Luana
O dia da minha alegria e medo chegou! É dia de saber o sexo* do meu bebê e isso tem me deixado numa euforia enorme que pela primeira vez na vida, me sinto desestabilizada. Senti alguns incômodos pela madrugada, me acordei e levantei da cama a procura de ar enquanto andava pelo quarto e em seguida, a bolsa rompeu me pegando de surpresa.
Acordei o Pietro tentando não fazer drama, mas, por ser mãe de primeira viagem, não escondi o meu lado chorona e medrosa, mas pela paciência de seriedade do Pietro, é que consegui me controlar. Quer dizer, um pouco. Ele me ajudou a trocar de roupa, buscou a bolsa que eu já tinha preparado, e depois, me pegou nos braços para irmos ao carro, e assim, ele acionou os homens para fazerem a nossa segurança e durante o caminho, liguei para a minha mãe.
Não quis ligar para a Lina, até porque ela deve estar exausta, mas enviei uma mensagem ao Paolo avisando tudo.
Não senti dores de imediato e tive ainda um tempo até começar. Quando cheguei ao hospital, fui recebida por enfermeiras onde me levaram para um quarto e assim, uma médica veio me atender, foi colocado em acesso em meu braço, verificado a minha pressão e batimentos, e só um tempo depois, foi que as contrações começaram. Segurei as lágrimas até onde podia, fiquei deitada, sentada, fiz agachamento apoiada na cama com o Pietro sempre ao meu lado e não sei como ele também está suportando me ver assim.
Sinto e vejo ele incomodado a todo tempo.
E aqui estou eu, é de tarde e sinto dores a horas e pelo que me falaram, está chegando cada vez mais perto da hora. Já gritei, berrei, xinguei* o mundo inteiro e voltei a me deitar na cama com a ajuda do Pietro. Ele me deu água, carinho e quando ficávamos a sós, ele me dizia palavras de conforto e eu só pedia que essa dor passasse logo.
-Pronta para fazer força? - A médica pergunta enquanto se senta na frente das minhas pernas colocando as suas luvas e as outras enfermeiras buscam alguns materiais.
-Acho que sim…, me diz que vamos começar agora! - Ela termina de pôr as luvas e começa o exame de toque que é horrível*.
-Ah…, está na hora, terá que ser forte, Sra. Fontana. - A médica sempre se mostra simpática e começo a me preparar.
Essas palavras me dão até medo.
Sinto mais contrações surgindo e grito rangendo os dentes, Pietro segura a minha mão e pouco depois, a médica pede para eu fazer força. Respiro fundo buscando mais energia e empurro da forma como ela sempre explica, a dor é grotesca que percorre por todo o corpo, e sem perceber, cravo as minhas unhas enquanto seguro firme a mão dele e pela força, vejo sangue escorrer um pouco da mão dele e tento soltar.
-Não se preocupe…, mais força, Luana! - Ele diz inclinado na minha orelha somente para eu ouvir.
Continuo até onde consigo, mas em determinada hora, o cansaço me domina e me jogo para trás toda deitada na cama à procura de ar. O suor desce pelo pescoço e testa, a garganta fica seca, sinto a minha pele tremer por dentro e choro com a certeza de que não vou conseguir.
-Falta pouco…, estou vendo a cabeça. - A médica diz demonstrando um sorriso nos lábios.
-Luana…, é agora, falta pouco…, mostra a sua força. - Pra minha surpresa, Pietro deixa um selinho nos meus lábios depois de sussurrar essas palavras.
Já percebi que ele não gosta de fazer certas demonstrações na frente de desconhecidos, e depois disso, com ele aqui me dando apoio, tento engolir o choro e tentar novamente. Puxo o máximo de ar que consigo e empurro gritando rangendo os dentes, a médica fala que o bebê está saindo e não paro, até que finalmente ouço um som de choro dominar o quarto e me deito na cama procurando fôlego.
-É um menino! - Levo as minhas mãos ao rosto e permito as lágrimas caírem.
Pietro beija os meus cabelos segurando o meu rosto e logo uma enfermeira o traz para mim.
É incrível como agora não sinto uma dor na unha.
Ele chora sem parar e o seguro beijando a sua cabecinha, sussurro um “obrigada” me sentindo aliviada por ter ele aqui, por finalmente a angústia ter acabado mesmo que temporariamente e quando começo a falar com ele, o seu choro vai cessando.
Fiz pesquisas que diziam que a mãe sempre deve conversar com o bebê durante a gestação e assim fiz.
-Mamãe está aqui…, você é tão lindo! - A minha vista está completamente embaçada pelas lágrimas.
-Ele é perfeito! - Direciono o meu olhar ao Pietro que tem um pequeno sorriso no rosto.
Uma enfermeira informa que precisam levá-lo para limpá-lo e o entrego, peço ao Pietro para acompanhar tudo e ele diz que irá ligar para a minha mãe que está na recepção aguardando. Vejo ele acompanhar as enfermeiras e outras começam a me limpar, a médica diz que o parto foi tranquilo e que logo retornará com mais detalhes sobre o meu bebê, pois agora irão fazer breves checagens.
[...]
-Estou ansiosa…, quero ver o meu neto! - A minha mãe diz inquieta andando pelo quarto.
Me trouxeram faz alguns minutos, me sinto levemente melhor com o cansaço me consumindo, mas a felicidade e expectativa de ter o meu bebê nos meus braços novamente me mantém aqui sem tirar os meus olhos da porta. Pietro foi acompanhá-lo e desde então, não voltou e essa espera é angustiante.
-Não mais que eu…, ele é tão lindo! - Comento me lembrando do breve momento que o tive.
-O seu pai está louco em casa, queria vir e tudo, mas ele está espirrando desde ontem, então, não o deixei vir. - Ela explica e fico preocupada.
-Que pena…, queria ele aqui. - O meu pai estaria eufórico agora. - Trouxe o celular para tirar fotos e mostrar a ele?
-Com certeza, se eu chegar em casa sem essas fotos é capaz dele me condenar pelo resto da vida. - Ela diz rindo enquanto abre a sua bolsa.
Ela retira o seu celular e na mesma hora, a porta é aberta pelo Pietro que entra com o nosso bebê nos braços, ele é acompanhado por uma enfermeira e o meu sorriso se faz presente ao vê-lo todo limpinho coberto por uma manta todo apoiado no peito do Pietro.
-Meu bebê… - Estendo as mãos e Pietro me entrega ele com todo o cuidado e novamente as lágrimas caem.
-Ele é perfeito…, lindo! - A minha mãe diz se aproximando da cama.
-Puxou a mim! - Pietro diz todo bobo segurando a mãozinha dele.
-É cedo pra dizer isso.. - Sorrio em meio às lágrimas ao dizer isso.
-Decidiram o nome? - Direciono o meu olhar para o Pietro que sorri pequeno ao ouvir a pergunta da minha mãe.
-Leonardo Fontana. - Ele responde fazendo um suspense.
-Lindo o nome…, perfeito como ele! - Minha mãe não para de chorar.
A enfermeira nos observa um pouco e troca o meu soro, depois, a médica entra cumprimentando a todos nós e ela aparenta trazer notícias.
-A senhora foi muito forte para o seu primeiro parto, não houve complicações e dentro de algumas horas, receberá alta. - Essa é uma das melhores notícias da vida. - O seu bebê nasceu completamente saudável, com o peso de 3,8kg e a enfermeira Sabrina vai dar as primeiras orientações de como dar banho, amamentar, fazer arrotar e pode tirar todas as suas dúvidas com ela. - A médica diz apontando para a enfermeira.
-Será um prazer ajuda-la. - Sorrio a vendo e Leonardo começa a resmungar entrando em um choro.
A médica se vai e a Sabrina se aproxima, ela me ensina a dar o peito, e de início, Leonardo não pega com facilidade, mas quando consegue, sorrio por esse momento, mas ele mama pouco e a enfermeira diz que é normal.
-E o tio chegou! - Paolo entra no quarto me pegando de surpresa.
-Oi, não sabia que vinha…, entra! - Ele se aproxima de mim e a enfermeira lhe entrega um álcool gel.
-Claro que viria…, não perderia esse momento! - Paolo segura a mãozinha do Leonardo e a minha mãe o abraça de lado.
-Caramba…, ele é lindo e a sua cara. - Paolo diz olhando para mim e para Pietro.
-Leonardo puxou a mim. - Pietro diz sério e Paolo olha novamente para o Leonardo e depois para ele.
-Não acho…, se fosse não seria lindo assim! - Os dois se encaram e a minha mãe sorri no cantinho dela.
Como sempre, vivem se mordendo!
-Como sabe, a Lina não pode vir, mas preciso levar fotos à ela. - E assim, ele começa a filmar e bater umas fotos igualzinho a minha mãe.
Ficamos juntos por um tempo e Paolo foi embora com a minha mãe, como ainda não recebi alta, não pode ficar outra pessoa no quarto e assim, Pietro ficou comigo. A enfermeira anotou o nome do Leonardo e o levou para a maternidade, pois ele já dormia e eu precisava de um banho e de comer alguma coisa, mas enquanto a comida não chegava, decidi ir me banhar e Pietro entrou comigo no banheiro.
Ele retirou a camisola do hospital e fui para debaixo do chuveiro, lavei os cabelos, passei uma esponja no corpo com a ajuda dele, e quando terminei, ele me ajudou a se vestir.
-Como se sente? - Pietro me abraça pela cintura e me olha nos olhos.
-Tranquila…, e você? - Respondo o olhando bem e acaricio o seu rosto.
-Feliz…, você me faz feliz! - Ouvir isso dele é maravilhoso. - Ele é perfeito!
-Está tão sério…, quer dizer, estava! - Comento me referindo a momentos antes.
-Só não sei bem reagir na frente das pessoas, sempre fui assim…, o que falo e faço é para nós dois. - Aceno em concordância e ele continua. - Você foi muito forte…, foi difícil ver você sofrendo ali, mas já passou. - Pietro beija a minha testa e me aperta.
-Eu amo você! - Fico na ponta do pé e deixo um selinho em seus lábios.
-Também te amo…, e agora as minhas torturas começam. - O encaro confusa e ele continua. - Não vou poder te tocar por semanas.
O abraço colocando a minha cabeça em seu peito e sorrio desse pensamento dele.
Serão semanas complicadas, mas, só de eu e Leonardo estarmos bem e saudáveis já é um grande motivo para sorrir e enfrentar os obstáculos que virão.
Tudo é novidade e espero aprender tudo certinho, e a sorte, é que tenho a minha mãe para eu fazer diversas perguntas.