GRÁVIDA do dono do morro ( de volta ao passado)

05 AMANDA

AMANDA NARRANDO

Dentro avião olho para a aliança de ouro branco na minha mãe direito e deixo as lagrimas caírem de novo, quando, porque, desde quando Jonas vem fazendo isso comigo? Desde quando ele me trai dessa forma, será que é por isso que aquela v***a desgraçada nunca deixou de pegar no pé, por isso ela sempre jogava as indiretas pelo morro e, eu trouxa me fingia de surda e cega por amor a uma pessoa que sempre foi infiel.

Tantas coisas passam pela minha mente, o medo está me consumindo, saber que vou entrar em um morro de facção rival não é fácil, o medo e a razão falam para eu ir para outro lugar, eu posso ir dinheiro não me falta, mas nesse momento acredito que quero mais um colo familiar do que um lugar para ficar.

Quero ver a minha tia, abraças ela, talvez ver nos olhos dela os da minha mão não sei, preciso de alguém que faça eu ver meus pais, que me abrace sem julgamento me conforte e depois u decido se fico onde ela está, ou se vou para um lugar fora da favela, mas próxima dela.

Tiro a aliança do meu dedo e sinto como se eu estivesse nua, me pergunto se eu devia ter ficado, ter se embriagado daquela v***a de porrada como já fiz outras vezes, se eu devia ter arrancado o p*u dele fora e, feito ela comer, sim gente claro que sou capaz disso, se sai de lá é porque eu não queria fazer tudo o que eu sei que posso fazer. Talvez eu precise de um ou dois dias longe para eu poder voltar e tirar a limpo tudo que aconteceu, não sei, se fiz certo ou errado só o tempo vai dizer.

Penso no meu padrinho e, ele vai ficar puto pelo que fiz, mas eu sei que eu posso ligar para ele e conta o que vi o que sinto e, sei que ele vai guardar isso com ele se eu pedi. Infantilidade não querer que Jonas saiba o porquê vim embora? Não sei, para mim não, mas cada um pensa o que quer, até porque quando ele acorda do lado da v***a loira, já vai saber o que aconteceu? Se eu pensei que podia ser armação? Foi a primeira coisa que pensei, mas Jonas estava o pagode com todos os nossos amigos, Lara estava lá com o Victor que ela me disse, não vejo como ararem a esse nível para o Jonas, ele não ia cair em nada de bebida batizada e, se tivessem feito isso ainda dentro do bar, ele não teria sido o único a ficar dopado. Eu não sei gente, só sei que eu vi, senti e simplesmente fiz o que eu senti de fazer, nesse momento eu quero distância dele e de todos que eu sinto que me traiu, pensem o que quiser, mas só eu sei a dor que estou sentindo nesse momento.

Desço do avião e mando mensagem para minha tia que diz que está no saguão de desembarque, eu só vi a minha tia três vezes e a última foi no enterro dos meus pais, naquela época, ela morava em um bairro humilde, mas não era na favela, não sei o que aconteceu para lá ir para lá, mas seja o que for acredito que não seja nada grave se não ela não deixaria eu ir até ela.

Olho ao redor e de longe eu vejo cabelos pretos balançando com o vento e, logo vejo os olhos parecidos com os da minha mãe, não consigo conter as lagrimas e corro na direção da minha tia que é abraça e ali eu sinto um pouco de conforto, um pouco de ternura, sinto que estou protegida como eu me sentia nos braços do Jonas.

SANDRA- o minha menina o que te faz chorar tanto? _ ela pergunta levanto o meu rosto passando a mão para secar as lagrimas.

AMANDA- eu vi a última coisa que pensei em ver na via e tia e, a cena que mais me quebrou por dentro. _ falo e, ela me olha.

SANDRA- filha me fala as coisas com mais clareza já sou velha. _ ela fala e eu sorrio depois de horas de choro.

AMANDA- aí tia não tem nem cinquenta como é velha. _ falo e ela sorri me puxando para fora do aeroporto.

SANDRA- idades a parte Amanda o que aconteceu? _ ela pergunta quando entramos no carro e eu começo a contar tudo. - Não te julgo, mas eu teria arrebentado os dois. _ ela fala e eu sorrio.

AMANDA- acho que em um estado normal tia eu faria o mesmo, mas algo me conteve em não fazer isso e tomar outra decisão. _ falo para ela que concorda.

SANDRA- mas acha que ficar no morro comigo é uma boa ideia? _ ela pergunta e u n**o, mas antes de eu falar o rádio que tocava uma música baixa anuncia notícia urgente.

RADIO ON

Acabamos de receber a informação da morte do chefe de facção coringa. _ quando escuto isso meu coração parece que para de bater, meus olhos s enche de lagrimas e sinto o carro para minha tia fala comigo, mas eu só consigo ouvir o rádio- as informações que chegaram é que ouve um confronto entre a facção do PCC e comando vermelho, nesse confronto o conhecido coringa chefe do comando vermelho veio a morrer com disparo de arma de fogo.

RADIO OFF

Sinto o meu peito apertar a dor me sufoca assim como as minhas lagrimas não param de rolar. Sinto uma forte dor no meu peito e minha cabeça gira, sinto meus olhos pesarem e eu acabo apagado de uma vez.

Acordo ouvindo bipes, não sei onde estou, lembranças da notícia vem a minha mente e eu só sei chorar de novo. Meu padrinho não pode ter morrido, eu estava esperando chegar na casa da minha tia para falar com ele, ouvir os xingos por eu ter vindo embora sem falar com ele, sem bater no Jonas e na v***a, eu vou sentir tanta falta desse homem que foi quase um pai para mim durante tantos anos.

SANDRA- filha você ta bem? Olha para mim. _ escuto a voz da minha tia e choro ainda mais, nunca chorei tanto na minha vida como de ontem para hoje.

AMANDA- ele se foi tia, mas um pai meu se foi. _ falo e sinto a sua mão apertar a minha.

SANDRA- Amanda você precisa ser forte, mais do que nunca você precisa ser forte. _ ela fala e eu vou abrindo meu olhos, vendo um quarto branco embaçado.

AMANDA- onde estou tia? _ pergunto sentindo meus olhos arderam.

SANDRA- você desmaiou e eu tive que trazer você para o hospital. _ ela fala e eu concordo. Não comi desde a hora do almoço de ontem, o avião que era para sair as três da manhã, saiu só as seis e, eu não consegui comer nada.

AMANDA- eu não como tem uma horas. _ eu falo para ela tento me sentar, mas minha tia me impede e levanta a cama. - Deve ter sido fraqueza e todas essas dores juntas. _ falo e, ela concorda.

SANDRA- sim minha filha mas tem algo a mais._ minha tia fala e eu a olho- você está gravida Amanda._ quando ela fala isso eu arregalo os meus olhos e tudo começa a girar de novo, como eu estou gravida.- como você é menor de idade a medica me passou a informação._ ela fala isso e eu não consigo reagir, sou menor de idade, mas meus pais assinaram a minha emancipação quando eu tinha treze anos, para que eu pudesse ter escolhas sobre a minha vida, caso eles não estivessem aqui, desde dos treze sou emancipada, mas só tive contato com o documento após a morte deles.

AMANDA- acho que depois de tudo, pelo menos algo do que eu achei que era verdadeiro vai ser bom. _ falo para minha tia que sorri. - Tia preciso de uma casa no asfalto, mas próximo da senhora. Não posso colocar meu bebê em risco. _ falo para minha tia que sorri para mim.

SANDRA- você vai ser uma mãe tão maravilhosa quanto a sua foi. _ ela fala e eu sorrio. - E não vai contar para o Jonas? _ ela pergunta e eu n**o.

AMANDA- ele perdeu o direito de viver isso quando foi para a cama com a mulher que eu mais odeio. _ falo para minha tia que concorda. - Eu já posso ir embora? _ pergunto.

SANDRA- depois que acabar o seu soro a médica volta e da as orientações. Vejo uma correria no corredor e muitos policiais- vou ver o que ta acontecendo. _ ela fala e vai para fora e volta me olhando- filha parece que vão trazer o corpo dele para cá. _ minha tia fala e, sei que ela está dizendo de um padrinho. Mordo o canto da boca e penso no que fazer.

AMANDA- tia pega a minha bolsa por favor. _ falo para ela que m entrega e eu abro a minha carteira, pego o meu documento falso que meu padrinho fez para mim e vou usar ele pela primeira vez por ele. Deito-me na cama sentindo o peso da dor e o não saber o que fazer daqui para a frente ainda mais com um bebê e acabo pegando no sono, com a certeza de que hoje eu me torno uma Amanda ainda mais forte do que eu me tornei com a perda dos meus pais e que minha filha ou filho terá muito orgulho da mãe deles.

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