Deveria estar dormindo mas a vida é cheia das coisas que eu deveria estar fazendo mas não faço. Sou produto de um egocentrismo irritante, de uma geração egoísta e de um fracasso moral burguês absurdo. É como se eu tivesse passado os últimos 20 anos numa redoma de vidro, vendo o outro lado mas nunca sendo afetada por ele significativamente.
Garden Rain. A luz da vela asiática comprada numa Bolivia que já não existe. Evo finalmente caiu. Não faço a mínima ideia do que estou fazendo na minha vida. Me debruçei sobre tratados, tomos, ordenamentos e todo o tipo de literatura tentando encontrar algum descanso. Encontrei as mesmas perguntas de sempre, de 10 anos nesse caderno rosa feminino patético, escritos em Caxias do Sul por uma criança b***a que não sou mais.
Deus, por que permite tanta babaquice dentro de uma pessoa? Sigo fazendo planos que são impossíveis e tudo que me resta é formar meia dúzia de orações e tentar dar sentido ao que está suspenso no ar. Você tem que voltar. Isso é a afirmativa mais egoística de todas as orações que já fiz. O negócio é comigo mesmo, eu não sei o que fazer se você não estiver comigo.
Essas lágrimas infantis abafam o desespero que toma conta de mim só durante o lapso do pensamento. “E se ele não me olhar?” Ou ainda, “e se ele me olhar nos olhos e dizer que não me conhece?”. Há um boato de que você tem um amor tão grande que nada pode me separar dele. Homem, você deveria saber do que eu sou capaz antes de fazer esse tipo de promessa.
Eu sou capaz dos maiores estragos. Sei causar tanta dor e desastre que os noveleiros adorariam o enredo enquanto a cidade queimasse e nada pudesse apagar o fogo do meu rancor. Meu maior desafio é ficar e lutar. Foi essa frase que escrevi compulsivamente aos 12 anos, de que diabos eu estava escrevendo não sei, mas me parece bem atual.
Meu maior desafio é ficar viva e lutar pela sobriedade.
Meu maior desafio é ficar em casa e lutar pela minha família.
Meu maior desafio é ficar e lutar para me tornar o sonho que vislumbrei através da fantasia e das palavras.