A escuridão podia ter acabado com certas situações, mas renascido outras, Dead tinha se lembrado de quem era e feito sua escolha por mais que Rebeca esteja em sua alma e em sua pele em meio a suas tatuagens estava uma lagarta com alma de barata que também é a borboleta mais linda desse universo, três em um.
Eles iriam parar por um ano como diz a regra, no entanto ele estava quase implorando por ação para não se lembrar dela, e nem de todos os seus fantasmas.
Dead segurava o peso de sua existência em cada pedaço de sombra que se esgueirava pelos cantos da sala pobremente iluminada. A escuridão, antes uma inimiga temida, tornara-se uma aliada reconfortante que o escondia de seus próprios demônios. Rebeca, a perda que vivia nele como as marcações na sua pele, tinha deixado uma ferida que nem o tempo parecia querer curar.
A lagarta, a barata e a borboleta, criaturas marcadas em sua carne, simbolizavam o eterno ciclo de morte e renascimento que ele vivenciava. Uma metamorfose pessoal que lutava para se completar. Três em um, mas ainda assim incompletas, como fragmentos de uma essência que se recusava a se harmonizar.
A regra do ano sabático era clara - uma pausa, um respiro na loucura incessante do mundo em que viveu. Uma chance de silenciar as vozes, de afogar a sede de adrenalina que lhe corria nas veias. Mas Dead estava longe da calma, longe do descanso. Mesmo com o tempo pausado ao seu redor, dentro dele tudo corria, um redemoinho de memórias e desejos que não conhecia a palavra 'parar'.
Quase implorando por ação, procurava qualquer coisa que pudesse ocupar sua mente, preencher o vazio deixado por ela. O medo da quietude era palpável, porque na quietude ele encontrava ela, Rebeca, e todos os fantasmas que vieram com ela.
Dead se levanta, seus movimentos refletem a tormenta interna. Talvez a solução fosse enfrentar os fantasmas, encará-los de frente, em vez de fugir deles. Talvez, em algum lugar lá fora, naquela imensidão desconhecida, houvesse uma solução, uma resposta, alguma forma de paz.
Com essa resolução silenciosa forjada no núcleo de sua alma atormentada, Dead começou a planejar. Não seria o ano de calma que a regra preconiza, mas um ano de busca - uma jornada não apenas para distrair-se de sua dor, mas para, quem sabe, finalmente entendê-la e, com sorte, transcendê-la.
E assim, a lagarta arriscaria mais uma vez virar casulo, a barata enfrentaria novamente o pisar c***l do mundo, e a borboleta, talvez desta vez, finalmente encontraria seu céu. Três em um, Dead retoma o seu caminho, não escapando do esquecimento, mas em busca de algo muito maior: A redenção de sua própria história.
Rebeca se viu num turbilhão de emoções, vivendo o paradoxo da proximidade física e do abismo emocional que a separava de Costa. As horas eram compartilhadas, mas os pensamentos de ambos pareciam vagar em universos distintos; ele imerso na busca de respostas pelo trágico destino de sua irmã, e ela tentando colar suas próprias fissuras internas.
Em meio ao caos que parecia dançar ao redor deles, a realidade de Rebeca foi abruptamente sacudida por aquele estranho que, sorrateiramente, penetrou seu espaço mais íntimo. A presença dele, ao lado de sua cama, a expressão fria moldada por um sorriso sinistro, trouxe um toque de realidade aterradora. O frio do metal da a**a em sua mão gelou o momento — um reflexo de fim iminente iluminado apenas pelo brilho fúnebre nos olhos dele, enquanto profetizava com leveza macabra que aquilo não era nada pessoal.
Mas o destino, aquele artesão de surpresas e reviravoltas, tinha outros planos. O som do disparo, sinfonia de pesadelos, reverberou pelo quarto. Rebeca sentiu o susto invadir cada célula do seu ser, mas não era ela a vítima. O homem de expressão gélida e intenções sombrias jazia no chão, um traço escarlate cruzando sua testa — o epílogo brutal de sua entrada em cena.
O atirador, emergindo do que podia ser qualquer canto sombrio da noite, era João. O que antes era um cenário de terror agora transformava-se numa cena de um heroísmo chocante e confuso. Quem era ele naquela narrativa tenebrosa? Um vigilante que vinha à tona no exato momento da necessidade, ou uma peça já encaixada nesse quebra-cabeça obscuro muito antes do gatilho ser puxado?
As perguntas saltavam na mente de Rebeca tão rápido quanto o batimento que lhe martelava o peito. Quando a ordem é desafiada pelo caos, quando a vida se suspende por um fio, é em personagens inesperados que os finais são trançados, e João — com seu ato derradeiro — acabava de tecer um pedaço crucial nessa trama conturbada.
Rebeca estava em meio a uma maelstrom emocional. A visão de seus pais como porto seguro sugere um recente turbilhão, talvez um conflito ou revelação que abalou seu entendimento da realidade. A chegada de novas informações, sabendo que Costa tomou conhecimento antes de todos, insinua um enredo complexo, onde os segredos desempenham um papel crucial.
Costa, percebendo a magnitude da situação, procurou comunicar-se com Dead. Contudo, encontra em Dead uma postura de resistência; ele escolhe se dissociar do caos emergente. A afirmação de Dead sobre não se envolver mais e deixar Costa assumir a responsabilidade denota um passado talvez tumultuado entre os personagens. A confiança depositada em Costa, juntamente com o reconhecimento do amor que ele nutre por Rebeca, revela um triângulo de relações e lealdades cruzadas.
Com menção à auto sabotagem, um elemento adicional de complexidade é apresentado – seja Dead ou Rebeca que sofra dessa tendência, o cenário fala de problemas internos, de lutas contra barreiras pessoais que de alguma forma contribuem para a situação atual.
E agora, com a verdade exposta, a vergonha se entrelaça com as emoções já tumultuadas. A vergonha, como um véu escuro lançado sobre os eventos, poderia paralisar ou, alternativamente, atuar como catalisador para a resolução.
Já Costa, ao que tudo indica, está pronto para agir. Ele sabe mais, está envolvido emocionalmente e tem a confiança de Dead para proceder. Seu papel parece ser o de cuidador ou protetor de Rebeca, mas até onde esse papel o levará, e como ele navegará entre a verdade, vergonha, e os emaranhados sentimentais é uma questão em aberto.
Em suma, os sentimentos e as ações dos personagens estão suspensos em uma teia de relacionamentos complicados que precisam ser desembaraçados com cuidado. Cada um carrega um fardo emocional e uma parte da chave para a resolução do drama.