[03]

1133 Words
Noite em amigos Leonardo — Eles estão quase chegando — falo já arrumando a mesa. — A lasanha já está pronta. — Por que toda vez que vamos jantar com amigos, fazemos lasanha de queijo? Não importa a casa. — Eles bem parece com uma ruiva que eu conheço. Ela sempre pede macarrão com queijo. Que ironia — brinca. — Vou mesmo ter que mandar você se ferrar? — Jamais, amor — beija a minha testa e vai até a mesa já com o tabuleiro. Terminamos de arrumar tudo e sentamos na sala pra esperar. Escutamos a campainha tocar depois de um tempo, então o Leo foi atender. — Chegamos! — Jéssica sai entrando pelo apê gritando e já virando a garrafa de whisky na boca, que com certeza veio bebendo pelo caminho até chegar aqui. — Ela está bebendo desde que entramos no carro — ele fala e o abraço — Ou antes? — Samuel me olha e rimos. — Cadê o restante? — Leo pergunta. — Estão chegando — Jéssica fala virando uma latinha de cerveja, que eu não sei de onde. — De onde tirou essa cerveja, Jéssica? — pergunto. — Da sua geladeira, ruiva — ela responde. Samuel a encara seriamente — O quê? Eu não sabia que não podia — dá de ombros. Me desculpa, Flávia — ele pede sem jeito — Eu só quero saber quando vai parar de beber, querida — ele se aproxima dela. — Eu só acho engraçado que... — ela ia começar a falar, mas a interrompo. — Sem brigas por hoje — puxo Jéssica pro sofá e ela se senta — Vai ajudar o Leo, Samuel — ordeno. — Por que eu? — ele resmunga. — Cala a boca e me obedece — ele bufa e assente. — Amor, já não termi... — olho pra ele que entende meu olhar de ‘fica quieto e faz o que eu mando’ — Vamos, Samuel. Tem muita coisa pra fazer ainda — eles caminham até a cozinha. — Temos novidades! — Priscila entra disparada pela porta e me abraça bem forte. — Como vai? — pergunto, ainda tentando entender como entraram assim. — Tirando que seu querido amigo Caio não quer deixar eu beber? Nenhum — dá de ombros. — Por que não? — pergunto e ela aponta pra ele. — Faça-me o favor de perguntar. — Parem de me olhar. Eu sei que sou gostoso — ele entra com sacolas em mãos e me abraça. — Por que não deixa ela beber? — pergunto — Tá achando que é pai dela? — Logo vão saber e concordar comigo — ele pisca — Cadê os outros safados? — aponto para a cozinha e ele vai até os meninos. Me sentei no sofá com as meninas e ficamos conversando. Traduzindo, botando a fofoca em dia. — Como vai o gostoso do Daniel? — Jéssica pergunta. — Ele é um porre ,Jess. Vive insistindo dar em cima de mim — reclamo. — Mas ele não sabe que é quase casada? — Priscila pergunta e assinto. — Mas respeito com o relacionamento alheio lhe falta — bufo. — Acho que está na hora do Leo botar um bambole aí — aponta para o meu dedo. — Eu também acho — Jess concorda com a Pri. — Vamos com calma, temos muito pela frente ainda. Temos muitos planejamentos juntos. Não quero me apressar. — "Não quero me apressar" — Jess me imita — É nessa p***a de não apressar, Flavia, que já tem quatro anos no “não quero me apressar". — Odeio concordar com a viajante da Jess, mas é verdade, Frav. — Obrigada — Jess sorrir. — Até você, Priscila? Pensei que era mais sensata que a Jéssica — ela olha pra Jéssica que está brincando com os dedos. — Pode ter a certeza que eu sou — rimos juntas. — Não tem como casarmos agora — faço bico. — Vocês amadureceram demais juntos, Flávia. Não estão juntos por meses, sim de anos. São muitos anos, Flávia. Você deveria esclarecer algumas coisas com o Leonardo sim. — Não quero colocar pressão nele. Quero que aconteça naturalmente, Priscila. Quando for o momento certo, ele vai me pedir para ficar ao lado dele para a sua vida inteira. — Venham comer, garotas — Samuel nos chama e fomos até eles. Sentamos na mesa e nos servimos. Comemos a base de risos e bastante vinho. Mesmo com a Jess descendo sua vodca no gargalo. — Querida, já chega, vai — Samuel tira a garrafa da mão da Jess. — Eu juro que vou tomar no copo, amor — faz carinho em seu rosto. — Amor, chega de beber. Não quer ficar mais uma noite m*l. Ou é isso que você quer? — Jess tem ficado m*l à noite? — perguntamos preocupados. — Obrigada, querido — debocha dele — É só um m*l estar — sorrir fraco. — Causado pelo consumo excessivo de álcool — Samuel complementa. — Se você não ficasse tanto tempo naquele escritório e me desse mais atenção, se fizesse questão de chegar mais cedo e ficar junto com a sua esposa, seria ótimo! Talvez eu bebesse menos — Jéssica começa a gritar com ele. Samuel só fica parado escutando suas palavras e ficamos presenciando o momento em silêncio. Após ela descarregar todas suas palavras entaladas em cima dele, se senta novamente em seu lugar e desaba no choro. Eu poderia abraçar ela, mas sabia que isso era função dele. — Abraça ela — falo pra Samuel sem emitir som. — Me desculpa — ele abraça ela e repete várias vezes a mesma coisa — Eu sei que errei, amor. Jéssica e Samuel são casados faz oito meses. Sempre se deram bem, era pelo menos o que transpareciam. Jéssica sempre descarregava seus problemas na bebida desde a adolescência, que começou com a separação dos seus pais. Quando ela começou a namorar com o Samuel, ele a fez mudar. Ela só bebia por diversão e se controlava. Bem que eu desconfiava por de uns tempos pra cá, voltou a beber descontroladamente. — Me desculpa gente — Jéssica fala após ter se soltado de Samuel e ele a abraçar de lado — Eu trouxe meus problemas pra vocês mais uma vez — funga. — Você nunca será um problema — me levanto e abraço ela. — Sempre vamos estar aqui — Leo fala e também a abraça. — Ao seu lado, voadinha — Pri fala e a abraça. Olhamos pro Caio que ainda estava sentado comendo a lasanha. Ele nos encara e continua mastigando. — O que está esperando? — resmungo. — Eu também? — assinto — Que momento lindo — se levanta e a abraça também. Ficamos todos abraçados por um tempo dando um apoio ao casal. [...]
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