Capítulo 1 - A entrada
PERSONAGENS DESENVOLVIDOS:
Clara Monteiro – A Usurpadora:
• História: Cresceu em um orfanato após sua mãe morrer em circunstâncias misteriosas. Encontrou pistas sobre sua conexão com a família Moretti em um baú antigo. Inteligente, manipuladora e estrategista, Clara tem uma faceta vulnerável que aparece em momentos raros.
• Objetivo: Descobrir a verdade sobre sua origem e vingar a morte da mãe, que ela acredita ter sido causada pela família Moretti.
Isabella Moretti – A Herdeira Legítima:
• História: A filha mimada e protegida da elite, Isabella tem tudo o que Clara nunca teve – riqueza, amor e poder. No entanto, ela também se sente sufocada pela perfeição que sua família exige.
• Objetivo: Recuperar sua posição e proteger o legado dos Moretti.
Dante Moretti – O Patriarca:
• História: Um magnata que construiu seu império com segredos e traições. Ele sabe mais sobre Clara do que aparenta e fará de tudo para manter seu passado oculto.
• Objetivo: Manter sua família unida e impedir que seu império seja destruído.
Helena Moretti – A Matriarca:
• História: Uma mulher elegante e calculista que desconfia de Clara desde o início. Ela carrega a culpa por algo que aconteceu há 30 anos, envolvendo a mãe de Clara.
• Objetivo: Preservar a imagem da família e proteger seu marido – apesar de seus próprios ressentimentos.
Rafael Duarte – O Jornalista:
• História: Um repórter investigativo que está atrás de uma grande história sobre os Moretti. Ele cruza o caminho de Clara e Isabella e se torna peça-chave no desfecho.
• Objetivo: Desmascarar a verdade, mas acaba dividido por seus sentimentos.
Prólogo
O salão da Mansão Moretti brilhava sob os imponentes lustres de cristal. Convidados vestidos de gala dançavam ao som de uma orquestra suave, suas risadas ecoando pelas paredes decoradas com quadros que pareciam valer uma fortuna. Clara Monteiro estava ali, no centro daquele luxo, mas sentia-se como uma predadora entre presas distraídas.
Ela segurava uma taça de champanhe, seu sorriso calculado enquanto observava cada detalhe ao redor. O jeito como os Moretti se movimentavam, como riam, como cumprimentavam os poderosos da cidade. Era quase impossível acreditar que eles carregavam tanto sangue nas mãos.
Clara respirou fundo e deu um passo à frente, decidida. Seu vestido vermelho marcava sua silhueta, destacando-a entre o preto e o dourado predominantes no salão. Alguns olhares a seguiram, e ela sabia que estava cumprindo seu papel. Hoje, todos acreditariam que ela era Isabella Moretti.
Por dentro, seu coração pulsava em um ritmo frenético. Por fora, ninguém imaginaria que aquela mulher confiante era uma fraude.
Capítulo 1 – A Entrada
Do lado de fora da mansão, Clara observou a imensa construção com seus portões de ferro forjado. Cada detalhe parecia gritar “poder”. O vento gelado da noite a fez puxar o casaco mais para perto do corpo, mas não era o frio que fazia suas mãos tremerem. Era a antecipação.
Ela ajustou o espelho retrovisor do carro alugado, examinando o rosto no reflexo. Tinha treinado aquele olhar confiante por semanas. Precisava parecer segura, inabalável. Ninguém questionaria Isabella Moretti.
“Você consegue, Clara”, murmurou para si mesma.
Ela saiu do carro, entregando as chaves ao manobrista com um aceno breve. Subiu os degraus de mármore até a entrada principal, onde dois seguranças abriram as portas para ela. A opulência do interior a atingiu de imediato: os lustres imensos, as escadarias em espiral, o cheiro de flores frescas.
“Isabella!”
Clara congelou ao ouvir a voz calorosa de uma mulher. Quando se virou, viu uma senhora bem-vestida com joias cintilantes se aproximando. Era Helena Moretti, a matriarca da família.
“Eu sabia que você não resistiria à festa do seu pai”, disse Helena, abrindo os braços para um abraço.
Clara hesitou por uma fração de segundo antes de corresponder ao gesto. Era como abraçar uma cobra vestida de seda.
“Claro que não perderia isso, mamãe”, disse Clara, sua voz soando natural, como se tivesse praticado aquela frase cem vezes.O abraço durou mais do que Clara gostaria, mas ela manteve o sorriso no rosto. Helena Moretti era ainda mais imponente do que nas fotos e nas matérias de revista. Seus olhos, frios como gelo, analisavam Clara de cima a baixo, como se procurassem algo fora do lugar.
“Você está radiante, minha querida”, disse Helena, afastando-se para segurar Clara pelos ombros. “Mas por que não avisou que estava de volta? Dante ficaria tão feliz em saber que você decidiu aparecer.”
Clara deu um sorriso delicado, o mesmo que praticara horas a fio na frente do espelho. “Queria fazer uma surpresa. E, além disso, precisava de um tempo para mim. Viajar me fez bem.”
Helena inclinou a cabeça ligeiramente, como se avaliando a resposta. “Entendo. Mas espero que agora você fique de vez. Temos muitos planos para o futuro da família, Isabella. Não podemos mais contar com seus sumiços.”
“Prometo que não vou decepcionar.”
A resposta pareceu satisfazer Helena, que a guiou pelo salão com uma mão firme nas costas de Clara. Enquanto caminhavam, Clara sentia os olhares dos convidados se voltando para elas. Cada passo parecia um teste, cada movimento, uma oportunidade de cometer um erro fatal.Clara atravessou o salão ao lado de Helena, cada passo ecoando como um lembrete de onde estava se metendo. A luxúria do ambiente era tão sufocante quanto o olhar atento da matriarca ao seu lado.
No fundo, Clara sabia que não podia baixar a guarda. Qualquer deslize poderia ser fatal.
“Chegou a tempo de conhecer alguns convidados importantes, Isabella,” disse Helena, conduzindo-a até um g***o próximo ao bar.
Clara forçou um sorriso. “Claro, mamãe. Será um prazer.”
No centro do g***o estava Dante Moretti, o patriarca, com sua aura de autoridade inabalável. Ao lado dele, dois homens e uma mulher, todos elegantemente vestidos, riam de algo que Dante dizia. Assim que Helena se aproximou com Clara, o g***o se calou, seus olhos se voltando para a “filha pródiga”.
“Ah, aí está a estrela da noite,” disse Dante, abrindo os braços para um abraço.
Clara respirou fundo e o abraçou. O cheiro de charuto misturado ao perfume caro era enjoativo, mas ela manteve a expressão serena.
“É bom estar de volta, papai,” disse, usando um tom que praticara tantas vezes que soava natural.
Dante recuou, examinando-a com um olhar crítico. “Viajar fez bem a você. Está mais confiante… e talvez até um pouco mais ousada.”
“Viagem é isso, não é?” Clara respondeu, suavemente. “Abre os olhos para o mundo.”
Helena interveio, mudando o foco da conversa. “Isabella sempre foi independente, Dante. Você deveria saber disso.”
O comentário fez Dante rir, mas Clara percebeu a tensão na troca de olhares entre o casal. Era sutil, mas revelador.
Enquanto a conversa fluía, Clara aproveitou para observar cada detalhe. Os convidados, os seguranças, as saídas. Ela precisava de todas as informações possíveis. Em poucos minutos, soube quem era simpático, quem era ambicioso, e quem seria uma ameaça.
Horas depois, quando a festa começava a desacelerar, Clara finalmente conseguiu escapar para o jardim. O ar fresco era um alívio depois de tanto fingimento.
Ela apoiou as mãos no parapeito de mármore e deixou o olhar vagar pelos jardins impecáveis. “Estou no ninho das cobras,” pensou. “E agora não posso errar.”
“Fugindo da sua própria festa?”
A voz masculina fez Clara se virar bruscamente. Era Rafael Duarte, o homem que a abordara mais cedo. Ele estava de pé a poucos metros, uma taça de uísque na mão e um sorriso enigmático no rosto.
“Não sabia que precisava pedir permissão,” respondeu Clara, seca.
Rafael deu alguns passos à frente, parando perto dela. “Você é mesmo fascinante, Isabella. Ou deveria dizer… misteriosa?”
Clara sentiu um calafrio. “O que você quer dizer com isso?”
Ele inclinou a cabeça, avaliando-a. “Nada demais. Só acho interessante como você voltou de repente, tão… transformada.”
“Viagens fazem isso com as pessoas.”
“Fazem mesmo,” concordou ele, com um brilho nos olhos. “Mas sabe o que mais transforma? Segredos.”
Clara manteve a expressão firme, embora o coração estivesse disparado. “Se tem algo a dizer, Rafael, diga de uma vez.”
Ele deu de ombros, erguendo a taça em um brinde irônico. “Por enquanto, só estou observando. Mas, se precisar de ajuda para lidar com… situações delicadas, sabe onde me encontrar.”
Rafael virou-se e voltou para a mansão, deixando Clara sozinha no jardim. Ela respirou fundo, tentando controlar o nervosismo. Ele sabia? Ou estava apenas jogando?
“Seja o que for,” murmurou para si mesma, “ele não vai me tirar daqui.”
Clara sabia que estava entrando em um jogo perigoso, mas estava determinada a vencer – mesmo que custasse tudo.