou adorando ver isso.
— Eu vou te chutar... — Não seguro o riso e gargalho me divertindo muito aqui.
— Gosta de bater em homens? — Olho bem para ela que está bem perdida aqui.
Essa Irina não se parece com a aquela ousada que resolveu vir até mim se fazendo de boba. Mas estou adorando! Ela não tem medo de mim, exatamente, o medo dela é de sermos pegos. Irina ainda tem aquele ousado mesmo misturado com o pânico e não duvido de que realmente tente me bater.
Se ela fizer isso, eu sei como reagir. Quer dizer, eu vou reagir como planejei.
— Quer que eu peça desculpas? — Eu a encaro intrigado.
— Não consegue responder uma simples pergunta, Irina? — Estou aqui calmo para que ela se acalme, mas está difícil.
— Não consegue me deixar sair e fingir que nada aconteceu? — Mordo os meus lábios e negö lentamente.
Esse perfume dela tem me atormentado por um mês. A porrä de um mês! Eu preciso sentir isso mais um pouco, porque é um perfume suave e delicado como ela. Não sou acostumado a isso, mas estou me viciando.
— Sabe de uma coisa... — Volto a sussurrar para ela. — Por ser filha do Don Alef, você deveria saber que nunca se bate no rosto de um homem.
— Você me deixou nervosa. — Ela fica mais ainda aqui. — Danilo, vão nos pegar aqui e... — Não a deixo concluir.
— Temos cobertura! Só relaxa..., eu não vou fazer nada que não queira. — Desço os meus olhos pelo seu corpo e fico vidrado nessa cintura fina.
E claro, nesse decote que me deixa com água na boca. Caralhö, eu estou ficando excitadö e isso nunca ocorreu dessa forma.
Não fizemos nada ainda. Só estamos perto um do outro e há uma tensão vibrante aqui.
— Mas eu quero sair... — Ela sussurra ofegante e sou eu que engulo em seco aqui.
— Você pensa que quer..., mas o seu corpo quer ficar! — Essa é a maior verdade e posso ver isso pela reação do corpo dela.
— Danilo..., por favor... — Ela pede deixando a voz falhar miseravelmente.
Os meus olhos vão diretamente para a boca marcada dela e só consigo pensar em qual sabor essa boca tem e como deve ser beijar essa boca. Irina tem uns lábios levemente carnudos e nem lembro mais a última vez que quis beijar uma mulher.
Vai cometer essa loucura Bernardi?
— A sua boca é linda... — Afirmo em sussurro enquanto ainda estou preso a minha consciência.
Então Bernardi?
É, eu vou!
Irina respira mais forte mostrando a boca entreaberta e ela ainda fecha os olhos. Isso é mais que um sinal para mim e eu a beijo sem pensar duas vezes.