VII

2084 Words
- E você gosta dele? - eu a questiono os seus olhos, iguais a do irmão encontram os meus, me observando curiosa. - Quer dizer, você aceita o facto de você ser obrigada a se casar com ele, sem o seu consentimento? - pergunto, me deitando na cama e ela se junta a mim. - Completamente. - ela diz para a minha indignação. - É como às coisas funcionam. - ela diz como se nada fosse e eu me revolto internamente . - Mas, ele cresceu connosco, e digamos que eu sempre me senti atraída por ele, sempre fomos amigos e sempre tivemos uma boa conexão. - ela diz toda embalada na sua imaginação, pelo que vejo. - Tem uma lenda, Ashley, que diz, que os prometidos sempre pertencerão um ao outro, nem que seja à distância, mesmo que neguem, e como um pacto sanguinário, os nossos destinos estão de forma sobrenatural, traçados e enlaçados. - ela diz e eu me seguro para não mostrar o quão arrepiada eu fiquei quando ela falou de sangue. Nada disso entra na minha cabeça, eu acho uma loucura. Casamento, não é brincadeira, principalmente para meninas da nossa idade. Uma das minhas amigas do orfanato em específico, porque tem muitos casos parecidos, os pais tiveram um casamento conturbado e acabaram se matando, deixando ela sozinha. Literalmente. - E se você não gostasse dele? Vocês se casariam na mesma? - questiono e ela assente. - O nosso destino já estava escrito bem antes do nosso nascimento. - ela fala e isso é ridículo. - O nosso mundo, depende de nós Ashley. Todos os descendentes que compõem a pirâmide e a estabilidade dos pilares do Universo, devem estar juntos, vidas eternas se perderam para a nossa p******o. Porque a nossa responsabilidade, o poder, e a linhagem à que pertencemos, não é vã, o sacrifício é mais nosso, porque querendo como não, nós possuímos esse poder e temos responsabilidades das quais não podemos refutar mesmo que queiramos, a existência de todos os seres depende de nós. - ela justifica e eu estou com o meu coração extremamente acelerado, parece que estão jogando o mundo nas minhas costas a cada coisa que ela fala. - Mas eu sempre gostei dele. - ela conta sorrindo. - Ele é quem não gostava lá muito da ideia de se casar, porque todo esse processo também tem as suas limitações, afinal de contas ele e o Tyler, preferem vidas mais luxuriosas, mulheres maioritariamente humanas, festas, e trabalho, que lhes dá a fortuna que eles esbanjam por dia. - ela diz revirando os olhos. - Mas, com o tempo, ele começou a olhar para mim com outros olhos, talvez porque cresci. Mas melhor que ele, eu garanto que não há. - ela diz e essa história é tão melancólica, sei lá, talvez seja porque eu não sou necessariamente à pessoa mais romântica do mundo e com certeza essa jamais foi a ideia de romance que alguma vez tive na vida. Óbvio, que ele e mulherengo, ele tem a energia, o jeito, a cara de ser um. - Você está apaixonada mesmo. - digo sorrindo e ela sorri visivelmente apaixonada, ela está com olhos de apaixonada. - Mas, o que acha do seu noivado com o Tyler? - ela pergunta, me olhando com cautela e eu sinto o meu rosto queimar. - Um absurdo e eu não estou noiva dele e nem sequer me casarei com ele e com certeza ele não quer isso também. - eu deixo claro, mesmo confusa com as coisas que ela falou antes sobre a importância desses casamentos. Casar? Que loucura. - O Tyler é o meu irmão, e eu sei que ele é mulherengo e egocêntrico. - ela fala e não tem como duvidar que esses atributos o pertencem. - Ele está habituado a ter mulheres aos pés dele, sem esforço algum. Eu não vou mentir, eu não o vejo tendo um relacionamento sério, e sei que ele também não quer, mas tanto você como ele não tem escolha e ele sabe disso, ele é o primeiro na linhagem de poder. - ela diz e eu escuto-a. - Isso tudo, está a ser muito difícil dele digerir e sei que para você também, mas ninguém tem escolha. - ela conclui e eu apenas a observo, querendo realmente entender como o que eu estou escutando é suposto ser real. - Eu entendo porque acha que ele não gosta de você, ele é o Tyler, ele não demonstra tanto. - ela diz e humn. - Quando você ia caindo ele te segurou com a feição preocupada estampada no rosto, você é filha das pessoas que ele considerava segundos pais, é óbvio que ele não é totalmente indiferente a você. - ela diz e eu a observo, segundos pais? - Ele te trouxe para o quarto e ficou aqui até você acordar sem contestar. - fala de uma forma que faz uma corrente elétrica passar velozmente pela minha espinha e sinto me arrepiar toda. O que está acontecendo comigo? Porque, esses arrepios indecentes sempre que ouço o nome dele ou o vejo? - Se você acha. - eu falo e ela sorri, me observando. - Além do mais, ele tem que agradecer, ele vai se casar com uma esposa linda como você. - ela diz bastante animada com a ideia me fazendo ficar vermelha. Porém, eu não aceito e sequer vou me acostumar com essa ideia. Continuamos a conversar, e tudo se tornou mais animado que risadas preencheram o quarto, estava tudo bem até quando de repente a porta do meu quarto abriu-se e se fechou rapidamente, com uma rajada de vento percorrer pelo cómodo inteiro, e deixando os meus pelos todos arrepiados e com o coração prestes a saltar boca à fora. Olho para frente quase tendo um enfarto de tão assustada e estranho que isso foi, e vejo algo totalmente inexplicável. O Tyler aqui, dentro do meu quarto, nos encarando visivelmente chateado. Os meus olhos abandonam os seus descendo para o seu definido e escultural peitoral, os seus braços fortes, musculados, a sua barriga exibe seis quadrados bem definidos, ele está obviamente sem camisa, ele está apenas vestindo umas calças moletom de cor preta e pantufas da mesma cor. Por que ele está assim? Ashley, por que você esta o encarando desse jeito? Sentindo o meu rosto queimar e cheia de vergonha eu levantei o meu olhar para ele, novamente, a sua face surreal, agora transmitia irritação, sinceramente ele é bem bonito mesmo. - Eu estou a trabalhar, podem fazer pouco barulho? - o seu tom de voz é calmo, piora a minha situação, mas a sua expressão facial é de irritação. - Para de ser desmancha prazeres, Tyler. Você pode ir ao escritório lá de baixo, nós estamos conversando. - a Amie diz ao irmão e o mesmo lança-lhe um olhar mortal que a faz encolher os ombros no mesmo instante até eu fiquei intimidada. - Façam o que eu disse. - ele diz cirúrgico e a questão que paira na minha cabeça é, quem ele acha que é? - Que eu saiba, às duas têm aulas muito cedo, o vosso barulho é um incómodo para mim, e está na hora de ambas estarem a descansar, não? - ele questiona. - O nosso barulho é um incómodo, mas os gemidos que eu tenho que escutar não são, né, meu irmão? - a Amie o questiona desafiando o irmão, e no mesmo instante vê-se os seus olhos passarem para vermelho e voltarem para o estado normal. A vontade que tenho agora é de fugir. Isso foi de raiva ou de fome? - Olha à boca, Amie. - ele avisa e eu estou intimidada. - Eu tenho empresas para cuidar e esse vosso barulho de crianças elétricas está irritante. - ele diz e eu tenho certeza que se ele continuar a manter contacto visual com ela, ela fica sem alma. - Eu tenho certeza de que é praticamente impossível você nos escutar falar. - eu digo, tentando ajudar a Amie. - A distância é muita. - eu falo, e pela primeira vez desde que ele entrou no meu quarto, olhou para mim, e eu não vou mentir, eu estou intimidada, o seu saiu do meu e desceu em mim, o seu olhar e descarado e faz o meu rosto ruborizar, mas logo voltou o seu olhar penetrante para mim, e os seus lábios se curvaram num pequeno sorriso, mas visivelmente malicioso, provocativo eu diria. Céus. - Eu não sou humano, Ashley. - ele diz, piscando o olho para mim, e eu sinto o meu corpo arrepiar e a minha cara esquentar ainda mais. - Façam o que eu disse. - diz ele, se livrando do meu olhar. - Como quiser, senhor Tyler! - diz a Amie frustrada. - E o que a minha adorável noiva precisar saber, ela saberá por mim. - ele diz para a Amie que me olha sem graça e ele desvia o seu olhar para mim, com sarcasmo me fazendo ruborizar, e depois volta a olhar para a irmã. Ele escutou tudo... - Tudo bem, pode deixar. - ela diz mais mansa e o Tyler sai. - Você viu o que eu quis dizer? - diz a Amie se sentando indignada na minha cama. - Eu vi, e acho melhor dormirmos e deixar de falar dele. - eu falo frustrada o suficiente por hoje, indo deixar o meu ‘milkshake’ inacabado na bandeja, voltando a deitar-me na minha cama, e a Amie suspira de frustração. - Tudo bem, tenha uma boa noite, Ashley. - ela diz, me dando um abraço, frio. - Boa noite! - eu respondo-a e ela sai para o quarto dela, e suspiro fundo. Eu tiro uma escova de cabelo e o escovo, fico aqui penteando o cabelo pensando em tudo que aconteceu só hoje na minha vida, em tudo que vai acontecer a partir de agora, eu sinceramente estou meio-perdida com tudo isso. A maior vontade que eu tenho agora é de fugir, fugir de tudo isso. Mas sei lá, um sentimento estranho paira no meu coração, principalmente depois do que vi no closet. A minha vida sempre foi meio-agitada mesmo, complicada e até estranha, mas fazer o quê se é minha vida? Se eu fujo, talvez o esforço dos meus... pais, se fará em vão e isso é à única coisa que talvez me faça pensar em ficar, ao que parece estou segura aqui e não saia tanto justamente pela nossa segurança, a nossa escola era la no orfanato mesmo, e bem, esse sentimento de vingança agora está coçando o meu corpo inteiro, e eu sequer tenho detalhes de tudo isso. Eu tenho pais, e apenas de olhar, a confirmação é irrefutável de tão semelhante àqueles dois cadáveres, eu sou. A minha cabeça está a mil por milésimo e de tanto ficar a pensar, eu adormeci. Eu estava com uma roupa bem exótica, diria eu, até parecia cena de filme, quando de repente sinto um ardor nos olhos e o meu corpo leve, olho para baixo e vejo que estou sendo elevada ao céu, o meu coração bate forte, forte demais, sinto um formigamento passar pelo meu corpo e de repente uma luz imensa se acende em torno de mim, e com apenas um olhar eminente vejo todos os vampiros existentes que não estavam aqui antes serem abatidos. - Ashley, Ashley acorda, querida... - de onde vem essa voz? Sinto que estou a ser abanada, e abro os meus olhos devagar e indignada. Nossa, que sonho estranho. Depois da minha visão ficar nítida, reparo na Úrsula que me acordou. - Ashley, tudo bem? - pergunta com feição de preocupada. - Oi Úrsula, estou bem sim. Acho eu. - digo meio-confusa enquanto me sento, podia jurar que o sonho que tive era real. - Tem certeza? - ela pergunta, me encarando estranho. - Parecia que tinha um pesadelo. - ela fala, me olhando como se pudesse encontrar a resposta no meu olhar. - Sim, tenho certeza. - digo para ver se ela para de me questionar sobre isso, eu ainda estou com sono. - Que horas são? - digo me espreguiçando. - São cinco e meia da manhã, então vamos saltar dessa cama! - ela diz já abrindo o cobertor e eu olho-a incrédula. - Cinco horas, me deixa dormir mais um pouquinho, Úrsula. - reclamo indignada com esse horário. - Pode parar com tanta preguiça, Ashley. - ela diz, me descobrindo novamente sem piedade.
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