PRÓLOGO

1994 Words
* Contém cenas que podem ser consideradas chocantes e gatilhos emocionais. Conteúdo explícito. SERENA Os raios amarelos vem diretamente aos meus olhos me tirando do mais profundo sono – ou talvez nem tão profundo assim. Ontem foi meu aniversário de quinze anos, é uma idade importante para uma garota, o início da meu caminho para me tornar uma mulher. Eu acredito que esse ano trará grandes surpresas para mim e não vejo a hora de descobrir todas elas. Abro devagar os olhos e sinto a dor fina em minha cabeça, infelizmente não acordei as duas da tarde – que era o que eu precisava depois da noite de ontem. Eu praticamente não dormi. Foi tudo lindo, usei um vestido cor de rosa maravilhoso que o meu tio me deu, fiz um penteado incrível nos cabelos e uma maquiagem que marcava meus olhos, todos sempre disseram que parecem jóias desde que eu era uma bebezinha, com meus grandes olhos azuis. Mas ontem eu não parecia eu, eu parecia mais. Foi uma bela noite, realizada graças ao meu tio, Brian. Ele é o mais próximo que tenho de um pai, e sempre me consolou e amparou minha família, que se resume a minha mãe e uma irmã desde que meu pai morreu após não resistir a uma grave doença. Minha mãe quase morreu junto. Minha irmã, apesar de ser mais velha, também não conseguiu segurar a barra, foi um grande sofrimento. Não sei o que teríamos feito se o tio Brian não tivesse comprado a casa que moramos hoje e ainda nos ajudasse sempre que precisamos. Ele também nos dá amor. Nunca será o papai, mas ao ter o irmão dele ao nosso lado, eu sinto que tenho um pedacinho dele. Daria tudo para ter o meu pai comigo ontem, chorei escondido no banheiro durante a festa, mas sorri durante todo o resto. Minha mãe estava feliz, ela tinha conseguido me dar a tão sonhada festa, a primeira desde a morte do papai. Com ajuda, mas ela chegar conseguiu. Era um sonho realizado. — Já acordada querida? — Minha mãe entra no quarto, seu rosto está tranquilo e tem um sorriso que não via há muito tempo. — É, eu sei. — Faço um carinha triste e ela se aproxima. — Bom dia minha jóia. — Beija minha testa. Tanto ela como meu pai sempre foram muito amorosos, poder crescer em um lar assim é mais sorte que muitas pessoas tem. — Bom dia mamãe. Obrigada mais uma vez por ontem, foi tudo um sonho. Sei o quanto trabalhou nisso e espero poder retribuir um dia tudo o que fez e ainda faz por mim. — Você já me deu tudo Serena, no momento em que abriu os olhos a primeira vez. E sim, foi um conto de fadas, eu só queria que seu pai estivesse lá ontem, ele deveria ter dançado sua primeira dança e não o Brian. Sinto lágrimas pedindo para sair mas me seguro, por ela. — Eu também. — Lamento, com os olhos enchendo de lágrimas e um aperto no peito ainda carregado pelo luto. — Eu não esperava que tivesse acordada, iria deixar na sua escrivaninha, mas como você já acordou... — Ela faz uma pausa e pega uma caixa preta aveludada. Meus olhos crescem na mesma hora. Geralmente coisas caras saem dessas caixinhas. — Seu pai trabalhou anos para comprar e deixou guardado, ele te daria quando chegasse sua festa. Como ele não está aqui... Bom... Feliz aniversário. Cada palavra dela foi praticamente chorada e é como tiros em meu coração. Não resisto, não consigo mais conter as lágrimas. Com o rosto úmido eu pego a caixa e me deparo com um lindo colar com um pingente em formato de coração numa pedra amarela. Eu levo a mão a boca ao ver a bela jóia em minhas mãos, eu nunca tive uma jóia verdadeira. Eu lanço meu corpo em minha mãe, que me aperta forte em seus braços. — É tão lindo, minha nossa, eu não posso acreditar! O papai... É realmente meu? — Falo e me afasto, ela sorri boba com minha felicidade. — Que bom que gostou meu anjo. Você merece, você e sua irmã são meu maior tesouro. — E você é melhor que qualquer jóia do mundo, te amo demais mãe. — Ela sorri enquanto se afasta da cama, sei que já tem que ir trabalhar. — Tenha um bom dia, deixei comida pronta na geladeira e a Mel vem passar a tarde com você. — Ela vem? — Falo sorridente e ela assente com a cabeça. A Mel é minha melhor amiga, não pode ir ao meu aniversário ontem pois disse que teve um compromisso familiar de última hora, mas eu entendo. É só uma festa não é? E a família é importante. Pelo menos ela vem ficar comigo hoje para compensar sua falta. Eu fecho a caixinha e coloco na pequena escrivaninha ao lado da minha cama. — Bom dia e tenha um ótimo serviço, te vejo em breve. — Falo com um sorriso maior que meu rosto. Assim que ela sai tudo recomeça, um grande silêncio na casa. Com minha irmã Claire na faculdade no exterior, somos só nós duas e o tio Brian quando consegue tempo para aparecer – e a Mel é claro – Bom, pelo menos tenho o quarto só pra mim. Tomo finalmente coragem de sair da cama e faço um r**o de cavalo nos cabelos, tomo um banho quente e então coloco um roupão. Assim que me aproximo da pia do banheiro escuto alguns passos em direção ao meu quarto.Mas não me assusto, além de minha mãe, eu e a Claire só duas pessoas sabem da chave reserva dentro do vaso de planta, meu tio e a Melissa. — Mel? É você? — Chamo mas não ouço resposta. Caminho até a porta do quarto e então eu o vejo se aproximando, tio Brian. — Tio Br... — Já ia correndo até ele e então lembro que estou só de roupão e resolvo entrar no quarto. — Espera, vou colocar uma roupa. — Deixa de besteira menina, eu sou seu tio e troquei suas fraudas. — Eu sei, mas, eu não acho apropriado. — Falo tentando fechar a porta mas ele impede com o braço. — Assim você me ofende Serena, por quê isso? Só porque fez quinze anos? — Não, está tudo bem, entre. — Solto e ele me segue. — Não esperava você aqui, a Melissa que disse que viria passar a tarde comigo. — Eu só passei para ver como você estava, seu primeiro dia com quinze anos, é uma idade importante não é? — Sim, muito. E eu estou bem... Só... Sinto falta do papai. — O nosso grande Brice...— Fala pensativo, mais para si.— Sempre sentiremos falta dele. — Sim, ele era o melhor. Olha o que ele deixou para mim. — Pego a caixa e o entrego, ele não demora em abrir e eu continuo. — Minha mãe disse que ele trabalhou anos para conseguir, queria me entregar mas não teve a chance. — Uau, é realmente lindo. Uma pedra Âmbar não é para qualquer um, é linda mas ao mesmo tempo resistente, e muito cara é claro. — Fala sorrindo enquanto olha para mim. — Deixa eu colocar em você? — Como disse? — O colar, menininha. — Afirma, mas há algo no seu tom e no sorriso em seu rosto. — Não precisa tio, não há necessidade de usá-lo agora. — Apenas para ver como fica. Deixa, minha menina. — Ele pede. Engulo seco quando vejo ele descer seu olhar em todo meu corpo, coberto apenas por um roupão. Minhas bochechas coram, ele está tão estranho hoje. Será que brigou com a tia Cecília? Concedo, virando de costas para ele e logo sinto ele se aproximar de mim. Sinto suas mãos ásperas tocarem meu pescoço e prendo minha respiração. O que está acontecendo aqui? Ele aproxima seu rosto do meu pescoço e sinto sua respiração quente logo depois e me assusto. — Calma princesinha, só queria sentir seu cheiro. — Fala. Minha respiração está ofegante e minhas mãos suadas. É possível ouvir meu coração batendo num ritmo acelerado. Ele passa o colar pelo meu pescoço e o prende atrás. — Aí está. Eu me afasto e caminho até o espelho, realmente lindo. — É magnífico. — Solto meio hipnotizada, tanto que não vi ele chegando perto de mim novamente. Posicionado atrás de mim, ele me olha pelo espelho e descansa suas mãos em minha cintura. Eu fico rígida quando sinto algo duro tocar minhas nádegas e ele diz — Não mais que você. — Obrigada. — Sai quase como um gaguejo. — Sabe Serena... você não é mais uma criança, está se tornando uma mulher, uma belíssima mulher. — Não consigo evitar o arregalar dos meus olhos ao ouvir isso. E tudo só piora quando ele vai subindo suas mãos até alcançar o decote do meu roupão. Respiro fundo enquanto uma lágrima solitária e dolorosa rola de mim. Meu tio, minha família, uma das poucas pessoas que confio. Minha figura paterna. Ele não pode estar tentando algo comigo. — Por favor tio, vá embora. — Peço. — Mas por quê Serena? Podemos nos divertir tanto... Tento me afastar rápido dele mas ele me segura pelo r**o de cavalo e me arrasta para perto de seu corpo. Grito com a dor forte enquanto as lágrimas agora descem livres em meu rosto. — Por favor, por favor, eu imploro. Não faça nada que vai se arrepender depois. — Me arrepender? Oh minha pombinha, eu desejo você a tanto tempo, seus olhos grandes e essa sua boquinha rosa, seus cabelos macios e negros são minha morte, você é minha morte Serena. — Ele cospe as palavras perto do meu ouvido e tudo me enoja, meu estômago embrulha. Tento fugir, me debato forte mas ele só aperta mais a mão em meus cabelos. E com a outra desce a mão para dentro do meu roupão e toca meu seio. Choro mais a cada segundo e nem sei como isso é possível. A decepção, a dor e o enjôo, é impossível de ser descrita. — Tão durinho, minha pombinha virgem. — Ele aperta meu seio em sua mão. — Por favor, pare. — Peço ainda tentando sair de perto dele. Me debato ferozmente, balanço braços e pernas tentando acertar seu rosto ou conseguir dar chutes mas ele não permite. Ele é muito maior e mais forte. Ele é um homem, sou só uma garota, a sobrinha dele, como ele pode fazer isso? — Calma querida, vai ficar tudo bem. Foi tudo que ele disse antes de me debruçar com força na escrivaninha, batendo meu rosto na madeira. Sinto o gosto de sangue em meus lábios e um ardor na minha testa, como se carne tivesse sido cortada. Mas isso não foi nada comparado ao que veio depois. Ele levantou meu roupão enquanto eu chorava e me debatia e se forçou inteiro para dentro de mim. Eu gritei. Senti-me invadida. Senti como se tivesse sido partida em duas. Pude sentir algo se rompendo dentro de mim. Meu corpo doía, minha v****a doía e sangrava assim como meu coração. E eu morria mais a cada estocada que ele dava para dentro de mim, cada vez que ele chamava meu nome e gritava o quanto eu era gostosa. Ele gemia e urrava como um animal enquanto eu chorava e gritava, mas como alguém me ouviria? Não demorou muito até ele sair de dentro de mim e se liberar no meu rosto. Eu me sentia enjoada e tonta, com meu corpo dormente e dolorido. E então ele me soltou e eu caí no chão, com minhas pernas sujas de sangue, meu rosto sujo com seu g**o e me sentindo suja. Não aguentei e meus olhos se fecharam. Eu definitivamente o odiava agora. Eu definitivamente me odiava.
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