Capítulo 5

863 Words
Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, mas em determinado momento, acabei cochilando na poltrona da varanda. Sentia um peso enorme em meu corpo, a minha cabeça latejava, a minha garganta estava levemente arranhada, e com dificuldades, me levanto da poltrona entrando de volta na casa. Não sei como consegui cochilar ali, mas a sensação de cansaço era e ainda é enorme e por todo o meu corpo, e confesso que o cansaço mental também era grande. Olho para o relógio de parede da sala principal e vejo que está anoitecendo, sinto um frio percorrer o meu corpo inteiro e em passos pesados, vou diretamente para a cozinha, onde encontro Marie fazendo uma lista em um pequeno caderno. -Está péssima minha filha... – Marie diz assim que me aproximo dela. -Me sinto péssima, Marie..., me sinto cansada e o meu corpo todo dói. – Respondo e ela me olha preocupada. -O que está sentindo? – Ela pergunta se aproximando de mim. -Dor no corpo, enxaqueca e a minha garganta está estranha... – Respondo e ela toca em meu pescoço. -Bom, febre não tem, mas vou procurar um remédio aqui. – Ela diz indo para os armários. Marie encontra e traz uma pequena maleta branca onde ela procura por algo, mas não encontra nada para eu tomar, e o único remédio que continha na maleta, era para dores estomacais. -Infelizmente não tenho nada aqui, só tem coisas para ferimentos..., estava indo comprar alguns suprimentos que estão faltando, então, vou na farmácia comprar os remédios..., tudo bem? – Marie guarda tudo de volta na maleta e a coloca no armário. -Tudo bem..., eu vou subir! – Ela acena em concordância e caminho para as escadas, mas volto assim que me lembro de algo. – Kevin disse que viria mesmo hoje? -Ainda não, mas vou avisá-lo de que não está bem e com certeza ele não virá..., descanse por hoje. – A agradeço e subo as escadas. Ao chegar no quarto decido tomar um banho, busco uma toalha e prendo os cabelos bem no alo da cabeça para não os molhar, ligo o chuveiro sentindo a água norma escorrer em meu corpo e fecho os olhos por um breve momento. São poucas as coisas que eu aprecio atualmente, e a hora do banho é uma delas, adoro sentir a água, a temperatura mesmo sendo morna ou gelada, pois ambos são ótimas. Depois do banho, vou a procura do que vestir e opto por um moletom, ele é na cor cinza e bem folgado me deixando mais à vontade e solto os meus cabelos para os pentear. Vejo que ainda é um pouco cedo e desço indo atrás de algo para comer ou até mesmo beliscar. Quando chego na cozinha, abro a geladeira encontrando uma fatia de bolo de laranja, então busco ele e um pouco de leite integral. Me acomodo no balcão da cozinha e me sirvo de uma fatia um pouco fina, despejo o leite em um copo começo a comer tudo ali mesmo. O bolo estava uma delícia, fofinho e bem leve. Quando acabei de comer, recolhi tudo, guardei o restante do bolo e o leite na geladeira, peguei os utensílios que sujei e os levei a pia para lavar, e quando terminei, me virei para guardar o copo no armário e me assusto ao ver o tal homem de mais cedo bem parado na porta dos fundos me olhando. O copo das minhas mãos vai ao chão na mesma hora e grito por sentir um pequeno corte em meu pé. -Me desculpe, não queria assustá-la. – A sua voz grossa preenche o local e me encolho próximo a pia. – Eu não vou machucá-la..., só vim pegar água para os outros homens. Respiro fundo fechando os meus olhos e lentamente, aponto para a geladeira mostrando que ele pode pegar, e assim ele faz. Em passos lentos, ele vai até à geladeira e pega uma jarra grande de água e mesmo com os olhos fechados, sinto uma queimação no corpo, como se ele estivesse me olhando em cada passo seu. -Obrigado! – Ele diz e ouço a porta se fechar. Abro os olhos lentamente vendo que estou sozinha novamente, me sinto aliviada e quando dou um passo, a porta se abre novamente por ele. -Precisa de ajuda? – Ele diz segurando uma vassoura e uma pá. -N..., não..., eu, é..., eu faço. – Respondo de cabeça baixa onde vejo as minhas mãos tremerem. -Tudo bem, aqui está! – Ele deixa ali no canto e continua. – Quer ajuda com o corte? Balanço a cabeça em negativo e ele sai em seguida, busco a vassoura e a pá começando a juntar os vidros quebrados, limpo tudo e despejo na lixeira ainda processando o que aconteceu. Desde que cheguei aqui, essa foi a primeira vez que tive um certo tipo de “contato” com um homem, pois os outros, nunca foram de falar comigo, o meu único diálogo sempre foi com a Marie e o Kevin, mas como ele não está todos os dias, não conto com isso, mas confesso que mesmo não querendo, o medo me atingiu em cheio e volto para o quarto.
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