A estrada é longa, o caminho é deserto

2298 Words
Ruby abriu a porta, MB esperava escorado na porta mexendo no celular, parecendo bastante focado nas mensagens que enviava. Ao abrir a porta, Ruby sem paciência, puxou ele para dentro e fechou a porta. — Que rápida você. Desculpa. As coisas estão uma bagunça na firma. Estava tentando me organizar. Por alguma razão, estamos sofrendo ataques nos nosso aliados. Teremos que responder a esse início de guerra antes que as coisas saiam do controle, mas resolvi tudo. Agora quero entender o que aquela mensagem estranha queria dizer. — MB disse se jogando no sofá e mostrando a mensagem para Ruby, que sentou ao lado. — Fiquei na dúvida se era uma ameaça, um pedido de socorro ou uma cantada, mas não parecia nenhum das três. " Venha agora para cá. " Era o que tinha escrito na tela do telefone de MB. Lisa não pode segurar a risada. Tanto que achou melhor se retirar do lugar para não acabar atrapalhando a conversa. — Você parece séria. Embora sua amiga esteja se divertindo. — MB brincou com a reação de Lisa, que mesmo com o clima tenso naquela sala, ainda assim, estava gargalhando tão alto, que mesmo do quarto se podia ouvir. — Há pouco tempo acabei de ler uma carta enviada pelo meu pai biológico explicando toda situação. Não sei se você sabe, mas não fui criada por ele. Outra pessoa me criou como filha. E há anos não ouço falar do meu genitor. Não fazia a mínima ideia do envolvimento dele com a máfia e absolutamente nada disso que aconteceu. Na carta, ele me explicou as condições para o noivado e como todo procedeu. Em outra ocasião, eu apenas iria ignorar tudo, passar todo poder para você e fingir que nada disso aconteceu. Afinal, apenas alguém sem juízo iria querer se envolver com a máfia, mas eles acabaram de destruir meu lar, acabaram com os restaurantes que meu pai construiu com muito amor e colocou toda minha família em risco. Eu não posso deixar as coisas continuarem assim. Meu pai biológico disse que estava tentando me proteger de alguém, mas ele não diz na carta. Você sabe quem era? — Ruby contou tudo por cima. Apenas o suficiente que MB precisava saber para conseguir fazer o que ela deseja. — Não. No juramento que fiz, eu prometi dar minha vida para manter a sua segura e feliz. Que você estaria antes de mim em todas as situações da minha vida. Não me foi dito ninguém específico que poderia colocar em risco sua segurança. Eu sabia que várias facções estavam procurando por você. Não sei como, mas alguém contou há várias pessoas que você existia. Em pouco tempo, só falavam sobre a princesa esquecida que herdaria toda a máfia, mas que havia sido criada como uma grande mimada. Quando soube disso, reforcei a procura por você. Foi aí que te encontrei. Quando você passou no vestibular. Foi só esperar. Achamos o apartamento que você iria morar. E o dia da mudança. Foi fácil descobrir quando você viria e então, esperamos você na estrada. — MB respondeu tudo que Ruby pediu sem receio algum. Afinal, por conta do juramento, Ruby era a única pessoa que ele não podia mentir. Ela só não sabia disso ainda. — Você sabe onde posso encontrar meu pai biológico? Na carta, ele não colocou endereço. Acho que será mais fácil descobrir quem está fazendo isso, perguntando diretamente para quem sabe a história do começo. Assim ele explica tudo que precisa. — Ruby explicou olhando para suas mãos machucadas. Nunca pensou que iria rever seu pai biológico, ainda mais, estando tão machucado quanto ele na última vez que se viram. — Óbvio. Ele fez a gente ir na casa dele para fazer o juramento. Haviam apenas nos e os anciões das duas facções. O lugar é bem remoto, ficam algumas horas de viagem daqui. E nem tenho certeza se é realmente a casa dele, mas foi o último lugar que eu o vi e ele parecia familiarizado. — MB disse olhando para o celular como se tivesse confirmando algo. — Não é mais seguro por enquanto você ficar por aqui? Acho que você já percebeu que a galera não está para brincadeira. — Por isso mesmo, ficar aqui não vai mudar isso. Uma hora terei que sair. Talvez assim que eu passe na porta alguém tire minha vida. Prefiro não viver mergulhada no medo, mas tomar as rédeas da minha vida. Eu quero ir até meu pai e descobrir exatamente quem são as pessoas que estão me atacando e como podemos ganhar deles. Afinal, se ele disse que você poderia me proteger. Deve ter alguma razão para ele acreditar nisso, não é? — Ruby não colocava nenhuma fé em MB, mas algo era certo, desde o começo ele agiu exatamente como seu pai disse que deveria ser. Ela não compreendia porque MB seguia a risca aquele juramento, mas iria se aproveitar disso para conseguir acabar com o problema que havia se metido mesmo sem querer. — São seis horas de viagem. Se a gente sair daqui agora, podemos chegar lá ainda hoje. Se é isso que você quer é claro. — MB parecia muito mais como um funcionário do que um noivo. E isso deixou Ruby ainda mais confusa. — Sim, vamos agora. Pode esperar dez minutos? Preciso trocar de roupa e arrumar a bolsa. — Ruby disse antes de ir para o quarto, ainda sentia seu corpo pesado, mas sua mente estava completamente ativa. — Quero seu número de telefone e que mande localização em tempo real. Quero saber de cada passo que está dando com a minha amiga. — Lisa alertou sentindo um aperto no peito. — Não confio nenhum pouco em você. Se eu pudesse, tentaria impedir ela de ir, mas eu que ela nunca me ouvirá. Cuide dela. Se um fio dela chegar machucado, eu mesmo mato você. — Estou pronta. Vamos? — Ruby tinha uma pequena bolsa em suas costas — Se Verônica ligar, o que é difícil, diga que estou dormindo. Tomei um antialérgico e apaguei. Quando acordar eu ligo para ela. Não deixe ela ficar preocupada comigo, okay? — Amiga, se cuide, pela mor de deus. Se achar que está perigoso, volte. Se esse brutamontes tentar algo com tu, acerte sua cabeça com algo pesado. Entendeu? Pode me ligar de um orelhão a cobra que vou onde for te ajudar a esconder o corpo. — Lisa disse abraçada com Ruby. — Vocês estão combinando a minha morte na minha frente? Vocês são realmente diabólicas. — MB disse puxando a bolsa das costas de Ruby antes de ir em direção à porta — Te espero no carro. Não demore muito, a estrada é longa. Será mais seguro viajar ainda de dia. Mesmo dizendo que não tentaria, Lisa aproveitou que estavam apenas as duas em casa para convencer a amiga que era uma péssima ideia entrar em um carro com um desconhecido que se dizia mafioso para ir em direção para um lugar completamente desconhecido também. Ainda mais, quando não sabiam exatamente se podiam confiar na carta ou no pai biológico de Ruby. — Pensa comigo, se MB quisesse fazer algo comigo, teria feito no dia que nos conhecemos, afinal, ninguém teria descoberto. Quando tentei fugir, mesmo depois de ter ferido ele, ainda assim, ele não permitiu que nenhum dos capangas dele tocasse em mim. E ao escapar, ele não veio atrás de mim ou me forçou a nada. Não estou dizendo que confio totalmente nele, tenho certeza que há mais nessa história que o prende ao juramento. Irei descobrir tudo isso quando falar com meu pai. Até lá, não se preocupe. Nada vai acontecer comigo. Afinal, vaso r**m não quebra e não tem ninguém pior do que eu. — Ruby brincou abraçando a amiga visivelmente preocupada com aquela ideia, mas sem mais nenhum argumento para impedir Ruby de ir. — Não esquece de me mandar a localização. São muitas horas de viagem. Vocês devem voltar para casa só amanhã. Mandei suas roupas no corpo, por favor. — Lisa lembrou a amiga. Que riu com o que ouviu. — Sim, senhora. E eu sugiro que convide Muriel para dormir aqui hoje. Só por questão de segurança, se é que você me entende. Tem vinho e uma lasanha. Espero que suas roupas saiam do seu corpo. Sabe, aquele típico date perfeito à luz de velas, comida gostosa, vinho e por fim , você vira a sobremesa. Eu acho que senhor Muriel vai amar o plano. — Ruby brincou quando estava passando pela porta. — Para!! Não diz isso. Vou ficar nervosa. Muriel parecia estar todo preocupado comigo hoje. Não me deixou de jeito nenhum entrar no mesmo carro com seu coleguinha. Não sei se pode ser ciúmes ou cuidado de amigo. Não quero criar expectativas. Não fala nada. Quero nem pensar nisso. — Lisa estava da cor de um tomate só de pensar na possibilidade de aquilo acontecer. Ruby gargalhou enquanto descia a escada, assim que colocou os pés do lado de fora, viu Lisa da janela, assistindo ela entrar no carro. Ruby acenou se despedindo enquanto entrava no veículo, já Lisa fez sinal com as mãos que estava de olho em MB, antes de fazer o sinal de uma faca no pescoço. — Tenho a impressão que sua amiga me odeia com todas as forças. Se der bobeira, ela vai dançar em cima do meu caixão quando eu morrer. — MB brincou enquanto dava ré no carro, tirando ele do estacionamento do prédio. — Lisa? Que isso. É impressão sua. Ela gosta muito de você. A forma de demonstração dela é apenas peculiar. — Ruby foi irônica antes de apontar para o celular de MB — Me empresta seu celular? O meu eu joguei em cima de uma caçamba de um caminhão. Talvez ele esteja nesse momento atravessando o estado com sorte. Eu preciso mandar a localização para Lisa, assim ela não ficará preocupada que eu senha sequestrada. — A única pessoa que poderia te sequestrar, está nesse carro. Ninguém tocaria no que é meu. — MB olhou sério para Ruby enquanto entregava o celular. — Fala isso, mas eu quase comi vidro e virei carvão em menos de uma semana. E a gente já se conhecia. — Ruby fez careta, sabia que não era culpa dele, mas acho que seria divertido importunar ele um pouco. Tinha seis horas de viagem, era tempo o suficiente para ficar apenas ouvindo música. — Mas não foi sequestrada, né? — MB frisou com orgulho. Ruby não pode deixar de cair na gargalhada. Naquela situação, um sequestro era o menor dos seus problemas. — Sim. Sim. Quase morta, mas não sequestrada. Isso que importa. De qualquer forma, você não tem nenhuma música boa? Você só ouve esse povo que fala tão rápido que ninguém entende nada? Deve ter uns trinta minutos que saímos, não entendi nenhuma palavra que esse homem falou. Sendo sincera, não sei nem se estão falando em português.— Ruby disse enquanto mandava a localização por mensagem para Lisa. Ela não pode deixar de reparar a quantidade de mensagens de mulheres não visualizadas. A curiosidade foi mais forte que ela. Acabou indo ler as mensagens. — Pode colocar para ouvir o que quiser. Não sou fã de ouvir alguém reclamando em um lugar tão fechado. E pode ler todas as mensagens também. Agradeço se puder responder. Não tenho paciência. — MB sorriu vendo Ruby lendo as mensagens do seu telefone. — Eu não estava vendo nada. Lisa mandou mensagem, cliquei na hora que uma das suas amiguinhas mandou mensagem achando que era ela. Por isso abriu. — Ruby disse envergonhada, afinal, mesmo que MB se declarasse seu noivo, ainda assim, os.dous não tinham absolutamente nada. — Sei. Sei. Pode ver tudo. Responder também. Não me importo. Afinal, eu não posso esconder nada de você. — MB respondeu olhando pensativo para estrada. Ruby tinha a sensação que havia mais na história, mas achou melhor não perguntar naquele momento. Com toda certeza era algo que deixava MB em desvantagem suficiente para se sujeitar aquela situação sem reclamar. Em vez disso, Ruby encrencou com a música, depois com o ar-condicionado, pediu para ir no banheiro várias vezes, comprar comida e depois de quase levar MB a loucura, finalmente chegaram em uma pequena chácara, seis horas e meia depois. — Graças a Deus que chegamos. Acho que não aguentaria mais nenhum minuto dentro do carro com você. Se eu te contar quantas vezes te imaginei voando pela janela nesse caminho até aqui, tu não vai acreditar. — MB disse antes de descer do carro. — Desculpa, estava entediada. E queria testar até onde você ia aguentar sem surtar. — Ruby realmente estava tentando testar sua teoria, ficou bem claro que MB estava nas mãos dela de alguma forma, mas o que fazia aquilo. — Próxima vez que estiver entediada leia um livro. De todo jeito. Aquela é a casa do seu pai. Qual é seu plano? — MB perguntou apontando para pequena casa de madeira. — Tocar a cigarra e esperar que ele venha abrir a porta. Depois deixarei fluir. — Ruby fingiu não se importar, mas seu coração estava prestes a sair pela boca. Por mais que não tivesse pensando muito em seu pai nos últimos anos, ainda assim, não podia se deixar emocionar. Mesmo assim, ao chegar na porta da casa, seu corpo travou completamente. Não conseguia se mexer, sem saber como iria falar com seu pai, mas inesperadamente, MB tocou a cigarra, ao perceber que Ruby estava entrando em pânico. — Vamos seguir o seu plano. Tocar a cigarra e deixar fluir, certo? — MB sussurrou no ouvido de Ruby, fazendo ela despertar do choque causado pelo medo do que poderia acontecer.
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