Tubarão Narrando:
Depois da última ligação antes de virem pra cá me deitei naquele colchão duro e quase não consegui dormir e nem era por isso, com isso já me acostumei, tô ansioso pra caraí doido pra sair daqui, voltar pra minha quebrada com os moleques, pra minha família, minha mulher e meu filho, cê é loco irmão é f**a isso, mas pelo menos eles já sabem que tô vivão e logo vou tá de volta. Tentei relaxar e dormir um pouco e tive um pesadelo da p***a com a Elisa e meu filho, parecia real demais, acordei suando frio, tentei afastar aqueles pensamentos da minha cabeça e voltei a dormir.
Acordei cedo como sempre, nem durmo direito pra falar a verdade, desde que cheguei aqui, lavei meu rosto na pia e escovei os dentes e fiquei ali no meu canto, o pessoal começou a ser chamado conforme ia chegando visita, quem não tem visita não sai da cela, fiquei ali como sempre.
Carcereiro: O indigentezinho sem família sozinho de novo, fica triste não ladrão.- disse tirando com minha cara como todas as vezes.
Tubarão: Sou ladrão não pô, vocês pegaram a pessoa errada.- falei, desde que tô aqui eles tentam me fazer confirmar quem eu sou, já que não têm provas, só conseguiram me prender pq algum cagueta falou do assalto, são apenas palavras de alguém que tá morto quando eu sair daqui.
Carcereiro: Vai continuar com esse teatro até quando? Ninguém vai vir atrás de tu vagabundo, vai apodrecer aqui dentro.- ele disse e eu ia responder na ignorância, mas alguém chamou ele no rádio e ele saiu, senão era hoje que eu ia pra aquela solitária, cansado de ser esculachado e ficar calado nessa p***a.
Me sentei no meu canto e fiquei lá marolando, pensando em várias fitas que aconteceu e hoje tô aqui, mas nessa vida que eu levo o risco é esse, ou você perde a liberdade ou a vida, a liberdade a gente recupera pô.
Tava com esses pensamentos quando o cuzão voltou.
Carcereiro: Parece que a princesa tem visita, levanta vacilão, bora.- disse e me levantei, ele abriu a cela, eu saí e coloquei os braços pra trás.- Anda.- disse cutucando minhas costas com o cacetete, fui andando pelo corredor até o pátio, a luz do sol bateu em meus olhos me fazendo fechar e colocar a mão na frente, abri aos poucos olhando os cara com suas mulheres, filhos, mãe, pai, meus olhos rodaram até que vi ela, parecia uma miragem na minha frente, ali olhando pra mim com aquele sorriso filha da p**a que me fode todo e que eu tava maluco de saudade, comecei andar em direção e ela vinha também até ficar frente a frente, olhei naqueles olhos que só ela tem que agora me olhavam cheios de lágrimas, tentei manter a postura, mas como é que mantém pô.
Elisa: Amor, eu senti tanta sua falta.- disse sem aguentar mais e me abraçar tão forte como se eu fosse fugir, retribuì o abraço como se eu dependesse daquilo e realmente dependia.
Tubarão: Também senti tua falta morena, tava pra enlouquecer sem tu cara.- falei beijando o topo da sua cabeça, a afastei lhe dando um selinho demorado, abracei ela de lado e fomos caminhando até a mesa que o Dr. tava sentado.- E aí Dr. Roberto?
Dr. Roberto: Ruan, tudo tranquilo.- disse apertando minha mão.- Então a primeira parte do plano deu tudo certo, vou continuar lhe representando e fazendo meu papel indo atrás dos seus direito, tem certeza que não vai querer seguir com o processo judicial?
Tubarão: É o seguinte Dr. continua fazendo teu papel vai atrás das parada como se eu fosse depor, ser ouvido em audiência e as parada tudo, mas não vou esperar esse bagulho pra sair daqui não, pq tá ligado que se depender disso eu não saio, cuida da tua parte que eu cuido da minha e tu sabe que nós é firmeza e tá protegido com nós.- eu disse pra ele que me ouvia atento.
Dr. Roberto: Ok Ruan, eu sei que você sabe o que tá fazendo.- disse e apenas balancei a cabeça.
Tubarão: Fechou então.
Dr. Roberto: Vou deixar vocês um pouco a sós, afinal têm muito o que conversar.- disse se levantado e saindo.
Elisa: Tem certeza que esse plano vai dá certo? Não quero de perder de novo.- falou me olhando preocupada.
Tubarão: Não quero que tu se preocupe com isso, pensa só que nossa vida vai voltar ao normal, prometo pra tu.- falei passando a mão em seu rosto.
Elisa: Ai, tá bom, espero mesmo.- disse segurando minha mão.
Tubarão: Como tá nosso menorzim?
Elisa: Sentindo sua falta, não deixei de falar de você um só dia pra ele, quero tanto a gente junto de novo.- disse me olhando.
Tubarão: p***a, morrendo de saudade do meu moleque, doido pra ver ele.
Elisa: Tá enorme, começou a andar, fala várias palavras do jeito dele, só não conseguir fazer ele falar papai ainda, quem sabe quando ele te ver.- falou e eu ri.
Ficamos conversando várias coisas e ela até disse que ia trazer Benício na próxima visita social, mas não deixei, não quero meu filho aqui dentro, aqui não é lugar pra ele, eu vou ver ele em liberdade ela quis ir contra, mas convenci ela, depois o Dr. veio me passar algumas instruções de como continuar me comportando aqui dentro e logo tocou a sirene anunciando o fim das visitas, me despedi da minha morena e do advogado e eles foram embora, voltei pra minha cela com o cuzão daquele carcereiro no meu pé, entrei e ele fechou a grade.
Carcereiro: Aquela lá que é tua mulherzinha?! Gostosinha em, quer me emprestar não.- disse e um ódio subiu em mim, mas tentei ficar calmo respirando fundo.- p**a gosta de vagabundo mesmo.- falou e saiu, se eu pudesse esse cara tava morto já. Me deitei no colchão feliz pra p***a de ter dado certo, de ter visto minha mulher, agora é só seguir com o plano.